Aos 90 anos, a avenida tem diversas caras
Após o 25 de Abril, a avenida sofreu uma fase de terciarização acelerada, que avança no sentido Rotunda/Castelo do Queijo e tem o seu sinal mais visível na coexistência pacifica de três hotéis de cinco estrelas num raio de algumas (poucas) centenas de metros.
Esta vaga de terciarização chegou até às imediações da Fonte da Moura, onde já se pressente o cheiro a maresia, pela mão da Bolsa do Porto, que aqui teve a sua segunda e última casa.
O resultado é a concentração nos
Com quase 90 anos de idade, a Boavista tem diversas caras.
Começa pequeno burguesa, com a Casa da Música a conviver com pequenas mercearias, restaurantes modestos, as sedes do PCP e do Goethe-Institut, a sua única livraria e os Enfermeiros Reunidos.
O Porto Palácio, de um lado, e o palacete Arte Nova da viscondessa de Lobão, do outro, marcam a fronteira para um troço mais cosmopolita, recheado de hotéis cinco estrelas.
E a partir daqui quase nunca mais pára de subir na escala social. O endereço postal diz tudo. Quanto mais alto for o número, maior deverá ser a conta bancária dos seus residentes. A partir do 2000, é praticamente seguro que é da classe média. Do três mil para cima, há pelo menos um BMW ou Mercedes na garagem.
No miolo da avenida, estão expostas à vista de todos os contrastes e as contradições em que o Porto é fértil. Junto ao Estádio do Bessa, o horrível edifício do Dallas – um centro comercial fantasma mandado encerrar pela câmara por ordem do tribunal – mora em frente à elegante galeria Bristol, com as suas lojas requintadas de «griffes» como a Hugo Boss, Godiva ou Stefanel.
(continua)
Jorge Fiel