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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

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A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Apanhados pelo clima

Quando o tempo está bom pode estar-se na esplanada do Bogani a olhar para o Porto

 

A associação de defesa do Ambiente Campo Aberto anunciou que, dentro de 30 anos, o Porto vai ter um clima semelhante ao de Rabat. Eu começo a acreditar na justeza dessa previsão.

 

Apesar de ter arrefecido um pouco nos últimos dias, não é normal eu ter mosquitos no quarto em meados de Novembro e ver gente de havaianas, calções e tops a passear em ruas enfeitadas com as iluminações de Natal.

 

Também não é normal que já se tenham recenseado mais incêndios no Outono do que em todo o Verão.

 

A indústria têxtil e as lojas de vestuário estão à beira de um ataque de nervos e com toda a razão. Ninguém vai comprar sobretudos, camisolas de lã ou gabardinas quando as esplanadas estão cheias de gente a gozar o sol.

Nós, os consumidores, já decidimos que o melhor é esperar pelos saldos.

 

O que apoquenta industriais têxteis e os lojistas não é um eventual Verão de S. Martinho mais prolongado. Não, O problema é muito mais grave. Estamos a viver o prólogo dos efeitos catastróficos do aquecimento global.

 

A doença está diagnosticada. Os cientistas sabem como a combater. E os governos até já quantificaram os custos desse combate. A redução das emissões de gases para limitar o aquecimento global sacrificaria apenas 0,12% do crescimento do PIB mundial. Não é caro.

 

Sabe-se qual é a doença. Sabe-se como tratá-la. E a medicação é barata. Só que é preciso administrá-la, passar da potência ao acto, antes que seja tarde demais.

 

Por razões óbvias, as seguradoras estão bastante preocupadas com o défice de acção face a um fenómeno gerador de grandes catástrofes naturais.

 

Neste particular, são reveladores os resultados de uma sondagem promovida pela gigante Swiss Re: 80% dos CEO inquiridos estão convencidos que as alterações climáticas encerram em si um enorme risco potencial, mas apenas 40% declaram estar a fazer alguma coisa para as combater.

 

A luta contra o aquecimento global tem de ser um cruzada global, envolvendo toda a gente. Grandes organizações internacionais (ONU e EU),  governos e empresas mas também os cidadãos.

 

Nesta cruzada, compete aos Governos liderar os esforços. Publicitando e premiando as boas práticas. Castigando ou proibindo as más.

 

O nosso Governo já devia, por exemplo, ter imitado o seu congénere inglês que proibiu a comercialização de lâmpadas de alto consumo energético.

 

É urgente a adopção de uma política combinada de cenoura e bastão, concedendo tratamento fiscal favorável às companhias que desenvolvam planos de investimento na redução de emissões de carbono, e penalizando com mais impostos as que teimam em se alhear desta cruzada.

 

Como os transportes são uma das frentes mais sensíveis deste combate, os governos das nossas grandes cidades deviam concertar medidas de guerra ao automóvel, tornando desconfortável e caro o seu uso. Aumentar os preços do estacionamento e adoptar medidas de tolerância zero ao parqueamento ilegal, estimularia o uso de transportes públicos.

 

Ninguém pode ficar indiferente a um combate em que o que está em jogo é o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos – e do planeta.

 

Jorge Fiel

 

Este artigo foi publicado hoje no diário económico Oje (www.oje.pt)

3 comentários

  • Sem querer - parece-me - a Mariana acabou por dar razão a quem não queria dar.
    Se as pessoas forem viver para a baixa, porque até têm garagem para o carro - a baixa terá mais gente e menos carros. Para andar na baixa, haverá os transportes públicos e só se usarão os carros quando tiverem que sair do Porto.
    Talvez a tese não seja fácil de demonstrar ou eu esteja com dificuldades em demonstrá-la. Mas é simples. Se houver mais pessoas a viver na baixa - porque têm mais condições para lá viverem, designadamente porque têm garagem para o carro - a baixa passa a ter vida própria, menos dependente dos fluxos que vão e vêm e que leva a utilizar os carros. E, certamente, se a baixa tiver vica própria, também terá mais pessoas a visitá-la, porque não será o marasmo - e o medonho - que é hoje, quando a noite cai.
    No fundo, este é o segredo dos shopping. As pessoas vão ao ArrábidaS e ao NorteS porque não têm que andar à procura de estacionamento, nem têm que o pagar. Pelo contrário, na baixa, o estacionamento escasseia e custa mais caro que o bilhete do cinema, razão pela qual os shopping da baixa são tão pouco frequentados.
    A questão que se coloca é esta: e como criar garagens na baixa para os moradores? Difícil, mas não impossível. Andam todos preocupados em manter as fachadas dos edifícios, mas poucos se lembram de que não vale a pena mantê-las se não houver quem lá viva, quem lá trabalhe e quem a visite. Talvez fosse o momento de parar para pensar se não valeria a pena ser um bocado mais radical, esquecer um bocado a utopia das fachadas e converter edifícios que possam ser habitáveis e onde possa haver escritórios e lojas com estacionamento ao preço - grátis - dos centrso comerciais da periferia.
    A ideia pode ser tola. Mas pensem nela um bocadinho.

    Abraços para todos a partir da Afurada, com um registo de interesses: trabalho na baixa, pago uma fortuna para estacionar, não tenho ligações nem interesses no sector imobiliário)
  • Sem imagem de perfil

    Maiato 21.11.2007

    Parece-me que a Mariana ao escrever "não posso discordar mais consigo" queria dizer "concordar mais consigo".
  • Comentar:

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