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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Que chato!!!

 

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Estou a ver um programa na SIC chamado Tempo Extra em que o comentador anão Rui Santos de seu nome, está a falar faz quase meia hora do traumatizado e inconsequente Benfica, do seu jogo  contra o Paços de Ferreia, dos penalties se foram justos ou não,( lembremos que o Benfica está a dezasseis pontos do primeiro lugar), o que disse Luís Filipe Vieira algures que o Benfica não deveria ter sido campeão para que os Benfiquistas tivessem os pés bem assentes no chão,agora é o futuro do Rui Costa, agora é se fica Chalana ou vão buscar Carlos Queirós, e o dinheiro onde está , se o Luís Filipe Vieira deve ser ser menos arrogante e menos prepotente,se o Simão Sabrosa é possível o seu regresso....

 

Sei que o Benfica tem seis milhões de simpatizantes mas chega de tanto comentário, já não interessam aos próprios Benfiquistas ouvir sempre a mesma coisa, deixaram de acreditar.

 

Aquilo com o Luís Filipe Vieira está bem assim, podem lutar pela UEFA e já não é mau,sabemos quem lá chega perde-se, lá nada resulta, a noite de Lisboa é muito apetecível para aqueles jogadores, até o parolito do Petit anda de gatas por causa das gatas.

 

Nem dez minutos falou do grande Vitória de Guimarãres que acompanhará o Campeão à liga dos Campeões, é o que faltava agora ter duas equipas do Norte na liga dos Campeões.

 

 Só me faltava esta , começaram a falar de Pinto da Costa.......um grande abraço para todos e parabéns pelo Tri.

 

 

Mário Rui

 

SANTOS CASAMENTEIROS

Fiz uma viagem ao Algarve nos últimos dias com dois amigos, um português que cuidava da condução e um espanhol que nos acompanhou em parte do percurso. A menos da A1, há muitos anos em obras permanentes que prejudicam os utentes sem qualquer alívio no custo da portagem, fizemos uma viagem tranquila em boas auto-estradas e a uma velocidade constante e moderada de 150 Km hora.

 Explicava o meu Amigo que alguns excessos de velocidade em que incorrera o obrigavam agora a ir naquele moderada transgressão que o próprio garantia estar ao abrigo da “margem de tolerância” suportada pelas autoridades. Mais tarde assisti ao nosso amigo espanhol estarrecido e genuinamente assustado com outras transgressões ligeiras que eu próprio julguei abrigadas nos usos e costumes nacionais e, por isso, na sobredita margem de tolerância e impunidade.

Cruzo este episódio de há dois dias, com o anúncio também recente dos nºs do deficit e do envergonhado folar de Páscoa dado aos portugueses na devolução de apenas metade da taxa do IVA agravada, por este mesmo governo, no seu dizer apenas provisoriamente.

Claro que o Governo andou bem neste particular, beneficiando do excelente desempenho das exportações de alguns sectores tradicionais, com coração a Norte, como o Têxtil e o Calçado, como o próprio Primeiro-ministro, justamente reconheceu.

Este aplauso ao Governo pelos sinais de melhoria nas contas públicas não é para mim ensombrado pelo significado que nestes nºs parece assumir o incremento significativo das exportações da Auto Europa. Mesmo a não diminuição desejada da despesa corrente não sendo positiva, tem sempre a desculpa de nenhum Governo, há muitos anos, a ter conseguido debelar.

Já o aumento de receita fiscal que surge igualmente como uma das principais causas do bom resultado do deficit merece ser vista com olhos mais rigorosos.

Como no limite de velocidade, a fiscalidade em Portugal tem sido escandalosamente calculada com base na receita que é necessário alcançar para controlar o deficit. Por isso as taxas e o conjunto de ónus que impendem sobre as empresas e os seus administradores são das piores da Europa. Mas depois lá se tem dado uma margem de tolerância: um Dec-Lei 225, ou um Plano Mateus que restabeleça normalidades quando a situação das empresas e do emprego começa a dar sinais de alarme.

Há pouco tempo, tudo mudou. Não as taxas do imposto, como foi prometido, nem um ampla e rigorosa regulação, acompanhamento e controle do Estado ao cumprimento das obrigações fiscais.

 Não falo do que é feito aos “Furacões e Offshores” que sobreviveram sempre com o “piscar de olhos” do Estado. Esses, justa ou injustamente, têm provavelmente dinheiro para pagar. Falo do terrorismo aplicado sobre a classe média e os micro e pequenos empresários.

Para além dos pagamentos por conta de receita que as mais das vezes não se recebeu, dos métodos presuntivos, dos ónus de cobrança de impostos que caberiam ao Estado, etc, etc, etc, agora decidiram estimular funcionários que ganham em função da receita angariada a usar desvairadamente o poder do Estado para impor acções verdadeiramente persecutórias contra os contribuintes e as empresas.

Com ou sem razão, pouco importa, porque nunca serão julgados ou sancionados pela perversidade e consequências de algum mau juízo que tenham feito.

 E como podem reagir os contribuintes e as empresas que não se conformem com uma decisão que sabem que é injusta? Reclamando para o tribunal. Mas, sublinho o mas, pagando primeiro a dívida que têm a convicção de não existir.

Quando o tribunal, muitos anos depois decidir, pode ser que o Estado que recebe mais dos contribuintes faltosos de multas e juros do que do próprio imposto, tenha que devolver o dinheiro indevidamente cobrado, sem qualquer multa, sem qualquer juro e sem qualquer processo disciplinar a quem cometeu semelhante despautério.

No último ano estima-se que a soma destes despautérios tenham fechado 16.000 micro e pequenas empresas e causado prejuízo e sofrimento a muitas famílias, muitas delas sem ter sequer condições de litigar contar o Estado e objecto, esse sim imediato, de penhoras e processos executivos promovidos por meros solicitadores.

Como é isto possível? Como é que um Estado Democrático e de Direito em nome do combate à fraude fiscal que todos desejámos, se permite a este “abuso de posição dominante”e a este putativo “enriquecimento sem causa”?

O desvairado frenesim dos funcionários que neste trabalho por objectivos levam para casa parte da receita “indevida” chega já ao caricato da caça ao recibo do casamento e do baptizado.

Não me admira que as estatísticas venham, daqui a uns anos, a confirmar que existem em Portugal menos casamentos ou nascimentos (como já existem mais divórcios) por razões meramente fiscais...

É caso para dizer que há Santos casamenteiros e outros…. Não!

 

 

António de Souza-Cardoso

Dia do Teatro

O Teatro Nacional de S. João (Porto) ,sob a direcção de Ricardo Pais, é um bom exemplo do bom teatro que se faz em Portugal

 

 

Ontem - quinta-feira - foi o Dia Mundial do Teatro.

O dia foi assinalado em todo o mundo no sentido de promover a Sétima Arte, pelo menos, com a leitura dum manifesto onde se apela à divulgação e incentiva o público a aderir ao Teatro nas suas mais diversas formas de expressão.

A RTP - serviço público - resolveu e bem assinalar o dia.

A intenção foi boa o resultado foi péssimo.

A peça era "miserável", o cenário horrível e o debate que se seguiu nada acrescentou.

A RTP fez o mesmo de sempre com os "amigos" do costume!

Nivelou por baixo!...

Detesto. Repito. Detesto ver "tipos" a falar à moda do Porto.

Ou com a mania de que sabem falar com o sotaque do Norte.

Esse é único, genuíno e inimitável pelos que não são de cá.

Eles lá sabem.

Só porque a peça foi inspirada em textos de Almeida Garrett?!...

Devem-se achar com muita graça e ainda por cima têm-se "em grande conta".

Lá para eles, que por vezes vêm até à "província" fazer umas representações, devem pensar que estão a fazer "chacota" dos tipos do norte.

São uns "parolos". Digo eu...

Outro "pecado" da RTP é o facto de, mais uma vez, "olhar" para o umbigo. Ou seja Lisboa.

Será que não havia programas mais aliciantes?

Claro que sim. Mas não eram em Lisboa. Será que não se podia aproveitar para se mostrar o que se faz em Faro, em Viseu, Bragança, Braga, Porto, Vila Real? Etc , etc ,...

A peça - O Dia das Mentiras, inspirada em duas comédias de Almeida Garrett, com texto de Rui Mendes - apresentada, no Teatro da Trindade, pretendia ser uma comédia que roçava a formula revisteira e, não tenho dúvidas, faria corar de vergonha o grande escritor do Porto e portuense.

Nem um único PIN industrial

 

Estive esta noite a moderar um debate sobre a regionalização, organizado pela Juvetude Popular, em que os palestrantes eram o deputado do CDS/PP Nuno Melo (contra a dita) e Rui Moreira (regionalista convencido depois de ter votado contra no referendo de há uns dez anos anos).

O dr. Rui Moreira surpreendeu-me, a mim e à audiência - maioritariamemte jovem - ao garantir que, segundo os dados na posse da Associação Comercial do Porto, em 2007 não tinha havido um único PIN (Projecto de Interesse Nacional) de cariz industrial aprovado a Norte de Viseu. Nem um PIN industrial a norte de Viseu - garantiu. Quando lhe perguntei pela Ikea, que tem uma fábrica em onstrução em Paços de Ferreira, admitiu que será ainda de 2006 a sua aprovação.

A ser verdade, e o dr. Rui Moreira não costuma falar de cor, aqui está algo que não pode deixar de ser denunciado e que os jornais deviam tratar. Até porque já há os PIN especiais, tal como anunciou Sócrates a propósito do grande investimento da GALP. Por aqui nedm PIN especiais, nem PIN normais.

Claro que este também não é só um problema do Estado e do Governo, é também do dinamismo (ou falta dele) do nosso dinamismo empresarial. E também se sabe que a fábrica da Ikea é quase um investimento do Estado português, comparado com o que vai gastar a casa sueca. Mas com os problemas de emprego que se conhecem no Norte, são necessárias medidas de discriminação positiva para esta região, como já houve para outras zonas do país. Basílio Horta, actual presidente dessa coisa chamada AICEP, que deve tratar destas questões (e que já teve sede no Porto) anda a fazer o quê?

Manuel Queiroz

O problema não é de Lisboa ( 6 )

Caros Bussolistas

 

Nesta segunda feira de Pascoela aqui fica o sexto e último trecho do magnífico texto do meu amigo Manuel Cerqueira Gomes.

 

Bom regresso ao trabalho para todos.

 

O QUE A MACROCEFALIA ESTÁ A PROVOCAR

 

 

O centralismo exacerbado está a provocar um cada vez maior distanciamento das pessoas do Norte relativamente a Lisboa.

 

Muitos de nós alhearam-se da selecção nacional.

 

Movemos montanhas para ir ver um jogo do Porto, mas não alteramos a hora de jantar para ver um jogo da selecção.

 

Temos famílias divididas por causa do centralismo.

 

Nunca senti vontade de ir a Lisboa mostrar aos meus filhos aquilo que os meus Pais me mostraram.

 

Quando me interpelam no estrangeiro de onde sou, respondo – SOU DO PORTO. Podendo completar que é uma cidade situada no Noroeste da Península Ibérica.

 

Não digo que não sou português, mas o que espontaneamente respondo é que sou do Porto.

 

Já ouvi conversas de café onde nortenhos indignados dizem que preferiam ter a capital em Madrid, pois assim seriam muito menos dependentes de Madrid do que são hoje de Lisboa.

 

Ironia da história: toda a região do berço da Nação Portuguesa, refiro-me à zona Norte, é hoje mais dependente de Lisboa do que todas as outras regiões que ficaram sob a alçada de Leão e Castela!

 

Lisboa, que é uma cidade muito bonita, é cada vez menos destino preferencial das pessoas do Norte.

 

Quando nos sobra algum tempo e dinheiro, preferimos, cada vez mais, ir de carro até à Galiza. Onde nos sentimos em casa. A fronteira natural do Rio Minho não é suficiente para nos afastar, se calhar une-nos. Seguramente que a fronteira politica também não conseguiu afastar-nos…

 

Ou então, se houver mais disponibilidade de tempo e de dinheiro, e apesar de todos os boicotes ao aeroporto Sá Carneiro, metemo-nos num avião e vamos a uma cidade europeia por muito menos dinheiro do que o que custa ir a Lisboa de avião.

 

Nós estamos a acordar, será que eles vão acordar a tempo?

Manuel Cerqueira Gomes

Exército  de Salvação Nacional

Batalhão Bússola

Pelotão de Co - Produção

Manuel Serrão

A visão do Guggenheim de Bilbao

 

A caminho de Baquera, um desviozinho para dar a ver às minhas filhas o Museu Guggenheim de Bilbao. Não passei do hall de entrada, porque as minhas filhas não estavam muito interessadas em ver a exposição do surrealismo que está em cartaz.

Junto ao Rio Nervión, numa zona toda ela a ser renovada com parques e novos edifícios com assinatura - um deles, creio que o da universidade, é de Siza Vieira - o Guggenheim impressiona-nos porque atrai o olhar. Toda a gente sabe que desde que foi inaugurado, em 1997, o edifício de Frank Gehry ajudou Bilbao a sair da depressão, continuando a atrair turistas (como era o meu caso). Marcou um ponto de viragem. Há quem ache que aquele edifício podia estar em Las Vegas, como escreveu o escritor inglês JG Ballard. Eu fiquei impressionado, antes de mais. As minhas filhas idem, até com a Puppy de Jeff Koons, o enorme cão de fores à entrada. É um facto que tudo aquilo funcionou e funciona para Bilbao.

 

Mário Rui 

REFORMISMO OU ARROGÂNCIA?

Hoje é Domingo de Aleluia!

Para os que, como eu, são católicos a Páscoa, para além de significar “a loucura do amor de Deus pelo Mundo que criou” como afirmou ontem D. José Policarpo, sugere também o final de um período de reflexão e de balanço que prepara os católicos para um tempo novo, uma vida nova proposta pela Ressurreição.

É com este espírito de balanço que me cruzo também com “pontuações” diversas sobre os 3 anos de governação socialista.

Desde aquele primeiro discurso em que se elevavam os farmacêuticos - pequenos retalhistas que prestam um insubstituível serviço social de proximidade às populações, a lobby poderoso e tentacular que urgia desmantelar, que fiquei desconfiado sobre a genuína motivação deste ímpeto reformista.

 

E desde então, tem pairado na opinião pública e publicada esta interrogação sobre o desempenho do Governo: Determinação ou arrogância? Serviço público ou mero serviço de propaganda?

 

Os exemplos recentes ensinaram-nos alguma coisa a este respeito.

Leio o artigo de ontem do Público do “agudo” Vasco Pulido Valente. A temática é novamente a da Educação depois de, há pouco mais de duas semanas, dois terços dos professores do ensino básico e secundário terem saído à rua, num protesto único na história da democracia portuguesa. Só por teimosia e arrogância se pode falar de manobras partidárias e sindicalistas com uma mobilização deste tamanho, apenas possível porque os professores se sentiram violentados na sua dignidade pessoal e profissional.

 

O artigo de ontem é sobre o episódio de violência no Carolina Michaelis. Pulido Valente fala nos nºs do Observatório de Segurança Escolar: 185 agressões a professores em 180 dias do ano lectivo!!! Será algum dia possível restituir a dignidade e autoridade aos professores? O que esperar de um País que tem que apostar tudo na qualificação dos seus recursos humanos se começa por não acreditar nos principais protagonistas desse desafio quase geracional?

 

Penso na politica fiscal e no monstro em que se pode transformar o poder desproporcionado do Estado em frente a pequenos comerciantes ou contribuintes, esgrimindo com a Lei, o método presuntivo, a mora, a multa ou a penhora, a quem com tanto sacrifício, vai conseguindo manter empregos e pagar impostos que lhes prometeram que iam descer.

Penso na política de saúde desde esse primeiro simbólico discurso e pergunto se depois da guerra com a ANF, com os médicos, as administrações hospitalares e a indústria farmacêutica, ficamos realmente melhores? A política do medicamento resultou em custos mais baixos e melhor acessibilidade? A menos de um Ministro, gastamos menos em saúde, temos melhor e mais efectiva qualidade de serviço?

 

Penso no Aeroporto e percebo que a arrogância do “deserto” e do “jamais” só se vergaram desta única vez porque a CIP e a ACP levantaram a voz de forma independente, mobilizando a opinião pública para uma consenso que não dava margem a outras veleidades.

Penso na guerra comportamental simbolicamente representada pela perseguição ao tabaco e à patanisca.

 

Julgo que 3 anos depois de aplaudirmos o ímpeto reformista deste Governo, temos razões para estar menos confiantes ou optimistas.

 

Qualquer mudança importa sofrimento. E é por isso mesmo que a legitimidade ou a oportunidade da mudança só justificam que esta se enuncie e se proponha. A dor que a mudança sempre suscita exige que esta seja concretizada conscienciosamente. Isto é, com conhecimento perfeito, amplo e absolutamente seguro do saldo positivo entre o que se perde e o que se ganha.

 

Mudar por mudar é um acto de selvajaria cívica, de autoritarismo gratuito próprio de políticos pequenos e inseguros que a história normalmente recordará como ditadores.

 

É curioso que a esquerda portuguesa que nos governa esteja a perder aquilo que lhe é essencial e que poderia ser verdadeiramente distintivo no exercício de poderes públicos – o estímulo da humildade, o apelo à tolerância e o amor à liberdade.

 

Suponho que o desafio maior de José Sócrates até ao final desta legislatura é o de mostrar que pode efectivamente fazer uma mudança de valor na sociedade portuguesa que não ponha em causa estes valores maiores da sua família politica.

 

 

António de Souza-Cardoso

 

 

 

O problema não é de Lisboa ( 5 )

 

Caros Bussolistas

Com votos de uma Páscoa Feliz , aqui fica o quinto capítulo do texto do Manuel Cerqueira Gomes , que tanto sucesso tem granjeado entre os bussolistas mais esclarecidos e tanto azedume tem conseguido junto dos outros do costume.

O FUTEBOL

 

Não faz sentido falar do Norte sem referir o futebol e, muito particularmente, o Futebol Clube do Porto.

 

O Futebol Clube do Porto é o exemplo de que quando queremos, conseguimos.

 

E lá temos o líder que falta em tudo o resto.

 

Quantos de nós já dissemos, ou ouvimos alguém dizer, que o que falta ao Norte é uma voz política como a do Pinto da Costa no futebol?

 

Mas ser-se adepto do FC Porto não é só achar piada à cor da camisola.

 

A propósito,

Dizem-me que, quando criança, levado por alguns familiares por maus caminhos, simpatizei com os lampiões.

 

Era o período áureo. Inícios da década de 60.

 

Um Tio meu, naturalmente que cheio de boa vontade, levou-me, teria eu meia dúzia de anos, ao estádio de Oeiras, julgo que à data Estádio Nacional pois ainda lá jogava a selecção nacional,  ao Estádio de Alvalade e ao Estádio da Luz, onde me terá pendurado em cima duma ave para tirar uma fotografia. O meu Querido Tio, por quem, de resto, tenho um especial carinho, também ele natural do Porto mas emigrado em Lisboa, fez tudo isso cheio de boas intenções, mas penso que os problemas de pele que por vezes me apoquentam estarão relacionados com essas visitas.

 

Hoje ponderaria uma queixa por maus-tratos caso alguém fizesse isso a um meu filho.

 

Na minha adolescência, quando comecei a ganhar consciência das coisas, do que nos rodeia, fiz uma escolha racional pelo Futebol Clube do Porto e iniciei um namoro que, na década de 70, se transformou em paixão.

 

Isto ainda antes de ter cessado o jejum dos 19 anos.

 

Fascina-me ver alguns “portistas” que me são próximos, daqueles que dizem que antes de nascerem já o eram (mas que nos últimos 10 anos ainda não saíram do sofá para ver um jogo do Porto), dizer entre dentes “o gajo em miúdo não era do Porto” como que decretando que eles têm um estatuto de mais “portistas” do que eu. Meus amigos, tudo o que se passou comigo em matéria criminal até à adolescência não releva – ERA INIMPUTÁVEL. Mas, se houver um medidor de paixão, acho que a grande maioria deles ficará mal. Comigo, um empate dá 6 interrupções do sono durante a noite. Uma derrota, nem se fala. O que vale é que o Porto geralmente ganha!

 

Isto tudo para dizer que ser-se do FC Porto é muito mais do que ser só de um clube de futebol….É muito mais do que dizer-mos, em birra de criança, que a cor da camisola do nosso clube é mais bonita do que a do clube do nosso colega de escola ou de que a do clube do nosso vizinho.

 

Vai bem mais fundo do que tudo isso… Tem razões sociológicas associadas. Porventura só os adeptos do Atlético de Bilbau ou do Barça nos compreenderão.

 

Bom, mas, se na década de 60 era natural que a miudagem fosse atrás dos feitos do clube então reinante, também seria natural que desde há 25 anos a esta parte as crianças fossem atrás dos grandes feitos nacionais e internacionais do FC do Porto.

 

Apesar de toda a censura que tem sido feita aos êxitos do Porto, o Porto é, indiscutivelmente, o clube português que mais tem crescido, para além dos outros crescimentos, em matéria de adeptos.

 

O Porto só não é, já hoje, o clube português com mais adeptos, porque existe um branqueamento dos feitos desportivos por parte de toda em imprensa, maioritariamente de Lisboa, que censura as façanhas do Porto.

 

Se as crianças deste País, ao longo dos últimos 25 anos, vissem retratada, nos jornais expostos nos quiosques ao lado das suas escolas, a verdade desportiva, isto é, que os tais jornais nacionais espelhassem nas primeiras páginas os feitos do grande triunfador destes últimos 25 anos, seguramente que mais de 80% desta nova geração seria adepta do Futebol Clube do Porto.

 

Infelizmente, o que vêem as crianças nas tais capas e nos programas desportivos dos canais de televisão (com honrosa excepção do Porto Canal)? Por um lado, e em letras garrafais, o elogio à mediocridade, e por outro, em letras minúsculas, o esconder das façanhas dos melhores.

 

Acho que muitas dessas crianças já se terão lembrado da fábula “o rei vai nu”….

 

E, infelizmente, também no desporto temos mais uma vez o paradigma do centralismo.

 

Vejamos o que Lisboa fez com a selecção nacional.

 

Criaram um seleccionador à moda de Lisboa que escolhe os jogadores para jogarem por Portugal.

 

Para mais, um seleccionador estrangeiro.

 

Que nos recentes anos de ouro do Porto, 2003 e 2004, não se dignou vir às Antas e ao Dragão ver jogos do Porto.

 

Que não explicou aos Portugueses, e muito particularmente aos Nortenhos, a razão pela qual não considerava sequer 3ª opção o melhor guarda-redes português – Vítor Baia.

 

Limitando-se a dizer que era por razões técnicas que o não convocava.

 

Chegando ao cúmulo de não admitir que os jornalistas portugueses, em Portugal e a tratar da selecção nacional de Portugal, lhe fizessem perguntas acerca deste caso.

 

Mas a verdade é que Vítor Baia foi considerado no ano de 2004 o MELHOR GUARDA-REDES DA EUROPA.

 

Ficaram então todos os portugueses a saber aquilo que nós portistas já há muito sabíamos, ou seja, que não era por questões técnicas que o Vítor Baia não era convocado.

 

E então quais foram essas razões?

 

Nós só queríamos, e queremos, saber quais! Acho que somos pessoas razoáveis para compreender a decisão caso nos fossem explicadas as razões que, naturalmente, teriam de ser MUITO FORTES.

 

ESTÁ POR EXPLICAR E NÓS NÃO NOS ESQUECEMOS.

 

Deixo aqui a seguinte pergunta:

Se o Vítor Baia fosse o guarda-redes de um dos clubes de Lisboa e aparecesse um seleccionador brasileiro que, sem motivo aparente e contra uma realidade evidente (era o melhor), o deixasse de convocar, o que aconteceria?

 

Quantas vezes teria ido Gilberto Madail à Assembleia da República, dar explicações acerca disso ?

Manuel Cerqueira Gomes

Exército de Salvação Nacional

Batalhão Bússola

Pelotão de Co Produção

Manuel ~Serrão

Há um novo "perfume". É o Cheiro a Pólvora

1) O Cheiro a Pólvora é um novo blog do SAPO da autoria do jornalista da RTP, Luís Castro que promete "arrasar" com os seus posts   efectuados em cenários de guerra.

Devo, neste momento, fazer uma declaração de interesses. Sou amigo, de longa data, do Luís Castro e reconheço nele competência e essencialmente muita dedicação ao jornalismo de guerra.

O Luís Castro chegou ao jornalismo, se bem me recordo, pela tropa quando estava, nos Açores, na Força Aérea.

Depois foi a Rádio Nova e logo depois a RTP.

Depois é o que se sabe.

Não me parece que, como muitos de nós, desde "pequenino" queria ser jornalista.

É um tipo muito curioso. "Metido" no bom sentido da palavra. É assim uma espécie de "pau para toda a colher".

Quando começou queria era trabalhar. Fazer coisas. Não virava a cara à luta. Importante era fazer. Dignificar o serviço. Dar-lhe a volta. Valorizá-lo. Pensava. Propunha. Realizava.

E as nossas reportagens para o Sem Limites?!...Eram o máximo!...

Foi sempre uma pessoa muito disponível.

Nunca percebi de onde é que lhe vinha a "mania" das guerras. Mas gostava de se meter nos "barulhos".

À conta disso já passou maus momentos como o vivido na Guiné...

Já teve que ser "resgatado"... e insiste.

De guerra em guerra lá vai  fazendo a sua carreira e a Silvinha aqui com o coração nas mãos.

O Luís Castro pode trazer para este mundo dos blogs o outro lado da coisa. Ou seja: como é fácil, em fim de semana que até é prolongado, eu estar a escrever confortavelmente este post no sofá e ao mesmo tempo alguém que não tem "sossego"- está num cenário de guerra - a partilhar o mesmo espaço.

É incrível .

2)Aproveito para desejar a todos uma BOA PÁSCOA

 

O jornalismo é um lugar estranho

Calculo que durante os 18 anos que estive o Expresso participei em 1500 reuniões com gente de Lisboa.  Apenas recordo um único incidente desagradável dessas 500 ou 600 horas de reunião.

Não me lembro do tema mas a discussão acalorada atingiu o clímax quando um colega meu, à época subdirector, desatou a gritar comigo e pôs um ponto final na sua argumentação berrando: «Era o que me faltava agora vir um gajo do Porto dar-me lições sobre jornalismo!».

O director adjunto que dirigia a reunião teve a arte de serenar os ânimos. E o subdirector exaltado teve a humildade de me telefonar, à tarde, a pedir-me desculpa do sucedido, evitando com este gesto bem educado que o incidente da manhã envinagrasse a nossa boa amizade.

O incidente ficou sepultado, mas passei a estar consciente que a minha denominação de origem geográfica atenuava a credibilidade das opiniões que expresso.

Lembrei-me deste episódio há pouco mais de um mês, quando participava numa sessão dos Olhares Cruzados sobre o Porto (uma louvável iniciativa do Público) e o presidente da Associação Comercial do Porto se lamentou dos tiques centralistas dos lisboetas.

Explicou Rui Moreira que a decisão da sua associação de encomendar um estudo sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa foi recebida com desdém na capital.

Perguntaram-lhe o que é nós, do Porto, tínhamos a ver com o assunto, como se a nossa condição de portuenses nos inibisse de nos pronunciarmos sobre questões com epicentro a sul de Aveiro – o que até poderíamos aceitar se o dinheiro dos nossos impostos fosse apenas usado para financiar investimentos públicos a norte de Aveiro.

Augusto Santos Silva, que tinha dado o pontapé de saída na discussão, não poupou nas palavras quando se tratou de concordar com Rui Moreira. Disse que, por ser do Porto, era «vítima de racismo» em Lisboa e documentou a afirmação.  Na escolha de Guilherme Costa para presidir à RTP foi acusado de estar nomear «os amigalhaços do Porto».

Os exemplos dados destes «racismo» foram vários, designadamente a revolta escrita de Fernando Rosas quando da decisão de instalar no Porto o Centro Português de Fotografia («E como é agora? Temos de ir ao Porto quando precisarmos de consultar os arquivos?!!», indignou-se o bloquista) e a frieza com que Isabel Pires de Lima  foi recebida na capital  - «Era preciso ir ao Porto para arranjar uma ministra da Cultura?».

A palavra empregue ( racismo) pode ser forte, mas ilustra bem a situação. E já agora deixem-me dizer uma das coisas que me mais me meteu impressão.  O ministro dos Assuntos Parlamentares queixa-se de ser vítima de racismo por ser do Porto, perante uma plateia cheia de jornalistas mas ninguém achou relevante reportar isso aos leitores dos seus jornais.

Na semana passada, Santos Silva voltou a dizer a mesma coisa aos microfones do Rádio Clube. Mais uma vez ninguém achou importante publicitar esta queixa e  (por exemplo)  perguntar as outros portuenses que vivem e trabalham em lugares de destaque, em Lisboa, se também eles se sentem descriminados.

O jornalismo é um lugar estranho.

 

Jorge Fiel

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

Esta crónica foi publicada esta semana no diário económico Oje (www.oje.pt)

 

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