A mais bela artéria da zona moderna e luxuosa
O rasgar da avenida demorou o seu tempo. Iniciado no virar do século, só foi concluído em 1917, o ano da revolução bolchevique, com a conclusão do troço final, entre a Fonte da Moura e o Castelo do Queijo, que nos anos 50 viria a ser a principal recta do Grande Prémio de Fórmula I do Porto, estrelado pelo famoso Stirling Moss.
Demorou, mas valeu a pena. Sant’Anna Dionísio considerou-a logo como «a mais bela artéria da zona mais moderna e luxuosa» do Porto e e não poupou nas palavras quando a qualificou como «um dos mais acertados e desenvolvidos golpes de expansão que a cidade recebeu nos últimos 50 anos».
A avenida teria de esperar mais de meio século para acolher dois novos e importantes ícones que romperam com a tímida escala que caracteriza a cidade.
A Casa da Música e o Parque da Cidade foram arrojados empreendimentos apadrinhados por Fernando Gomes, que sonhou reeditar, um século depois, o período mais próspero e expansionista do Porto.
O Parque da Cidade concretizou, em 1991, o velho projecto do pai da avenida, Gustavo Sousa, de equipar o Porto com um vasto pulmão verde, e viria a receber, dez anos depois, um ousado remate marítimo pensado por Solá Morales. Como o parque não chegava à praia, o arquitecto catalão resolveu fazer desaterros, abrindo o caminho para o mar subir até ao parque. Funcionou!
A Casa da Música, saída do estirador do holandês Rem Koolhas, é um espantoso e estranho edifício com uma altura equivalente a 12 andares , implantado no quarteirão outrora ocupado pela «remise» (a recolha dos eléctricos) e pelos escritórios da Carris (actual STCP), que, além de escriturários, albergavam barbeiros e alfaiates que cuidavam das fardas e aspecto dos funcionários da companhia.
(continua)
Jorge Fiel