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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Uma equipa só joga o que a outra a deixa jogar

 

«O Porto?! Esqueça o Porto! O Porto não vai a lado nenhum. Quer ser igual a Lisboa. As pessoas do Porto não se entendem umas com as outras e só sabem estar sempre a lamentar-se. Esqueça o Porto!».

 

Esta frase reproduz aproximadamente a resposta dada por Augusto Mateus ao meu amigo Daniel Deusdado, quando ele introduziu na conversa o tema Porto.

 

Para os mais distraídos, informo que o Daniel é um militante da causa nortenha e o inventor daqueles que são provavelmente os mais inovadores e frescos produtos portugueses de Media que viram a luz do dia neste século– o Inimigo Público e a Liga dos Últimos.

 

O encontro com Augusto Mateus foi obviamente em Lisboa, local de peregrinação semanal do Daniel. A isso é obrigado por via dos negócios que mantém com as Produções Fictícias e da necessidade de arranjar trabalho e contratos para a sua produtora de televisão (Farol de Ideias).

 

Para os mais distraídos, informo que Augusto Mateus, ex-ministro da Economia de Guterres, é um dos mais proeminentes e influentes membros da inteligência socialista – e tem lugar garantido na lista das 500 mais capazes cabeças do nosso país.

 

«Esqueça o Porto!», o conselho de amigo dado por Mateus ao Daniel, já foi seguido por milhares de quadros nortenhos que ou fizeram as malas e emigraram para a capital – ou então enchem os Alfas na madrugada e manhã de 2ª feira e tardes de 6ª.

 

Esquecer o Porto foi o que já fez o Governo Sócrates - e não é preciso usar óculos para ver o trágico resultado deste esquecimento.

 

Quase metade dos 450 mil desempregados oficiais do IEFP (os números que retratam a triste realidade são bem mais cruéis) são no Norte.

 

Dos 150 mil desempregados sem qualquer espécie de rede social (ou seja deixaram de estar habilitados a receber qualquer tipo de subsídio) a esmagadora maioria (90 mil) são do Norte.

 

O Vale do Sousa é a zona do país onde se regista a mais elevada taxa de desemprego (11%).

 

O Norte é a segunda região quando se trata de contribuir para o PIB mas a última no momento da distribuição da riqueza (quem tiver dúvidas faça a fineza de consultar as estatísticas do INE sobre a distribuição regional do PIB).

 

Os números mostram outra verdade de sangue. Nada está a ser feito para inverter esta tendência. O Porto recebe apenas 1/3 das verbas transferidas do Orçamento de Estado em 2005. As verbas do Pidacc para o distrito caírem em mil milhões de euros. Um bilião a menos!

 

Se a crise que dilacera o coração do Norte tivesse o epicentro em Lisboa, já teria sido estabelecido o pandemónio. Ninguém conseguiria atravessar o Tejo nos cacilheiros da Transtejo. Os trabalhadores do Metro e da Carris estariam em greve por tempo indeterminado. Os funcionários públicos ficariam em casa. As bandeiras negras seriam hasteadas. E o Governo, aterrorizado, já se teria precipitado em apagar o fogo com dinheiro, comprando Auto-Europas e faraónicas obras públicas que decapitassem a crise.

 

Numa coisa Augusto Mateus tem razão. Uma parte da culpa por este estado de coisas é nossa. Uma equipa só joga aquilo que a outra a deixa jogar. Não podemos gastar o tempo em lamúrias, como velhas nas salas de espera de um Centro de Saúde, e esperar sentados que o Terreiro do Paço abdique voluntariamente do poder absoluto que concentrou - e se convença que o resto do país não é só paisagem.

 

Os vistosos sucessos do FC Porto e da Sonae provam que se soubermos ser competentes e profissionais conseguiremos triunfar, apesar de termos de ser duas vezes mais capazes e trabalhadores para superar o vento contra e as armadilhas que nos espalham no caminho.

 

O problema é que o individualismo inscrito no código genético nortenho é uma característica positiva quando se trata de esgravatar saídas para a crise e de furar vidas (e é o pai da rede de PME que caracteriza o tecido empresarial nortenho) mas é negativo quando se trata de unir forças.

 

Estamos calhados para nos desenrascarmos. Ao cada um por si. Mas o facto de não estarmos habituados a voar em formação é pernicioso para a causa do Norte.

 

Para triunfarmos – e isso significa regionalização e um Governo do Norte, com poder e já! – temos de falar a uma só voz. Nenhum exército ganha uma batalha se cada um dos soldados estiver indisciplinadamente entretido a lutar por si e para seu lado.

 

Segunda e terça feira, a Universidade do Porto promove no Palácio da Bolsa um conclave em que participarão uma centena de personalidades nortenhas, entre as quais se contam Daniel Bessa, Rui Moreira, Sobrinho Simões e Artur Santos Silva.

 

Seria bom que este conclave fosse o primeiro passo no sentido da criação de um movimento que combata pelo progresso da região. Não faltam generais. O que faz falta é um estado maior coeso e um exército disciplinado.

 

Usando a imagem do meu amigo Manuel Serrão, o Batalhão Bússola, do Exército da Salvação Nacional, está às ordens – e já abriu as hostilidades.

 

Jorge Fiel

 

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

 

 

 

 

António Costa resolve!...

 

 

O assunto terá passado "ao lado" da esmagadora maioria das pessoas, mas tem um grande alcance em diversas comunidades e regiões do país.

Desde há muitos anos que os municípios "vizinhos" das infra-estruturas portuárias lutavam contra a lei de excepção que os privava de terem jurisdição nas praias e zonas marítimas e fluviais.

Essa Lei, verdadeiramente leonina, remontava ao tempo em que o actual Presidente da República, Cavaco Silva, era Primeiro Ministro.

Os casos mais flagrantes registavam-se nas zonas envolventes aos portos de Lisboa e Leixões.

Neste caso - Porto de Leixões - a área de influência estendia-se pelo Rio Douro acima e até Leça da Palmeira.

Na campanha eleitoral que o levou à Presidência da Câmara de Lisboa, António Costa várias vezes denunciou esta arbitrariedade que permitia às administrações portuárias fazerem o que entendessem dentro do seu território e "ditarem leis" nas zonas envolventes.

Eram assim como umas ilhas dentro das cidades...

A lei mudou e bem.

Mudou agora, só agora, porque o problema se levantou em Lisboa.

É bom que António Costa, que sempre "circulou" pelos corredores do Poder Central, tenha optado por gerir uma autarquia local.

Vai começar a perceber estes problemas que até aqui eram dos outros.

Dos autarcas.

Anos e anos a fio a denunciar esta situação, "incidentes" com Ministros e Secretários de Estado da tutela e...nada!

Nunca ninguém percebeu. Nunca ninguém ligou.

Até agora.

Foi bom que o problema tenha afectado Lisboa, foi excelente que António Costa tenha dado conta do absurdo, foi essencial que o Presidente da Câmara tenha percebido que uma das "franjas" mais nobres da sua cidade lhe escapava, para que o problema tenha sido resolvido.

Não fazem ou não podem fazer?

 

     É apenas uma reflexão partindo de uma história pessoal.

O meu filho andava a alertar-me para uma série de assaltos a que eram sujeitos os alunos da escola dele ao fim da tarde. Um grupo de rapazes, os gunas , fazem  esperas no fim da aulas e assaltam os jovens, roubando dinheiro ou telemóveis . Coisas do dia dia, afinal.

Ontem foi a vez do meu filho. Vinha ao fim da tarde com mais dois amigos quando sentiu que um grupo de seis rapazes os perseguiam . Aceleraram o passo, mas em plena rua, no meio até de movimento acabaram cercados. Foram ameaçados com uma navalha, revistados, abriram-lhes as mochilas e perguntavam onde moravam. Dois conseguiram fugir e o meu filho ficou para trás. Acabou por conseguir também fugir e entrar para a casa de um amigo ali perto. Acabou por não ser grave até porque porque ele não levava nada a não ser livros escolares o que para os jovens assaltantes é o que menos interessa.

   À noite passei pela esquadra da zona da minha residência só para perguntar aos agentes de autoridade se era frequente aquilo acontecer. O meu filho tinha-me falado de uma série de assaltos em dias sucessivos e que na escola andavam um pouco assustados com a situação.

   De forma simpática o agente ali de serviço disse-me que não tinha queixa nenhuma, apenas uma naquele dia, e que não tinham indicações de uma vaga de assaltos.

    Falei com dois vizinhos meus, pais de alunos da mesma escola e disse-lhes que o problema é que os alunos eram assaltados e os pais não faziam queixa. Daí não haver registo nenhuma na esquadra da zona.

   A resposta dos pais foi a de um comum mortal: " que adianta fazer queixa. Eles não fazem nada!

    Coincidente mente , hoje de manhã fui tomar café ao meu local habitual de todos os dias e encontrei uma agente de autoridade que conheço. Na conversa ficou-me uma questão pertinente: a polícia não faz nada, ou não pode fazer. 

   Contou-me ele que agora não podem usar a arma. E se virem um assalto na esquina em frente não podem fazer nada nem sequer ir atrás dos assaltantes. É que tudo o que aconteça, colateralmente ao crime eles são penalizados com castigos e às vezes até condenados.

  Deu-me mesmo um exemplo de uma perseguição que façam de automóvel. Todos os incidentes que houver no percurso durante a perseguição aos criminosos, como atropelamentos,. feridos ou danos materiais, o juiz não tem dúvidas em culpar os agentes da autoridade acusando-os de terem contribuído para uma situação perigosa que é o facto de poder morrer gente ou haver feridos graves sobretudo em pessoas que não têm nada a ver com aquele crime.

   Como vê, dizia-me o agente da autoridade, isto está assim: não podemos fazer nada. E se damos umas bofetadas aos criminosos ainda dizem que há violência física dentro das esquadras. São as novas leis. Quem perde é o cidadão.

   Lembrei-me logo de um outro agente do Algarve que me na última semana do ano me contou que foram buscar dois assaltantes de manhã a um bairro perigoso e entregaram-nos à justiça. Ao início da tarde,. quando voltaram ao tribunal para tratarem de um outro assunto viram os dois criminosos que tinham detido de manhã,  saírem alegremente do tribunal e apenas com termo de identidade e residência.

   Os agentes tinham corrido o risco de os ir buscar a um bairro considerado perigoso.

  Dizia-me ele: valeu de quê? De manhã foram detidos e à tarde estavam cá fora. Amanhã estão ai a assaltar casas outra vez. E nós arriscamos a vida para nada. E também temos família.

    Há solução para isto? Afinal é a polícia que não faz nada ou, de facto, nada pode fazer? Fica uma reflexão longe das discussões entre norte e sul. Para variar um bocado.

 Um  abraço a todos os bus sulistas . E sigam o conselho que me deu o amigo agente da autoridade: ."Quando for assaltado, não resista. Deixe levar tudo antes que lhe levem a vida".

  

  

Rui Rio regionalista

Rui Rio comemorou seis anos de mandato à frente da Câmara Municipal do Porto. Significativo, mas não suficientemente referido pela comunicação social, na minha opinião, foi o tom nacional que Rui Rio deu ao seu discurso da ocasião, depois de durante a mesma semana terem saído notícias de uma sua possível propensão para discutir a liderança do PSD com Luís Filipe Menezes. As referências ao funcionamento da Justiça (com passagem pela violência na noite portuense), à polémica que mantém com o Governo por causa do “Porto Feliz” e, especialmente, ao favorecimento do Governo à gestão do seu colega de Lisboa, António Costa, no caso da construção do futuro Hospital de Todos os Santos merecem realce.
Nesse último tema lembrou a compra pelo Estado do terreno destinado ao equipamento de Saúde como uma ajuda às dificuldades financeiras do município da capital, podendo ainda acrescentar-se que a pretexto já foi anunciada uma requalificação de toda a zona, uma “mini Expo” à custa dos contribuintes.
 Com esta cada vez mais frequente tendência de chamar a atenção para os privilégios da capital, tendo-se já declarado convertido à Regionalização, um dia destes ainda vamos ver Rui Rio a festejar uma vitória do FC Porto.
Publicado no "Correio da Manhã" no dia 09.01.2008

Refer teimosa

Não sei se reflectiram bem na notícia da morte de mais uma pessoa, trucidada por um comboio, na Linha do Norte, em território de Vila Nova de Gaia (neste caso, na Granja). É a terceira morte em circunstâncias semelhantes nos últimos meses no mesmo concelho, em locais em que os atravessamentos de linha ou não tem guarda ou estão mal sinalizados… E a Refer têm-se recusado repetidamente a fazer os arranjos necessários a evitar este tipo de acidentes ou a minimizar os perigos que correm os habitantes que diariamente tem que atravessar a linha férrea .
Pra quem não sabe, a Linha do Norte atravessa todo o concelho de Vila Nova de Gaia, cortando-o literalmente em dois, numa extensão de praticamente 20 quilómetros, ao longo da costa marítima entre Espinho e o Rio Douro.
É verdade que o mal-estar entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e a Refer já dura há quase dois anos, praticamente desde que a actual administração da empresa pública foi nomeada pelo Governo. E o outro “pomo da discórdia” tem a ver com o abandono em que a empresa de caminho de ferro tem os terrenos que ainda possui no concelho – decorrente do abandono da antiga linha entre a estação das Devezas e a abandonada ponde de D. Maria e ainda da desactivação de diversos armazéns.
Além do abandono, a Refer recusou até hoje as propostas feitas pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia para adquiri-los, não se percebendo bem porquê. A Câmara tem projectado um novo arruamento aproveitando o canal da antiga linha, nova via que atravessa parte do centro da cidade e, portanto, muito útil seria para a melhoria da circulação no centro de Gaia.
A teimosia hostil da Refer já ultrapassa o razoável. Para lá da afronta à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que só pode ter uma razão “política”, a questão já transporta para o perigo público que as passagens sem guarda, passagens sem sinalização adequada ou situações que permitem imprudências representam.
Quantos acidentes serão precisos mais para que a Refer ceda e desça do seu altar na capital para resolver a questão?
 
P.S. a minha ausência do blog tem sido notória, mas não tem outros motivos que não sejam o excesso de trabalho (umas vezes) ou a falta de disposição (outras). A partir de agora, se não for mais, poderão ler (quem quiser) os meus posts à terça-feira… Em compensação, acrescento já de seguida dois textos entretanto publicados na coluna “Quinta do Norte” no “Correio da Manhã”  
 

O misterioso frenesim de editores e livreiros

 

 

Comparado com a animação que vai pelo mercado do livro, o BCP até parece tão calmo como o cemitério dos Prazeres à meia noite.

 

Pais do Amaral andou por aí com o livro de cheques em punho e juntou  seis editoras no grupo Leya, com vendas de 80 milhões de euros, Saramago e Lobo Antunes no catálogo e uma posição interessante no livro escolar.

Américo Areal pegou em parte dos seis milhões que encaixou com a venda da Asa e, entusiasmado com estatística (a ampliação do espaço de uma livraria de Hanover fez subir o tempo médio de permanência dos clientes de 20 minutos para 1h30), inaugurou nas Amoreiras a Byblos, com 3.300 m2 e mais de 120 mil títulos, que garante ser a primeira de uma cadeia nacional.

 

A Fnac está deliciada com o nosso país e sempre que pode abre uma nova loja. O gigante alemão Bertelsmann continua a dar gás à expansão da rede Bertrand. Pedro Moura Bessa (Civilização) aproveitou a compra da Leitura para lançar uma cadeia usando como marca o nome da mais prestigiada livraria portuense. A Bulhosa e Almedina continuam calma e paulatinamente a executar os seus planos de expansão.

 

Começo a ficar convencido que estão a abrir mais livrarias em Portugal do que agências bancárias.

 

Já não é mais preciso atravessar o Atlântico Norte para ir a uma Barnes & Noble ou Borders bebericar um café enquanto se lê um livro, que será devolvido à estante com o marcador a assinalar a página onde vamos – para amanhã sabermos onde recomeçar.

 

Ora uma pessoa pega no estudo «A leitura em Portugal» e por muito que se esforce não encontra dados que fundamentem a adrenalina que corre nas veias dos editores e livreiros.

 

Mais de metade dos portugueses confessam que no ano anterior não compraram um livro sequer. E são menos de 5% os que adquiriram um livro por mês. Estamos a ler mais do que há dez anos, mas o progresso foi ligeiro – neste período o número de leitores de livros apenas aumentou 7%.

 

E há ainda o Kindle, o iPod dos livros, a nova coqueluche dos «gadgets», que a Amazon pôs à venda na Net por 399 dólares (278 euros) e que se vendeu como pãezinhos frescos. Esgotou num instante.

 

O Kindle é um dispositivo electrónico portátil (mede 18x13cm e pesa 300 gramas) com capacidade para armazenar 200 livros, dá acesso a jornais e blogues, permite regular corpo e tipo de letra, bem como a luminosidade do ecrã e que ainda por cima fala  - podemos não só ver as imagens dos lugares descritos no livro, como ainda ouvir a voz do autor.

 

Não quero descrer da esperteza de Pais do Amaral, que apesar de ser o primeiro na família a trabalhar há uma data de gerações, não se tem safado nada mal nos negócios. Longe de mim duvidar da perspicácia de Américo Areal os dos alemães da Bertelsmann.

 

Mas quando olho para esta excitação, não posso deixar de pensar que até podemos estar todos a ler o mesmo livro – mas seguramente capítulos diferentes. E fico com vontade de escrever um livro intitulado «O misterioso frenesim de editores e livreiros».

 

Jorge Fiel

 

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

 

 

Esta crónica foi hoje publicada no diário económico Oje (www.oje.pt)

 

 

 

Fernando Cabral (1928-2008)



Vai amanhã a enterrar o dr. Fernando Cabral, ilustre portuense e portista. Há quem diga que foi o pior presidente da Câmara do Porto depois do 25 de Abril, o que humildemente me parece uma coisa sem sentido. Até porque quem o diz defende que ele não gastou o dinheiro que tinha. Mas foi ele, por exemplo, que começou a Via de Cintura Interna e foi, é verdade, responsável por ter deixado algum dinheiro que permitiu alguns brilharetes de Fernando Gomes, que lhe sucedeu no cargo.

Fernando Cabral foi jornalista, foi advogado, foi vice-presidente do FC Porto, foi militante e dirigente do PSD e foi presidente da Câmara - diz o JN de hoje, pela pena do Jorge Vilas, e eu nem me lembrava, que foi ele que comprou o Teatro Rivoli para a CM Porto. Além disso foi um homem simples e bom, amigo do seu amigo, sempre pronto para uma cavaqueira sobre o Porto de que ele tanto gostava. Cheguei a conhecê-lo nas minhas vidas jornalísticas e fiquei sem dúvidas de que se tratava de um portuense dos sete costados e de um homem com visão.

Na Câmara teve também um período de grandes lutas com a EDP.que pretendia aumentar as tarifas e reaver créditos sem olhas às condições que o fazia. E Cabral foi duro, chegou mesmo à ruptura com o seu partido.

Creio que, profissionalmente, Fernando Cabral começou por ser jornalista, no extinto Diário do Norte. Essa era outra faceta que gostava de relembrar e que, acho eu, lhe permitia facilmente perceber o fluir do mundo com facilidade, estando atento a pormenores que ditam as mudanças. É indiscutivelmente, uma perda para a cidade e o Bússola faz bem, acho eu, em marcar também o passamento dos seus ilustres.

Manuel Queiroz

Vamos reabilitar socialmente pessoas com doença mental grave!

A "ENCONTRAR+SE" é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, de utilidade pública, sem fins lucrativos, que surge da necessidade de desenvolver soluções para as dificuldades encontradas no desenvolvimento, implementação, avaliação e investigação de respostas adequadas às exigências próprias da reabilitação psicossocial das pessoas com doença mental grave.

Baseada no conhecimento actual sobre esta matéria, tanto em termos de políticas de saúde mental, como de estratégias validadas e divulgadas pela comunidade científica internacional, e na experiência daqueles que têm vindo a trabalhar nesta área em Portugal, este projecto parte da realidade actual do nosso país e tem como objectivo geral contribuir para melhorar alguns dos problemas com que os utentes e técnicos dos Serviços de Saúde Mental se têm confrontado neste domínio de assistência.

Na verdade, a escassez de respostas integradas de reabilitação tem condicionado a possibilidade de recuperação de muitas pessoas com doença mental grave, com repercussões a nível pessoal, familiar e social, bem como na própria economia do país. Por outro lado, a ausência de investigação nesta área tem dificultado a implementação de estratégias adequadas, tanto a nível individual como na produção de evidência quanto aos benefícios individuais, sociais e económicos que a reabilitação destes doentes representa.

Desta forma, a "ENCONTRAR+SE" procura contribuir de forma activa na reabilitação psicossocial dos doentes com perturbação mental grave, através de iniciativas cientificamente validadas ligadas à formação, à intervenção, à avaliação e à investigação, minimizando a comprovada falta de respostas a nível nacional, nomeadamente.

Para a boa execução dos propostos a que se dispõe, a "ENCONTRAR+SE" contará com a colaboração de técnicos experientes nas diferentes áreas de intervenção em Saúde Mental, com experiência clínica e de investigação; articulará com Instituições de Saúde, de Solidariedade Social, de Ensino e de Investigação; com os Organismos do Estado, e promoverá a participação da sociedade civil, e em especial de todos aqueles afectados directa, ou indirectamente, pela doença mental.

A "ENCONTRAR+SE" enquadra-se numa filosofia assistencial que se baseia num modelo científico. Em termos de paradigma de reabilitação, a "ENCONTRAR+SE" partilha, por um lado, de uma perspectiva de intervenção contextualista, privilegiando o modelo comunitário de acção, e por outro lado de uma perspectiva de "empowerment", promovendo a participação activa dos consumidores (pessoas com doença mental e familiares) nos diferentes processos ligados à recuperação e reintegração.

 

Associação Encontrar-se lança campanha associada à música para combater o estigma da doença mental

No passado mês de Outubro a Encontrar-se -Associação de Apoio às Pessoas com Perturbação Mental Grave- lançou uma campanha de sensibilização para travar o estigma da doença mental. Desenvolvida em parceria com a agência criativa Loewe e com a agência de meios Tempo OMD a campanha decorre em duas fases e tem com principais objectivos iniciar um processo de sensibilização do público para as doenças mentais, através de um projecto positivo e construtivo que se desenvolverá de forma continuada no tempo; contribuir para a gradual substituição dos estereótipos ligados à doença mental que contribuem alternativas de tratamento, no sentido de incentivar a atempada procura de tratamento e o aumento de esperança daqueles que sofrem directa e indirectamente de doença mental e possibilitar, com base na informação referente à natureza das doenças mentais e alternativas de tratamento, a gradual diminuição do peso associado à doença mental, no sentido de facilitar a vivência, directa e indirecta, desta realidade para a discriminação e isolamento das pessoas que sofrem directa e indirectamente de doença mental, no sentido de melhorar as atitudes de que são alvo; promover o aumento do conhecimento da natureza das doenças mentais.

 

A segunda fase desta campanha teve inicio já no passado dia 10 de Janeiro com o lançamento do movimento UPA - – Unidos para ajudar, cujo mote é “Levanta-te contra a discriminação das doenças mentais”.

personalidades marcantes da nossa música irão colaborar na gravação de uma canção alusiva aos temas propostos pela Encontrar+se, tendo sempre como ponto de partida duas palavras (ou atitudes...) antagónicas, procurando desta forma alertar para a necessidade de uma mudança de mentalidades na forma como a doença mental é encarada entre nós. Serão dez temas que, um a um, mês após mês chegarão até nós.

Porque quando as doenças mentais são discriminadas, promover a saúde mental é mais difícil.

1. Muita gente adia a procura de ajuda, e torna uma situação controlável numa doença mais grave.

2. Muitos doentes não tomam a sua medicação, pondo em risco o seu tratamento.

3. Pessoas com doença mental são discriminadas no emprego ou na escola, agravando o isolamento e a incapacidade.
 
4. Aumentando o isolamento e a exclusão social, aumenta o desespero e o risco de suicídio.
 
5. Havendo indiferença social, há menos tratamento, menos apoio comunitário, menos técnicos especializados, mais direitos humanos violados e falta de interesse politico.
 
Nesta fase o movimento UPA aposta num projecto de associação à música portuguesa. Todos os meses, a partir de Janeiro de 2008 duas

 

 

 

DATA

TEMA

MÚSICOS/GRUPOS

Janeiro 2008

DISCRIMINAR / INTEGRAR

Xutos e Pontapés / Oioai

Fevereiro 2008

NEGAR / ASSUMIR

Rodrigo Leão / J.P Simões

Março 2008

SEPARAÇÃO / UNIÃO

Camané / Dead Combo

Abril 2008

MEDO / COMPREENSÃO

GNR / The Gift

Maio 2008

CULPA / TOLERÂNCIA

Sérgio Godinho / Xana

Junho 2008

VERGONHA / ACEITAÇÃO

José Mário Branco / Mão Morta

Julho 2008

DEPENDÊNCIA / AUTONOMIA

Cool Hipnoise / Tiago Bettencourt

Agosto 2008

OFENDER / RESPEITAR

Paulo Gonzo / Balla

Setembro 2008

DESESPERO / ESPERANÇA

Mariza / Boss AC

Outubro 2008

SOLIDÃO / FRATERNIDADE

Jorge Palma / Clã

 

 

O projecto foi concebido pelo Zé Pedro Reis (Xutos) em parceria com a Paula Homem e o Pedro Tenreiro, e terá a direcção artística e produção de Nuno Rafael, conceituado músico e cúmplice habitual de Sérgio Godinho.

Paralelamente serão feitos videoclips (30’) da música, e um cartaz com uma ilustração do tema do mês.

Sempre que mensalmente se inicie a divulgação de um tema, é intenção da ENCONTRAR+SE disponibilizar em formato digital o mesmo no seu site, sendo esta uma forma de atrair as pessoas ao site onde se disponibilizará informação complementar sobre diferentes temas ligados à doença / saúde mental (fichas informativas, links, entre outros).

 

O UPA procura, de forma responsável e alegre levar as pessoas a dar o pequeno passo que fará toda a diferença no entendimento e aceitação das doenças mentais. Este “levanta-te contra” é tanto dirigido às pessoas que não aceitam, adiam, negam e vivem em sofrimento por causa de uma doença mental, como para qualquer um de nós que ainda lida mal com esta realidade.” Filipa Palha - Coordenadora do Projecto Encontrar-se

 

 

 

 

 

 

MAR PORTUGUÊS

 

Tive o privilégio raro de viver sempre junto ao Mar e sou um confesso apaixonado daquele “sabor a sal” de que fala António Gedeão.

Julgo que o Mar tem uma enorme representação para Portugal. Seja pela forma como está associado à nossa grandeza histórica e ao sentido da diáspora que ainda hoje nos caracteriza, seja porque a sua presença e o seu imaginário contaminaram a cultura, a artes e outro valores e dimensões sócio-culturais da nação e da alma lusitanas.

Mas mais do que tudo julgo que no Mar, em tempo de globalização, pode voltar a estar o nosso grande desígnio futuro.

 

Ouvi recentemente duas coisas que me impressionaram:

Primeira, Portugal é o primeiro ou segundo maior País europeu se no conceito de território for considerado (como não deixa de ser adequado) a extensão da sua zona económica exclusiva – o Mar, portanto:

Segunda, a superfície marinha (suas riquezas e oportunidades) está menos explorada que a superfície lunar …!!

 

Junto a esta ideia uma explicação recente do Presidente da Galp a propósito da significância do aumento do petróleo para uma economia pequena e vulnerável como a nossa.

Com o seu pragmático bom senso Ferreira de Oliveira simplificava o problema. Portugal não tem petróleo (?). E esse bem de “primeira necessidade”, é por nós importado à razão de muitos milhões de barris por ano. Se no mercado internacional o barril subir, como nos últimos anos, algumas dezenas de dólares, os portugueses terão que pagar do próprio bolso, o resultado do produto destas dezenas de dólares por esses milhões de barris. Simples, apesar de arrepiante.

 

Temos, por isso que nos saber voltar para coisas novas, para coisas nossas que verdadeiramente no caracterizem e qualifiquem.

 

Onde estarão os nossos relógios suíço, as nossas tulipas holandesas…?

 

A Comissão de Coordenação da Região Norte acabou de definir como um dos 4 clusters principais para a região a indústria do Mar.

 

Se pensarmos na economia do Mar e no que ela pode representar de positivo e impulsionador para a indústria do Turismo, da Saúde, do Agro-alimentar….,

se percebermos que parte das energias alternativas (as que no futuro se diminuirão ao dramático produto de Ferreira de Oliveira) estão também associadas ao mar - a energia das ondas, a do bio diesel associada à exploração das algas…,

se acrescentarmos as tendências de uma vida crescentemente mais “bio” e mais conciliada com a natureza,

 

Então, poderemos voltar a olhar para o Mar com os mesmos olhos do Infante Dom Henrique – o portuense que, a partir do Mar, iniciou a única verdadeira Epopeia de Portugal e dos Portugueses.

 

António de Souza-Cardoso

 

Como Rauschenberg me levou a pensar que a rota de Serralves está a precisar de uma pequena correcção

A exposição «Em viagem 70-76» de Robert Rauschenberg, que está no Museu de Serralves até ao início da Primavera, é importante para perceber o caminho percorrido pelas vanguardas artísticas desde o «ready made» de Duchamp.

 

A vida é feita de convenções, de datas erigidas em marcos de mudança.

 

O derrube do muro de Berlim, em 1989, foi eleito como o acontecimento que marca o fim do sonho (e consequentes pesadelos) da Revolução Russa de 1917.

 

O assassinato do arquiduque Francisco Fernando, em Sarajevo, é aceite como a causa próxima da II Guerra Mundial.

 

Para facilitar as coisas, vamos assumir que o urinol industrial que Marcel Duchamp autografou e transformou em obra de arte é o acto fundador da arte «ready made», popularizada pelas caixas Brillo e as latas de sopa de tomate Campbell de Andy Warhol, um dos expoentes da Pop Art.

 

A exposição de Rauschenberg mostra-nos as etapass seguintes na viagem da arte que libertou o objecto encontrado de Duchamp.

 

Corda, cordel, pedras, pneus, caixas, tecidos, bicicletas, areia, tinta fluorescente, garrafões de vida, baldes metálicos e varapaus são a matéria prima dos 65 trabalhos expostos, que transformam as belas salas de Serralves em praias juncadas pelos despojos de um naufrágio trazidos pelas marés.

 

Com a sua competência e conhecimento, João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, explica-nos que «a obra de Rauschenberg adquiriu uma importância fundamental na desconstrução do ensimesmamento e da autonomia com que o expressionismo abstracto do pós guerra tinham isolado a arte e a vida».

 

De tudo isto se conclui que vale a pena ir a Serralves para se ser surpreendido por Rauschenberg, mas que, na minha opinião, não se deve elevar muito a fasquia das expectativas.

 

José Manuel dos Santos (JMS), no Expresso, conclui a sua recensão critica da «Em Viagem 70-76» com uma frase sonora, muito bonita e extremamente bem acabada: «Afinal, que é o Mundo senão a imagem desfigurada (e disforme) de si mesmo? É isto que esta exposição nos diz na sua violenta sinceridade».

 

Quem sou eu para contrariar JMS ? Não estou em condições de negar que o Mundo seja afinal uma imagem disfugurada e disforme de si próprio. E longe de mim contestar «a violenta sinceridade» da exposição.

 

Apenas tenho a confessar que, por minha única e exclusiva responsabilidade da minha fraca utensilagem intelectual, a exposição não me disse a mim o mesmo que confidenciou a JMS.

 

Lamento isso. E lamento também que não tenha visto nos 65 trabalhos de Rauschenberg, naquelas cordas, cordéis, pedras, pneus, caixas, tecidos, bicicletas, areias, tinta fluorescente, baldes metálicos, garrafões de vidro e varapaus, «a exactidão do olhar que se materializa, a pureza do gesto que cai, a certeza da ideia que morre, o ímpeto do avanço que recua, a simultaneidade do instante e da sua fuga». (1)

 

A exposição de Rauschenberg é importante para percebermos o percurso das vanguardas artísticas, o que não quer dizer que gostemos do caminho que elas estão a trilhar. Não é uma exposição fácil, sexy ou atractiva para os olhos do grande público.

 

Chegado a este ponto, confesso que estou a usar Rauschenberg para expressar o meu sentimento de que a linha geral da programação de Serralves talvez precise de uma pequena correcção na sua rota.

 

Serralves disputa taco a taco com os Coches o titulo de mais visitado dos museus portugueses, mas é, sem sombra de dúvida, o museu mais visitados por portugueses.

 

São portugueses cerca de 95% dos visitantes que no ano passado demandaram Serralves, enquanto que são estrangeiras mais de 40% das pessoas que vão ao Museu dos Coches.

 

Serralves é não só um dos principais imãs de atracção de turismo interno à nossa cidade, como ainda ém a par do FC Porto, da Casa da Música e do Vinho do Porto, uma das principais e vigorosas componentes do carácter da marca Porto.

 

Tem, por isso, uma enorme responsabilidade.

 

A oferta de museus do Porto assenta em dois pilares (Serralves e Soares dos Reis) complementados por uma gama razoavelmente variada de pequenas instituições, como o Museu Romântico.

 

O Soares dos Reis tem uma colecção interessante, onde convivem pintura naturalista, ourivesaria e escultura, mas que temporalmente fica às portas do século XX.

 

Serralves foi baptizado Museu de Arte Contemporânea, uma razão social que é muito traiçoeira.

 

Eu comprei o LP dos Velvet Underground com a capa da banana concebida por Warhol e sou contemporâneo de Picasso, Vieira da Silva e Magritte. O meu filho João não é contemporâneo de nenhum destes quatro artistas. Os meus tios são contemporâneos do Amadeu e eu não.

 

Apesar do âmbito cronológico da palavra contemporânea ser móvel, parece-me claro que Serralves o deve interpretar num sentido largo, deixando flutuar até ao pós II Guerra Mundial. Mesmo assim deixa a oferta museológica do Porto com o flanco desguarnecido no rico período da primeira metade do século passado.

 

Uma vista de olhos pelo «top five» das mais exposições mais vistas no nosso país, permite uma outra reflexão.

 

1.     Paula Rego, 157 mil visitantes, Serralves 2004

 

2.     In the Rough, Imagens da Natureza através dos Tempos na Colecção Boijmans, 130 mil visitantes, Serralves 2001

 

3.     Francis Bacon, 101 mil visitantes, Serralves , 2003

 

4.     Amadeo, 100 mil visitantes, Gulbenkian, 2006

 

5.     Andy Warhol, 75 mil, Serralves 2000

 

Vai para quatro anos que Serralves não alberga uma exposição campeã de bilheteira. Ora a capacidade de atracção turística do Porto precisa dessas exposições «mainstream». Talvez por isso, a linha geral da programação de Serralves careça de uma pequena correcção de rota.

 

Devemos estar satisfeitos com os 350 mil visitantes que Serralves atraiu em 2007. Mas não podemos perder de vista os 250 mil visitantes que a colecção Berardo recebeu no segundo semestre do ano passado.

 

A oferta de Serralves tem de combinar Rauschenberg com pelo menos uma exposição anual de grande público.

 

 

Jorge Fiel

 

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

 

   

………………………………….

   

(1)   Não sei porquê, mas quando li este parágrafo da magnifica crónica de JMS fui assaltado pela seguinte interrogação: será disparatado submeter os críticos de arte a um controlo anti-doping?

 

 

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