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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

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domingo, 7 de Junho de 2009

Casa de chá de Serralves

Domingo acordei cedo, como de costume . Sentei-me ao computador, dei uma vista de olhos pelos jornais, limpei a caixa de mail e espreitei o Facebook.

Estacionei no Twitter, num debate diletante sobre a etiqueta da limpeza das fossas nasais. A discussão foi conclusiva. Todos os intervenientes concordaram em condenar firmemente o depósito de burriés na parte de baixo dos tampos das secretárias e em defender a conveniência da invenção de um burrião – um dispositivo individual de recolha de burriés, para eventual e posterior reciclagem.

Achamos ainda que seria vantajoso que o Ministério do Ambiente promovesse a distribuição de burriões através de um jornal de grande circulação, preferencialmente o Expresso, que assim sempre se limpava um pouco mais de todos os anos inundar o país com seis milhões de sacos de plástico.

Acabei a manhã em Serralves, onde, atendendo ao dia que era, reflecti demoradamente em frente à obra Uma faca lançada de um ponto qualquer de Portugal sobre um ponto não qualquer da Europa (1), de Artur Barrio, antes de tomar café na casa de chá e vagabundear pelo parque.

O almoço foi frugal (uma sanduíche de atum, empurrada por um copo de Planalto) e tardio, mas glorioso,  na esplanada do Ourigo, na Foz, a ver as ondas cinzentas a bater nas rochas e a ouvir (aos berros) o Greatest Hits de Neil Young  & Crazy Horse, no iPod.

Acabei a tarde nos Aliados, na Feira do Livro, onde logrei chegar ao fim de uma volta vagarosa por todos os pavilhões com apenas 10,95 euros gastos em três livros (A amiga da Madame Maigret, de Simenon, Os crimes do estrangulador enluvado, de Rex Stout, e Quinteto de Buenos Aires, de Montalbán). No caminho entre a Foz a Baixa, apanhei um bocado de trânsito junto à Católica, onde vota a maioria das pessoas da Pasteleira.

Não sei se ainda há anarquistas. Mas após ver a sondagem da RTP1 o meu primeiro pensamento foi para a enorme satisfação que deviam estar a sentir antecipadamente os libertários, que por doutrina são avessos a qualquer forma de governo.

Porque acho que votar é um direito (de que não abdico) mas não um dever, domingo fiz parte daquela maioria silenciosa de 63% dos eleitores que protestou de forma preguiçosa – os 4,63% de votos em branco são militantes.

Mas como nunca simpatizei com as ideias do Proudhon, lá para Setembro contem comigo, munido de cartão de eleitor, na minha mesa de voto, que fica na Católica. A não ser que entretanto se me varra da memória a imagem do Rangel amuado, por não lhe terem telefonado a dar os parabéns, com um emplastro, alucinado e de óculos, a suar em bica, no lado direito do ecrã.

Jorge Fiel

Esta crónica foi hoje publicada no Diário de Notícias

…………..

(1)   Trata-se de um mapa Michelin da Europa com uma faca espetada perpendicularmente nos arredores de Zurique

 

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