Em causa estava, no processo agora arquivado, um jogo entre o FC Porto e o Estrela da Amadora arbitrado por Jacinto Paixão.
O Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu hoje não levar a julgamento o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, no processo Apito Dourado relativo ao jogo FC Porto-Estrela da época 2003/04, conhecido como o "Caso da Fruta".
Os co-arguidos Reinaldo Teles, António Araújo, Jacinto Paixão, Manuel Quadrado e José Chilrito também não foram pronunciados pelo juiz de instrução criminal (JIC) Artur Ribeiro.
O Ministério Público sustentava que teriam sido fornecidas prostitutas à equipa de arbitragem e que lhe teria sido propiciado um jantar como contrapartida por violação das regras de jogo, mas o JIC entendeu que "só ficcionando ou conjecturando" se encontraria "nexo de causalidade" entre os factos.
Considerou também que não houve violação de regras no jogo FC Porto-Estrela, de acordo com as perícias, nomeadamente em lances capitais.
Nem sequer ficou provado que o JP a que se aludia em telefonemas escutados a Pinto da Costa fosse Jacinto Paixão, uma vez que o próprio presidente portista associou as siglas a Joaquim Pinheiro, outro dirigente do clube.
O magistrado afirmou que as escutas realizadas no âmbito do "Apito Dourado" não poderiam ser consideradas para este processo específico.
O JIC ordenou o envio ao DIAP certidão das declarações prestadas, em sede de instrução, pela testemunha Carolina Salgado, com vista a eventual procedimento criminal por testemunho agravado falso.
Cruzando o teor das escutas e dos depoimentos recolhidos, o magistrado concluiu que Carolina Salgado não podia comprovar, ao contrário do que afirmou, que Pinto da Costa e o empresário Araújo tinham conversado telefonicamente sobre a contratação de prostitutas para a equipa de arbitragem do FC Porto-Estrela, liderada por Jacinto Paixão.
Já em fase de instrução, Vítor Baía e Jorge Costa terão confirmado ao JIC que um telefonema do empresário António Araújo a Pinto da Costa no dia do jogo ocorreu cerca das 13h00, quando o dirigente portista se encontrava num hotel, a almoçar com os jogadores.
Carolina Salgado tinha dito que a conversa, escutada pela Polícia Judiciária e em que as partes se expressaram em código, teria ocorrido quando Pinto da Costa se encontrava consigo no estádio do clube.
Carolina disse também que Pinto da Costa lhe confidenciou, no final da conversa, interpretando o sentido do telefonema, que António Araújo "ia contratar prostitutas para o Jacinto Paixão", árbitro do jogo e co-arguido neste processo.
Um telefonema anterior a essa conversa (11h30) e outro posterior (15h00), ambos de Carolina Salgado para Pinto da Costa, confirmam, contudo, que a ex-companheira do dirigente portista não estava junto dele para poder ouvir o alegado relato, nem o escutou via telemóvel.
O processo FC Porto-Estrela foi reaberto pela equipa de Maria José Morgado, depois de ter sido arquivado por falta de provas, na sequência de declarações da ex-companheira de Pinto da Costa, Carolina Salgado, que terá confirmado as suspeitas de corrupção naquele jogo.
O processo "Apito Dourado", que incluiu investigações a alegados casos de corrupção e tráfico de influências no futebol profissional português e na arbitragem, foi desencadeado a 20 de Abril de 2004 com a detenção para interrogatório de vários dirigentes e árbitros de futebol.
Fonte Expresso
O que dirá agora o "impune" Platini, que chamou ao F.C.Porto batoteiro por causa do processo Estrela de Amadora?
Quanto ficou ao erário público a reabertura deste processo, com a equipa da Dra.Maria José Morgado? Quanto ficou ao senhor Luís Filipe Vieira esta atitude de inveja e anti patrotismo? E como devem estar aqueles que sonhavam ir à Liga dos Campeões via secretaria?
O Norte está vivo!
Hoje, para comemorar, vou jantar:
"Vieiras recheadas acompanhadas com arroz Carolino de Pinhões e Morgados do algarve à sobremesa"
Quando na “roda da Bússola” dividimos os dias em que cada um deveria editar o seu post, achei perfeito que me tivesse calhado o Domingo porque, mais tranquilamente do que no meio do afogadilho da semana de trabalho, poderia dar o meu modesto contributo nesta determinada defesa do Norte,
Assim fiz, disciplinadamente, desde então, interrompendo o descanso que o Domingo sugere para este higiénico e estimulante exercício.
Assim me preparava, há pouco, para fazer aproveitando a pequena e abençoada fresca que se abriu nesta canícula dominical.
Hesitava em falar de Scolari que pelos vistos não nos enganou apenas um vez fingindo ser um treinador técnica e tacticamente dotado, mas antes duas vezes porque aparentemente, sempre teve boa técnica para fintar o Fisco português. Ou do TGV que se calhar não se fará para já, não porque Ferreira Leite protestou ou porque a crise é tamanha, mas porque a Espanha decidiu adiar a construção do troço Madrid-Badajoz. Ou ainda sobre a forma como um velho Senhor do Futebol chamado Luis Aragonés, construiu, ao contrário de Scolari, uma equipe campeã, em que o colectivo é ainda melhor que os bons jogadores que o constituem.
Mas no meio desta hesitação tropecei com a notícia da morte, aos 94 anos, do conhecido escritor egípcio Albert Cossery. O escritor que desprezava o trabalho, viveu em Paris desde os 32 anos e foi contemporâneo de Camus e Alberto Giacometti.
Foi um boémio a vida inteira e conseguiu ter uma existência digna num Hotel de Saint-German des Prés, escrevendo à estonteante velocidade de 2 frases por semana, o que resultou em 8 livros de dimensão mediana, escritos em 60 anos de actividade literária.
O Génio de “Mendigos e Altivos” não se limitava a elogiar a preguiça, era preguiçoso mesmo.
Por isso em Sua homenagem resolvi, neste quente domingo, fazer este "post preguiçoso".
No próximo Domingo, cá estarei, disciplinadamente, com o "post trabalhador" do costume.
Uma vez mais outra desilusão, tanto esforço de todos os jogadores e a escolha de Felipão acaba por destroçar toda a ilusão de uma boa equipa.Só Felipão não vê que o Ricardo não sabe , situar-se nem mover-se. Se tivessemos um bom guarda redes( e não era necessário ser muito bom) tinhamos passado a seguinte fase.
Já no Euro disputado em Portugal, perdemos por um erro grosseiro do Ricardo num canto...
Andou este Felipão a enxovalhar uma figura nacional ao nível de desporto, como foi Baía,a favor de alguém que nos enterrou tanto o ano passado como este ano.
Resumindo, não se ganhou nada, venderam-se bandeiras e o felipão ganhou muito dinheiro............"e o burro sou eu"
Vi ontem um sorridente Durão Barroso a ser entronizado, no Palácio da Bolsa, como membro do Cancelário da Confraria de Vinho do Porto – O “clube” português que reúne mais Chefes de Estado e de Governo e que agora conta com o Presidente da Comissão Europeia, ex-Chefe de Governo e, quem sabe se futuro Chefe de Estado (porventura só não se saberá quando?).
Durão Barroso, e Margarida Sousa Uva (nunca um nome se ajustou tão bem a uma cerimónia…) passearam jovialmente pelo Palácio da Bolsa e pela Alfandega do Porto, onde mais tarde se realizaria a Jantar e Gala do Vinho do Porto.
Este ar distenso e entretido que o Presidente da Comissão, de tamboladeira ao pescoço, manifestava no Porto, contrastavam francamente com a depressão e a preocupação política que o Tratado de Lisboa lhe tem trazido.
Pensei na ironia de os seus dois anfitriões do dia de ontem, Rui Moreira no Palácio da Bolsa e Carlos Brito na Alfandega, liderarem as manifestações de repúdio á intolerável pressão exercida sobre os Irlandeses para a manutenção do Tratado de Lisboa. Julgo que os promotores deste Movimento espontâneo têm toda a razão quando afirmam que “quando a França vota não, a França fica e muda-se o Tratado – quando a Irlanda vota não, fica o Tratado e muda-se a Irlanda”.
A verdade é que, qualquer que seja a evolução futura, a estória do Tratado de Lisboa não deixa de constituir mais um forte revés no modelo de Europa preconizado teimosamente pelas principais famílias políticas europeias. E um forte motivo de frustração para o Presidente da Comissão Europeia, o português e lisboeta mais comprometido com o avanço do modelo referido.
Lisboa e o seu Tratado que consagrariam, ainda que simbolicamente a “Europa Politicamente Correcta”, acabaram por trair o sulista e elitista Presidente da Comissão que, a julgar pela disposição de ontem, parece estar a dar-se melhor com os ares e os sabores do Porto.
Sempre achei que é uma seca jogar ao Monopólio. Demora uma eternidade, é desprovido de emoçãos e não exige muito das nossas celulazinhas cinzentas. Outra coisa não seria de esperar de um jogo inventado por um vendedor de aquecedores desempregado.
Se Charles Darrow fosse um tipo realmente genial teria criado um jogo de sociedade excitante e nunca teria vendido por tuta e meia os direitos do Monopólio à Parker Brothers, sem acautelar o direito de receber royalties por cada caixa vendida.
Para se ganhar ao Monopólio não é preciso ter um Belmiro de Azevedo. Baste seguir uma táctica tão simples como as de Scolari. Compramos todas as ruas, empresas e estações ferroviárias que podemos. Rezamos para não irmos parar à cadeia, não termos de pagar impostos e não sermos obrigados a passar pela casa de partida sem receber os correspondentes dois contos.
A única arte que o Monopólio nos exige é sermos hábeis na negociação para a troca de propriedades que nos habilite a construir rapidamente casas e hotéis nas ruas mais caras – Rossio, ruas Augusta e do Ouro e avenida da Liberdade – para desgraçarmos. os adversários que tenham a infelicidade de lá cair e por isso serão condenados a pagar rendas proibitivas, encaixe que aplicaremos imediatamente na edificação de mais casa e hotéis.
Crescer, crescer, crescer a todo o custo e sempre, é a lição número um do Monopólio. É uma lição grande, mas não é um grande lição. Trata-se de um mau conselho.
A vida não é como jogar ao Monopólio. A vida incorpora bastante bluff, um pouco de batota, muito instinto e ratice, alguma temeridade, uma enorme capacidade de arriscar e ser capaz de lidar com grandes doses de incerteza. A vida real é muito mais parecida com o Poker do que com Monopólio.
Infelizmente a receita para o sucesso está muito mais para além do que simples conjugação do verbo crescer.
Custa-me muito ver que há muitas e boas empresas portuguesas que estão obcecadas com a ideia do crescimento, que não pensam noutra coisa senão em ganharem dimensão, negligenciando a rentabilidade e o módico de prudência que é indispensável guardar nesta conjuntura de grave crise e incerteza a nível internacional.
Este não é o tempo para acelerar. Nós não estamos a viajar numa auto-estrada com três pistas e sem trânsito, mas sim numa estrada estreita, cheia de buracos, curvas e contra- curvas perigosas e pejada de automóveis, alguns dos quais estão a ser conduzidos por gente imprudente. Por isso, temos de estar com os cinco sentidos bem aguçados e com o pé junto ao travão. Para não nos estampar-nos.
Quando escrevo sobre o Porto faço-o muitas vezes para referir toda esta zona ou a sua grande área metropolitana.
Talvez seja um erro. Admito. Pode parecer um complexo "porto centrista" mas não o é.
Entendo até que esse é um caso a ser bem pensado e digerido num futuro quadro de Regionalização.
Não podemos minimamente correr o risco de substituir o poder centralista do Terreiro do Paço por um outro emanado dos Aliados.
Feito este ponto prévio passo ao assunto que me leva hoje a escrever no Bússola.
Num post bastante longínquo escrevi sobre o Tâmega e Sousa, aqui mesmo ao lado da grande cidade, como sendo das zonas mais deprimidas do nosso país.
Fi-lo porque os indicadores eram evidentes, porque conheço pessoas da região e que me dão nota dos graves problemas sociais em que estão mergulhadas milhares e milhares de famílias.
O caso é sério. Deve merecer a atenção solidária do país e como disse na altura justifica um plano de emergência como houve em tempos para a Península de Setúbal e Vale do Ave.
Há novas formas de pobreza em Portugal. Daquela que não se dá conta. É uma pobreza envergonhada provocada pelo desemprego, pela precariedade do emprego e pelos baixos salários, pelo envelhecimento da população e até movimentos migratórios.
Os números são terríveis em 470 mil habitantes há mais de 20 mil desempregados isto a juntar ao facto de haver pessoas que ganham menos 350 euros/mês do que a média nacional.
O diagnóstico/estudo foi debatido num encontro promovido pela Rede Europeia Anti-Pobreza liderada pelo Padre Jardim Moreira que tem um passado irrepreensível na luta e defesa dos mais desfavorecidos.
Em causa estão oito concelhos - Amarante, Baião, Felgueiras, Lousada, Marco de Canavezes, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel.
Estranho é o facto de alguns nem terem ido ao encontro e só um estar representado pelo seu Presidente da Câmara.
Uma palavra para José Luís Carneiro único Presidente de Câmara que marcou presença e que é a excepção que vem dar razão ao desabafo do Padre Jardim que disse ser este comportamento "significativo da importância que o poder político dá às questões da pobreza".
A UEFA anunciou esta segunda-feira que o FC Porto será admitido na edição 2008/09 da Liga dos Campeões e que o caso já não será reapreciado pela Comissão de Disciplina do organismo antes do início da competição.
'O caso não será analisado pelo Conselho de Justiça da Federação portuguesa antes do início da Liga dos Campeões e, por isso, não será analisado pela Comissão de Controlo e Disciplina', revelou um porta-voz da UEFA.
Como disse Miguel Guedes " esta decisão vem condenar os infelizes abutres de secretaria, que pairavam sobre um corpo que julgavam cadáver, que não conseguem vencer em campo"
Como podem pessoas, como António Pedro Vasconcelos e Bagão Félix, defenderem a ida do Benfica para as pré-eliminatórias, via secretaria?
Esse direito ganha-se no campo, por mérito e não por estar a 23 pontos do F.C. do Porto, ganha-se com Organização e Liderança.
Como pode um clube como o Benfica ter uma atitude tão antipatriota em todo este caso, agora não dá para esconder nem sequer ser hipócrita, jogue com quem jogar aqui ou lá fora serei sempre contra o Benfica, assim como serão todos ou quase todos os portistas....não dá para esconder mais......são uns ratos, passam a vida a fugir, atiram a pedra e escondem a mão...
Esta atitude do Benfica mostra a fibra do seu presidente, como não tem projecto, como não tem resultados anda como abutre a ver se come qualquer resto que fique por aí.
Se isto fosse ao contrário, isto é o F.C.Porto a fazer a figura do Benfica, deixaria de ser sócio e ter orgulho no meu clube, teria uma vergonha imensa...
Quanto a Madaíl, também não ficou bem na fotografia, colocou em cheque um clube além de seu filiado é a maior referência do nosso futebol a nível internacional, é urgente saber o que se passou.
Já não quero falar desse palhaço de seu nome Platini que se julga um imaculado e um líder da transparência e da seriedade.
Agora o que interessa é saber os clubes que nos vão sair, comprar o meu lugar anual e desfrutar de grandes jogos......em relação ao Benfica é ter fá para sair logo na primeira eliminatória
Um dos ícones mais relevantes e expressivos da nossa condição de nortenhos está certamente associado ao vinho.
Não só à esperta alegria que proporciona e que nos ajuda a olhar a vida de frente e com gratidão, mas principalmente a tenacidade, o heroísmo e o espírito empreendedor que nos caracterizam e que foram necessários para remexer, daquela forma tão impressiva, as entranhas rudes de uma natureza erguida inospitamente nas arribas do Douro.
E é este Douro Património Mundial da Humanidade que apenas se curvou á têmpera nortenha, a principal testemunha da nossa força e do nosso carácter. Que em sinal de respeitoso reconhecimento nos homenageou com um vinho único no Mundo - O Vinho do Porto que é certamente uma das mais inigualáveis dádivas da Mãe Natureza.
Esta "Ode" ao Vinho, e em especial ao Vinho do Porto, vem a propósito das habituais Comemorações da distinta Confraria de Vinho do Porto que sob a segura batuta de Francisco Olazabal, inicia as suas habituais festividades no próximo dia 21 de Junho, entronizando como novo Confrade, para além do Presidente da Federação Suíça, o Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Esperemos que Durão Barroso, ironicamente à altura, o símbolo do sulismo e do elitismo que Filipe Menezes denunciou, perceba bem o significado desta distinção e a responsabilidade de promover politicas europeias que protejam as denominações de origem e combatam (com maior afã que a nossa ASAE) todas as tentativas de apropriação do nome ou de desleal contrafacção.
Para que neste seu triunfante caminho, o nosso “Cherne” perceba bem o valor da Água do Douro que se transformou, com o labor e o carácter das gentes do Norte, naquele que muitos consideram o melhor Vinho do Mundo.
É oficial. Os cemitérios passaram a estar mais animados do que as maternidades. Em Portugal, no ano passado -e pela primeira vez desde a terrível epidemia de gripe espanhola de 1918 -, morreu mais gente do que nasceu.
O recuo demográfico não é bom para a economia e não me espanta. É um péssimo negócio ter filhos. E eu sei do que falo porque tenho três filhos que adoro mas que arruinaram qualquer hipótese de atravessar esta vida financeiramente desafogado.
Calcula-se que um filho custa em média entre 300 a 500 euros por mês. Fiz as contas, somei os 95 meses do João com os 339 do Pedro e os 422 e os 422 da Marianae conclui que a minha cruzada particular contra a quebra da taxa da natalidade me custou até agora entre 268 mil e 448 mil euros. É muito dinheiro.
O retorno deste investimento, o maior que fiz em todaminha vida, é muito problemático numa sociedade como a nossa em que os filhos são o sol em torno do qual giram os pais.
Além de nos consumirem uma apreciável quantidade de dinheiro, os filhos condicionam a escolha dos locais para férias e toda a nossa vida social. Desde bebés que se habituam a ser uns ditadores do lar, que choram e amuam se não lhes fizermos logo as vontades.
Depois crescem e passam a olhar para nós como se fossemos caixas Multibanco ambulantes e privativas, sem limite de levantamentos. E, não raro, já marmanjões, com o curso feito, teimam em não desamparar a loja paterna.
Nem sempre foi assim. Durante séculos, as crianças contribuiram para a economia familiar, guardando rebanhos ou apanhando batatas. Depois, a Revolução Industrial atirou-as para as fábricas e as minas, até que no século XX foram inventados os conceitos de infância, ensino obrigatório e a pílula. Resultado: nunca na história da Humanidade os filhos foram tão inúteis e tão adorados.
Num tempo em que a marca de água é a solidão, o eventual rendimento em afecto do pesado investimento em fazer e criar filhos é demasiado curto -a não ser que nos calhe na rifa sermos pais de um Cristiano Ronaldo...
Como a principal riqueza de um país são os seus habitantes, faz parte das atribuições do Governo criar condições para que seja bom negócio ter filhos. O que significa, entre outras coisas, facilitar a vida aos pais trabalhadores (criando, por exemplo, um rede de creches com horários alargados compatíveis com as exigências actuais do mercado de trabalho) e tornar fiscalmente atractivo ter filhos -neste último particular recomendo a leitura atenta da legislação nórdica.
Se não se fizer isso, não tardará muito a que o português se junte ao lince da Malcata na lista das espécies em vias de extinção.
Aprendi com um anúncio de televisão da Swatch que um minuto nem sempre é um minuto – ou se quiserem que há minutos mais iguais que outros.
Tendo como banda sonora a fantástica voz de Midge Ure cantando “Breathe” , o anúncio mostrava-nos que quando estamos aflitinhos para fazer chichi os 30 segundos demoram muitíssimo mais tempo a passar do que quando partilhamos o elevador com uma sósia da Scarlett Johanssen enfiada dentro de um vestido justo e curto.
O tempo varia não só em função das situações que mede, mas das pessoas que dispõem dele e da actividade que exercem.
Na final da Champions, que durou 120 minutos, Cristiano Ronaldo teve a bola nos pés apenas 1m59s. Menos de dois minutos de intervenção chegaram para fazer dele o jogador mais valioso da mais importante competição europeia, a quem o Real Madrid acena com um contrato em que ganhará mais numa semana do 9,9 milhões de portugueses receberão durante o resto das suas vidas.
No debate entre os quatro candidatos à liderança do PSD, a TVI atribui 12 minutos exactos para cada um deles expor as suas ideias, um tempo aparentado ao que foi concedido no mesmo horário televisivo a José Castelo Branco e outros pândegos do Big Brother.
É tudo uma questão de tempo. Ao encurtar para 30 dias o prazo de reembolso do IVA às empresas da construção civil, o Governo está a aliviá-las de encargos com juros.
Se o tempo é mesmo dinheiro, devíamos aprender a saber geri-lo melhor para evitar desperdícios.Não saber trabalhar é um das principais causas da fraca produtividade que debilita a nossa economia e prejudica a sua competitividade.
Numa edição antiga da Fortune, li a história de sucesso de uma empresa que se dedica a arrumar a secretária de executivos. Os seus colaboradores são consultores especializados, que reúnem todas as informações sobre o processo de trabalho e necessidades do cliente para depois lhe proporem um plano de organização dos papéis e documentos no tampo e gavetas da sua secretária. O objectivo é poupar-lhes tempo.
A Universidade ensina-nos quase tudo - menos a saber trabalhar. E a maior parte das empresas ainda não reparou que tem tudo a ganhar em preencher essa lacuna e fornecer formação nesta disciplina aos seus recursos humanos.
Há imensas pessoas nas nossas empresas cheias de qualidade e de boa vontade que só não são mais eficazes porque ainda ninguém lhes ensinou a distinguir o que é urgente do que é prioritário e não aprenderam que agir é sempre melhor que reagir.
No desporto, os atletas de alta competição são treinados para conseguir realizar a melhor “performance” em menos tempo – e submetidos a cargas horárias doseadas cientificamente para evitar lesões.
Nas empresas, os trabalhadores devem ser preparados para serem eficazes, produzindo mais e melhor em cada vez menos tempo – e submetidos a cargas horárias razoáveis para evitar ”stress”e a “depressão”.
Se o tempo é dinheiro porque é que teimamos em desperdiçá-lo? Ninguém anda aí pelas ruas a espalhar notas de 20 euros, pois não?