Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

O REI MORREU, VIVA O REI!

 

Julgo que as diferentes manifestações evocativas do centenário do Regicídio ajudaram a esclarecer os portugueses sobre um conjunto de factos que a república quis, voluntariamente, obscurecer.

 
Em primeiro lugar, os portugueses ficaram a saber que vivíamos, desde 1820, numa democracia constitucional evoluída, com um parlamento constituído por representantes eleitos por sufrágio, de partidos políticos legalmente constituídos;


Os portugueses ficaram a saber que entre os partidos legalizados existia também o partido republicano que, curiosamente, tinha votações que nunca chegavam aos 2 dígitos (sempre inferiores aos 10%);


Os portugueses ficaram a saber que a República se fundou numa revolução não democrática que começou por esse acto violento da morte do Chefe de Estado;

Os portugueses ficaram a saber que esse acto nunca foi julgado pela própria república, desaparecendo misteriosamente o processo que envolvia gente muito mais importante que os mandados Costa e Buiça;

Os portugueses ficaram a saber que a república consagrada 2 anos depois, impôs um regime de repressão, autoritarismo, perseguição e instabilidade, com limitações ao sufrágio universal e ao funcionamento dos partidos políticos e demais instituições democráticas;


Os portugueses ficaram a saber que o clima de anarquia social e de desordem que se sucedeu era de tal ordem que, alguns anos depois, foi declarada uma segunda república que impôs a Portugal uma ditadura de 48 anos. Como bem disse o Prof Dr Rui Ramos, insuspeito técnica e politicamente, se não tivesse havido o regicídio, existiria certamente Salazar, mas não teria existido seguramente o Salazarismo e a Ditadura;

 
Os portugueses ficaram a saber que desde o tempo da Monarquia constitucional, Portugal caiu em todos os indicadores de bem-estar e de desenvolvimento, quando relativamente comparado com os seus parceiros europeus;


Os portugueses ficaram a saber que esta república, fundada numa revolução violenta e não democrática, se continua a impor a todos nós que nunca a escolhemos e estamos até constitucionalmente impedidos de o fazer;


Os portugueses ficaram a saber, enfim, que por terem nascido em república não têm que ser ou sentir-se republicanos;


Os portugueses ficaram ainda a conhecer melhor o Rei Dom Carlos. Curiosamente um Chefe de Estado que pela Sua versatilidade e múltiplas dimensões, serviria bem à Chefia de Estado de um Portugal globalizado como o de hoje.


Os portugueses ficaram também a saber que, apesar de tudo isto, o Senhor Dom Duarte, bisneto do Rei Dom Carlos, não falou nestas Comemorações em vingança, nem sequer em reparo ou desagravo. Assumindo a sua responsabilidade histórica, falou antes em reconciliação nacional e em reencontro dos portugueses com a sua história. O mesmo fez o Cardeal Patriarca de Lisboa que enfatizou que nenhuma democracia pode legitimar a violência ou, como no caso da nossa República, se pode legitimar através dela. Mal estiveram alguns deputados que evidenciando um preconceito que (como as nódoas do avental?) tanto custa a lavar, votaram desfavoravelmente, cem anos depois, um voto de pesar simbólico pela morte de um Chefe de Estado Democrático;

No balanço final, julgo que tudo isto teve a enorme virtude de permitir que os portugueses reflictam, com tranquilidade sobre a sua história e as opções que, em Democracia, melhor servem o nosso futuro com Nação e como Estado.

Um último comentário que os portugueses provavelmente ainda não sabem e que vale pelo seu simbolismo: Apenas 9 anos depois de instaurada a República, o Norte sob a batuta de Paiva Couceiro, veio a restaurar novamente a Monarquia, naquela que ficou historicamente conhecida pela Monarquia do Norte.

Naquela altura, e uma vez mais na nossa história, foi o egoísmo centralista da capital que não permitiu que Portugal se cumprisse.

António de Souza-Cardoso





12 comentários

Comentar post

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2012
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2011
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2010
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2009
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2008
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2007
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub