Alexandre Monteiro
Aprendeu a tocar órgão aos seis anos e cantou versões em português dos grandes êxitos dos Abba num coro infantil, em Gaia, até que a epifania se deu no início da adolescência, quando o pai lhe deu uma colectânea dos Beatles: a música iria ser a sua religião. Aos 13 anos, compôs à guitarra a sua primeira canção ”Waiting for the Sun”, um prenúncio do nome da banda que lidera (The Weatherman). Além de homem do tempo, é também um empreendedor. A sua Poptones, nascida na incubadora de Serralves, faz logótipos musicais para empresas
The Weatherman já está
pronto a sair da incubadora
Nome: Alexandre Monteiro
Idade: 30 anos
O que faz: músico - ele é o The Weatherman, com dois álbuns gravados, Cruisin’Alaska (2006) e Jamboree Park at the Milky Way (2009) – criativo. “Não gosto de me auto-intitular empresário”, explica o fundador da Poptones
Formação: Curso de Som e Imagem, na Católica (Porto)
Família: Solteiro, vive com os pais e a irmã, que vai deixar um emprego temporário no aeroporto Sá Carneiro para começar a trabalhar com ele na Poptones
Casa: Uma vivenda em Gaia
Carro: Citroen C1 cinzento, com um autocolante da maçã da Apple colado nas traseiras
Telemóvel: Um Nokia dos baratos porque anda sempre a perder os telemóveis (o ultimo deixou cair num lago), com o clássico toque Trrrim. “Old school”, comenta
Computador: iMac
Hóbis: “A música é o meu hóbi e o meu trabalho” diz Pedro acrescentando que também gosta “de não fazer nada” e para isso nada melhor que um fim de semana na casa que a família tem no Gerês
Férias: Não tem rotina de férias. Apesar de não ser muito de praia, este ano vai passar uns dias com os amigos na costa alentejana. E neste preciso momento, aproveita o facto de ter dado na última 4ª feira um concerto não Cavern Club para passar uns dias em Liverpool, a terra natal dos seus ídolos (The Beatles)
Regra de ouro: Cita um verso de John Lennon, da canção Beautiful Boy, dedicada ao seu filho Sean (que já elogiou em público a música do The Weaterman) “Life is what happens to you while you’re busy making other plans”. E acrescenta: “Sou quase viciado em criar e ter ideias novas
Não é inevitável que as pessoas que telefonam para a sua empresa e têm a chamada em espera sejam obrigadas a ouvir uma vez mais a Primavera, de Vivaldi, ou quaisquer outros acordes de um trecho mais que batido do repertório clássico. Alexandre Monteiro e a sua Poptones estão aí para o ajudar a resolver esse pequeno problema, fornecendo-lhe algo de original e personalizado o que é adequado a um mundo onde a diferenciação é um valor em alta.
A Poptones faz logótipos musicais, o que, trocado por miúdos, quer dizer que compõe para o cliente uma música inédita, sintonizada com a imagem da sua empresa e em várias declinações, de modo a poder ser usada como a melodia que toca quando a chamada está em espera, mas também como toque de telemóvel, hino para consumo interno (ou externo), música de fundo para o site, de ambiente – ou até de elevador. E olhe que a festa não fica cara: 750 euros é o custo do pacote.
“Investigo as características da empresa-cliente, da sua marca e imagem, e componho a partir dessa pesquisa”, explica Alexandre, que está aberto a discutir o trabalho com os clientes e reafinar a versão inicial. “O meu primeiro cliente foi a Fundação de Serralves. A partir do exotismo do parque, escrevi uma melodia num só tom, com um toque meio oriental. Apresentado o trabalho, que era muito orquestral e bué expansivo, acharam que parecia a banda sonora das Mil e Uma Noites, pelo que eu fiz uma coisa mais leve”, explica.
Bebé nascido na InSerralves, a incubadora de indústrias criativas da Fundação de Serralves, a Poptones já está pronta a sair da incubadora e andar pelos seus próprios pés, estando a transferir as instalações para o Pólo de Asprela (Porto) da Católica, a universidade onde Alexandre concluiu, há seis anos, o curso de Som e Imagem.
Os logótipos musicais não esgotam a oferta da Poptones, que já fez música original para coisas tão diversas como um museu em Santarém, a farmacêutica Tecnifar ou os sapatos Dkode. Compor para spots publicitários ou a banda sonora original de um filme também faz parte dos planos de Alexandre, um rapaz que nasceu para a música, ou não fosse ele o The Weatherman, que esta semana actuou no célebre Cavern Club, em Liverpool, que foi a incubadora dos Beatles.
The Weatherman, o nome da banda que Alexandre lidera, acaba por ter uma relação curiosa com o titulo da primeira canção – “Waiting for the Sun” - que ele compôs, com 13 anos, na guitarra oferecida pelo pai, que agora está reformado mas à época trabalhava na contabilidade da EDP.
Aprendeu música ao mesmo tempo que a ler e a escrever. Aos seis anos já tocava órgão e durante toda a primária cantou num coro infantil as versões em português dos grandes êxitos dos Beatles, Abba, Beach Boys ou Rolling Stones. A epifania, o momento único e inspirador em que percebeu que a sua vida iria ser dedicada à música, foi no início da adolescência, quando o pai lhe ofereceu uma colectânea dos Beatles. Começou logo a compor, enquanto aprendia a tocar guitarra. “Como me aborrecia estar a aprender com as músicas dos outros, comecei a compor e a gravar em cassetes”, explica Alexandre, que ouve ou faz música desde que acorda até que se deita. Como tem a mania da adormecer a ouvir música (indie, pop ou alternativa) no seu iPod, é frequente ter de acordar a meio da noite para tirar os fones e desligar o aparelho.
Jorge Fiel
Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias