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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Inventário de 100 coisas que amo no Porto

 

O inventário que se segue está longe de ser exaustivo e não é um top 100. Acredito que haja coisas de que eu goste mais do que as 100 elencadas mas que por esquecimento no momento tenham ficado no tinteiro.

 

Vai daí, esta lista é tão só uma declaração de amor à cidade onde nasci, cresci e vivo. Dada a elevada tonelagem em caracteres da lista, optei por a publicar em fascículos, organizados por secções, sendo que este, o de estreia, agrupa dois capítulos: Intangiveis e Órgãos de Soberania e Comes e Bebes.

 

Ai vai a primeira de cinco suaves prestações, que serão aqui editadas à razão de uma por dia – sem prejuízo de outros pronunciamentos. Esta declaração de amor foi originalmente publicada no meu blogue pessoal, Roupa para Lavar

 

 

INTANGIVEIS E ÓRGÃOS DE SOBERANIA

 

1. O coração de D. Pedro

 

Está guardado na Igreja da Lapa, que pela sua situação privilegiada, a quota alta, foi um dos locais escolhidos pelo exército liberal para instalar a artilharia durante o Cerco do Porto.

 

O rei anti-colonialista que soltou o grito do Ipiranga e abdicou de imperador do Brasil para regressar a Portugal e defender a liberdade com uma arma na mão, escreveu a mais bonita e heróica página da histórica da cidade, a quem prestou tributo legando-nos, em herança, o seu coração, e conferindo-nos o título de Invicta, Mui Nobre e Sempre Leal.

 

Abaixo os miguelistas (e quem os apoiar)!

 

 

2. O granito molhado

 

Adoro a melancolia do entardecer do Porto, no Outono, depois das primeiras chuvas, com a pedra molhada.

 

 

3. Rio Douro

 

Álvaro Siza não o viu como de ouro mas antes como de prata e assim o retratou num swatch. Eu vejo-o azul como o mar e o céu. Esta diferença cromática de opinião não acarreta mal nenhum ao Mundo. O 25 de Abril fez-se para isso mesmo. Para as pessoas terem opiniões diferentes e continuarem amigas – e a amarem o mesmo rio, de uma forma plural.

 

 

4. A pronúncia do Norte

 

Sobe-me a mostarda ao nariz sempre que um conhecido ou colega de Lisboa me cumprimentam recorrendo a uma canhota tentativa de imitar o nosso sotaque. «Atão, cumu bai o Puaaaartu?». 

 

Imbuído de um espírito cristão, contenho-me e perdoo-o logo a idiotice desses infelizes que na sua santa e doce ignorância estão convencidos que não têm sotaque e que a amaricada maneira de falar deles é o cânone.

 

Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles será o Reino dos Céus.

 

 

5. FC Porto

 

As cada vez mais frequentes vitórias representam para a cidade exactamente o mesmo que as do Barca, que engraxam o orgulho de ser catalão.

 

A equipa entra no Dragão a ouvir os versos do hino que lhe pede «dá-nos neste dia mais uma alegria, mais uma vitória» e corresponde. Assim é que é.

 

 

6. Jornal de Notícias

 

Nas suas páginas sente-se o palpitar da região. Só lhe falta mesmo merecer que as elites nortenhas o assumam como o primeiro jornal que lêem pela manhã, nos seus gabinetes, e com que andam debaixo do braço e folheiam na esplanada, ao fim-de-semana. Nessa altura, o JN será o megafone de que o Norte precisa para fazer ouvir a sua voz, aos berros, nos ouvidos de quem manda no Terreiro do Paço.

 

7. O Jogo

 

A Folha da Verdade. O Jogo é grande e o Manuel Tavares é o seu profeta.

 

8. Porto Canal

 

Acaba de fazer um ano, deixou de gatinhar e começa a andar sem ajuda. Bom! Mas para ser o centro de poder de que o Porto precisa, ainda tem de comer muita boroa. 

 

É obrigatório que Bruno Carvalho, o director geral, apague os resíduos de benfiquismo que lhe continuam agarrados à pele. E que os amigos catalães da Mediapro consigam reduzir a sua posição excessiva no capital do canal, transferindo parte dela para as forças vivas do Norte.

 

Não percebo de que é que os Américos Amorins, os Belmiros de Azevedo, os Macedo Silvas, os Ludgeros Marques, os Àlvaros da Costa Leite, os Violas, etc, etc, estão à espera para tomarem em mãos o papel de locomotiva deste projecto em que o mais difícil (ir para o ar) já foi feito!

 

Ter um canal do Porto com um director geral benfiquista e uma maioria espanhola no capital faz tanto sentido como um canal de Barcelona ter um director geral fanático pelo Real Madrid e uma maioria francesa no capital social.

 

 

9. AEP

 

Foi-se o BPA. Foi-se o BPI. A CCRN foi politicamente domesticada em vez de levantar voo e evoluir para base do Governo regional do Norte. A Associação Empresarial de Portugal, de Ludgero Marques, resiste como centro de contra-poder, a aldeia de irredutíveis nortenhos que resiste a Lisboa.

 

Espero que nunca lhe falta a poção mágica. E, já agora, que arranje uma estátua decente para imortalizar a figura ímpar do seu fundador Vitorino Damásio, empresário e um dos heróis do Cerco do Porto, substituindo a pindérica estátua que foi colocada no sítio (a Mata da Pasteleira) onde ele se cobriu de glória no comendo de tropas liberais.

 

 

10. Associação Comercial do Porto

 

Por contraste com a acção guerrilheira e abrasiva da AEP, a Associação Comercial encontrou o seu espaço assumindo-se como uma espécie de senado nortenho, centro de estudo e reflexão de grandes temas, produzindo estudos sobre os grandes temas que dilaceram o pais (a Ota foi um deles) e projectando novas figuras, como Rui Moreira, o seu actual presidente. Também está bem!

 

 

11. Sonae

 

Concentra o melhor (e às vezes o pior, mas a vida é assim) do código genético empresarial nortenho. Apesar de saber que perde pela boca, Belmiro teima em não se calar, não pára de refilar e mantem uma rigorosa  independência face ao poder político lisboeta.

 

É bom saber que Belmiro de Azevedo continua a viver num andar, a levantar a mesa no final das refeições e a evitar ao máximo pernoitar em Lisboa. 

 

 

12. Metro

 

O Metro do Porto é ainda muito mais do que um sistema de transportes e uma empresa estruturante do espaço urbano. É também uma obra de arte, um enorme motivo para termos orgulho em sermos portuenses, e, ainda, uma prova viva e documental do centralismo que asfixia o nosso país.

 

Concebido por Eduardo Souto Moura, o metro é uma obra de arte premiada internacionalmente, onde estão espalhadas as impressões digitais os nomes mais luminosos da Escola de Arquitectura do Porto, como Siza Vieira, Alcino Soutinho e Adalberto Dias, entre outros.

 

 

13. Toponímia

 

Agrada-me muito a toponímia do Porto. Todos os dias atravesso a rua do Campo Alegre. Raro é o fim de semana em que não brinco com o meu filho João no jardim do Passeio Alegre. Lamentavelmente já não vou à muito tempo às ruas do Campo Lindo e do Paraíso A última morada do meu pai é o cemitério do Prado do Repouso. Há um autocarro, da linha 700, que tem como destino o Campo dos Sonhos.

 

O Porto tem uma toponímia alegre e desde há alguns anos as suas ruas e praças estão bem identificados por placas verdes, bonitas e informativas, que talvez sejam o melhor legado que Rui Rio vai deixar à cidade. 

 

 

COMES E BEBES

 

14. Tripas à moda do Porto

 

Estou em crer que as melhores são as do Poleiro, junto à Circunvalação. Mas também gosto muito das do Ribeiro (Praça dos Poveiros) e do Capa Negra (Campo Alegre).

 

 

15.  Francesinha

 

Ora cá está a pergunta que vale um milhão de euros. Qual é melhor francesinha do Porto? A indicar um sítio, não hesito em responder Capa Negra (onde estão disponíveis os melhores rissóis do Mundo). Mas recordo com saudades as do já falecido Mucaba (logo no início da Avenida da República em Gaia) e as da Regaleira, na Baixa.

 

16. Pastéis de Chaves da Casa das Tortas

 

Reconheço que já conheceu melhores dias a qualidade dos pastéis de Chaves da Casa das Tortas, em Passos Manuel, mas são um clássico que vale a pena revisitar. É fazer o favor de os comer quentinhos e regá-los com uma taça de vinho verde Campelo, porque não sei se ainda há o Três Marias.

 

17. Vinho do Porto

 

Eu prefiro os Porto jovens, pujantes e rebeldes, em detrimento dos tawnies velhos e licorosos. O meu gosto contraria a máxima de que o Porto melhora com a idade.

 

Estou feliz pela moda inaugurada pelos americanos de beber os Vintage cada vez mais cedo. Não havendo Vintage, marcha um LBV ou um ruby. Novos! Não me importa que me chamem pedófilo J

 

 

18.  Padaria Ribeiro

 

Abasteço-me de inúmeras variedades de pão (azeite, chapatas, vikorn, centeio, corações, amêndoas, passas, etc, etc) na Ribeiro da Pasteleira, junto ao Público.

 

Apesar de eu ser mais presunto do que doces, recomendo vivamente a tarte de maracujá.

 

 

19. Vinho & Coisas

 

A melhor garrafeira do país está em Matosinhos. Paris vale uma missa e a Vinho & Coisas vale uma visita de estudo.

 

 

20. Cafeína Foods

 

Apesar de pequena, é um das melhores mercearias finas de uma cidade com tradições neste domínio (Minhotinha e Augusto), reforçadas nos últimos anos com o desembarque da Loja da Praça (na praça D. Afonso V, junto à igreja do Cristo Rei) e o Gouret do El Corte Ingles de Gaia.

 

Se for ao Cafeína Foods não deixe de comprar, por nove euros apenas, uma garrafa de Porto branco da Quinta da Casa Amarela. Se o fizer, vai-me ficar eternamente grato pelo conselho.

Jorge Fiel

 

 

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