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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

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O PSD e uma garfada de cabidela

O mais provável é que a primeira vez não esteja longe, mas a verdade é que nunca votei no PSD. O que, visto a frio, e atendendo ao facto de já ter acontecido votar no PS, comporta uma grande dose de irracionalidade porque na ação, quer estejam no Governo quer estejam no Oposição, PSD e PS são iguais, além de previsíveis.

Reconheço desde já que nunca ter votado PSD e ter posto a cruzinha na mãozinha é tão irracional como eu comer com gosto o sangue nos rojões e não conseguir levar à boca uma garfada de arroz de cabidela.

Apesar de, na ação, serem como Dupont e Dupond, os dois partidos do Bloco Central têm personalidades muito distintas.

O PSD é um partido difícil de domar, possuído por um caráter autofágico, que o levou a devorar 16 líderes em 38 anos. No mesmo período, o PS gvernou-se com apenas sete (Soares, Constâncio, Sampaio, Guterres, Ferro, Sócrates e Seguro).

Passos é o 17º - faz hoje exatamente dois anos e um dia que foi eleito em Carcavelos, desmentindo assim a previsão de Marcelo, que na altura disse que ele não iria durar dois anos - e está prestes a atingir a idade média de vida dos líderes laranja, que é de 26 meses (estatística deformada pela década de Cavaco), pelo que não demorará a substituir Balsemão (25 meses) no pódio de longevidade, onde Marques Mendes, que se aguentou à bronca 29 meses, está em 2º lugar.

O PSD é um partido irrequieto que não dá vida boa aos seus líderes, principalmente se eles não conseguirem ser pródigos na distribuição de benesses. Olhando para a galeria de retratos de ex-líderes que preenche as paredes da escadaria principal da sede, na São Caetano à Lapa, reparamos que três deles morreram em circunstâncias trágicas - Sá Carneiro, Mota Pinto e Soares Franco.

Partido do tipo albergue espanhol, onde convive gente tão diferente como Alberto João e Pacheco Pereira, capaz de dar ao país modelos de autarca tão diversos como Isaltino, Rio e o major Valentim, o PSD é geneticamente tão diferente do PS que até custa a crer como é que conseguem atuar como irmãos gémeos.

Este mimetismo comportamental dos dois partidos que governaram o país nos últimos 35 anos só pode ter a ver com a sua incapacidade em, chegados ao Poder, afrontar os interesses instalados, deixar de satisfazer as ávidas clientelas e de agirem sem ter as sondagens como astrolábio. É o caráter de máquinas de conquista e administração de poder que faz com que PSD e PS sejam ao mesmo tempo tão diferentes e tão iguais.

Olhem para Passos Coelho, tão bem-intencionado, e que, apesar de escoltado pelos rigorosos Gaspar e Moedas, deixou derrapar para setembro a entrada em vigor da Lei das Rendas (que a troika queria ver rapidamente em execução), atolou-se nas exceções ao teto salarial para os gestores públicos, enredou-se no dossiê PPP e não deu ainda passos decisivos no sentido da urgente reforma da Justiça.

Jorge Fiel

Esta crónica foi hoje publicada no Jornal de Notícias

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