Rui Pedro Soares
São como as cerejas as histórias sobre o poder do futebol. Uma outra que o ele contou foi a primeiro ministro de um Palop que lhe confessou que na véspera se deitara sem jantar, pois ficara mal disposto com a derrota caseira do Benfica, por 3-0, com a Académica.
Encontramo-nos à hora do lanche, no bar da Casa da Música. Era 6ª feira e Rui Pedro Soares, 36 anos, administrador executivo da PT, tinha vindo a conduzir de Lisboa. O café, a água do Luso (natural) e a nossa conversa foram um intervalo antes de seguir para o jantar comemorativo do tetra, no Dragão Caixa.
O jantar era um misto de função e devoção. Ele é o responsável máximo pelos patrocínios da PT ao futebol. Está sentado em cima de um orçamento anual de 15 milhões de euros, dos quais mais de 80% vai directo para os três grandes. “Representamos 10% das receitas totais do futebol”, diz.
Mas Rui Pedro também é do Porto. Do Porto cidade (emigrou para Lisboa com 16 anos, quando o pai, um alto quadro da Tranquilidade, achou deviam ir viver para a cidade onde estavam as oportunidades) e também do Porto clube – onde jogou nos juniores, ao tempo de Sá Pinto e Rui Jorge.
Do ponto de vista das paixões clubisticas, na Executiva da PT reina o equilíbrio e cosmopolitismo adequados: três benfiquistas, dois portistas, um adepto do Chelsea e outro do Man Utd.
Rui Pedro está muito contente com os resultados da aposta no futebol. “O retorno do investimento aumentou 150% nos últimos dois anos. 80% dos portugueses sabe que somos os principais patrocinadores do três grandes. Este índice de notoriedade é impossível de atingir noutro meio”, afirma.
Com a saída do BES da parte de trás das camisolas, voltará a haver marcas de grande consumo a apostar em apenas um (Sagres, com o Benfica) ou dois grandes (Super Bock, com o Sporting e FC Porto), pela primeira vez desde que a Parmalat se deu mal com isso.
Rui Pedro garante que não é por temer reacções negativas que a PT está com os três grandes. “Nós trabalhamos para 100% do mercado. Nas áreas onde estamos, ou somos lideres ou vamos sê-lo. Não apontamos a nichos”, explica.
O futebol é apenas uma das suas preocupações. Os cuidados de saúde da PT (um sistema com 103 mil beneficiários, nove mil médicos convencionados e 100 mil actos médicos mensais) e a gestão do imobiliário (dois mil edifícios avaliados em 400 milhões de euros) também são pelouros dele.
Mas é natural que os seus olhos brilhem mais quando fala do futebol, que ajuda o grupo PT a ter quatro - TMN, PT, Sapo e Meo (que vai estar na frente das camisolas dos equipamentos alternativos) – das dez mais valiosas marcas portuguesas.
“Nós estamos satisfeitos com os clubes e eles connosco. Desenvolvemos um trabalho conjunto. Não é assinar o contrato e vermo-nos para o ano. O Vitor Baía, o Sá Pinto e o Rui Costa são nossos embaixadores e todas as semanas vão a escolas”, conta.
Rui Pedro garante que a PT não vai aproveitar a crise para baixar os valores dos patrocínios, e acrescenta que o casamento com o futebol é de longa duração.
“As estatísticas dizem que há uma grande probabilidade de divórcio ao cabo de sete anos de casamento. Nós vamos superar essa barreira esta época. O nosso casamento com o futebol é para toda a vida”, declara Rui Pedro que anda a ver se arranja tempo para revisitar o Rodrigues de Freitas (onde completou o 11º ano) e só tem um pequeno reparo aos seus conterrâneos: acha que não estão a ser completamente justos com a PT.
“Nenhuma outra empresa investe tanto no Porto como nós. Apoiamos a recuperação do IPO, Monumento da Guerra Peninsular e Palácio da Bolsa. Trouxemos para cá o Bike Tour. Estamos com a Casa da Música, Serralves, FC Porto, Fantasporto, Red Bull Air Race. Ajudamos o Boavista. Acho que merecíamos ser líderes no Porto em todas as áreas”, concluiu.
Jorge Fiel
Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias
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Bar dos Artistas
Casa da Música, Porto
2 cafés … 1,30 euros
1 Água do Luso … 0,80
1 Água das Pedras… 0,80
Totall….. 2,90 euros