O problema não é Lisboa ( 3 )
AQUILO QUE EU GOSTARIA QUE ACONTECESSE
Que enchêssemos a Avenida dos Aliados sempre que tivéssemos que reclamar contra uma injustiça do governo central.
Não tivéssemos de aturar os tiques de grandes senhores, dos Senhores Ministros, que de forma sobranceira nos vêm dar esmolas. Ora, com correctivos arrogantes, dizendo que gastámos muito no Metro (já esqueceram as derrapagens da Expo e agora do Metro de Lisboa) quando estão a meio da legislatura, ora com patéticas inaugurações e promessas quando perto das eleições
Pudéssemos ser nós, no Norte, a decidir, por vezes juntamente com Bruxelas:
· Da oportunidade da construção de mais uma linha de metro;
· Da passagem do TGV pelo aeroporto Sá Carneiro;
· Do estabelecimento de condições aeroportuárias diferentes para um low cost;
· Da apresentação pelas forças políticas da nossa região, juntamente com empresários do Norte, da candidatura a um grande evento internacional;
Como eu gostaria de sair de casa ao fim-de-semana e comprar o semanário da minha região, dispensando a compra dos que falam da politiquice dos corredores de Lisboa.
Como eu gostaria de estar às 7h da manhã a tomar o pequeno almoço com os meus filhos, antes de os levar à escola, e não ter de gramar nas televisões, ditas nacionais, a leitura das primeiras páginas dos jornais desportivos que, invariavelmente, trazem em letras garrafais que o treinador do Benfica está com uma unha encravada, que o jogador tal do Sporting tem joanetes e, agora só em rodapé e em letras minúsculas, que o Porto é cada vez mais primeiro, ou que o Porto teve mais uma grande vitória europeia.
Como eu gostaria de ver todas as manhãs os portuenses com o Comércio do Porto e/ou com o Primeiro de Janeiro debaixo do braço.
Como gostaria de ver todos os passageiros dos voos da companhias nacionais pedirem o livro de reclamações de cada vez que nos desviassem um avião do Porto para Lisboa. Ou quando nos vendessem um Porto/Milão Milão/Porto, este com uma escala técnica
Como eu gostaria que os nortenhos batessem o pé e exigissem que os seus problemas fossem decididos no norte e não nos corredores do governo central ou à mesa dos restaurantes da capital.
Como eu gostaria que os nortenhos continuassem a ter orgulho na sua pronúncia do português. Emocionando-se de cada vez que os seus filhos trouxessem da rua alguns “bês” que os pais já não foram capazes de lhes transmitir. Porventura não os incitando a tal, mas, seguramente não os perseguindo com constantes correcções.
Como eu gostaria de não ter razões para não ter vontade de visitar a bonita cidade de Lisboa.
Manuel Cerqueira Gomes
Exército de Salvação Nacional
Batalhão Bússola
Pelotão de Co Produção
Manuel Serrão