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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Segunda prestação da declaração de amor

 Pátio das Nações do Palácio da Bolsa

 

Esta segunda prestação do inventário de 100 coisas que amo no Porto é totalmente preenchida por calhaus, ou, dito de outra maneira, por uma lista de 20 maravilhosos exemplares de património edificado da nossa cidade.

 

Mas quero sossegar os bussolistas. Nos três fascículos que faltam, serão listadas coisas bem mais leves, como cafés, restaurantes, jardins, experiências e ofícios correlativos.

 

21. Palácio da Bolsa

 

Não é por acaso que é o monumento mais visitado do Porto. O majestoso Pátio das Nações, coberto por estruturas metálicas envidraçadas, deslumbra-nos logo à entrada. O Palácio da Bolsa foi construído em meados do século XIX por iniciativa (e a expensas) da Associação Comercial do Porto. A fachada neo-clássica, correcta mas severa, esconde no interior jóias como o faustoso Salão Árabe, a antiga sala de audiências do Tribunal do Comércio e uma magnífica escadaria de mármore e granito.

 

22. Mercado Ferreira Borges

 

Belo exemplar da arquitectura do ferro, em boa hora recuperado por Paulo Valada. Recebe exposições e acontecimentos culturais.

 

23. Muralha Fernandina

 

O acesso não é fácil (faz-se através do interior do Instituto Dr. Ricardo Jorge, pelo que as visitas estão limitadas ao horário deste organismo público) mas o resultado recompensa o esforço. Nas ameias deste pano de muralha quatrocentista, sinto-me como o Di Caprio na proa do Titanic: «I’m the king of the world»

 

24. Torre dos Clérigos

Pisa tem um torre inclinada. Londres uma torre prisão. Paris tem uma elegante torre em ferro. O Porto tem uma honesta torre barroca – que, Alexandre O’Neill «dixit», é uma espécie de ponto de espantação.

 

Concluída em 1763, foi riscada pelo arquitecto italiano Nicolau Nasoni, que está sepultado ali ao lado, na igreja dos Clérigos, e deixou espalhada pela cidade abundante e boa obra, como Palácio do Freixo. Da torre, que é o ex-libris da cidade, disse Teixeira de Pascoaes: «É o Porto espremido para cima». O cimo da torre, a 75 metros de altura, é acessível a quem pagar bilhete de entrada e se dispuser a subir 240 íngremes degraus de uma escadaria em caracol.

 

25. Estação de S. Bento

 

O sólido edifício neoclássico estação ferroviária de S. Bento alberga no seu hall belíssimos conjuntos de azulejos de Jorge Colaço, alusivos aos transportes e a episódios marcantes da nossa história. Particularmente interessantes os que retratam a entrada de D. João I na cidade, quando do casamento com Dona Filipa de Lencastre, e a submissão de Egas Moniz e família ao rei de Leão.

 

26. Casa da Música

 

Parece um volumoso meteorito que aterrou ali junto à Rotunda da Boavista. Não demorará muito até que esta bela e estranha obra de Rem Koolhas substitua a barroca Torre dos Clérigos como primeiro ícone da cidade.  

 

27. Faculdade de Arquitectura

 

Riscada por Álvaro Siza, acomoda-se harmoniosamente nos socalcos da encosta que desce até ao rio. Como é habitual na obra de Siza, a sobriedade e austeridade exteriores são complementados por surpreendentes espaços interiores, amplos e luminosos. A maquete desta faculdade é a única obra portuguesa que está em exposição na sala dedicada à arquitectura do Centro Pompidou.

 

28. Alfândega

Se tivesse que escolher o edifício que melhor simboliza o Porto, elegeria a robusta Alfândega, magistralmente recuperada por Eduardo Souto de Moura a tempo de receber a Cimeira Ibero-Americana que trouxe Fidel Castro ao Porto.

 

29. Cadeia da Relação

 

A prisão onde Camilo Castelo Branco escreveu de jacto (em 15 dias!) «O Amor de Perdição» foi reconvertida no Centro Português da Fotografia, uma metamorfose que escandalizou o Fernando Rosas (um verdadeiro palhaço!) que protestou por escrito contra a maçada que era ter de se deslocar ao Porto sempre que precisasse de consultar os seus arquivos fotográficos… Há dois séculos, a construção desta cadeia (onde também malharam os ossos o famoso ladrão Zé do Telhado e o político João Chagas), importou em 200 contos. A sua renovação, realizada no âmbito da Porto 2001, custou 600 mil contos.

 

30. Igreja Românica de Cedofeita

 

Se eu fosse do estilo de casar pela igreja seria aqui. Sem dúvida.

 

31. Palácio de Cristal

 

Os jardins são magníficos. Sempre que por lá passeio lembro-me do Chico do Palácio (para quem não sabe era um macaco) e do Sofala, o leão das unhas encravadas. A avenida das Tílias disponibiliza, de borla (grátis!) quentes recordações dos tempos em que estava guarnecida de ambos os lados com stands onde se faziam furos e se ganhavam chocolates. Os mais velhos ainda choram a destruição do primitivo Palácio de Cristal, demolido em 1951 para dar lugar a uma moderna nave de cimento armado: o Palácio dos Desportos (no entretanto, rebaptizado Pavilhão Rosa Mota), feito de raiz para receber um Mundial de hóquei em patins e que agora serve de palco para acontecimentos desportivos, concertos e comércios, sendo ainda usado como casa pela Feira do Livro. Mas a modernidade intrínseca da calota do pavilhão Rosa Mota (que, vista ao longe, dá a ideia de uma mama) mandam-nos olhar em frente e a dar-nos por satisfeitos pelo que temos.

 

32. A Casa do Roseiral

 

Situada num dos extremos dos jardins do Palácio, a Casa do Roseiral é propriedade da autarquia e seria a única razão que me poderia levar a candidatar-me à presidência da Câmara do Porto. Se ganhasse, mudava-me logo para lá.

 

33. Teatro Nacional S. João

 

Ora aí aqui está uma bela fachada amarelo ocre, como há poucas na nossa cidade. O que mais me apaixona neste edifício riscado por Marques da Silva são as figuras alegóricas da Dor, Bondade, Ódio e Amor que o ornamentam, bem o seu portentoso interior, que ouso qualificar como tão acolhedor como uma vagina.

 

34. Coliseu

 

Da autoria de Cassiano Branco, o Coliseu do Porto é provavelmente a talvez a mais bela sala de espectáculos do país. Inaugurado em 1941, com um concerto da Sinfónica Nacional dirigida pelo maestro Pedro de Freitas Branco, sobreviveu a um incêndio e à tentativa de compra pela IURD, ocorrida em Agosto de 1995.  

 

35. Palácio do Freixo

 

Esta esplendorosa moradia barroca, de frente virada para o rio, foi encomendada ao arquitecto italiano Nicolau Nasoni pelo rico cónego Jerónimo Távora. Já serviu de armazém a uma fábrica de moagens. Os trabalhos da sua recuperação foram dirigidos por Fernando Távora, o pai da famosa escola de arquitectura do Porto e descendente do primeiro dono do palácio. O grupo Pestana prepara-se para o transformar num hotel de charme integrado na rede Pousadas de Portugal.

 

36.  Paços do Concelho de Matosinhos

 

As salas das sessões públicas da Câmara e o Salão Nobre, ambas sem portas, abertas para o interior e transparentes ao exterior, expressam a filosofia do novo poder democrático exercido à vista do povo e são dois dos locais mais marcantes de um edifício (assinado por Alcino Soutinho) em que todas as suas áreas recebem luz directa do sol - e que foi enriquecido com esculturas e pinturas de João Cutileiro e Júlio Resende. 

 

37. Igreja de S. Francisco

 

É chamada «a igreja de ouro» devido à sumptuosa talha barroca que a reveste e submergiu por completo a estrutura gótica do templo. Por muitas vezes que a visite, não deixará de ficar impressionado com os 200 quilos de ouro que estão distribuídos pelo altar, colunas e pilares. As sepulturas românticas que complementam a vista à igreja eram o local favorito para o adolescente Pedro Abrunhosa se declarar às raparigas.

 

38. Infante Sagres

 

O primeiro cinco estrelas o Porto foi mandado fazer pelo industrial Delfim Ferreira. Mário Soares sempre preferiu o conforto e luxo clássicos deste hotel da Baixa à moderna funcionalidade dos cinco estrelas da avenida da Boavista. Esta preferência diz tudo sobre a alma do Infante Sagres.

 

39. Mercado do Bolhão

 

O local preferido pelos políticos de todos os quadrantes para receberem banhos televisivos de multidão. Está a concurso a sua transformação numa espécie de Covent Garden.

 

40. Estádio do Dragão

 

Um palco de emoções. Manuel Salgado impregnou o novo estádio do FC Porto do ambiente moderno e sofisticado que foi a marca de água da arquitectura da Expo 98. Sem lugares reservados para cegos ou anões, o Dragão é a âncora da renovação em curso na degradada zona oriental da cidade. «Allez, Porto, alllez. Nós somos a tua voz. Nós somos a tua voz. Queremos esta vitória. Conquista-a por nós!».

 

Jorge Fiel

 

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