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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Darwin e o Vale do Ave

Às vezes os números não são tão frios como aparentam.  É o caso dos 6,8% de crescimento das nossas exportações têxteis, registado entre Fevereiro de 2007 e de 2008.

Estes 6,8% são uma estatística que nos aquece a alma e é a prova dos nove das capacidades únicas de regeneração do tecido empresarial nortenho, vilipendiado pelos panditas lisboetas do costume habituados a falar com a boca cheia pela lenga lenga dos Ferraris e do trabalho infantil -  para apoucar quem evitou que o pais abrisse falência no rescaldo da Revolução de Abril.

Pela primeira vez , após dolorosos anos de crise, as vendas ao exterior da indústria têxtil e de vestuário cresceram a um ritmo superior às importações, que no mesmo período acusaram uma quebra de 5,3%.

Estas estatísticas do INE mostram o Norte no seu melhor, capaz de se adaptar à globalização, à abertura dos mercados mundiais aos produtos chineses e à desaceleração económica nos principais mercados de exportação do sector.

A 1 de Janeiro de 2005, as portas da União Europeia e dos Estados Unidos ficaram escancaradas à entrada das roupas baratas “made in China” , que já era o maior exportador mundial de vestuário, baseando a sua feroz competitividade num tripé: custos (baixos), eficiência (enorme) e dimensão (gigantesca).

O desarmamento das barreiras alfandegárias ao livre comércio deixou o coalhado de nuvens negras o horizonte de uma indústria que, no seu essencial, baseara a competitividade num fundamento primitivo (o baixo custo da mão de obra).

No Vale do Ave, onde bate o coração da indústria têxtil, temia-se o pior. Mas o cenário desolador, marcado pelas falências e de uma perda recorde de emprego líquido (apenas superado pela registado na construção civil, que foi socialmente atenuado pela emigração para Espanha), foi sendo pintados com cores mais alegres por dezenas de exemplos luminosos de empresas que souberam reestruturar-se, adequando-se a este mundo em fervilhante mudança.   

A têxtil deu uma prova de vida ao país, explicando aos mais distraídos que eram exageradas as notícias que a davam como moribunda. Soube mudar o perfil, tornar-se competitiva na nova e difícil conjuntura, internacionalizar-se e diversificar os seus mercados. Demonstrou que Darwin estava carregadinho de razão quando há uns anos atrás nos avisou que apenas sobreviveriam os mais capazes.

Quando a crise eclodiu na Cintura Industrial de Lisboa e na Península de Setúbal, o bombeiro teve de ser o Governo a usar o nosso dinheiro para comprar a Autoeuropa e apagar esse fogo.

Quando a crise incendiou o Vale do Ave, os empresários e operários da têxtil não ficaram sentados à espera da ajuda governamental, porque sabiam que morreriam queimados se o fizessem. Encarregaram-se eles próprios de extinguir as chamas.

É esta a diferença entre o Norte e o Sul.

Jorge Fiel

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

Esta crónica foi publicada no DN

 

O provincianismo da capital

 

A SIC Notícias tem na sua grelha um  programa de debate de ideias - A Regra do Jogo - onde intervêm António Barreto e José Miguel Júdice e é moderado por António José Teixeira.

 

Devo dizer que simpatizo com os três cada qual no seu estilo e na sua especialidade.

 

Por isso vejo.

 

Concordo umas vezes, discordo com outras e em muitos casos aprendo mas, acima de tudo, gosto da forma lúcida com que vêm o país e olham para nós.

 

Acho, desde há muito tempo, que se debate pouco em Portugal, pensa-se menos e temos andado pouco disponíveis para ouvir serenamente os outros.

 

Chama-se a isto Cidadania.

 

Acho que a nossa cultura democrática ainda está muito deficitária nessa matéria.

 

Foram anos e anos de ditadura, de censura e de repressão.

 

A factura é pesada.

 

Acredito no futuro. A coisa já foi muito pior.

 

Fiquei triste, até furioso com o António Barreto  e com uma expressão que, de forma inocente, mostra como os instalados na capital olham para o resto do país.

 

Acho mesmo que foi um deslize. Imperdoável.

 

Digo deslize porque entendo que António Barreto não pensa isso...

 

Não quero acreditar.

 

No meio da conversa Barreto tinha de opinar sobre uma matéria que para o caso não interessa.

 

Disse que não sabia muito bem, não se tinha informado e...veio a bomba.

 

Tinha estado a semana toda na PROVÍNCIA e por isso não sabia.

 

E o que é a Província? Eu sei que esteve no Douro... (espero que a fazer mais um daqueles brilhantes documentários para a televisão).

 

O que é que a província tem a ver com isso?

 

Não há jornais? Há.

 

Não há televisão? Há. Até há televisão por cabo.

 

Não há internet? Há.

 

Os telemóveis não têm rede? Têm.

 

Então o que é que faltou ao António Barreto para estar informado?

 

Nada! Ou talvez tudo e essencialmente tempo.

 

E a província com isso? Nada!

 

Ficava-lhe bem ter dito. Imagino eu...

 

-Estive muito ocupado. Não tive tempo.

 

Mas veio a desculpa da Província.

 

Esse local longínquo, longe da civilização, onde tudo falta e nada se sabe.

 

Essa província já não existe felizmente.

 

Parabéns Filipe Campos........grande piloto do Norte!!

Melhor português no Rali Vodafone Transibérico
 
 
 

A dupla Filipe Campos/Jaime Baptista foi a equipa portuguesa melhor classificada no Rali Vodafone Transibérico, com a subida ao derradeiro lugar do pódio a premiar uma actuação brilhante. Um resultado que permite aos pilotos do BMW X3cc ascenderem à liderança do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno.


Na segunda prova aos comandos do BMW X3cc, a dupla Filipe Campos/Jaime Baptista relançou a candidatura ao título nacional, já que na sequência do brilhante terceiro terceiro lugar - primeiro entre os portugueses! - em que terminou o Rali Vodafone Transibérico, os pilotos ascenderam à liderança do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno, com três pontos de vantagem sobre o mais directo opositor. Um excelente resultado para a formação, com a particularidade desta ter sido a quarta vez (uma no lugar mais alto) que Filipe Campos subiu ao pódio da prova.


À chegada ao Estoril, depois de cinco dias de competição e quase 1.500 quilómetros disputados ao cronómetro, muitas vezes sob condições atmosféricas bastante adversas, a dupla Filipe Campos/Jaime Baptista não escondeu a satisfação por acompanhar duas das maiores referências do todo-o-terreno mundial, no pódio: "É um resultado que nos enche de orgulho, mas que só foi possível conquistar pelo excelente trabalho desenvolvido pelos técnicos da X-Raid, dada a competitividade e fiabilidade revelada pelo BMW X3cc". Na realidade, como fazem questão de reconhecer os pilotos, "apenas sofremos os percalços inerentes a uma prova tão extensa e dura, nomeadamente umas saídas de estrada e um problema com um tubo de vácuo do turbo".


Mas para além do terceiro lugar final, a conquista da tão almejada posição de melhores portugueses teve, desta feita, um significado ainda mais especial, pelo facto de ter permitido que Filipe Campos e Jaime Baptista ascendessem à liderança do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno. "Felizmente concretizámos esse objectivo, porque iniciámos a prova com essa esperança. Esta época queremos sagrar-nos campeões, pelo que para as restantes jornadas apostamos na vitória".
 
.É um resultado que nos enche de orgulho", considerou Filipe Campos à chegada ao Estoril, depois de cinco dias de competição e quase 1.500 quilómetros disputados ao cronómetro, muitas vezes sob condições atmosféricas adversas.

O piloto do Porto confessou que "não achava possível estar no pódio", depois de "uma prova tão extensa e dura", em que não conseguiu evitar algumas saídas de estrada e teve problemas com o turbo do BMW X3.

 

Parabéns Filipe, estamos muito orgulhosos de ti !

 Filipe Campos no Transibérico">

Bússola

 

Departamento de Desportos Motorizados

 

 

Mário Rui Cruz

DESENCONTROS ENTRE PORTUGUESES

 

 

Alguns pequenos apontamentos dos últimos dias que pelos desencontros que criaram, são curiosos ou, menos simplesmente, perturbadores:

Manuel de Oliveira, cineasta, cidadão português quase centenário, recebeu a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Esteve sozinho nesta grandiosa homenagem internacional à Sua vida e à Sua Obra. Tão sozinho que o “Expresso” qualificou o momento com sugestivo título de “Cem Anos de Solidão”.

Pinto Ribeiro, Ministro da Cultura, também cidadão português, faltou à Cerimónia porque um atraso no almoço o fez perder o avião…

Uma empresa têxtil portuguesa, de Paços de Ferreira, a Petratex é a responsável pelo fato de natação LZR, considerado como o mais rápido do mundo por, em apenas 3 meses, ter alcançado 35 recordes mundiais. A Petratex leva a etiqueta “Made in Portugal” aos principais certames desportivos do Mundo e trabalha já há uns anos com a NASA na investigação e desenvolvimento de têxteis técnicos….

 Milhares de Empresas portuguesas fecharam no último ano, incapazes de resistirem à escalada da globalização e ao tão desfavorável e presuntivo sistema fiscal português. Dos desmandos da Administração Fiscal, tutelada por Teixeira dos Santos, fica apenas mais um exemplo de uma penhora de 2 prédios no valor de 38 mil euros, para garantir uma dívida e de 236 euros. Sem apelo, nem agravo…

A Empresa portuguesa Sogrape , vai apresentar na próxima semana, pelas mãos do enólogo português Luis Sottomayor, o 16º Barca Velha, provavelmente o vinho português mais prestigiado e admirado do Mundo.

A ASAE, uma espécie de “polícia económica” do governo, também portuguesa, entrou pelas IPSS a dentro e destruiu literalmente os poucos princípios de solidariedade que ainda sobram em Portugal. Todos os produtos alimentares confeccionados ou congelados – até compotas caseiras que sofriam do pecado capital de não terem rótulo, foram para o lixo num País onde vergonhosamente se passa fome. Fica este gesto terrível de, em nome do normativo, se acabar com uma virtude portuguesa em vias de extinção – a caridade! Agora ameaçam acabar com a febra e a sardinha dos Santos Populares. Para rever…

Cinco jogadores portugueses fazem parte das duas equipes que disputaram a final da Champions. Todas as equipes que venceram os campeonatos mais competitivos da Europa e do Mundo (Espanha, Itália, Inglaterra, Portugal…) têm jogadores portugueses.

Miguel Cadilhe,  ex-ministro das Finanças e Jorge Coelho ex-ministro das  Obras Públicas assumem a presidência dos Grupos BPN e Mota, grupos de grande dimensão e relevância, respectivamente nas áreas das Finanças e das Obras Públicas..

Podia continuar mas os blogues não servem para catarses de grande amplitude.

E, afinal, foi só uma semana.

Uma semana de desencontros entre portugueses: governantes e governados….

 

António de Souza-Cardoso  

 

 

 

 

Olhe, por favor, para a cara das empregadas da Loja das Sopas

 

Sou um fã da Loja das Sopas. Parece-me bom negócio pagar 4,70 euros e receber em troca uma taça de salada  (com feijão, pepino, tomate, beterraba, feijão, etc) regada com azeite, uma sopa, um pão e uma água – e ainda a consciência tranquila por ter optado por uma refeição saudável.

A Loja das Sopas é um exemplo das novas e bem sucedidas cadeias de restaurantes que fazem surf em cima da onda crescente de preocupação dos cidadãos com a forma física e com que lhe põem no prato .

O segredo reside na hábil combinação entre a tendência dominante no comportamento social com os eficazes métodos e organização das marcas tradicionais de “fast food”, como a McDonald’s e a Pizza Hut.

O sucesso da Loja das Sopas baseia-se na capacidade de tatuar a etiqueta “saudável” na sua imagem. O resto já tinha sido inventado: comida barata, padronizada, servida rapidamente.

A Loja das Sopas é uma das faces visíveis do triunfo do fenómeno “low cost” que está a revolucionar as economias ocidentais, transferindo o poder dos produtores para os consumidores.

Este mundo - em que almoçamos na Loja das Sopas, viajamos na Ryanair, compramos o sofá na Ikea, vestimo-nos na Zara e lemos os jornais gratuitos – está a dar razão a Américo Amorim, o homem que ganhou o seu primeiro par de sapatos quando acabou a escola primária e construiu a maior fortuna deste país usando como lema a máxima “mais do que zero é muito”.

A moda “low cost”  é uma epidemia que contagiou todas as esferas da actividade económica.

A procura dos carros “low cost”  (marca Dacia) da Renault na Europa obrigou o fabricante francês a aumentar a capacidade de produção e a construir uma nova fábrica.  A Fiat, Toyota e Honda também estão a preparar-se para criar marcas de baixo custo.

Na aviação, a galopante conquista de quota de mercado pelas “low cost” a obrigou companhias tradicionais a adaptarem-se às novas regras. Na sua luta pela sobrevivência, a TAP está a investir um milhão de euros numa segmentação em quatro categorias diferentes da tradicional classe económica, um movimento que tem como objectivo captar os passageiros que acham que “mais que zero é muito” e querem pagar o mínimo possível.

A globalização ajudou à massificação desta nova classe de consumidores que exigem serviços e produtos a preços reduzidos.

Para não morrerem afogadas pela maré “low cost”, as empresas portuguesas estão obrigadas a baixar os seus custos de produção. Para que as nossas empresas se mantenham competitivos num Mundo em que o poder está na carteira dos consumidores, o Governo não pode ceder na flexibilização da legislação laboral.

Da próxima vez que passar numa Loja das Sopas olhe, por favor, para a cara das pessoas que lá trabalham e tente adivinhar se alguma delas tem contrato para a vida e ganha horas extraordinárias.

Jorge Fiel

 www.lavandaria.blogs.sapo.pt

Esta crónica foi publicada no Diário de Notícias

 

Pinto Monteiro não pode andar por aí a queixar-se que tem medo de sair à noite em Lisboa

 

O Procurador Geral da República (PGR) tem um ar simpático, é um excelente comunicador e tem um jeito muito seu de colocar na agenda mediática os dossiês que o preocupam.

 

Esta semana, Fernando Pinto Monteiro aproveitou um aparentemente anódino encontro organizado pela Associação dos Antigos Aluno da Lusíada de Lisboa para discorrer sobre crescente sentimento de insegurança que se apoderou dos portugueses, apesar do número de homicídios ser cada vez menor.

 

Na opinião do PGR o medo dos cidadãos filia-se no novo tipo de criminalidade e deu exemplo desta mudança de perfil: “Antigamente roubavam os carros que nós deixávamos nos parques. Agora roubam-nos com as pessoas lá dentro”.

 

O PGR teve ainda o engenho a série televisiva  mais vista em todo o Mundo para desculpabilizar eventuais atrasos e falhanços da sua equipa: “É como aquela série CSI. Encontra-se um cabelo e descobre-se o criminoso. As pessoas exigem que o Ministério Público actue assim”.

 

Pinto Monteiro, que até a este ponto tinha brilhado em grande altura, borrou a pintura quando no final da charla resolveu confessar que tem medo de sair à noite em alguns locais do centro de Lisboa, dando como exemplo o Cais do Sodré.

 

Nestas questões da segurança e dos direitos dos cidadãos, o PGR não é um treinador de bancada que se pode dar ao luxo de dizer que tem medo de sair à noite em Lisboa ou que ouve uns estalidos esquisitos de no telefone, que indiciam que pode estar sob escuta. Nestas matérias, Pinto Monteiro é mesmo o treinador e por isso não devia andar por aí a queixar-se pelas esquinas.

 

Jorge Fiel

 

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

 

Governo deve olhar os portugueses nos olhos e falar verdade

É mau sinal que o ministro da Economia tenha tentado tapar o sol com uma peneira, ensaiando um desmentido canhestro ao anúncio feito pelo Eurostat de que o investimento directo estrangeiro (IDE) no nosso país caiu quase 60% do ano passado.

 

Pinho balbuciou que não, que o IDE que interessa – “ os projectos de raiz”  precisou – até está “a aumentar“, e que a culpa da quebra espectacular foi do imobiliário.

 

Não faz sentido continuar a tentar maquilhar a triste e dura realidade da crise. Em Março, a produção na construção caiu 2,7%, enquanto que nos serviços o volume de negócios registou uma variação negativa de  3,8% - sendo que estes dois sectores juntos valem 68% do PIB. E o índice de produção industrial interrompeu dois anos consecutivos de crescimento, acusando uma quebra de 3,6%, .

 

O crescimento de 0,9% da nossa economia no primeiro trimestre foi o mais baixo de toda a zona euro, que no mesmo período acelerou 2,2%.

 

O que todo o Governo tem a fazer é aprofundar a política iniciada na conferência de imprensa dada pelo ministro das Finanças no final da última reunião do Conselho de Ministros. Olhar os portugueses nos olhos, falar verdade, não lhes escondendo que atravessamos um crise de que não sabemos quando sairemos -  e que por isso têm de estar preparados para viver com menos dinheiro nos bolsos..

 

Editorial publicado hoje no Diário de Notícias

 

O povo, os presidentes de câmara, os que gostam e os que não gostam deles

 

O Dia do Poder Local foi assinalado com a publicação dum estudo da Eurosondagem onde no essencial se "mostra" que os cidadãos, numa esmagadora maioria, gostam dos seus Presidentes de Câmara.

O estudo foi encomendado pela associação representativa dos municípios a ANMP - associação nacional de municípios portugueses, o que para muitos poderá parecer suspeito.

Não fazendo parte do universo visado exerço um cargo autárquico, por eleição, o que para alguns também lhes poderá fazer desconfiar.

São riscos!

Devo confessar que não me espantam, em nada, os resultados pelo contrário confirmam aquilo o que era uma convicção pessoal muito antiga.

Não me surpreende que o trânsito, segurança e acção social estejam no topo das preocupação dos portugueses. As pessoas "exigem" qualidade de vida...e bem.

Os Presidentes de Câmara, que os há também muito fraquinhos, são na sua generalidade competentes e sérios.

Daí o reconhecimento púbico.

Há um problema.

São mais expostos. Estão junto dos eleitores. São sufragados quase que diariamente. São mais fáceis de atingir. A opinião publicada, bem falante e com grandes tribunas, encontra sempre nos Presidentes de Câmara os alvos fáceis para os acusarem de todos os males que vêm ao mundo.

Lembro-me que o actual Presidente da República, Cavaco Silva, disse um dia que um escudo aplicado por uma autarquia era mais bem aplicado do que o mesmo escudo quando investido pelo poder central.

É uma verdade.

É igualmente verdade que foi o mesmo Primeiro Ministro, Cavaco Silva, que suspendeu a Lei das Finanças Locais "asfixiando" as autarquias.

O estudo também  conclui que o Poder Central deveria dotar as autarquias de mais meios financeiros.

O país mudou muito. Para melhor na maior parte dos casos.

Não é corrente ouvir dizer-se que uma das maiores conquistas do 25 d'Abril foi o Poder Local?

Apesar de tudo ainda há muito que fazer em áreas que não foram prioritárias durante anos como no ambiente, na cultura, educação, renovação e requalificação urbanas, etc, etc.

Veja-se a coincidência. Passaram 10 anos sobre a EXPO. O que é que sobrou depois da Festa? A renovação. O alargamento do espaço urbano qualificado.

Aqui, no exemplo da EXPO, entronca um dos maiores problemas da nossa democracia: a descentralização.

Só houve Expo porque foi em Lisboa!

O país tem que ser visto e Governado como um todo na igualdade de oportunidades. Isso não acontece hoje.

Daí haver regiões deprimidas... 

Para acabar de vez com o footing no Sá Carneiro

 

 

 

 

Ao contrário do Ministro Mário Lino, nunca tive grandes dúvidas sobre as vantagens universais de confiar a gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro a privados. Como diz e muito bem o ainda presidente da AEP, Ludgero Marques, este é o ministro que já se enganou e mudou de opinião tantas vezes, que o mais natural é que neste caso seja só mais uma...

 

 

 

Apesar do autêntico assalto à mão armada (uma espécie de “planejacking”...) que é hoje viajar de avião entre as duas maiores cidades do país, sou obrigado por motivos profissionais a usar o aeroporto com muita frequência, até para ir e vir de Lisboa. No início desta semana voltei a fazê-lo e com ela foi a terceira vez em dez dias que regressei ao Porto vindo da capital, e foi também a terceira vez que perdi a paciência com o “footing”que a actual gestão deste magnífico equipamento obriga os passageiros a fazer.

 

Das três vezes o avião acostou a uma das mangas mais afastadas do acesso à sala de saída, quando quase todas as outras mangas mais próximas estavam livres.

 

 

 

Das três vezes todos os passageiros foram obrigados a percorrer a pé uma distância infindável, sobrevoando a sala onde gostariam de já estar e passando por um acesso muito mais próximo que sempre esteve fechado, vá-se lá saber porquê.

 

Das três vezes, nem sequer o carrinho eléctrico que já por lá vi para auxiliar pessoas em dificuldades ou mais idosas, deu qualquer sinal de vida e fomos encontrá-lo paradinho, muito bem estacionado, no final da longa caminhada ao lado das escadas rolantes, que finalmente nos levaram até á sala de recolha de bagagens.

 

Acredito, ou melhor, quero acreditar, que existam razões técnicas poderosas que impeçam os aviões destes voos de utilizarem mangas mais convenientes para os seus passageiros.

 

 

Acredito, ou melhor, quero acreditar, que subsistam razões de segurança impenetráveis que desaconselhem a circulação dos passageiros destes voos por caminhos aparentemente reservados a quem chega vindo de espaços não Schengen.

 

Mas também acredito e aqui tenho mesmo de acreditar, que com um bocadinho de boa vontade, inteligência e capacidade de gestão, estas situações verdadeiramente caricatas que dão cabo da paciência a quem nos visita, podiam ser resolvidas, ou pelo menos atenuadas em larga escala.

 

 

Não sou perito no tema e imagino não estar na posse de toda a informação relevante, mas há duas alternativas que me parecem evidentes e que estou farto de ver e utilizar em outros aeroportos. Nem sequer é preciso ir muito longe.

 

 

 

 

Desde logo em Lisboa o acesso pelo controlo de passageiros de voos não comunitários tem um corredor de acesso facilitado a quem não tem que passar por esse controlo. No Aeroporto Sá Carneiro não é possível criar um corredor semelhante, que permita encurtar significativamente o percurso entre as mangas mais afastadas e a saída?

 

A segunda sugestão são as passadeiras rolantes. Ainda agora estive em Barcelona, onde a distância entre algumas das mangas e a saída também é considerável, mas existem várias passadeiras rolantes que facilitam a vida ao passageiro. Também não é possível fazer o mesmo no Porto? Será um luxo?

 

Das três vezes seguidas que me obrigaram a perder tempo precioso e me estimularam esta crónica, nem foi mais por mim que me indignei, que tenho bom corpo para este desporto compulsivo. É a pensar no conforto de quem nos visita pela primeira vez e leva essa “estalada” de mau gosto e sobretudo nos passageiros mais idosos, que vi aflitos de bagagem de mão pesada a arrastarem-se pelo infindável corredor deserto (ainda por cima com o “oásis” à vista...) que desafio publicamente a gestão do Aeroporto a encontrar uma solução para esta situação, nem que seja para se poder pensar que, pelo menos neste caso, a gestão privada não faria melhor.

 

Exército de Salvação Nacional

 

Batalhão Bússola

 

Departamento editorial do JN

 

Manuel Serrão

 

 

 

O despertar tardio de Rui Rio

 

Apesar de não ter passado a usar óculos, nem ter sido operado às cataratas, Rui Rio passou, de repente, a ver melhor. Descobriu que o Governo Sócrates concentra os grandes investimentos públicos na região de Lisboa e faz vista grossa ao Norte.

“O país discutiu o novo aeroporto, depois começou a discutir-se a nova travessia sobre o Tejo, antes tínhamos discutido o TGV e em particular a ligação Lisboa-Madrid, e agora temos a frente ribeirinha com mais 400 milhões de euros”, declarou o presidente da Câmara do Porto.

Foi a frente ribeirinha, que Sócrates quer que seja a obra emblemática do seu consulado, que fez acordar Rio, que não leva bem que o Turismo de Portugal contribua com 70 milhões de euros para esta empreitada.

“Quantos anos são necessários para o Turismo de Portugal dar 70 milhões ao Porto? Se calhar 70 anos”, ironizou.

Rio acordou tarde, Mas, como diz o povo, mais vale tarde do que nunca. Qualquer ainda o apanhamos a fumar (não num local proibido, como o outro, porque o autarca é um cidadão cumpridor da lei), a defender a Regionalização e a frequentar o Estádio do Dragão.

Para o ano há eleições autárquicas.

 

Jorge Fiel

www.lavandaria.blogs.sapo.pt.

 

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