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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Conduzir um carro de olhos vendados?

 

Lembram-se do ar orgulhoso com que Cavaco anunciou que tínhamos ultrapassado a Grécia e já não éramos o país mais pobre da CEE?

 

Parece que foi há séculos esses tempos. Éramos, então, o bom aluno da Europa, apresentados como exemplo a seguir aos países candidatos à adesão.

 

De então para cá, com Guterres, Durão, Santana Lopes e Sócrates ao volante, tem sido sempre a descer. A Grécia voltou a passar-nos e, no entretanto, fomos também ultrapassados por quatro países do alargamento – Eslováquia, Chipre, República Checa e Malta.

 

Bruxelas prevê que neste ano que ora se inicia vamos ser ultrapassados pela Estónia a adverte de que devemos ter muito cuidado porque o pelotão constituído pela Eslováquia, Hungria, Letónia e Lituânia aproxima-se a grande velocidade e já aparece no nosso espelho retrovisor.

 

Claro que se trata apenas de um previsão – e por isso falível.

 

A minha frase favorita sobre previsões, cunhada por um professor de Economia da Nova, desfaz por completo estes exercícios de adivinhação do futuro próximo.

 

«Fazer previsões é como conduzir um carro de olhos vendados e seguir as instruções de quem está a olhar para a estrada pelo vidro de trás», garante José Ferreira Machado.

 

Voltaire também descria das previsões, aconselhando-nos a não insultar o futuro tentando prevê-lo.

 

O problema é que indiferente ao cepticismo de Voltaire e de Ferreira Machado, instituições tão respeitáveis como a Comissão Europeia, o FMI e o nosso Governo continuam a pisar as mesmas areais movediças que a astróloga Maya.

 

O optimismo do Governo contagiou os números do cenário macro-económico traçado no Orçamento para 2008 mas não logrou atravessar a nossa fronteira. Bruxelas e o FMI são bem mais pessimistas do que Lisboa e prevêm mais inflação, mais desemprego e menos crescimento. Lamentavelmente devem estar cheios de razão.

 

Churchill, cuja longa vida política lhe possibilitou deixar-nos em herança máximas sobre praticamente tudo, avisou-nos que «quanto mais se olhar para o passado, mais se saberá do futuro».

 

E os números do nosso passado recente, são um pesadelo, com excepção do défice abaixo dos 3%, o troféu a que o primeiro ministro se agarra como um náufrago, da mesma maneira que, antes do 25 de Abril, nos iludíamos com as proezas internacionais do nosso hóquei em patins.

 

Com um PIB per capita a valer 65,6,% da média comunitária, 14% dos trabalhadores com rendimentos inferiores ao limiar da pobreza e 120 mil chumbos por ano no ensino básico, com o desemprego a galopar (engrossado nos últimos dois anos com 167 mil profissionais qualificados) e o indicador do clima económico a despenhar-se todos os meses, Portugal é um país triste.

 

A frase de Ferreira Machado sobre as previsões é muito boa. Mas será muito mais perigoso conduzir um carro de olhos vendados do que prever que 2008 não vai ser o ano da retoma no nosso país. 

 

É mais provável o Benfica ganhar este ano o campeonato, do que o Portugal retomar a convergência com a União Europeia. È pena!

 

Jorge Fiel

 

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

 

PS. Esta crónica foi hoje publicada no diário económico Oje www.oje.pt

 

 

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