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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Um cavalheiro de Coimbra que deve pensar aquilo que diz, mas não diz tudo o que pensa

Imagem do cavalheiro em quem se malha, obtida a partir de uma fotografia tipo passe, sem grande qualidade, sacada na Net

O vice-presidente do PSD que se celebrizou ao declarar que a Regionalização é uma armadilha para os portugueses é mestre e doutor em Ciências Jurídico-Civilistas, professor em Coimbra e foi juiz do Tribunal Constitucional.

Sendo pessoa com estudos, Paulo Mota Pinto resolveu elaborar pensamento em suporte da declaração:

“Eu acho que num momento de crise, grande, económica, não é altura adequada para lançar esse debate. É um debate que vai dividir os portugueses. Neste momento, deveríamos concentrar-nos no essencial. Não é aí que vai estar a saída para a crise”

Creio que os trabalhadores das empresas europeias apoiadas financeiramente pelos governos regionais, neste momento de crise – contornando a inibição imposta por Bruxelas aos governos centrais –, não partilharão a ideia de Mota Pinto.

E desconfio que quando ele fala num “debate que vai dividir os portugueses” poderia ir um bocado mais longe e ter dito um “debate que vai dividir os portugueses votam no PSD” - que ficará um partido ainda mais partido se o referendo da Regionalização avançar e os seus dirigentes e militantes forem obrigados a escolher a sua trincheira.

Paulo Mota Pinto pensa o que diz, mas, lamentavelmente, não diz tudo o que pensa.

Jorge Fiel

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Três excelentes razões para não votar PSD

 

“A Regionalização é uma armadilha para os portugueses”, declarou um cavalheiro de Coimbra chamado Paulo Mota Pinto que é vice-presidente do PSD.

Este Mota Pinto não está contra a corrente dominante no seu partido.

Manuela Ferreira Leite, a regente actual dos laranjinhas, é uma opositora tão fervorosa da Regionalização  -  eu até suspeito que se benze murmura “cruzes canhoto” quando ouve esta palavra maldita.

Pedro Passos Coelho, que vai ser o próximo presidente do PSD, também é um cruzado contra a reforma administrativa do país.

Eis três excelentes razões para não votar PSD.

Jorge Fiel

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A unanimidade nem sempre é consensual

 

Groucho, o segundo mais genial de todos os Marx

Quando ouvi na rádio o ruído da marcha atrás metida por José Sócrates na questão da Regionalização, veio-me logo à cabeça o fantástico nonsense de uma das frases predilectas do meu amigo e colega Valdemar Cruz: “a unanimidade nem sempre é consensual”.

Alega o primeiro-ministro que só avançará com um novo referendo sobre a Regionalização depois de ter verificado a existência de um consenso alargado no país, que lhe dê garantias que o Sim triunfará.

Cheirou-me logo a desculpa de mau pagador. O PS não esperou pelo ámen do Cardeal Patriarca e da São Caetano para avançar com o segundo referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez.

Porque será que agora tem de esperar por um consenso impossível com a liderança laranja para avançar com um novo referendo sobre a Regionalização?

Será que Sócrates está a tentar fazer concorrência a Groucho Marx, quando este, num genial exercício de humor circular, explicou que não podia ser sócio de de um clube que o aceitasse como sócio?

Jorge Fiel

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Não quero ter de viver mais 82 anos

Os cabecilhas da revolta do 31 de Janeiro

Não tem aparecido na lista dos grandes investimentos públicos, onde as estrelas são as linhas de TGV e o aeroporto de Alcochete.

Mas a reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa tem já garantido um financiamento gordo de 400 milhões de euros. Só o Turismo de Portugal entra com 70 milhões.

A lavagem da cara da marginal da capital, que contempla enterrar o comboio da linha de Cascais no troço entre o Museu da Electricidade e o Centro Cultural de Belém, vai ser a grande obra comemorativa do centenário da República.

No Porto, continuo sem saber notícias do concurso internacional aberto para reabilitar os 3,5 quilómetros da marginal do Douro.

Desconheço se há ou não projecto aprovado, quando vai custar a empreitada e quem a vai pagar – e mesmo se o Turismo de Portugal está disposto a dar uma ajudinha ou vai gastar a nota toda em Belém.

Só espero que não estejam à espera das comemorações do bicentenário da revolta do 31 de Janeiro de 1891, o primeiro levantamento armado contra a Monarquia, que teve o Porto republicano como berço.

Não quero ter de viver mais 82 anos para ver a marginal do Douro remoçada.

Jorge Fiel

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Vou passar a comprar “O Jogo”

O chefe Nuvem Sentada era já bastante velho quando morreu, no final do Verão, deixando os destinos da nação Comanche nas mãos do neto, Língua Irrequieta, um jovem desempoeirado mas inexperiente.

Só quando o Outono já ia alto, e o Conselho de Velhos lhe perguntou se os membros da tribo deviam começar a cortar lenha, é que Língua Irrequieta se apercebeu que decidir sobre o aprovisionamento de madeira fazia parte das suas novas funções. Disse-lhes que sim, que começassem a cortar.

Quando, passados 15 dias, voltou a ser confrontado com a mesma questão, já estava habilitado a decidir com base em informações. Telefonara para o Instituto de Metereologia que lhe falara de um Inverno com grandes massas de ar frio. Foi rápido na resposta: os irmãos deviam continuar a agir como valentes lenhadores.

Duas semanas depois, os velhos perguntaram de novo: “O grande chefe acha mesmo que o Inverno vai ser assim tão frio que a lenha já cortada não chegará para nos aquecer?”. Lingua Irrequieta disse que sim: Que sempre era melhor que, no final do Inverno, sobrasse lenha do que se faltasse. Mas ligou para a Metereologia, a saber se se confirmava que o Inverno ia ser anormalmente frio.

“Tudo leva a crer que sim, meu amigo. Os sacanas dos índios continuam a a cortar lenha como doidos!”, declarou-lhe o cientista.

Esta anedota dos índios, que me foi contada pelo meu amigo Antas Teles, ajuda-nos a perceber o processo de formação de um pensamento único em circuito fechado.

As causas produzem efeitos, que se transformam em causas nesta sociedade em que a informação se propaga a uma velocidade supersónica.

Alberto da Ponte contou noutro dia um episódio revelador de como se reproduz numa perigosa espiral esta “crise que só se vive uma vez na vida”  - que Basílio Horta compara a um “tremor de terra”, enquanto Ricardo Salgado fala de uma “tempestade”  (curioso que ambos atirem para a Natureza as culpas de uma situação que é da responsabilidade da ganância humana).

Um amigo médico, sportinguista como ele, contou ao CEO da Centralcer que, apesar de não sido afectado pela crise, deixara de comprar dois diários desportivos: “Por causa da crise, passei a comprar só um”.

Neste momento, em que o medo – o medo de consumir, o medo de decidir e o medo de falhar – se espalhou como uma epidemia e está instalado, vale a pena relembrar as sábias palavras de Roosevelt (que tirou os EUA da Grande Depressão), no primeiro discurso presidencial:

“Esta Nação, aguentará como aguentou, ressuscitará e prosperará. Por isso, antes de mais, deixem-me afirmar a minha firme convicção de que a única coisa que devemos ter medo é do próprio medo – do terror sem nome, irracional, injustificado, que paralisa os esforços para converter a retirada num avanço”.

Eu, que não comprava qualquer jornal desportivo, decidi que vou passar a comprar “O Jogo” todos os dias. Fico à espera que os meus amigos e conhecidos pensem o seguinte: “ Se o fonas do Fiel, que toma nota num papel de todas as despesas que faz, voltou a consumir, já podemos voltar a jantar fora pelo menos uma vez por semana…!”.

Jorge Fiel  

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Esta crónica foi hoje publicada no Diário de Notícias

 

Um dia a ponte vem abaixo

 

Se me perguntarem qual é a ponte mais bonita do Porto, eu começo por hesitar, mas acabo por responder que é da Arrábida.

Mas ninguém no seu perfeito juízo pode ignorar a elegante beleza e infinita importância da ponte Dona Maria Pia, que ocupa um lugar de destaque, logo a seguir à Torre Eiffel, em todas as publicações internacionais dedicadas à obra de Gustave Eiffel.

Pois a ponte Dona Maria Pia continua à espera de um projecto de recuperação – e um dia desespera e vai abaixo.

Desafectada ao tráfego ferroviário desde a entrada em funcionamento da ponte D. João, a velha ponte de Eiffel espera que a Refer e as câmaras do Porto e Gaia se entendam quanto ao seu destino.

Se, por falta de uso, um dia a ponte cair, já sabemos quem são os culpados: um anónimo gestor da Refer, nomeado pelos socialistas, e os sociais democratas Rio e Menezes. Vergonha para eles.

Jorge Fiel

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A falta que um Robin dos Bosques nos faz

Marimbo-me (e de alto!) para o caso Freeport. O que me incomoda mesmo é que o Conselho de Ministros tenha aprovado uma resolução que permite aplicar na região de Lisboa verbas do QREN, que deviam destinar-se às regiões cuja riqueza per capita é inferior a 75% da média comunitária.

O que me chateia é o Governo imite o Xerife de Nottingham e continue a roubar aos pobres para dar aos ricos os dinheiros da coesão vindos de Bruxelas.

O resto do país precisa de um Robin de Bosques (que use calças ou saias, não importa) que nos defenda dos excessos do Estado centralista e vigarista.

Jorge Fiel

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Um miserável tique centralista

Que Governo é este que não desiste de introduzir portagens na Scut Norte Litoral e na Scut Grande Porto, enquanto insiste em manter a Via do Infante gratuita?

Que PS Porto é este que não só engole esta enorme desconsideração, como ainda por cima mete vergonhosamente a sua assinatura por baixo deste miserável tique centralista protagonizado pelo ministério do Mário “Jamais” Lino?

Qual é moralidade do nosso Orçamento obrigar o bancário da Póvoa de Varzim que trabalha no Porto a pagar portagem e dispensa dessa maçada o turista inglês aquartelado em Albufeira que decidiu ir beber umas cervejas a Lagos?

Jorge Fiel

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Torcem a orelha, mas ela já não deita sangue

A actual organização político-administrativa do pai data do tmepo de Alexandre Herculano

Mata Cáceres, presidente da Câmara de Portalegre, declarou-se favorável à Regionalização: “Fala-se muito em Regionalização, mas quando é preciso abdicar da capacidade de decisão e autonomia em prol das regiões e das entidades que podem utilizar esses instrumentos, isso não acontece”..

“Prefiro que haja Regionalização, do que região nenhuma”, admite José Silvano, presidente da Câmara de Mirandela.

“Pagámos um preço muito caro da falta de Regionalização”, concorda José Ernesto Oliveira, presidente da Câmara de Évora.

Num país que mais parece um bilhar que só descai para um buraco (Lisboa), os autarcas transmontanos e alentejanos, que há dez anos estavam contra a Regionalização, começam a torcer a orelha – mas ela já não deita sangue.

A organização político-administrativa do país desenhada por Alexandre Herculano já não serve ao Portugal do século XXI.

Jorge Fiel

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Contra os bretões, marchar, marchar!

 

Nunca fui à cara com os bifes. Comecei a olhá-los de lado na noite de 26 de Julho de 1966 (tinha eu dez anos), quando vi o Eusébio a deixar o relvado de Wembley a limpar as lágrimas à camisola que eu sabia ser grenat mas aparecia a preto no ecrã do televisor Nordmende que o meu pai comprou, a prestações, para vermos os Magriços no Mundial de Inglaterra.

Não tenho a mínima dúvida de que fomos gamados naquela meia-final e que os ingleses foram levados ao colo até ao título.

Esta primeira e má impressão dos ingleses foi-se esbatendo à medida que fui sendo apresentado ao estilo Carnaby Street, à música dos Kinks,  Beatles e Stones, à cultura pop e às mini-saias de Mary Quant.

Tudo voltou a piorar à medida que fui aprofundando os meus conhecimentos de  História. O Tratado de Windsor (assinado em 1386 entre Portugal e Inglaterra), pode ser a mais antiga aliança diplomática ainda em vigor, mas foi um péssimo negócio para nós.

Bem vistas as coisas, a Ínclítica Geração de filhos (em particular Henrique e Duarte) que a inglesa Filipa de Lencastre educou e deu a Portugal foram o que de mais lucrativo extraímos destes seis séculos de aliança idealizada por D.João I.

A histórica fragilidade da indústria portuguesa mergulha as suas raízes no Tratado de Methuen (1703), que escancarou as nossas portas aos lanifícios ingleses.  As exportações de vinhos portugueses para Inglaterra foi uma fraca contrapartida -  como eles estavam em guerra com os franceses não tinham muitas alternativas de abastecimento…

Mas a grande facada que a pérfida Albion nos espetou nas costas foi o Ultimatum de Janeiro de 1890, que feriu de morte a nossa monarquia.

D. Carlos aceitou as exigências britânicas e renunciou ao Mapa Cor-de-Rosa (que consistia na ocupação do actual território da Zâmbia a Zimbabwe, ligando Angola a Moçambique).

Esta humilhação desencadeou uma vaga nacional de indignação patriótica, que tinha como hino A Portuguesa, com um poema de Henrique Lopes de Mendonça que concluía com o apelo explícito: “contra os bretões/marchar, marchar”. Mais tarde, quando a República escolheu esta canção para Hino Nacional,  os “bretões” transformaram-se em “canhões”.

Com aliados como os ingleses não precisamos de inimigos. Aturamos as hordas de ingleses bêbados em Albufeira. Aguentamos com uma paciência infinita o circo internacional que montaram a propósito da Maddie. Fazemos ouvidos de mercador aos remoques de mau gosto e péssima educação da imprensa londrina.

Quando tomei conhecimento da carta rogatória britânica, onde se refere que o nosso primeiro ministro “terá solicitado”, “terá recebido” ou “terá facilitado” (ou, digo eu, “terá ido tomar café”, “terá ido dar banho ao cão”...), o licenciamento do Freeport, fiquei logo com vontade de propor que os “bretões” voltem a substituir os “canhões” .

 

PS. Vou sugerir ao Luís Pedro Nunes que o Inimigo Público envie um repórter a Inglaterra para investigar o que Manuela Ferreira Leite andou por lá a fazer quando alegava que estava a visitar o neto.

 

Jorge Fiel

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Esta crónica foi hoje publicada no Diário de Notícias

 

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