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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Vicente Termote

Se o director geral ibérico da Nespresso vai almoçar contigo e trás na mão um quilo de arroz para te oferecer é porque leva na cabeça uma mensagem para fazer passar. O saco de arroz extra longo carolino branqueado é igual a um dos sete mil oferecidos ao Banco Alimentar contra a Fome e é parte integrante do ramo de oliveira estendido aos ecologistas, em resposta às acusações sobre o impacto ambiental das cápsulas coloridas, após terem sido usadas para fazermos em casa um bom café expresso.

A Nestlé não correu o erro de fazer ouvidos de mercador à crítica dos ambientalistas e começou a montar operações de recolha das cápsulas, para reciclagem, acalmando a consciência sustentável dos consumidores e a fazendo baixar o volume de som dos protestos ecologistas.

Vicent Termote, o belga de 47 anos que dirige a operação ibérica da Nespresso, conseguiu ir mais longe no compromisso com a sustentabilidade, talvez devido à sua formação académica (licenciou-se em Agronomia, em 1986, em Louvaine),  ao operar o suave milagre de transformar em arroz as cápsulas velhas. Bem, a rainha Santa Isabel pode ficar sossegada, pois este resumo é um pouco exagerado.

A operação consiste em recolher as cápsulas, separar o alumínio (que será refundido) das borras de café, que são uma excelente matéria prima para adubo, usado na produção de arroz na herdade ribatejana do Monte das Figueiras.

“A borra de café é um acelerador do processo de compostagem”, explica Vicent, que se escolheu Agronomia a pensar alistar-se no exército da FAO e ir combater a fome em África: “Sempre fui um idealista e romântico, que gosta de flores e ajudar os necessitados”.

Para convencer os consumidores a entregarem as cápsulas para reciclagem, a Nespresso compromete-se a dar 1,5 kg de arroz ao Banco Alimentar contra a Fome por cada 100 cápsulas recolhidas. No ano 2 desta operação, foram oferecidas sete toneladas de arroz, o que dá para 140 mil refeições. O objectivo é chegar às 50 toneladas, ou seja um milhão de refeições.

Ao almoço nem passamos fome nem comemos arroz. Deixamos a escolha ao cuidado do Miguel Reino, que no ano passado deslocalizou o Aqui há Peixe da Comporta para o coração do Chiado. O irmão do não menos célebre Gigi começou por nos trazer umas deliciosas Amêijoas à Bolhão Pato, seguidas de um esplêndido pregado (que suscitou a velha questão de apurar se trata de um primo do rodovalho ou tão só uma diferente denominação do mesmo peixe), tudo acompanhado por um Dona Maria 2009.

“Os meus colegas suíços, habituados a comer aqueles peixes do lago Leman que não sabem a nada, ficam doidos quando os trago aqui”, confidenciou-nos Vicent, que se expressa num perfeito português aprendido no Brasil, uma das escalas de uma vida quase tão aventurosa como a do mais famoso dos seus compatriotas (o repórter Tintin): começou na IBM, na Califórnia, passou pelo marketing da Exxon Chemical (“a petroquímica é uma indústria pouco sexy”) até que, quase por acaso, quando, em 1997, estava de férias em S. Paulo e “andava como um peixe à procura do seu aquário”,  tropeçou numa oferta de emprego (da companhia de cosméticos Natura) e numa brasileira, com sangue italiano e americano a correr-lhes nas veias, que lhe viria a dar um filho no ano 2000.

Foi o filho (não queria que ele crescesse no meio da insegurança brasileira), que em 2003 o trouxe de volta para a Europa. Sente-se feliz a voar entre Lisboa (onde tem casa, comprada, no Príncipe Real), Madrid e Barcelona (onde tem casa alugada), a comer bom peixe enquanto dirige a bem sucedida operação ibérica da Nespresso (Portugal é o 8º maior consumidor).

 “Só 1% do café produzido em todo o Mundo corresponde aos nossos requisitos de qualidade. Isso a ajuda a explicar o sucesso. O português é um enólogo do café. Um verdadeiro apreciador como só encontramos em Itália e numa parte da Hungria”, afirma Vicent, que se desembrulha da vida agitada que leva com a ajuda dos cinco cafés que toma durante o dia (o Roma e o Indrya são os seus preferidos); à noite só toma o descafeinado intenso que, elogia, “tem o corpo e alma de café”.

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

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Aqui há Peixe

Rua da Trindade 18 A, Lisboa

Couvert … 5,00

Grissini…  1,50

Ameijoas à Bulhão Pato … 19,00

Pregado … 40,00

Água com gás … 1,50

Dona Maria 2009 … 17,00

2 cafés … 2,50

Total … 86,50 euros

 

Curiosidades

 

George Clooney foi escolhido para cara da Nespresso na sequência de um complexo processo de selecção de uma figura internacionalmente conhecida pessoa que representasse os valores e a atitude da marca. Monica Belucci fez parte da short list final, mas acabou por ser preterida devido ao elevado índice de rejeição que despertou junto da componente feminina dos focus group

 

O Ristretto (cápsula preto) é o café Nespresso preferido dos portugueses, seguido do Roma (cinzento) e o descafeinado intenso (vermelho escuro). A venda reparte-se, em partes iguais de 40%, pelas oito lojas e a Internet, sendo que 20% das encomendas são feitas pelo telefone  

 

Todas as chávenas Nespresso existentes no Mundo são produzidas em Portugal pela Vista Alegre, a companhia vencedora de um concurso internacional

 

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