"Googlem" a ministra
(Declaração prévia de interesses: a minha mulher é professora e cada vez que ve a ministra na TV sai-lhe um palavrão e muda o canal - e ela não faltya às aulas, tem reuniões infinitas de manhã à noite e imenso trabalho burocrático sem sentido, numa escola difícil onde não regateia esforços para ajudar alunos muito difíceis. Mas este texto nasce do Prós e Contras)
A ministra da Educação teve a sua "semana horribilis" e Sócrates e Cavaco tiveram que a vir socorrer na praça pública - mais a Confederação de Pais, que deve receber dinheiro do Ministério e não pode dizer muito mal.
Onde tudo começou foi na segunda-feira passada no Prós e Contras da RTP 1: numa plateia quase só com professores, ninguém conseguiu dizer bem da ministra - o melhor que se arranjou foi alguns não dizerem muito mal.
Esta ministra tem feito erros graves, todos os dias, perante a complacencia dos media. Na segunda-feira ficou evidente (hoje há outro, com a sociedade civil, para dar melhor imagem da ministra, imagino...). No fim-de-semana o director do Diário de Notícias, João Marcelino, dizia que gostava da ministra só que ela andava depressa de mais para o país. Mais complacencia: as aulas de substituição são uma excelente ideia mal executada, o estatuto do aluno é mau (o tal em que não há faltas e quem não aparece às aulas tem direito a mais um exame...), o da gestão da escola é voltar ao antigamento (o director que manda) e o da avaliação é inexequível. Já agora: quando se diz que "nas empresas é assim" quanto à avaliação, é uma grande mentira: nunca fui avaliado em nenhuma empresa (Notícias, Público, Record, Correio da Manhã) por 14 items de dois em dois anos. Alguém tem teoria para isto? É absurdo em qualquer empresa e absurdo no Estado. É absurdo em qualquer organização.
Acontece que a ministra está preocupada com duas coisas: com os números do Eurostat de reprovações, o que é bom; e com o dinheiro, o que também não é mau, só que ela não o admite (como não o admitiu Correia de Campos...). Acontece que em qualquer delas não tem nada para dar aos professores - e a avaliação é sobretudo para acabar com progressões na carreira, muitas delas de facto não fazendo sentido. Enquanto este Governo não deixar de colocar o aluno no centro de tudo - e era o saber que devia ser o centro de tudo - a coisa não vai ficar boa. (Googlem as imagens e textos sobre a ministra e vejam a popularidade - o que vos deixo é do castelosnoar.com/
Manuel Queiroz