As Prioridades do Novo Rico
Ontem o Semanário Expresso esclarecia os portugueses que Lisboa é a Região da Europa com mais auto-estradas constituindo-se pois, à míngua de outras lideranças, como a “capital europeia do betão”.
Mesmo com o habitual centralismo a verdade é que o País como um todo, também não deslustra, sendo um dos primeiros da Europa no que a Kms de Auto-Estrada diz respeito.
Este assunto, como o que nos entreteve nos últimos meses sobre a imperiosa necessidade de um novo aeroporto, em Lisboa, contrastam de forma arrepiante com as restrições impostas às empresas e às famílias por uma fiscalidade pesada e de aplicação arbitrária e tantas vezes iníqua.
O mesmo, se pensarmos noutras desproporcionadas comparações:
A obsessão por um TGV que quando existir será já obsoleto, em comparação com as restrições impostas na politica de educação.
O embuste da necessidade de uma nova Ponte sobre o Tejo que servirá apenas para congestionar a capital com mais 40.000 carros, quando comparada com as severas economias impostas em matéria de saúde, com urgências e maternidades a fecharem por todo o lado.
Enfim custa muito perceber esta inversão total de prioridades.
Principalmente num Governo que, na promessa de acabar com os lobbies, se ficou por uns quantas medidas dirigidas a pequenos retalhistas das Farmácias, assobiando para o ar nos “furacões” da Banca portuguesa e alimentando, em obras públicas faraónicas, o sector da construção civil.
Surpreendentemente (ou talvez não) dois dos sectores da actividade económica que mais empregos proporcionam à classe política, como ainda recentemente voltamos a constatar….
António de Souza-Cardoso