Governo errou ao brincar com Certificados de Aforro
Teixeira dos Santos não esteve bem no episódio dos certificadosO Governo já se apercebeu que cometeu um erro tremendo quando a 26 de Janeiro alterou as regras dos Certificados de Aforro a meio do jogo.
Ao acabar com a emissão dos Certificados de Aforro da Série B e reduzir a taxa de juros para os títulos desta série, o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP) provocou uma corrida aos resgates.
Nos três meses que se seguiram à mudança das regras, os aforradores retiraram, em média, oito milhões de euros por dia, o que constitui o dobro das entradas registadas nesse período. Até Fevereiro, o valor das emissões de novos certificados foi sempre muito superior ao dos resgates.
A carta enviada aos cerca de 700 mil detentores de Certificados de Aforro, tentando sossegá-los, prova que o Governo está alarmado e não esperava uma fuga de poupanças desta dimensão.
Os bancos estão a ser os principais beneficiários desta fuga de 736 milhões de euros dos certificados de aforro – o valor resgatado nos três meses que se seguiram à calamitosa decisão governamental –, já que a remuneração que oferecem (que ronda os 4% líquidos/ano para os depósitos a prazo) passou a ser mais atraente que as do mais popular produto de poupança.
Ao baixar a taxa de juro dos certificados de aforro o Governo deu dois tiros no seu próprio pé. Abala a imagem de seriedade do Estado português e desestimula a poupança dos portugueses num momento em que os níveis de endividamento dos particulares atingiam patamares preocupantes. Mau de mais para ser verdade