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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Jesus arranjou-nos uma data de chatices

Natal não é só quando um homem quer, também é para a semana e, como de costume, estou atrasado na minha lista de prendas. Não deixa de ser irónico que Jesus Cristo, cujo nascimento vamos comemorar, tenha sido poupado a duas das coisas mais difíceis que um homem tem de fazer: viver com uma mulher e fazer a lista de compras de Natal.

Tudo é delicado, logo a começar pela delimitação do perímetro de beneficiários. Trata-se de uma troca de presentes, o que quer dizer que podemos embaraçar uma pessoa ao dar-lhe uma prenda, quando a ela nunca lhe passou pela cabeça dar-nos outra coisa senão o desejo de um bom Natal!

Para evitar ser eu a ficar enrascado, tenho sempre dois ou três presentes de reserva, com a etiqueta pronta a ser preenchida em caso de emergência. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Quando, na noite dos Óscares, não se vê um lugar vazio no Kodak Theatre isso não quer dizer que os convidados apareceram todos e a horas, mas sim que a organização contratou figurantes vestidos a rigor e prontos a ocupar as cadeiras vagas um minuto antes das televisões entrarem em directo.

Elaborada a lista, há que escolher a prenda adequada ao gosto e necessidade de cada beneficiado e compatível com o dinheiro que estamos dispostos a gastar com ele. A dificuldade no cabal desempenho desta tarefa variaem função inversamente proporcional ao tamanho do nosso orçamento. Quanto maior ele foi mais fácil é. Não há quem não aprecie  receber um Rolex verdadeiro ou uma caixa de robalos fresquinhos. E um Mercedes novo dá jeito a toda a gente.

Como os tempos não estão para brincadeiras, há que evitar o desperdício. O economista Joel Waldfogel estima em 25 mil milhões de euros o valor destruído no mundo com as prendas de Natal.  Mais vale oferecer meias ou cuecas, mesmo correndo o risco de enfrentar um sorriso amarelo e ouvir a frase : “Estava mesmo a precisar…”.

Last, but not the least, há que valorizar as ofertas. Está provado que as pessoas avaliam as prendas que recebem em 20% menos do que custaram, um problema que não é de fácil ultrapassagem, pois não é educado deixar ir a etiqueta com o preço. Não é por acaso que no Natal 2008 o Tom Cruise gastou 4.900 euros só em papel de embrulho.

Com o seu nascimento, Jesus arranjou-nos uma data de chatices. Valha-nos que o inquérito da Deloitte revela que as famílias portuguesas encaram o futuro com optimismo e por isso, este Natal, vão gastar 620 euros mais que as inglesas (600) e as alemãs (485).

Eu aderi a esta onda positiva. Ao fim e ao cabo, o consumo natalício pode ser o Viagra de que a economia precisa para se endireitar. E, como avisa o Warren Buffet, “ter o dinheiro parado é como deixar o sexo para a velhice”.

Jorge Fiel

Esta crónica foi hoje publicada no Diário de Notícias

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