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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Pedro Guimarães

 Quis ser polícia, lavou carros, distribuiu auto-colantes, foi caddy, carregou e descarregou camiões, montou palcos para os Rolling Stones e The Cure, criou uma software house. Até que tropeçou na rua num antigo colega da faculdade que tinha uma empresa chamada PacSis e precisava de alguém que lhe desse uma mão, durante duas ou três semanas, na preparação de uma exposição sobre a Apollo XIII…

 

A viagem atribulada e engraçada

de um patriota romântico

 

 

Nome:  Pedro Guimarães

Idade: 42 anos

O que faz: Director geral da PacSis

Formação: Uma cadeira atrasada do 4ª ano (Investigação Operacional) separa-o da licenciatura em Gestão, pelo ISEG

Família: Casado uma antiga colega de turma, com que começou, aos 18 anos, um namoro que durou mais de dez anos. Têm duas filhas

Casa: Andar em Alfragide, que se vê da varanda do escritório da PacSis

Carro:  A6 (carrinha), com cinco anos de idade

Telemóvel:  iPhone

Portátil:  Toshiba

Hóbis:  “O que é isso?” Adora muito de ler. “Livros são a prenda mais frequente que dou e recebo”. Lê de tudo, desde ficção histórica a não ficção, passando por técnicos, revistas, etc . “Não sou obcecado por nada”.Também gosta de ir ao cinema (parte importante do namoro com a mulher foi passado nas salas do Quarteto)   

Férias: A rotina consiste em duas a três semanas de férias de Verão, em Portugal, repartidas por vários locais – a praia da Rocha, no Algarve (onde os sogros têm casas), Baiões, S. Pedro do Sul (em casa dos pais)  e Reguengos, no Alentejo. “Nas férias gosto de passar os dias sem fazer nada”. No resto do ano fazem pontualmente escapadas pelo país, nos fins de semana

Regras de ouro: “Honestidade, fiabilidade, espírito de equipa, vontade de aprender e trabalhar. Não se pode ser preguiçoso, nem ficar mais ou menos satisfeito com o trabalho que fizemos. Cada um tem de se preocupar em ser o melhor que puder em tudo o que faz”

 

Aos três anos queria ser polícia. Já adolescente, adorava História, mas escolheu Económicas por não achar sexy a perspectiva de passar o resto da vida a dar aulas. Lavou carros, foi caddy, montou palcos para os Rolling Stones e passou pela publicidade, até aterrar na PacSis, empresa de marketing especializada em promoções e na gestão de vales de desconto.

Ao longo dos seus 42 anos de vida, Pedro cumpriu à risca o conselho de Agostinho da Silva: “Não faças planos para a vida para não estragares os planos que a vida tem para ti”.

“Sou um patriota romântico”, diz, num auto-retrato a la minuta, este empresário descomplexado (“Não me importo nada de ir fazer café, tirar fotocópias ou passar aqui uma noitada a ajudar os meus colegas”), acrescentando: “Vivemos num mundo difícil e exigente. Mas tem sido uma viagem engraçada”.

A viagem começou em Luanda, onde nasceu em 1968 (o ano em que começou a florescer a breve Primavera marcelista), filho de uma professora de liceu (dava Português, Inglês e Alemão) e de um geólogo que deixou o seu nome associado à estrada da Serra da Leba, uma das mais emblemáticas obras da engenharia portuguesa.

Retornada a Portugal, a família deitou âncora na Linha. Pedro fez o liceu entre Paço de Arcos e Oeiras, enquanto, à míngua de mesada, se ia desdobrando em diversos biscates.

“Sempre quis fazer coisas. Habituei-me a suportar as minhas despesas. Fiz de tudo, desde lavar carros a distribuir auto-colantes do posto médico, passando por carregar os sacos dos jogadores de golfe, na sua maioria estrangeiros. Ganhar um tanto por volta, recebia gorjetas e praticava o inglês”, conta.

A fluência em inglês foi-lhe muito útil na ocupação seguinte que consistiu em criar com uns amigos uma empresa especializada em fazer o back office dos mega-concertos das digressões de estrelas rock que tocaram o nosso país, entre o final dos anos 80 e os 90.

Descarregavam os camiões TIR, montavam o palco e voltavam a carregar tudo. Estrearam-se com Gary Moore, no Dramático de Cascais, e foram por adiante, sendo os homens por detrás da cortina das memoráveis actuações em Alvalade de Rolling Stones, The Cure, Iron Maiden, entre outros.

No entretanto, lá ia progredindo no curso, que achou engraçado. “Viviam-se os tempos esperançosos dos primeiros anos do governo Cavaco, cheios de orgulho por termos ultrapassado a Grécia. A escola estava a modernizar-se, ainda funcionava a dois tempos, mas a cultura dominante era que o seu papel não devia ser formar empregados mas sim empreendedores”, recorda.

Andava pelo 4º ano quando começou a trabalhar numa agência de publicidade e a negligenciar os estudos. Era claro que a vida planeava que ele fosse empreendedor. Em 1995, após ter passado três anos como sócio de uma software house, tropeçou na rua num antigo colega, que tinha uma empresa de serviços de marketing para o grande consumo, chamada PacSis, e precisava de alguém como ele para lhes dar uma mão na preparação de evento para um cliente (Omega) - uma exposição sobre a missão da Apollo XIII nas Amoreiras e CascaiShopping.

Foi o início de uma bela amizade empresarial. Pedro foi parar a PacSis para dar uma mão, durante duas ou três semanas. 16 anos depois ainda lá está, como sócio, e transformou a empresa, especializando-a na gestão de vales de desconto e em todo o tipo de promoções, ou, para ser mais preciso, “na gestão operacional das ferramentas de marketing promocional e directo”.

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