Não seria melhor voltar a fazer as contas?
As árvores não sobem até ao céu, mas nós as vezes esquecemo-nos disso.
É por excesso de optimismo que muitas famílias caem no pântano do sobre-endividamento. Convencidas que os seus rendimentos não vão parar de crescer ao longo dos próximos 15 ou 20 anos, contraem empréstimos que deixam de poder pagar quando a vida lhes prega uma partida feia e o desemprego lhes bate à porta.
É errado e perigoso planear o futuro tendo como base que os nossos rendimentos vão continuar a progredir ao mesmo ritmo que nos últimos anos.
As projecções valem o que valem (ou seja, pouco) e devíamos todos parar para mastigar a sabedoria de Voltaire quando nos avisou que não devíamos insultar o futuro tentando prevê-lo.
O futuro já não é o que era, e a prová-lo está aí o INE a dizer-nos que os preços, tal como as árvores, também não sobem até ao céu – e que a inflação homóloga, em Portugal ficou abaixo do zero pela primeira vez em quase meio século.
Vem tudo isto a propósito de o aeroporto de Lisboa ter perdido mil voos em 2008, de acordo com um estudo da operadora de jactos privados Jet Republic.
Se calhar não seria estúpido voltar a fazer as contas que nos garantiam que o aeroporto da Portela estava saturado e não ia chegar para as encomendas.
Se calhar até vamos concluir que, afinal, o aeroporto de Alcochete não é assim tão necessário – e corre o risco de se transformar em mais um elefante branco.
Jorge Fiel