Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Tiago Queiroga

 

A secretária de Greg Carr telefonou-lhe. O multimilionário norte-americano, que está a financiar a recuperação do Parque da Gorongosa, ia fazer uma escala no Porto. Será que ele poderia indicar-lhe um imóvel na cidade susceptível de lhe interessar comprar?

O partner e director executivo da Sotheby’s Realty Portugal pôs-se em campo e enviou para o outro lado do Atlântico imagens e informações detalhadas de uma penthouse requintadamente recuperada num prédio da av. Boavista, no valor de um milhão de euros. A resposta veio carregada de ironia. Se o melhor que ele tinha para oferecer era aquilo, Mr Carr pernoitaria num hotel – e se gostasse dele até o poderia comprar… Tiago contrapropôs um palacete de seis milhões de euros, na zona da av. Boavista em que já se sente a maresia. “Sim, é uma coisa desse estilo que Mr Carr quer”, aprovou a secretária.

“Muitos dos nossos clientes mantêm casas em diferentes pontos do globo”, explica Tiago, que após concluir o curso de Gestão no ISEG, fez escalas na banca (analista financeiro no BFE), informática (Ensitel) e vestuário de alta gama e luxo (geriu as 80 lojas de marcas como a Burberrys, Timberland, Tods, Furla, Sebago, do grupo Brodheim) antes de 2007 deitar âncora no imobiliário de luxo.

Tiago escolheu almoçarmos no Rio’s, com vista para a Marina de Oeiras e a meio caminho entre dois (Estoril e CCB) dos quatro escritórios da Sotheby’s Realty Os outros são no Ritz Lisboa e em Vilamoura. A rede vai ser acrescentada com um segundo escritório no Algarve (Carvoeiro) e outro no Porto.

Ele estava inclinado para a asa de raia mas mudou de ideias quando reparou que o havia rucola no arroz de vieiras. Ele adora rucola. E foi-nos iniciando nos pequenos segredos da imobiliária de luxo enquanto fazíamos a refeição que sepultou com um prato de fruta laminada (morango, ananás, amoras e kiwi) e um descafeinado.

No princípio foi um bocado complicado. O subprime já era tema de conversa na festa da inauguração da actividade, realizada em Outubro de 2007, na embaixada americana em Lisboa, tendo como anfitrião o embaixador Hoffman que a Wikileaks viria a celebrizar.  

“Uma loja de roupa, é muito fácil encher as prateleiras. No imobiliário andamos entre seis meses a um ano a angariar produtos”, explica, acrescentando que o preço (elevado) não é critério para a Sotheby’s. Uma vista fantástica, uma localização privilegiada, ser uma casa com história ou de arquitecto são factores que contam. “ Um T1 no Estoril, com uma vista fantástica, que custa 400 mil euros, pode interessar-nos. Um prédio de dois milhões de euros na Amadora já não nos interessa”, diz.

Quando foi para o mercado, estava a Lehman a ir à falência, o que não facilitou a partida mas não o impediu de prosperar. “Não vejo ameaças. Só vejo oportunidades. O que é preciso é estar atento e trabalhar”, explica Tiago que vive num apartamento em Algés, e se pudesse ir viver para um dos 1600 imóveis da sua carteira (só a Sotheby’s USA tem mais) escolhia uma casa de 500 m2 na Costa da Caparica, com 5000 m2 de terreno, com uma vista deslumbrante do estuário do Tejo (preço: seis milhões de euros).

No segmento em que a Sotheby’s trabalha, o “asking price” (preço pedido) não caiu. Mas ele reconhece que há uma maior elasticidade na negociação. “O poder está do lado dos compradores”, afirma, pelo que se eles fazem ofertas 20% ou 30% abaixo, compete ao mediador convencer o vendedor a baixar o preço

Para já, a Sotheby’s Realty Portugal tem conseguido duplicar o negócio todos os anos. Em 2010, as vendas foram 110% acima das de 2009. E para este ano o crescimento previsto é de 133%. “Ainda estamos na volta de aquecimento”, afirma Tiago para entusiasmar a equipa de 50 pessoas, das quais 35 comerciais, cada um com uma área a seu cargo (Birre, Monte Estoril, Chiado, Príncipe Real, etc), onde têm de saber tudo quanto se passa, frequentando cafés, cabeleireiros e lojas, de maneira a saberem quem se está a divorciar, a quanto está a ser transaccionado o m2, etc, etc. A recompensa deste trabalho de espionagem é boa. Em 2010, os vendedores de top levaram para casa 70 mil euros em comissões…

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

 

Menu

Rio’s

Complexo Turístico da Piscina Oceânica de Oeiras

2 couvert … 2,00

1 Risotto de vieiras com rucola estufada e óleo de trufa … 19,50

1 Polvo confitado em azeite perfumado de alecrim … 17,75

1 Água sem gás 0,75 … 3,10

1 Quina Cabriz branco… 14,00

1 prato fruta laminada … 7,00

1 café … 1,60

1 descafeínado … 1,60

Total.. 66,55

 

 

Curiosidades

 

A Sotheby’s nasceu em Londres em 1744, começando por leiloar livros, que à época eram objectos raros. Um dos seus mais famosos leilões foi o da biblioteca que Napoleão leu durante o seu exílio na ilha de Santa Helena. Em 1976 iniciou-se no imobiliário, numa lógica de cross selling. “Os clientes entregavam a sua colecção de arte para leilão e começaram a perguntar, já agora não querem também vender o palácio?”, explica Tiago.

 

O ramo do negócio imobiliário autonomizou em 2004, contando neste momento com cerca de 1500 escritórios espalhados pelo Mundo

Uma boa parte dos clientes da Sotheby’s Realty Portugal são estrangeiros (a maioria no Algarve e quase metade em Lisboa), o que até se compreende. “Com 300 dias de sol e luz natural somos um destino apetecível para um estrangeiro”, diz Tiago, acrescentando que Chiado e Príncipe Real são as duas zonas com mais procura no centro de Lisboa. A comissão cobrada pela Sotheby’s (6%) é superior à média do mercado (5%  das grandes redes mediadores e 3% das tradicionais) o que ele justifica pelo serviço personalizado que presta. “Vamos buscar o cliente ao aeroporto, levamo-lo a jantar fora, resolvemos-lhe todos os problemas relacionados com a sua instalação – água, electricidade, etc. ainda recentemente tratamos da inscrição do Liceu Francês dos cinco filhos de um cliente francês”, conta

 

Erich Brodheim, o judeu austríaco que se refugiou em Portugal e fundou o grupo Brodheim (onde Tiago trabalhou durante oito anos), foi o responsável pela introdução no nosso país do fecho eclair

27 comentários

Comentar post

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2012
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2011
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2010
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2009
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2008
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2007
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub