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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Rapidamente e em força

 

Presenciei um momento mágico na única vez que fui a Luanda, no final do anos 80. Viajava com o Nicolau Santos, que, 15 anos depois, retornava pela primeira vez ao país onde nasceu e se fez homem.

 

Deixamos as malas por abrir no Hotel Presidente e fomos logo passear. A primeira escala foi a casa onde o Nicolau cresceu. À janela estava um negro idoso, que após um momento inicial de hesitação, soltou uma frase curta, dita com a voz a tremer: «Menino Nicolau!!!».

 

Caíram emocionados nos braços um do outro. A antiga casa do Nicolau tinha ficado para o empregado da família - e o meu amigo estava feliz por assim ter acontecido.

 

Mais de 15 anos volvidos sobre este momento, a Angola sem esperança e destroçada pela guerra que visitei já não existe mais. Agora é o país do Mundo que mais cresce – 23,4% este ano, 26,6% no próximo.

 

O petróleo é a locomotiva deste fantástico crescimento que permite a Luanda ter em curso um plano de investimento de 21,5 mil milhões de USD em infra-estruturas.

 

São já muitas as empresas portuguesas que têm sabido surfar em cima desta onda. De Janeiro a Setembro, as nossas exportações para Angola aumentaram 41% face ao mesmo período de 2006.

 

Portugal é o principal fornecedor de Angola, que é o nosso 2º maior mercado fora da UE  O GES, PT, Américo Amorim, BPI e as principais construtoras já lá estabeleceram sólidas bases. E está na linha de partida uma vaga de investimentos industriais de produtoras de bens de consumo, como a Unicer, Compal, Tintas Barbot, Fogões Meireles e Aerosoles. 

 

Os dois países estão a cair nos braços um do outro, tal como aconteceu com o Nicolau e o antigo serviçal da família Santos.

 

Angola é uma janela aberta que deixa entrar ar fresco na nossa economia estagnada e sociedade sufocada por uma taxa de desemprego recorde.

 

Atendendo à importância estratégica de Angola e ao facto de, pela primeira vez em 30 anos, as economias dos países subsaharianos estarem a crescer ao mesmo ritmo que o resto do Mundo, o Governo Sócrates brilhou a grande altura ao colocar África na agenda internacional.

 

Mas para garantir o sucesso da cimeira UE-África, Sócrates tem de tornar evidente perante a opinião pública internacional a enorme hipocrisia do seu amigo Gordon Brown ao invocar o pretexto da presença do ditador Mugabe para tentar boicotar a reunião.

 

Devemos fazer nossa a lição de pragmatismo dada pelo antigo primeiro ministro inglês Disraeli: «Não temos nem aliados eternos, nem inimigos perpétuos. O que temos é interesses eternos e perpétuos».

 

E os interesses de Portugal implicam que 45 anos depois, volte a estar actual o «soundbyte» de Salazar: «Para Angola, rapidamente e em força».

 

Só que desta vez não vamos de barco fardados e de Mauser ou G3 na mão. Também não vamos como pais que usam a força para tentar meter na ordem um filho rebelde.

 

Desta vez, vamos de avião, com mercadorias e contratos de investimento na mão. E já não nos relacionamos como pai e filho, mas antes como primos, que sabem que são diferentes mas se respeitam e sabem que aquilo que nos une é muito maior do que o nos divide.

 

 

Jorge Fiel

 

PS. Esta crónica foi publicada hoje no diário económico Oje (www.oje.pt)

 

7 comentários

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    Transmontano 04.12.2007

    E estás a pensar mandar para lá a tua mãe? Não será maldadezinha tua? AH, ok, ela ia adorar, tá bem!
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    Alexandre 04.12.2007

    Transmontado, estás todo fodido meu... os pretos devem ter-te enrabado à grande! Acho que vem daí o vosso racismo. Foram enrabados por pretos, só pode...
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    Transmontano 04.12.2007

    Este anormal do caralho dá-se ao desplante de dizer que devemos muitos àqueles povos...

    Já sei, chamas-te Alexandre Upa-Upa!

    Tem juízo, rapazinho e vai lá para o blog do Rik & Rok, que a malta de lá já sente a tua falta...
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    Be 04.12.2007

    "Este anormal do caralho dá-se ao desplante de dizer que devemos muitos àqueles povos..."

    Concordo inteiramente com o meu amigo Transmontano.
    Não devemos nada, mas mesmo nada a esses povos. Pelo contrário são eles que nos devem a nós.
    As colónias eram ricas quando lá estavam os Portugueses. Hoje são uma miséria, os negros não se sabem governar.
    Fazem-me lembrar os mouros Lisboetas que também não sabem governar Portugal e só fodem o Norte.
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    Alexandre 04.12.2007

    As colónias eram ricas quando eram portuguesas? Talvez uma ínfima parte da população. Tal como nós lucrámos com as riquezas dessas mesmas colónias, que, de facto, ajudaram, a que, fôssemos durante as Descobertas, o centro do Mundo. Lisboa era a capital do Mundo, nessa altura :). Tempos em que tínhamos colónias que serviam para alguma coisa.. agora o Porto, não serve para nada :/.
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    Transmontano 05.12.2007

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