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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Alexandra Bento

Foto Luís Costa Carvalho


“Como rotina, não é bom ter a televisão ligada à hora do jantar”, recomenda Alexandra Bento, 40 anos, presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN), que tem mais de 700 associados e está em processo de transformação em Ordem, com objectivo de regulamentar o exercício de um profissão recente mas que está na moda e onde não há desemprego.

“A refeição deve ser um momento de família, um espaço de conversa e brincadeira, em que as pessoas falam do seu dia”, diz, acrescentando que esta norma não deve ser entendida de uma forma rígida. Se estiver a dar um jogo de futebol que interessa a todos, vê-lo é uma forma de convívio familiar.

Nutricionista só pode ser uma profissão com futuro neste país povoado por diabéticos e hipertensos, e onde se regista o mais elevado índice de obesidade infantil da Europa (a seguir vem a Itália).

Alexandra foi para nutricionista por um daqueles acasos em que a vida é fértil. Estava no 12º ano, hesitava entre Farmácia e Medicina Dentária, quando uma amiga da irmã lhe disse maravilhas do curso de Nutricionismo que a Universidade do Porto foi pioneira em abrir. Hoje já há quase mil nutricionistas e a procura levou a que só este ano abrissem três novos cursos (Católica, Fernando Pessoa e CESPU).

Por norma, ela vai almoçar a casa. Trabalha há sete anos na unidade de Alcoologia do Magalhães Lemos, no Porto, que fica perto da sua casa no Pinheiro Manso.

Almoça em casa, porque fica mais barato, permite-lhe acompanhar os filhos (Miguel, 13 anos, e Beatriz, nove) e também porque pode  - tem uma empregada que faz as refeições de acordo com as suas instruções.

“Somos fruto daquilo que nos habituamos”, explica. E em casa de Alexandra o hábito é as refeições começarem com sopa e acabarem com uma peça de fruta. E se ao almoço o prato é de carne, ao jantar há peixe (ou ao contrário).

O importante é comer de tudo e não ser fundamentalista. Nas férias da Páscoa, ela esteve com o marido (engenheiro na Mota-Engil) e os filhos na  Eurodisney e fartaram-se de comer hamburgers.

“Sou um bom garfo”, avisou Alexandra que abriu o almoço, no bufett do restaurante do Museu de Serralves, com um prato onde uma fatia de presunto fez companhia à cenoura, alface, tomate e feijão verde, seguindo depois para duas almôndegas, com arroz de tomate e couve de Bruxelas. Bebeu água lisa e à sobremesa comeu fruta – e um pequeno quadrado de bolo de chocolate.

“Come-se pior agora. Dantes levava-se uma vida mais saudável. Há 30 ou 40 anos, as pessoas iam comer a casa, não se descurava tanto a alimentação e faziam-se as refeições a horas”, diz.

“Hoje come-se e vive-se muito mal. As pessoas são mais sedentárias e como chegam a casa tarde e têm pouco tempo, há a tendência para abusar dos fritos, que atendendo aos estragos que causam na cozinha só são mais rápidos no momento”, acrescenta.

Mas como o tempo não vai voltar para trás, até aos dias em que as mulheres estavam em casa, a solução reside na criação de hábitos saudáveis de alimentação logo na escola, com dietas elaboradas e controladas por nutricionistas.

Um estudo sobre a alimentação nas cantinas no básico, na Zona Norte, revelou que, só ao almoço, não raro se excede a quantidade de sal (cinco gramas) que a OMS recomenda por dia.

“As refeições nas escolas devem ser equilibradas e tem de se criar uma moda positiva relativamente a comer na cantina. Da mesma maneira que há uma moda ambiental – são os meus filhos a chamar-me a atenção se não separo o lixo ou não ponho as pilhas no pilhão – também é preciso que seja  cool ir comer ao refeitório e não uma porcaria qualquer no snack da esquina”, defende a presidente da APN.

Alexandra acredita que é possível ganhar esta guerra e dá como exemplo a sopa, de que somos o terceiro maior consumidores per capita, a seguir à China e ao Japão:

“A sopa dá-nos os legumes de que precisamos. É um prato de referência nacional. O consumo estava a crair mas felizmente essa tendência inverteu-se e passou a mensagem de que sopa é saúde. Ficaríamos todos mais doentes se largássemos a sopa”.

 

Restaurante de Serralves

R. D. João de Castro 210, Porto

Água lisa 0,25 cl…..0,80 euros

2 Água das Pedras…..1,60

2 Buffet…… 28,00

2 cafés  …… 1,40

Total….. 31,80

 

Jorge Fiel

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Este texto foi publicado na edição de ontem do Diário de Notícias

 

Os meus problemas com a justiça

Em 52 anos de vida nunca tive problemas com ladrões – só com a polícia e a justiça.

Fui preso duas vezes. A primeira foi em 1973, à saída de um comício antifascista, na escadaria da Reitoria da UPorto, fui apanhado com pedras nos bolsos (a intenção era apedrejar os vidros de um banco, símbolo odiado do capitalismo). Safei-me com uma multa, após uma noite no Governo Civil.

A segunda vez, foi em 1994, por ter andado à pancada com um polícia (quem começou foi ele!) na sequência de uma divergência de pontos de vista sobre se a minha carteira profissional me habilitava ou não a estacionar o carro num parque reservado a jornalistas.

Apanhei piolhos na noite passada numa cela do Aljube e fui beneficiado com uma visita guiada aos meandros da justiça em Portugal, bem mais aterradores que a visão dos Infernos pintada por Bosch.

Acabei absolvido (passou-se tanto tempo que o polícia já nem era capaz de me identificar), mas registei severas perdas materiais, pois senti-me na obrigação de compensar com garrafas de Barca Velha as dezenas de horas que as minhas testemunhas tinham perdido a comparecer em sessões que não se realizaram (por falta de sala, juiz, material, polícia, etc) ou em que não eram ouvidas – e nalguns casos a pagar multas por faltarem à chamada.

Eu já era um veterano conhecedor da absoluta incompetência do nosso sistema judicial. Enquanto responsável pelo “Comércio do Porto”, ao tempo em que o falecido diário denunciou um caso de corrupção na PJ (Sãobentogate), fui acusado da violação do segredo de justiça e abuso da liberdade de imprensa numa dúzia de processos. Meia dúzia de anos, centenas de sessões e milhares de horas depois, fui absolvido em todos.

Os tribunais são o sítio onde há mais falta de respeito pelas pessoas. Ninguém iria a um médico que marcasse a consulta de todos os pacientes para as nove da manhã, sabendo que não os podia atender em simultâneo Mas todas as testemunhas são obrigadas a aparecer à hora decretada pelo juiz.

Casa Pia, Portucale e Furacão são alguns dos sinónimos da completa ineficácia e degradação do sistema judicial que está agora a fritar Sócrates em lume brando, no caso Freeport.

Neste dia, 35 anos depois, não tenho dúvida. A justiça foi onde Abril falhou.

Jorge Fiel

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Esta crónica foi publicada hoje no Diário de Notícias

Bardamerda para os comentadores de serviço!

O saudoso almirante Pinheiro de Azevedo, que enquanto primeiro ministro brilhou ao pôr o seu Governo em greve

No dia em que Rui Rio anuncia a sua recandidatura à presidência da Câmara do Porto, o que os politólogos e comentadores de serviço discutem é se ele tem ou não perfil para ser primeiro-ministro e que hipóteses tem de suceder a Ferreira Leite na liderança do PSD.

Rio não consegue esconder que a sua ambição política se estende muito para além do escritório que ocupa há oito anos nos Paços do Concelho do Porto – e o seu próprio chefe de gabinete já se imagina em S. Bento, como ministro da Presidência de um Governo liderado por Rui Rio.

Triste a sina do Porto de cair nas mãos de pessoas que o olham como trampolim para voos mais altos, como ponto de partida – e não como ponto de chegada.

Os comentaristas de serviço acham escandaloso que Elisa Ferreira se candidate ao Parlamento Europeu e à Câmara do Porto, apesar dela ter jurado que troca Bruxelas pelo Porto no dia em que os portuenses a elegerem.

Os comentaristas de serviço acham normal que Rio se candidate à Câmara do Porto com os olhos postos no Governo e na liderança do PSD e que seja público e notório que porá os cornos à cidade - assim surja a oportunidade.

Os comentaristas se serviço acham normal que Ilda Figueiredo seja a cabeça de lista CDU ao Parlamento Europeu e se candidate à presidência da Câmara de Gaia – mas no caso de Elisa o mesmo comportamento denota ela estar “agarrada ao tacho”.

Dito isto e citando o falecido almirante Pinheiro Azevedo (que curiosamente morreu logo a seguir a ter dado uma letal entrevista ao chefe de gabinete de Rio, Manuel Teixeira):  Bardamerda para os comentadores de serviço!

Jorge Fiel

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Viva o regresso à Baixa da Feira do Livro!

A Feira do Livro vai voltar à Baixa (de onde saiu em 82, transferindo-se para a Rotunda da Boavista) e eu fiquei muito contente quando soube isso.

Sei que subjacente a esta decisão está a ousadia de desafiar os demónios e provocar o S. Pedro.

Apesar de corrermos o risco de termos mais uns dias chuvosos de Primavera, acho muito bem que os stands voltem a ocupar as praças da Liberdade e General Humberto Delgado e a placa central da avenida dos Aliados que a reconversão de Siza deixou livre e alodial para receber eventos como este.

A Feira do Livro quer-se ao ar livre e não a viver encaixotada dentro de um pavilhão (viveu aprisionada no Rosa Mota durante os últimos 17 anos) como aconteceu nos últimos anos, mas espero que os pavilhões (estão previstos 120, um número bem razoável) estejam preparados para os inevitáveis dias de chuva.

Saúdo também a decisão de desencontrar as datas da feira de Lisboa. Parece-me muito bem que a do Porto se realize tardiamente, arrancando na última semana de Maio e encostando o final ao S. João!

Jorge Fiel

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O Porto está a cair aos bocados

Há seis mil casas em risco de ruir na cidade do Porto.

A Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo está a intervir em 38 quarteirões, mas em diferentes fases de execução.

Há 520 edifícios com contratos já aprovados, mas apenas 107 assinados.

No conjunto, há 75 prédios em obra, o que é muito pouco quando pensamos que há seis mil que estão a cair.

Para o Porto começar mesmo a levantar a cabeça é preciso meter o turbo e aproveitar os novos instrumentos legais para fazer da reabilitação urbana a primeira das prioridades da acção camarária.

Um programa ousado de reabilitação urbana teria um impacto económico não negligenciável, na justa medida em que absorveria parte dos 39 mil operários da construção civil que estão desempregados na região.

Não podemos deixar o Porto continuar a cair aos bocados.

Jorge Fiel

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Como elevar a nossa auto-estima

O programa eleitoral de Rui Rio cabe nas 20 linhas do editorial que assina na edição de Abril da revista Porto Sempre, que manda meter na caixa de correio dos munícipes.

O título revela que é mais um convertido à Obamania (“Força: Nós somos capazes”) e a arma, pouco secreta, com que espera obter mais um mandato (a continuação do namoro com os moradores dos bairros camarários) é mencionada en passant. Tudo o resto é de uma pobreza confrangedora.

O presidente da Câmara do Porto anuncia que está a preparar o próximo Verão no Porto com o louvável intuito de “contrariar o ambiente deprimido e triste que Portugal enfrenta”.

“Temos de começar por levantar a cabeça e elevar a nossa auto-estima”, explica. E como ele acha que vai conseguir isso?

Com a Queima das Fitas, o S.João -  duas coisas, que tal como a ocorrência do Verão, são independentes da acção e vontade de Rui Rio – e o Circuito da Boavista, que provavelmente ficará com a grande iniciativa emblemática dos seus oito anos na presidência da Câmara.

Depois virá o Oceanário do Porto (um investimento de privados), a Red Bull Air Race (a única iniciativa que fez a meias com o seu arqui-inimigo Menezes) e a inauguração da primeira fase do Parque Oriental do Porto.

Tudo isto sabe a muito pouco? É com o Verão, a Queima das Fitas, o S. João, a corrida dos calhambeques e dos aviões que vamos voltar a ter orgulho a ser portuenses? Não me parece.

Para começarmos a levantar a cabeça e elevar a nossa auto-estima, em Setembro, temos de devolver Rui Rio ao PSD. A tempo inteiro.

Jorge Fiel

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Maria Manuel Leitão Marques

Pensando bem, não deixa de ser uma coincidência curiosa que ambos tenhamos ido para o polvo (o dela na versão arroz) pois a Maria Manuel Leitão Marques investiu os últimos quatro anos de vida num cruzada contra o polvo de uma administração pública tradicionalmente organizada de forma tentacular.

“A minha missão é simples e consiste em organizar a administração pública em função do cidadão-cliente, reagrupando os serviços por eventos da vida das pessoas e das empresas”, simplifica a secretária de Estado da Modernização Administrativa, a alma e a cara do Simplex, provavelmente o mais sucedido programa do Governo Sócrates.

Licenciada em Direito e catedrática em Economia de Coimbra, estava posta em sossego quando a desinquietaram para descer a Lisboa, com a vassoura na mão, para varrer as teias de aranha de uma administração pública onde coexistem práticas de três séculos (desde os tempos em que se escrevia tudo à mão até ao computador, passando pela era da máquina de escrever), em que, por exemplo, era obrigatório providenciar 15 cópias em papel e um ficheiro digital de um processo destinado a ser analisado por uma comissão de oito pessoas.

“Eu tinha uma vida muito interessante. Hesitei muito antes de aceitar”, confessa Maria Manuel, nascida há 56 anos, em Quelimane, Moçambique, onde o pai era médico, e fundadora, em 2003, do blogue Causa Nossa, de que o marido, Vital Moreira, é o principal animador.

Aconselharam-na a não aceitar. Diziam-lhe que ela não conseguiria vencer a inércia da administração, que iria arranjar maneira de sabotar o seu esforço. Hoje está satisfeito por não ter dado ouvidos a estes conselhos, apesar de passado a ter uma vida mais agitada e exigente.

“A pressão é muito grande. E o trabalho nunca acaba. O tempo de decisão na universidade é mais lento”, compara Maria Manuel que não se queixa apesar de trabalhar diariamente das nove às nove, com intervalo para almoço.

A Trempe, em Campo de Ourique, é a cantina onde ela almoça quase todos os dias. O cozido com grão é o seu prato preferido neste pequeno restaurante  alentejano, muito popular no Governo. A meio da nossa conversa apareceu para almoçar Manuel Pinho, que nos contou que mora a 50 metros e já levou por mais de uma vez Sócrates a comer na Trempe.

Com um brilhozinho nos olhos, de quem está entusiasmada com o que faz, Maria Manuel confessa que é “muito boa a sensação” de que se se esforçar um bocadinho mais, se trabalhar mais uma hora, pode facilitar a vida a muita gente.

Logo para começar, ficou positivamente surpreendida com o acolhimento que a administração pública dispensou à académica de Coimbra que desembarcava em Lisboa para desatar nós, simplificar processos, eliminar burocracias, aumentar a eficiência dos serviços e reduzir custos.

Inventou o conceito Simplex, porque não queria que a sua cruzada fosse olhada como “mais uma tentativa de reforma da administração pública”. E entrou com o pé direito com uma medida vistosa: Empresa na Hora. Antes de 14 de Julho de 2005, levava-se 59 dias a criar uma empresa em Portugal. Agora demora-se 39 minutos e pode fazer-se online. Em quatro anos já nasceram mais de 70 mil empresas no âmbito desta medida.

Desde 2005, o Simplex já concluiu 639 medidas, das quais as mais conhecidas serão o Cartão do Cidadão, o documento único automóvel, a Casa Pronta e outros balcões únicos onde o cidadão ou a empresa podem tratar de todos os assuntos sem terem de andar a vagabundear de repartição em repartição.

Mas tudo isto é um processo em aberto. “Estamos sempre a ver como podemos melhorar as medidas já concluídas. À Empresa na Hora já foram acrescentadas cinco novas funções”, esclarece Maria Manuel, que na campanha para as 235 medidas do Simplex 2009 usou como ícone o Lampadinha, assistente do Prof. Pardal, que simboliza a busca incessante de soluções imaginosas para facilitar a resolução de vulgares problemas do quotidiano.

“O mais importante não são as medidas em si, mas a mudança de cultura e mentalidade. Bom mesmo era que o Simplex não fosse preciso para nada”, conclui.   

 

Total 46,85 euros

 

Jorge Fiel

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Este texto foi publicado na edição de domingo do DN

A Trempe

R. Coelho da Rocha 11/13, Lisboa

Água 1,20 euros

Pão 1,20

Salada mista grande 3,60

Azeitonas 0,50

3 chamuças 2,10

Vinho Comenda Grande, tinto 14,00 

Arroz de polvo 9,80

Polvo cozido 9,80

1 laranja 2,40

3 cafés  2,25

Parecemos um cão estúpido

A Paris Hilton gasta muito dinheiro em roupa, mas nem sempre usa muita roupa

 - Sabes por que é que o cão abana a cauda?

A pergunta é feita pelo spin doctor Connie (De Niro) a um assessor do presidente dos EUA no filme Manobras na Casa Branca. A resposta veio pronta:

-  Porque é mais esperto que a cauda, senão era a cauda que abanava o cão.

Vem esta história a propósito da impressão, que me fica da leitura dos jornais, de que estamos a fazer a triste figura de sermos abanados pela cauda.

As vendas de automóveis despenharam-se 42,6% no 1º trimestre, um terço dos portugueses já decidiu passar as férias em casa, a venda de medicamentos caiu 8,4%, as falências aumentaram 67% e há meio milhão de casas com letreiro Vende-se – e num ano bom (que não é seguramente este de 2009) a quantidade de casas transaccionadas ronda as 170 mil.

Como os noticiários aterrorizam mais do que os filmes do Fantasporto todos juntos, a generalidade das pessoas adoptou a reacção que os animais têm quando sentem perigo (param) e deixaram de consumir.

Apesar da descida das taxas de juro e da deflação, o consumo privado entrou em retracção. O Banco de Portugal já veio rever para uma quebra de 0,9% face a 2008, a previsão inicial (- 0,4%). E ainda vamos em meados de Abril…

Com as exportações e o investimento em queda, o recuo do consumo provoca uma ainda maior contracção de economia, o que ajuda a perceber a previsão de uma redução de 3,5% do PIB -  e levou economistas a aconselharem-nos a gastar dinheiro.

Nós, os consumidores, admoestados durante anos a fio por gastarmos como se não houvesse amanhã, estamos confusos.

Paris Hilton declarou: “Tenho medo da actual situação financeira. Por isso vou continuar a comprar muitas coisas, para ajudar a economia a superar a crise”.

Peter G. Peterson, fundador do Blackstone Group, recomenda a redução dos gastos ao indispensável e lembra o aviso que estava afixado no café da sua família, em Nebraska, durante a Grande Depressão”: “Para quê usar duas toalhas de papel se uma chega para secar as mãos?”.

Quem tem razão? Paris ou Peterson? O que é melhor para Portugal? Importar menos ou consumir mais? Enquanto o Governo não responder a estas questões, vou continuar com a sensação de que somos um cão estúpido que está a ser abanado pela cauda.

Jorge Fiel

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Esta crónica foi publicada hoje no Diário de Notícias

É criminoso deixar cair o Intercéltico

Hoje, sexta feira, dia 17 de Abril, era suposto abrir no Batalha o Festival Intercéltico do Porto.

Era suposto abrir, mas não vai abrir porque a Câmara do Porto não confirmou em tempo útil o apoio a este festival, depois de lhe ter reduzido o subsídio em 2008.

O mais antigo festival de música do Porto é a mais recente vítima da política anti-cultural de Rui Rio, fundamentada na célebre graçola de que quando ouve falar em cultura leva logo a mão à carteira.

A cultura precisa de apoio financeiro, mas esse apoio pode muito bem render pingues dividendos. A cidade de Barcelona apoiou fortemente um projecto comercial de Woody Allen e ficou muito satisfeita com o retorno que recebeu em notoriedade do filme Vicky Cristina Barcelona.

O Intercéltico, na música, é um dos ícones da cultura do Porto, tal como o Fantasporto, no cinema, e o Fitei, no teatro. É criminoso deixá-lo cair.

E é preciso ter muita lata para mandar o Gabinete de Comunicação municipal mandar para a agência Lusa um comunicado, em que chama “caçadores de subsídios” aos agentes culturais da cidade.

Jorge Fiel

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Enterrem-no, porra!

Torres da Pasteleira, à face da Diogo Botelho

O Metro do Porto é um curioso sistema de transporte público, já que é um três em um, ao acumular as funções de comboio suburbano (na linha da Póvoa), de metro ligeiro de superfície (na linha de Matosinhos) e de metro convencional subterrâneo (no atravessamento da Baixa e das zonas de traçado urbano mais antigo).

O Governo e a administração do Metro têm razão quando dão prioridade à linha do Campo Alegre sobre a da Boavista, pois é no eixo atravessado pela Diogo Botelho que estão as zonas de maior densidade populacional, os bairros da Pasteleira, Pinheiro Torres, Aleixo e Condominhas, bem como a Universidade Católica e um pólo da Universidade do Porto.

O Governo e administração do Metro não têm uma pontinha de razão quando querem poupar uns euros ao impor uma solução em que a Linha do Campo Alegre seguiria à superfície de Matosinhos até às Condominhas, o que implica deixar uma feia cicatriz na face do Vale do Fluvial e retirar a dimensão de largo e agradável boulevard à nova Via Nun’Álvares.

Enterrem-no, porra!  Quando se faz uma coisa de novo é conveniente fazê-la bem, logo à primeira.

Jorge Fiel

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