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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

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Eu até nem desgosto das 2ª feiras

 

Umas das consequências do nosso "Jornal de Notícias" se publicar todos os 365 dias do ano (366 nos bissextos) é que também todos os dias há jornalistas (e não só) a trabalharem, esforçando-se para que o JN do dia seguinte seja ainda melhor que o do dia.

O meu sistema de folgas é simples. Se numa semana descanso ao sábado e domingo, na seguinte folgo às 5.ª e 6.ª e trabalho ao fim de semana. O resultado é uma sucessão alternada de semanas em que ou estou ao serviço apenas três dias (2.ª, 3.ª e 4.ª) ou trabalho sete dias (sábado, domingo, 2.ª, 3.ª, 4.ª, 5.ª e 6.ª).

Deve ser por isso que não faço coro com o protesto da mais famosa canção (I don't like mondays) dos Boomtown Rats, de Bob Geldof. À diferença da maioria do pessoal, que tem a rotina de trabalhar uma semana de cinco dias, nem suspiro pelas 6.as-feiras nem maldigo as 2.as. Eu até nem desgosto das 2.as-feiras.

No geral, esta 2.ª, dia 11, foi bastante calma, se excluirmos o movimento no aeroporto de Lisboa, com a chegada de Merkel, para uma visita de médico de cinco horas, e de Vale e Azevedo, para uma estada mais prolongada de cinco anos.

As diferenças não se quedam por aqui. Enquanto o ex-presidente do Benfica vai ficar os cinco anos à sombra, a chanceler alemã só pode ter ido daqui com uma corzinha, pois esteve debaixo das luzes da ribalta (e das câmaras de TV) durante todo o tempinho que passou entre nós.

Este frenesim de partidas e chegadas no aeroporto de Lisboa só pode ajudar, neste momento em que estamos a desfazer-nos da ANA (que, graças a Deus, tem bastantes pretendentes) e da TAP (para quem só há um noivo reticente, que se prepara para só ficar com ela se não pagar nem um cêntimo).

Mas achei bastante parola e provincianamente excessiva a cobertura televisiva da visita da chanceler. "Última hora: Merkel aterrou em Lisboa"? Por amor de Deus, deixem de fazer concorrência involuntária e desleal ao "Inimigo Público" e ao Ricardo Araújo Pereira!

Coube à RTP o melhor momento. Após ter transmitido em direto o número (pobre) que os Homens da Luta tinham preparado, a jovem repórter desafiou as forças do mal ao insistir para que eles mostrassem a prenda que traziam para Merkel. Obtida a garantia de que estavam em direto, o Jel e o Falâncio desembrulharam um das Caldas - quase tão enorme como o aumento de impostos anunciado pelo Gaspar.

O alarido feito em torno da visita da chanceler só prova que quem manda no circo mediático televisivo ou não percebeu ou não quer perceber que é tão estúpido diabolizar a Merkel como as 2.as-feiras.

Ir trabalhar à 2.ª-feira é uma bênção num país com mais de um milhão de pessoas sem emprego. E por muito que nos custe reconhecer, culpar Merkel pelos nossos males é teimar em tentar sacudir para outros a culpa dos nossos erros - uma atitude irresponsável que apenas prova que se errar é humano ainda é mais humano atribuir os nossos erros aos outros.

Jorge Fiel

Esta crónica foi hoje publicada no JN

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