Paulo Almeida
Nasceu nos States, cresceu em Leiria, estudou em Lisboa, mas foi em Madrid que fez nome na área das novas tecnologias, ao ser um dos pilotos da revolução informática do grupo Santander. Agora corre em pista própria e não desiste nunca de tentar surfar em cima de um futuro cada vez mais escorregadio e rápido a transformar-se em passado
Faz surf em cima de um futuro
cada vez mais escorregadio
Nome: Paulo Jorge Almeida
Idade: 48 anos
O que faz: Country manager para Portugal do portal cash back BeRuby. Consultor de Web e mobile marketing
Formação: Licenciado em Gestão
Família: Divorciado, tem uma filha
Casa: Andar em Entrecampos, Lisboa
Carro: VW Golf GTD, com 170 cv, “para cumprir os limites de velocidade”
Telemóvel: Blackberry
Portátil: Além do IPad usa um Air da Apple, leve como convém a quem faz pelo menos dois voos por semana para Madrid e Barcelona
Redes sociais: Facebook e Linkedin
Hóbis: Gosta de nadar e andar de bicicleta. “Tentei fazer surf , mas o meu peso e a prancha não chegaram a acordo”
Férias: No Verão passa sempre duas semanas em S.Pedro de Muel, onde tem casa. Este ano, fez também uma semana de praia na Falésia, no Algarve. A próxima grande viagem que tem planeada é ao Chile e Peru
Regra de ouro: "Sou como a Nokia: connecting people. O meu trabalho é fazer pontes, procurar sinergias”
Quis a vida que Paulo Almeida (aka Paulo Jorge) fosse um pioneiro. Por vias da carreira que fez no Santander, foi dos primeiros a entender a Península Ibérica como um único e grande mercado. As consequências estão à vista: é o country manager para Portugal do cash back portal espanhol BeRuby, tem uma namorada em San Sebastian e dois amores no futebol: Benfica e Real Madrid. “Sou dos que levam 5-0”, graceja, conformado.
Quis também a vida que ele fosse uma daquelas pessoas que nunca desistem de tentar adivinhar um futuro cada vez mais escorregadio e rápido a transformar-se em passado. O screentoo é a coisa mais à frente da sua carteira de novidades, uma aplicação permite entre a interacção entre emissor e receptor de um conteúdo televisivo. Se estou a ver o Lie to me no meu tablet posso satisfazer toda a minha curiosidade sobre a boa da Gillian Foster enquanto a Fox fica a par de informações mais finas sobre a audiência da série (quando e como eu vi, etc).
O empreendedorismo está no sangue deste gestor que nasceu em Hartford (Connecticut), durante uma passagem de cometa dos pais pelos Estados Unidos, após saírem de Angola no início da guerra.
Veio com três meses para Leiria, onde cresceu e ganhou a alcunha de Paulo da Superfresco, já que o pai, um self made man, era dono da fábrica que fazia as laranjadas e gasosas da marca Superfresco.
Após concluir o secundário, no colégio de freiras Cruz da Areia, chegou a tentar entrar em Medicina em Espanha, mas durante os três meses que viveu em Saragoça, para se preparar para os exames de admissão, descobriu que a cidade tinha atractivos bem mais excitantes que os estudos.
Mudou de agulha e veio para Lisboa fazer Gestão, instalando-se no Pio XII, onde fez amizade com Fernando Seara e Manuel Serrão.
Acabado o curso, como não queria regressar a Leiria, nem trabalhar no negócio da família (o pai tinha então uma fábrica de faianças em Aveiro), desatou a responder a anúncios até ser admitido como auditor júnior na BDO, onde teve como primeira tarefa comparecer na festa de Natal da firma, no restaurante Mónaco.
Demorou-se cerca de ano e meio pela BDO, até, em Maio de 1988, ser admitido com responsável pelo crédito de três balcões do BCI (antepassado do Santander Totta), o que implicava comparecer todos os dias, às nove da manhã, ao conselho de crédito, presidido por Francisco Veloso e onde tinham assento dois administradores.
Esteve no plano de expansão da rede do banco e na área internacional até que em 1992 desembarcou na área das tecnologias, o que lhe permitiu ser um dos pioneiros da introdução de novos produtos, como a banca electrónica e telefónica. Como o seu trabalho dava nas vistas (e ainda por cima falava bem espanhol), não demorou até ser chamado para o Madrid.
As acções dele estavam em alta junto de Botin, e por isso convidaram-no a esquecer Portugal e deitar âncora no centro corporativo do banco. Ainda hesitou, mas acabou por regressar, em 1996.
Dois anos volvidos estava fora do banco e lançado numa carreira na área das novas tecnologias, baseada nos contactos ganhos durante os anos em que foi um dos pilotos da revolução informática do Santander.
“Estou levemente arrependido. Mas não olho para trás. Nunca olho devemos questionar as decisões tomadas no passado usando informações de não dispúnhamos na altura”, conclui o gestor que ganha a vida com a Internet.
Jorge Fiel
Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias