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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Luís Rochartre

Cuba. A coisa mais parecida com o futuro é Cuba. Não Cuba, Alentejo, mas Cuba, Caraíbas. A dos barbudos e Fidel Castro. Se cruzarmos a linha do Índice do Desenvolvimento com a da Sustentabilidade vemos que os países sustentáveis são muito pobres e os desenvolvidos gastam muito mais recursos do que a Terra tem ao nosso dispor. A excepção é Cuba, o único país que não precisa de deixar uma pegada ecológica superior ao razoável para proporcionar níveis razoáveis de educação e acesso à saúde.

Ver no modo de vida cubano o nosso futuro não aterroriza Luís Rochartre, o secretário geral do BCSD, iniciais do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, organização insuspeita de anti-capitalismo, que agrupa 125 das maiores empresas portuguesas e foi fundada pela Sonae, Cimpor e Portucel.

“Eu até gosto de charutos”, graceja Luís, um engenheiro florestal, que nasceu há 47 anos em S. Miguel, onde o pai bancário estava destacado pelo BPA, viveu na Covilhã e Porto, licenciou-se em Vila Real, deu aulas em Bragança e trabalhou sete anos na Caima, entre Abrantes e o Tramagal, antes de âncorar em Lisboa.

“Há limites físicos para este modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo da energia fóssil que provoca danos irreversíveis na Natureza. Não há outra alternativa. Com a assustadora taxa de crescimento da população mundial, que já vai em seis biliões, se não pouparmos, as gerações vindouras vão ser obrigadas a emigrar para outro planeta”, avisa o secretário-geral do BCSD.

Já ninguém tem dúvidas de que o mundo vai ser diferente. “O World Business Council for Sustainable Development resume o futuro em três palavras: clean, lean e mean. Ou seja, será limpo, magro e sovina – preocupado em optimizar a utilização dos recursos”, diz que Luís, que escolheu almoçarmos no Hotel VIP, que ocupa as antigas instalações da RTP.

Abriu com um creme de legumes uma refeição de filetes de pescada, acompanhada de um tinto alentejano, que serviu de pretexto para revelar um dos seus hábitos sustentáveis. Desde há muitos anos que guarda as rolhas de cortiça das 160 garrafas de vinho (60 para consumo caseiro, 50 para levar quando vai jantar a casa de amigos e 50 para guardar), mesmo antes do grupo Amorim ter montado uma operação de recolha para reciclagem. À sobremesa, comeu abacaxi, lamentando não haver opções sustentáveis, pois a oferta esgotava-se com manga e papaia, tudo frutos importados, o que implica gastos enormes em energia para transporte e conservação.

Deixar o mundo pelo menos no estado em que o encontramos, combater a pobreza, atenuar as desigualdades e promover o bem estar são o catecismo em que se baseia a evangelização que Luís Rochartre e o BCSB fazem junto dos empresários.

“Não posso chegar a uma empresa e dizer: Irmãos, está aqui a verdade! Prostrai-vos!”, explica Luís, que prefere chamar a atenção para o impacto positivo da eco-eficiência na conta de resultados, pois pode produzir-se mais gastando menos.

Em colaboração com a Logoplaste, a Água do Luso desenvolveu uma garrafa de plástico que gasta menos 35% de matéria prima. Ao reduzir a espessura da embalagem ao mínimo e a cápsula a metade, poupa-se dinheiro e o planeta.

Ao deixar de dar sacos de plástico (passaram a custar três cêntimos) e estimular a compra de sacos maiores, mais resistentes e reutilizáveis, o Pingo Doce cortou na despesa e aumentou a receita, ganhando dinheiro ao ser amigo do ambiente.

A mastodôntica sede da Caixa, que gasta tanto em energia como Santarém, passou a ser eco-eficiente, após um forte investimento que contemplou a instalação da maior central térmica solar do país. O negócio foi tão bom que o modelo vai ser replicado noutras instalações.

“O pay back é rápido. Por norma, em dois anos o investimento está pago e começa-se a ganhar dinheiro”, garante Luís, que na sua evangelização junto das empresas usa a música que elas querem ouvir (a do lucro) e apenas lamenta que o Estado não a entenda: “Para fornecer o Estado, basta provar que se tem impostos em dia e não se deve nada à Segurança Social. Não há problema se for um assassino ambiental…”

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

 

 

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VIP Grand Lisboa Hotel

Av, 5 de Outubro 197, Lisboa

Couvert … 4,00 euros

Creme de legumes … 4,00

2 Filetes de pescada de Sesimbra dourados sobre arroz de agrião e alho roxo …24,00

Vitalis 1 litro … 4,00

Paulo Laureano Alentejo tinto … 15,00

Abacaxi … 4,75

1 café… 1,50

Total … 57,25

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