Solange Ribeiro
A Matemática inviabilizou-lhe o sonho de fazer Arquitectura. Direito foi um recurso e um pesadelo. Não estava feliz e resolveu seguir o conselho do pai, que lhe perguntou: “Se não estás bem, porque é que não mudas?”. Uma boleia a uma amiga levou-a até ao IPAM. Apaixonou-se à primeira vista pela escola. Doze anos depois, está a fazer o Marketing de uma escola de Marketing
Deu uma boleia e acabou a fazer
o Marketing da escola de Marketing
Nome: Solange Ribeiro
Idade: 31 anos
O que faz: Directora de Marketing do grupo Talent, que, entre outras coisas, compreende o IADE e os IPAM do Porto, Aveiro e Lisboa
Formação: Licenciada em Gestão de Marketing pelo IPAM, com um mestrado em Marketing de Serviços feito no IADE (2008)
Família: Casada, tem dois filhos, o Vasco, sete anos, e a Matilde, quatro. Tem com o marido - que competiu em motocrosse (ela própria também participou em algumas provas) - uma empresa que promove eventos relacionados com motas e motociclismo
Casa: Apartamento na Praia das Maçãs, em Sintra
Carro: A3 ou A4 (um é dela outro do marido, e vão variando). Têm também um Honda na garagem
Telemóvel: Blackberry
Portátil: Toshiba
Hóbis: Brincar com os filhos no parque, pinhal e praia. Ouvir música, no carro (anda entre a música alternativa da Antena 3 e a Rádio Comercial, por causa do Markl). Na televisão gosta de ver séries do AXN (CSI Miami e Nova Iorque, Mentalista…)
Redes sociais: Linkedin e Star Tracker. Não tem Facebook – “Tenho resistido…”
Férias: Passam sempre 15 dias no Algarve, ou no Vau ou em Tavira. O ano passado fizeram um fim de semana prolongado em Milão, sem os filhos. Dos seus planos fazem parte umas férias em Bali
Regra de ouro: “Ser apaixonada por aquilo que faço. Se eu gostar muito, está tudo bem”
Uma banal boleia foi responsável pelo momento decisivo da vida de Solange, uma rapariga de Almoçageme (Sintra), que, após uma experiência de pesadelo em Direito, andava de nariz no ar a decidir-se em que curso apostar.
No secundário, feito entre Colares e Amadora (“Mudei para lá para sair da zona de conforto”, explica, acrescentando que a vida dela passou a ser bastante mais desconfortável pois tinha de apanhar o comboio das sete da manhã J), foi óbvio que tinha jeito para desenho e só desistiu da ideia de ir para Arquitectura quando os professores lhe explicaram que iria apanhar muita Matemática pela frente.
Direito foi um recurso e uma seca tremenda. Guarda péssimas recordações do ano que lá andou. Estar sentada numa mesa cheia de calhamaços e sem conseguir navegar pela matéria. Aulas em anfiteatros com 300 pessoas. Pouca (para não dizer nenhuma) atenção por parte dos professores. Dois chumbos na oral de Direito Constitucional (“Precisava de sete, davam-me 6,5…”). Resumindo e baralhando: não era feliz. Nesta curva da vida valeu-lhe o pragmatismo do pai.
“Se não estás bem porque é que não mudas?”, perguntou-lhe o pai, um comercial que trabalhava a representação dos fornos para a indústria de panificação da Bongard Iberia.
Solange resolveu mudar e andava mergulhada na prospecção da oferta de cursos (e com uma ligeira inclinação para tentar Comunicação Social) quando um belo dia de Setembro, deu boleia para Lisboa, no seu Citroen Saxo cinzento, à Andreia, a uma amiga que tinha de ir ao IPAM pagar a primeira propina.
“O IPAM era na Rovisco Pais, junto ao Técnico. Nunca teria ido lá parar por mim”, reconhece Solange, que enquanto Andreia resolvia o seu assunto foi coscuvilhando as instalações e conversando com a professora (Catarina Ferreira) encarregada das admissões. Foi coup de foudre. 15 minutos bastaram para ficar apaixonada pelo curso de Gestão de Marketing.
“Encantou-me ser um curso muito prático e a proximidade com os professores, duas coisas que contrastavam com Direito, onde não se sentia acompanhada e ninguém me explicava nada. Pensei logo: OK é por aqui, vais pensar produto!”, recorda Solange.
Nas questões de dinheiro, sempre foi uma rapariga desembaraçada e habituada a lutar pela auto-suficiência. Ainda adolescente, nas férias grandes arredondava a mesada a trabalhar em antiquários, feiras e colónias de férias. Mais tarde, já universitária, arranjou emprego numa agência de publicidade, a Pink (“a principio foi caricato porque nem um fax sabia mandar”), onde se demorou dois anos. “Sabia muito bem receber o dinheiro em notinhas dentro de um envelope”, lembra.
Ainda fez um estágio de seis meses com a equipa de Tecnologias de Informação da Tracy International antes de concluir o curso e de ser convidada a ficar a dar aulas no IPAM, primeiro da cadeira de Comunicação Institucional depois de Gestão de Comunicação e Publicidade.
“As oportunidades são para se agarrar”, diz Solange, explicando porque é que em 2008 aceitou o convite para suceder a Carlos Sá (administrador do IPAM) no lugar de director de Marketing de um grupo com 4000 alunos, 450 professores e 17 cursos distribuídos pelo IPAM e IADE.
“O IPAM é a escola de Marketing. O IADE é a universidade criativa”, sintetiza Solange, que aterrou de pára-quedas no IPAM, por ter dado uma boleia a uma amiga, e que adora dar aulas e fazer o marketing de uma escola de marketing.
Jorge Fiel
Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias