A Espanha está a cair aos bocados mas por cá nós não damos por nada.
Do outro lado da fronteira, a semana entre o Natal e Ano Novo foi fértil em acontecimentos desportivos, mas o radar dos nossos oito diários generalistas (quatro pagos e quatro gratuitos), três diários económicos, três diários desportivos, quatro canais televisivos generalistas e dois de notícias não detectou a movimentação.
De 27 a 29 de Dezembro, os governos autónomos desafiaram Madrid ao promover jogos de futebol com as suas selecções nacionais.
A 27, foi o Andaluzia- Zâmbia e o Galiza-Camarões. No dia seguinte, jogaram-se os Canárias-Angola e Extremadura-Guiné Equatorial. A cereja em cima do bolo foi em San Mamés, o mítico estádio do Athletic de Bilbao, que serviu de cenário ao Euzkadi-Catalunya.
Nada disto foi inocente. Representantes dos governo da Galiza, País Basco e Catalunha aproveitaram a ocasião para assinarem a declaração de San Mamés em que reclamam o reconhecimento internacional das suas «selecções nacionais».
Não façam confusão. O futebol é apenas um pretexto. Estamos na presença de manobras de alta política.
O desporto é um terreno magnífico para exacerbar sentimentos nacionalistas e a Catalunha já tinha feito um belo balão de ensaio quando inscreveu uma selecção que conquistou o Mundial B de hóquei em patins, embaraçando a federação internacional da modalidade, já que se qualificou para disputar com a Espanha o Mundial de primeira categoria.
A Espanha está a desintegrar-se mas nós não damos muito por isso porque os nossos Media têm os olhos virados para outro lado.
Lendo os nossos jornais e vendo as nossas televisões, ficamos muito bem informados sobre o ambiente explosivo que se vive em Pristina (a seguir ao Kosovo declarar a sua independência), completamente documentados sobre a dramática situação no Chade (que obrigouIbriss Deby a declarar o Estado de emergência e a remodelar o ministro da Defesa), e aptos a debater as nuances da política interna paquistanesa, lamentando que os partidos islamistas tenham sido encurralados pelas formações seculares e pelos talibans.
Sabemos todas essas inutilidades. Só não sabemos o que se passa aqui ao lado, na casa do nosso principal parceiro económico, que recebe1/3 das exportações portuguesas, está a desintegrar-se politicamente e a entrar no túnel de um crise muito escura – em Janeiro, 4300 novos desempregados engrossaram diariamente o contingente de 2,3 milhões de pessoas sem trabalho, um valor recorde desde o advento da democracia..
Eu tenho conta no Santander, faço compras no El Corte Inglès, estive quase a comprar um andar construído pela San José, vivo num país em que a TVI (grupo Prisa) é líder nas audiências, mas sei mais do que se passa em Bagdad do que em Madrid. Não tenho a certeza absoluta, mas acho que é a isto que se chama autismo. Já agora e a propósito; a campanha eleitoral em Espanha, em que Zapatero (o tal que Sócrates elegeu como seu melhor amigo) se recandidata, começa 6ª feira..
O mercado do Bom Sucesso foi projectado em 1949 pelos mesmos autores da Igreja das Antas, Fortunato Leal, Cunha Leão e Morais Soares , que deixaria inúmeras obras interessantes à cidade. Viria a ser inaugurado em 1952.
É um espaço fascinante,numa zona nobre da cidade apesar de "vizinho" de Torres de muito,muito mau gosto, questiono como deixaram construir aqueles mamarrachos que por lá se encontram.
Como se sabe o Mercado do Bom Sucesso, irá ser entregue a privados. Depois do Bolhão e do Ferreira Borges, os comerciantes não têm dúvidas de que o objectivo da Autarquia é também concessionar a gestão do Bom Sucesso, para resolver o problema do mercado, que se encontra degradado e muito esquecido, sabe-se que não deve andar longe da solução de três pisos ,constituidos por 16 lojas exteriores e 107 no interior.
Espero que o bom gosto impere nesta recuperação e que sejam salvaguardados todos os interesses das pessoas que por lá passaram uma vida a trabalhar e que essas mesmas pessoas possam acompanhar a evolução dos tempos.
O mercado tem uma óptima localização e já há muito que deveria ter sido transformado numa grande área de lazer, desde como disse ,salvaguarde os interesses dos comerciantes.
Para aqueles , apesar de tudo poucos , que se queixam que só defendo o Porto e que não penso no resto do país , porque gostaria que o Porto pudesse ser uma outra Lisboa , tenho hoje uma notícia que não é animadora.
Na companhia de mais onze portugueses de proveniências várias , tive ontem o grato prazer ( e na verdade a honra ) de assinar um compromisso pela Cidade da Guarda em que todos fomos investidos pelo seu Presidente de Câmara como embaixadores da Guarda , prometendo colaborar activamente na promoção da região em parceria com os agentes e instituições locais.
Descontando o meu potencial contributo pessoal que será o melhor que eu puder , mas sempre menor do que o das altas individualidades que me acompanham nesta nobre missão , este é o tipo de iniciativas porque me pelo.
Uma cidade e uma região que distam da capital praticamente o mesmo que o Porto , mas já são parte integrante da Região Centro e têm as mesmas , ou ainda mais razões de queixa de um poder excessivamente concentrado na capital , são tudo o que me apetece defender e ajudar , nem que para isso seja preciso fazer , como fiz , uma directa , para não faltar ao compromisso assumido.
Como disse e muito bem um dos directores do Clube Escape Livre , da Rádio Altitude , cujos 35 anos de emissões propiciaram esta ida à Guarda, ser anjo da Guarda é muito diferente de ser anjinho. Trata-se de aproveitar as oportunidades para maximizar a promoção de uma Região que apesar de ser a mais alta do país continua a ser olhada de alto pelos senhores da capital.
No fundo pede-se a estes novos embaixadores da região da Guarda que nos seus terrenos pessoais e profissionais sigam o exemplo do Luis Celínio , do Jorge Antunes e da sua equipa do Escape Livre que , estejam onde estiverem , defendem o bom nome da Guarda , dos seus produtos e das sua gentes , das suas empresas e das suas potencialidades turísticas , porque se não forem eles a fazê-lo , ninguém o fará por eles.
Como de resto acontece com toda a paisagem que é o resto do país que não é Lisboa....
Sou um admirador confesso do Presidente Rui Rio. Talvez pelo que de anti-politico se lhe descobre, na forma como encara a política e a coisa pública. Não sei se é uma máscara, mas a ser é bem-feita e cala fundo na opinião do Povo.
Trabalhei proximamente com o Dr. Rui Rio numa grande manifestação em Madrid a propósito da libertação Timor – foi talvez a maior manifestação feita por portugueses fora do seu País.
Ficou-me, dessa altura, a memória de uma grande integridade e simplicidade de carácter que casava bem com a determinação e o empenho que punha e pôs naquele altruístico objectivo comum.
Como todos os portuenses vi com expectativa a sua eleição para presidente da Câmara (para a qual digo já que não contribui, até porque ainda me encontrava recenseado em Matosinhos).
A partir daí em muitas conversas de muitos e variados círculos e tertúlias, se discutiu o Porto – o seu definhamento progressivo, a falta de desígnio, de palco, de voz, de lideranças…
As conversas resvalavam ligeiras para o seu Presidente de Câmara e para a forma como não soube nem conciliar a cidade e os seus principais agentes, nem desenhar e promover um projecto mobilizador que voltasse a colocar o Porto no topo da competitividade a nível nacional e europeu.
Ouvi também a defesa do Presidente Rio em muitas circunstâncias – tinha sido eleito para presidir à Câmara do Porto e não para liderar o Norte e os seus mais generosos desígnios. Propôs a luta pela habitação condigna, pela segurança e pelas acessibilidades e era nesse exacto contexto que se sentia legitimado e motivado a actuar.
Entretanto assistimos, independentemente do lado em que está a culpa, a muitos desencontros entre Rio e os agentes e instituições da cidade, mas vimos principalmente o Porto a definhar progressivamente em valor, influência e auto-estima.
Julgo portanto que prevalece este pecado original que constitui o equívoco de sempre entre Rui Rio e a sua cidade. Os portuenses elegeram-no e reelegeram-no, porque sentem falta de uma liderança forte e de um desígnio prometedor para o Porto. E porque valorizam as características pessoais de Rio para servir essa liderança.
Mas Rui Rio julga que foi eleito para acabar com os arrumadores e no geral, cumprir um programa que os portuenses mal conhecem. Um programa que apesar de repleto de coisas úteis, não concita nem entusiasma os agentes e instituições da cidade e poderia ser entregue a qualquer empresa municipal.
O desencontro é claro – o Porto precisa do Rio que quer, mas este Rio que já não parece precisar do Porto, não quer claramente ser aquele que o Porto precisa.
A Comissão Europeia tem os seus requintes e um deles é o Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização (FEG), criado pelo nosso Durão Barroso e apetrechado com um orçamento de 500 milhões de euros.
Nós já começamos a petiscar na mesa do FEG. O Governo de Lisboa pediu e Bruxelas deferiu um envelope de 2,4 milhões de euros para ajudar os 1549 trabalhadores portugueses despedidos da indústria automóvel a arranjar emprego.
O grosso dos beneficiados pelos 2,4 milhões do Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização são os ex-trabalhadores suicídas da General Motors da Azambuja, que fizeram greve contra a proposta de acordo de empresa, depois da multinacional norte-americana ter anunciado publicamente que ia fechar fábricas na Europa.
O pelotão dos 1549 é completado com ex-trabalhadores da Alcoa (Seixal) e da Johnson Control (Nelas e Portalegre).
Fico satisfeito pela ajuda conseguida em Buxelas, especialmente se esses dinheiros foram transformados em subsidios de deslocação que ajudem os 1549 a mudarem-se para Valença, onde o presidente da Cãmara está desesperado porque várias multinacionais fornecedoras de componentes à PSA de Vigo querem instalar fábricas no parque industrial do concelho e só ainda não o fizeram apenas porque não encontram mão de obra especializada.
Só não compreendo porque é que o o Governo de Lisboa ainda não pediu Bruxelas a intervenção do FEG para ajudar a dolorosa reestruturação das nossas indústrias têxtil e de calçado, vítimas da globalização.
Há apenas duas explicações para este esquecimento.
Ou Sócrates e o seu impagável ministro da Economia andam a comer muito queijo.
Ou Orwell tinha razão quando escreveu que somos todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.
A confirmar-se esta última hipótese, sou obrigado a concluir que os porcos triunfaram em Portugal.
Como hoje é o Dia dos Namorados não resisti à tentação. Namoremos pois!
Faço-o através duma Antologia Organizada por Manuela Espírito Santo.
As Mais Belas Histórias de Amor é um livro da Editora Ausência e data de 2004.
Aqui podem ler-se belas histórias de amor de Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Fialho de Almeida, Florbela Espanca, Mário de Sá Carneiro, Ramalho Ortigão e muitos outros.
Dentro de pouco tempo vão estar disponíveis , porque vão ser editadas, um conjunto de belas Cartas de Amor de Florbela Espanca.
Trata-se dum espólio inédito que foi recentemente adquirido pela Câmara de Matosinhos.
Até lá fica este Perdidamente
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhas de oiro e de cetim… É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente… É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!
Lembram-se daquelas imagens de Berardo, de braços no ar e dedos abertos em V, a ser vitoriado como um salvador por velhos trabalhadores com bandeiras da CGTP , à saída da asembleia da PT que assinalou a derrota da OPA da Sonae?
Essas imagens são a certidão de óbito passada ao sindicalismo português.A Marcha Fúnebre seria a banda sonora mais adequada.
Quem mesmo após este episódio caricato e ficasse com dúvidas sobre o estado do sindicalismo português, ficaria com elas completamente desfeitas ao saber que a CGTP campeã da luta por melhores salários, contratos definitivos e o direito à greve, emprega funcionários a recibo verde, que ganham mal e são desaconselhados a fazer greve.
Esclerosados, desorientados, incapazes de compreender e se adaptar a um Mundo que muda a 200 km/hora, os nossos sindicatos já estão mortos há uma data de tempo. O único problema é que alguém se esqueceu de os avisar de que já morreram - ou então disseram-lhes mas eles fizeram de conta que não ouviram..
O 11º Congresso da CGTP , que reúne esta semana, é um misto de encontro de «zombies» e ajuste de contas entre comunistas da linha dura e «compagnon de route» que a direcção do PCP passou a catalogar como idiotas que já não são uteis.
As colunas dos jornais dedicadas ao congresso são preenchidas com especulações sobre a relação de forças que sairá da reunião. Já se sabe que o PCP controla a central com mão de ferro. Dos 19 membros da Executiva há nove que são do Comité Central do PCP.E o secretário geral, Manuel Carvalho da Silva, é militante desde 1975.
O problema é que o «Manel» amoleceu. Pôs-se a estudar Sociologia à noite, casou-se com um mulher 25 mais mais nova e doutorou-se com uma tese em que tenta encontrar uma resposta para o fracasso dos sindicatos.
Pedro, um jovem licenciado em Belas Artes que trabalha na área de marketing da PT, não estave a aplaudir Berardo no Forum Picoas. Não é sindicalizado, tal como três em quatro trabalhadores portugueses. Quando lheperguntam porquê, explica por outras palavras que o sindicato não lhe serve para nada. A resposta é cuidadosa porque ele é o filho mais velho de Carvalho da Silva.
O «Manel» já percebeu que os sindicatos não têm futuro. Falta-lhe a coragem de assumir que gastou em vão 25 anos da sua vida.
Compreende que a globalização, o individualismo, os fluxos migratórios, o aumento da esperança de vida, a revolução tecnológica, o aumento brutal da precaridade no trabalho (20% da força de trabaho em Portugal vive à mergam de qualuqre tipo de contrato!) e a reorganização do capitalistalismo passarem ao lado dos sindicatos que pararam no tempo das máquinas de escrever e da televisão a preto e branco.
Mas em vez de confessar a impotência do sindicalismo em sobreviver, adaptando-se às novas realidade, prefere culpar as desvairadas mudnaças pela morte da CGTP.
O 11º Congresso da CGTP seria útil se em vez de servir de palco a lutas intestinas do PCP procedesse a uma autópsia honesta ao sindicalismo português. E se em vez da Executiva, elegesse uma Comissão Liquidatária.
Nos últimos dias lá tive que fazermais umasviagens e descobrir novos problemas por esses caminhos de Portugal.
Nasexta-feira tive queir a Santarém ao Forum do Futebol, ara moderar um dos debates, e pela A1, do Porto até Santarém, contei cinco locais de obrasna nossa principal auto-estrada. Nada mais nada menos que cinco...
Lembrar-se-ão alguns dos meus eventuais leitores que já aqui há tempos falei disso. mas desta vez em 220 quilómetrospara aí 20 por cento foi andar em via estreita, em que cabiam dois carros a par se... andase com atenção. O preço, claro, é igual ao que a Brisa cobra sem obras.
Ontem lá fui à Sertã, para fazer o jogo do FC Porto. Um problema enorme sair da A1 e entrar no IC 3 em direcção a Tomar. Essa parte do IC3 não tem nada de IC, porque se trata, basicamente, de uma rua cheia de semáforos durante uns 20 ou 30 quilómetros, que obrigam a andar a 50. Senão, o semáforo acende a luz vermelha... Arranjei a fotografia que encima estas linhas e acho que documenta bem o que é essa parte do IC3.
De resto,comi muito bem em Pedrógão Grande, junto à Barragem de Cabril, num belo restaurante que dá precisamente para a barragem,Recomendo esse restaurante na localidade de Vale de Gois.
PS - Sobre o post do Manuel Serrão aquiem baixo: a D. Carolina Salgado sabia que não corria riscos nenhuns ao dizer que foi Pinto da Costa quem mandou agredir Ricardo Bexiga e que ela própria se encarregava disso. Quem foi que a aconselhou a fazê-lo? Terá sido o advogado? Tenho as minhas dúvidas, porque os advogados devem ser prudentes e não expor os clientes a problemas desnecessários... Terão as garantias de que nada se passaria vindo de outroslados? É uma dúvida que vos deixo, porque também é minha.
Estou muito ligado ao Mercado do Bolhão não por ter tido lá uma banca mas sim porque a minha família tinha várias sapatarias no Edificio do Bolhão mantendo-se uma relação muito amiga com as pessoas que lá trabalhavam, tinhamos naquele Edificio imensos amigos clientes,estamos a falar anos 60 na chamada Casa das Botas que juntamente com Casa Forte eram as principais referências comerciais na zona do Bolhão.
Face a tudo isto estou bastante apreensivo em relação ao futuro deste Edificio onde os políticos com as maiores das latas vão choramingar votos mas quando chega a hora da verdade esquecem-se dos abraços e dos beijos,admira-me que aquela boa gente ainda tenha pachorra para os aturar.
Quero muito bom gosto na solução final do Mercado do Bolhão,quero que o Mercado do Bolhão seja uma âncora moderna da baixa portuense,quero que os pequenos logistas da baixa portuense tenham engenho e arte para competirem com o comércio dentro do mercado,quero que os "Bolhãonenses" acompanhem os seus negocios com inovação e criatividade.
Bolhão, significa, " bolha grande ". O nome é originário do próprio local onde foi edificado o mercado, que foi construído, sobre uma nascente de água," bolhão ".
O Mercado do Bolhão , é por vezes referido como " Mercado Colorido", dado o seu ambiente ser envolvido por imensas cores que derivam da imensa quantidade e qualidades de frutos, flores, aves e verduras. Às cores, adicionam-se os odores provenientes dos já referidos, mas também, do peixe e do marisco fresco.
A tudo isto, juntam - se - lhe os sons dos pregões dos vendedores e da azáfama dos compradores, o que não deixa indiferente qualquer visitante ao local.
O Mercado do Bolhão é um excelente exemplar da arquitectura civil comercial, apresentando fortes características do estilo neoclássico tardio, sobressaindo a sua monumentalidade pelos torreões nas suas esquinas que contrastam com as suas linhas horizontais marcadas nas superfícies das fachadas.
O Mercado do Bolhão, encontra-se infelizmente muito degradado, e já desde 1992 que se pensa na sua reabilitação.
O Mercado do Bolhão é um dos mercados mais emblemáticos da cidade do Porto, ganhando ainda mais notoriedade por ser lá, na companhia daquela boa gente, que o nosso Blogue começou a andar.
A CMP, recorreu na decada de 90, a um concurso público internacional. O projecto vencedor, do arquitecto Joaquim Massena, mantinha vivo o tecido físico do mercado, com novos conceitos de usos do mercado, com novas funções e novos horários de funcionamento.
Apesar de o projecto vencedor ter sido distinguido pelo seu mérito,nunca chegou a avançar por falta de interesse político.
Em 2007, a Câmara do Porto, decidiu abrir um novo concurso público de concepção/construção, deixando de parte a hipótese de Reabilitação do Bolhão.
O concurso, admite a entrega do Mercado do Bolhão para exploração a privados, durante meio século (50 anos), e a empresa imobiliária vencedora, TramCom (holandesa) refere em praça pública que o seu projecto prevê a demolição de todo o interior do Mercado do Bolhão, deixando só as fachadas, o que está a provocar muita contestação.
Prevê também habitações de luxo, hipermecado e centro comercial, deixando para uma pequena percentagem, cerca de 3%, o comércio tradicional.
A seguir vamos ao Mercado do Bom Sucesso, outro espaço fascinante,numa zona nobre da cidade apesar de "vizinho" de Torres de muito, muito mau gosto...
Sou por natureza contra este clima impositivo que assolou o País invadindo, em nome de valores genéricos de duvidosa bondade, a nossa esfera pessoal e comportamental.
Não gosto da ASAE (faz-me, de facto, lembrar a PIDE dos costumes modernos standardizados) nem de nada que condicione a nossa liberdade de ser e estar.
Acho que a democracia à custa de se tornar moderna e asséptica, tem ficado chata e paternalista mas, pior do que isso, tem posto em causa um dos ses princípios fundamentais – o da liberdade.
Julgo, no entanto, que num Estado de Direito, as leis legitimadas pelo voto popular existem para serem cumpridas. Se assim não fosse o Estado não era de Direito…
Em 2003, sem qualquer voto contra, o parlamento aprovou a nova Lei dos Partidos. Entre outros arrazoados jurídicos a Lei impunha que os partidos fizessem prova ao Tribunal Constitucional de um nº mínimo de 5.000 filiados.
Suponho que este “Asaeano” paternalismo da Lei, com o qual digo já que não concordo pela forma com condiciona a liberdade de associação, se funda na ideia de que para merecer benefícios do Estado (financiamento, tempo de antena, etc) cada partido politico tem que mostrar evidências de um mínimo de “existência crítica” que melhor legitime o custo referido, suportado em última análise pelos contribuintes.
Alguns anos depois, quando chamados a cumprirem a Lei, os pequenos partidos vieram a terreiro brandir com as liberdades ofendidas que só decidiram contestar.
E depois de uma muito asseada reunião com o Senhor Presidente da República que, pelos vistos, continua a exercer no País uma influência muito acima da que lhe está constitucionalmente cometida, mexeu-se a opinião pública e, com ela os partidos políticos que, querendo dar o dito por não dito, preparam propostas de alteração legislativa a serem apresentadas para discussão na Assembleia.
Até agora tudo direitinho e previsível. Mas para surpresa de todos (ou talvez não?) o Tribunal Constitucional vem suspender o processo de verificação que iniciou por imperativo legal, com o insólito argumento de que o Bloco e o PSD apresentaram na Assembleia propostas de alteração da Lei que sugerem a revogação do referido preceito.
Os pequenos partidos rejubilaram, mas… e a Lei existente?
Esteve bem o Líder do PND, Miguel Monteiro, quando se insurgiu contra o acórdão do Tribunal Constitucional pela forma como descredibiliza o sistema de Justiça lembrando que, a partir de agora, uma mera proposta de alteração ao Código Penal, pode suspender todos os processos até à demorada discussão e aprovação da nova Lei.
Com acórdãos desta natureza, quem se descredibiliza mesmo é o Tribunal Constitucional que aqui talvez tenha errado, precisamente por vício de natureza.