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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Marina Costa Lobo

Os politólogos trabalham o resultado das eleições, bem como os dados dos seus inquéritos pós-eleitorais, como se fossem pintores em frente a uma tela. O pintor faz uns riscos, deita um bocado de tinta, e depois dá um passo atrás, para ter perspectiva, antes de avançar de novo e continuar a pintar.

Marina deu esse passo atrás para conseguir ver melhor o que está diante dos seus olhos e convenceu-se que estamos a assistir à fragmentação do sistema partidário.

Olhando em perspectiva para os resultados das legislativas de 2005, das presidenciais de 2006 (onde o rebelde Alegre reuniu um milhão de votos) e das europeias e legislativas deste ano, a investigadora do Instituto de Ciências Sociais (ICS), da Universidade de Lisboa, não tem dúvidas: “O nosso sistema bipartidário está sob uma enorme pressão”.

“No auge do bipartidarismo, PS e PSD chegaram a somar 80% dos votos. Nas últimas europeias tiveram juntos o pior resultado de sempre (58,3%)”, afirma Marina Costa Lobo, 37 anos, acrescentando que tudo indica que os menos de 67% de votos concentrados a 27 de Setembro nos dois partidos centrais do espectro partidário não são uma excepção, mas revelam uma tendência.

Marina nasceu em Lisboa, onde vive na Estrela, mas aos 13 anos seguiu na bagagem da mãe e padrasto para a Suíça, tendo feito em Lausanne os três últimos anos do secundário. Passou depois um ano em Portugal, a trabalhar na Herdade do Esporão, antes de voltar a meter-se num avião para se licenciar em Ciência Política e Económica em Durham, no Norte de Inglaterra.

Esteve um ano em Londres, na Andersen Consulting, antes de voltar à Universidade, fazendo em Oxford um doutoramento sobre o poder do primeiro ministro e o funcionamento do Governo em Portugal. Antes de começar a tese, tinha a sensação que no final de década cavaquista, o primeiro ministro tinha muito mais poder do que no início.

Na tese demonstrou que essa sensação era verdadeira e explicou como Cavaco aumentou o seu poder, governamentalizando o PSD (a análise das listas permitiu-lhe quantificar o crescente denominador comum entre dirigentes do partido e membros do Governo) e reforçando imenso o peso da presidência do Conselho de Ministros.

Almoçamos em Entrecampos, perto do ICS. Marina hesitou um bocado (“Tenho de decidir se estou ou não de dieta”, gracejou) antes de escolher um risotto de espargos, enquanto contava pormenores da sua aventura ferroviária para ir de Roma a Sienna, onde esteve a semana passada a arguir um doutoramento – e explicava que não aproveitou a viagem para passar lá o fim-de-semana porque tem filhas pequenas (oito e cinco anos).

O facto das autárquicas permitirem o surgimento de candidaturas independentes e favorecerem a personalização do voto, inspira-lhe cuidados e comentários.

“Os independentes não são realmente independentes. São gente com ideologia e interesses. As candidaturas independentes têm possibilitado a autarcas arguidos, com processos pendentes na Justiça, ou até mesmo já condenados, escaparem à penalização das elites partidárias, recandidatarem-se e manterem-se na presidência de câmaras”, acusa Marina, que elogia a atitude de Marques Mendes de ter excluído Valentim e Isaltino das listas do PSD.

Estes casos, tal como o de Fátima Felgueiras, levam-na a encarar positivamente o escrutínio dos partidos, que para se credibilizarem têm de ser cuidadosos na selecção dos seus representantes.

A teoria do “rouba mas faz” e a fraca opinião que a generalidade das pessoas têm da Justiça ajudam, na sua opinião, a explicar a reeleição sistemática de autarcas condenados por corrupção.

A importância das câmaras como grandes geradoras de emprego e negócios nos municípios mais pequenos permite compreender porque é que 40% dos presidentes já estão no lugar há pelo menos dois mandatos e, por isso, se recandidatem hoje pela última vez. Mas não é esse o caso de Oeiras, para o qual Marina não encontra outra explicação senão a hipótese do argumento “rouba mas faz” também ser eficaz junto do eleitorado mais instruído dos grandes meios urbanos.

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

 

 

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