O impulso dado pela ponte da Arrábida
A Carris foi tão essencial para o desenvolvimento da avenida como o caminho-de-ferro o foi na construção dos Estados Unidos. A sua importância ressalta de uma frase escrita por um jornalista na sua reportagem sobre o incêndio de 1928 na «remise»:
«Para os lados da Boavista, o movimento é sempre frouxo. A longa e larga avenida só vive da vida dos seus carros e das suas fábricas. Fechadas as fábricas, ao anoitecer, paralisado o trânsito dos eléctricos, fica deserta, recolhida no seu silêncio elegante, de avenida moderna, aristocrática».
A primeira vaga de povoamento da avenida, durou até aos anos 20, com a construção na sua parte inicial (logo a seguir à Rotunda) de casas de brasileiros, amiúde rodeadas das palmeiras que correspondiam ao seu gosto. Foi preciso esperar quarenta anos para a inauguração da ponte da Arrábida ser a locomotiva de um novo e espectacular surto de desenvolvimento da Boavista, para onde se deslocou gradualmente o centro de gravidade da cidade, que outrora residira na Baixa e zona Oriental.
Junto à saída da nova ponte, o BPA implantou nos anos 60, no local onde laborara a Fábrica de Tecidos Graham, o Foco, uma urbanização moderna, com andares destinados às classes média e média/alta. Mais recentemente, junto à Fonte da Moura, o terreno deixado livre pelo fim das Sedas Aviz foi usado para a construção de grande empreendimento, conhecido pelo antigo nome da fábrica (Aviz), com características idênticas às do Foco, mas mais denso e ainda está a ser desenvolvido.
Daqui até ao mar, correndo ao longo do Parque da Cidade até desaguar no Oceano Atlântico, fica a zona com mais baixa densidade populacional da avenida, ocupada com vivendas elegantes mandadas fazer por industriais e banqueiros, a partir de meados do século passado.
Jorge Fiel