A cigarra e a formiga e os bancos
Depois de nos últimos anos os grandes bancos portugueses terem apresentado lucros fabulosos, agora andam a pedir dinheiro aos accionistas para aumentar o capital.
Quer dizer, o neócio é este: os bancos cobram o que querem, enchem os bolsos, ganham dinheiro - tudo bem. Depois, ou remuneram demasiado os seus accionistas - é uma possibilidade, embora pequena possibilidade, convenhamos - ou gastam mal o dinheiro, pagando, por exemplo, demasiado aos seus administradores e quadros.
O quenão faz sentido é que, no primeiro período difícil, venham logo pedir dinheiro aos accionistas porque há contas a pagar.
Quer dizer: era como se eu tivesse um bom salário durante anos e um dia um dos meus filhos tinha que fazer uma operação e eu ia fazer queixa ao meu pai de que a cirurgia era muito cara e se ele se encarregava da continha.
Nos meus modestos conhecimentos de economia - se fossem muitos ia para banqueiro... - não consigo definir isto de outra maneira. Agoraboa gestão não há-de ser com certeza porque se fosem tinham feito como bem explica a história da cigarra e da formiga: trabalhar, ganhar e guardar um bocadinho para as invernias.
Já li e ouvi muitas explicações dos banqueiros e dos ministros para a
crise financeira. Mas ainda não ouvi nenhum a explicar-me porque nas Faculdades de Economia onde andaram não lhes explicaram a teoria dos ciclos (os bons e os maus) ou, como dizia um antigo caseiro meu, "tudo o que sobe também desce, como tudo o que entra também sai". Que é uma lição economia de muito valor, como é uma lição de vida. Só não se aplica aos banqueiros.
Manuel Queiroz