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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Rui Loureiro

A administração da Jerónimo Martins (JM) está preocupada com as condições de vida dos seus 20 mil trabalhadores, que nos Pingo Doce cumprem duros horários de trabalho em contacto com o público. Vai daí, pediu ajuda à Sair da Casca para responder à pergunta: O que temos de fazer para que eles tenham uma vida melhor?

Este é um dos dossiês que está em cima da mesa de trabalho de Rui Loureiro, 49 anos, director geral da Sair da Casca, uma consultora especializada em ambiente e sustentabilidade, duas palavras que correspondem ao nó do maior problema que a humanidade enfrenta e que entraram na moda e no topo das preocupações dos gestores.

Os resultados das entrevistas a todos os trabalhadores da JM estão a ser trabalhados pelos 22 técnicos da Sair da Casca, gente com formação diversa (Psicologia, Engenharia, Gestão e Comunicação). “Há uma fragmentação de problemas, desde questões sociais, como mães solteiras que não têm onde deixar os filhos, até muita gente que tem dificuldade a chegar ao fim do mês”, afirma Rui, admitindo que a resposta poderá passar pelo facilitar do acesso a creches e bens alimentares.

“Queremos desenvolvimento, mas não a qualquer preço. As pessoas começaram a interrogar-se sobre o tipo de desenvolvimento que estavam a ter e a concluir que é tempo de parar para pensar. A Terra tem de ter futuro. Não podemos continuar a delapidar hoje os recursos que vão ser precisos amanhã”, acrescenta, elogiando a decisão da JM de deixar de dar sacos de plástico, que poupou recursos da empresa e do planeta: “As empresas já estão a perceber que é negócio ter um comportamento responsável”.

Rui escolheu almoçarmos no Aromas e Sabores, em Campo de Ourique, o bairro onde ele nasceu e o avô era dono de uma fábrica de limas. Tinha apenas três anos quando atravessou o Atlântico, acompanhando o pai que emigrou para o México para montar uma fábrica e por lá ficou. Cresceu, fez-se homem e licenciou-se em Engenharia Química entre tacos, burritos, nachos e fajitas –  pratos que não constavam da lista do acolhedor restaurante que fica no 1º andar de uma loja “gourmet”.

Encomendou um risotto de queijo, acompanhado por um copo de tinto de uma garrafa vedada por uma rolha de cortiça – que depois de reciclada é transformada em pavimentos e revestimentos, sendo que as receitas da recolha de rolhas usadas são investidas na reflorestação do país com espécies autóctones. “O sobreiro quando cresce vai stockando CO2”, acrescenta o director geral da Sair da Casca, que deve o seu português fluente aos pais, que o obrigavam a fazer ditados e cópias na nossa língua, pelo menos duas vezes por semana.

No final do curso, veio para Portugal. Tinha com 26 anos e estávamos no ano da adesão da CEE. O primeiro emprego foi na GM de Ponte do Sor, onde tinha de andar meia hora para jogar matrequilhos, a única diversão disponível para além da mesa de pingue-pongue no quartel dos bombeiros, um choque para quem vinha de uma cidade com mais habitantes que todo o nosso país. Da indústria automóvel mudou-se para a consultora Coopers, que viria a integrar a PriceWaterhouse. Quando Al Gore e o aquecimento global puseram as questões ambientais na agenda, ele devotou-se a esta causa. “A sustentabilidade não era o core business da PwC”, diz, explicando porque é que há três anos trocou a multinacional pela Sair da Casca.

Rui anda satisfeito. Entre outras coisas, está a ajudar a desenhar a estratégia de sustentabilidade da McDonald’s, que contempla uma redução drástica das embalagens. Na Caixa, estimulou o aparecimento de um núcleo de 20 pessoas, gente com ideias, que já pôs em prática pequenos passos (como separar o papel para reciclagem e imprimir dos dois lados) e outros de maior alcance, como os micro-seguros, uma variante do micro-crédito que tão bons resultados tem dado – “A taxa de incumprimento é muito menor, o que prova que os pobres são mais honestos do que os ricos”.

“O que é preciso é criar conhecimento nesta área. É recompensador ver a Galp a estimular o carsharing e a EDP a deixar de ser uma vendedora de electricidade para se assumir como gestora de energia”, conclui.

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

 

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Aromas e Sabores

Rua Tomás da Anunciação 44, Campo de Ourique, Lisboa

2 couvert … 5.00

3 copos tinto … 7,50

2 águas minerais … 3,00

1 risotto de queijo  … 9,50

½ tábua de peixes fumados … 10,00

2 doces do dia … 9,00

2 cafés…1,50

Total… 45,50 euros

 

 

Curiosidades

 

O seu primeiro carro foi um “carocha” verde escuro. Após 58 anos de produção, o último VW Carocha saiu da linha de montagem da fábrica da Volkswagen em Puebla (México) a 30 de Julho de 2003

 

Rui Loureiro defende que é preciso reinventar os nossos hábitos e comportamentos, para evitar desperdícios sem sentido como as esferográficas e porta chaves de brinde que são oferecidos em tudo quanto é reunião ou congresso

 

“Temos de consumir menos. O cabaz básico de necessidades do comum das pessoas evoluiu de uma forma brutal. Hoje a qualidade de vida incluiu a televisão por cabo”, diz o director geral da Sair da Casca

 

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