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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

A Portofobia

 

Muito refrescante a entrevista de Rui Moreira na edição de ontem do “Sol”.

Tantas vezes acusado de “excesso de disponibilidade” e de se colocar acima da instituição a que preside, Rui Moreira mostrou que o que verdadeiramente não lhe falta é frontalidade e sentido de serviço perante a sua região e o País.

Depois do “mea culpa” feito acerca da posição no último referendo de regionalização (hoje tal como eu, concorda que pior do que uma má regionalização, só mesmo não haver nenhuma), Rui Moreira faz severas críticas ao sistema político e à forma como não tem sabido integrar o Porto e o Norte num projecto e desígnio de um Portugal europeu.

No que se refere aos investimentos públicos Rui Moreira põe o dedo na ferida da crise, para justificar (e bem!) a insistência na alternativa “Portela mais um” e desmistificar a necessidade da ligação ferroviária Lisboa-Madrid por TGV.

 Para não falar deste “novo-riquismo” de continuar a expandir a sumptuosa rede rodoviária que já hoje temos, num País onde existem cada vez mais pessoas no limiar da indigência.

Enfim, com coragem e racionalidade, Rui Moreira falou da “portofia”, essa doença de sobranceria e arrogância, que os construtores da capital cortesã têm perante o resto do País, a que chamam desdenhosamente de província. O ponto mais alto desse referencial provinciano é o Porto e os portuenses.  Por isso só nos resta, como diz Rui Moreira, resistir - ser uma espécie de gauleses que se sentem obrigados a defender, com bravura, o seu terreiro e as suas tradições.

Parabéns ao Rui e recomendações a todos para a atenta leitura desta tão interessante entrevista.

Por último a referência à morte da mais velha Blogger do Mundo, Olive Riley, uma australiana com 108 anos de idade que granjeou o respeito e admiração de toda a blogosfera.

 Aqui fica a nossa modesta homenagem, nós que como ela somos escrevinhadores voluntários de palavras e de ideias. Tal como Olive Riley - com rosto, com nome e a singela vontade de ajudar a reflectir.

 

António de Souza-Cardoso

 

7 comentários

  • Caro Salboerro
    Permita-me desta vez não concordar consigo. A Europa já definiu o que são as regiões de coesão, onde não se inclui Lisboa e Vale do Tejo. Pela simples razão que já de há muito que o PIB per capita da região ultrapassa o da média europeia. O Estado português é que consegue sempre arranjar alguns subterfúgios para preverter este principio harmonioso de redistribuição e desenvolvimento.
    Quando me falam em planear primeiro a regionalização, etc, etc, cheira-me sempre, desculpe a franqueza, a mais dez anitos de assobiar para o ar e de avanço do centralismo. Advinhe lá se o novo QREN e o Fundo de Coesão vão pagar os próximos investimentos públicos...E pense bem onde se vão localizar maioritariamente..

    Obrigado pela refrescante participação.

    Asc
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    salboerro 22.07.2008

    Caro António de Souza-Cardoso,

    Ninguém nega a ninguém o direito de discordar mas quando isso acontecer não há regionalização nem mais avançada democracia que lhe valha.
    Para além da lengalenga do aeroporto de Pedras Rubras e da sua futura gestão por parceria privado-privada, público-privada ou lá o que for, junta-se outra de carácter provinciano e até invejoso baseada na região de Lisboa e do Vale do Tejo.
    Lembre-se que os autores, fazedores e aplicadores de políticas que beneficiam aquela região não são maioritariamente naturais de lá, são naturais de outras regiões do País, nomeadamente do norte e da região do Porto.
    Teremos de lhes pedir contas relativamente ao tempo em que foram governantes e deram sopa (permita-me esta exppressão) nos interesses políticos das regiões fora da região de Lisboa e Vale do Tejo. Se esta região lá consegue od fundos lá saberão porquê e quais os critérios de atribuição a respeitar. Já uma vez afirmei que os investimentos que se realizam na região da cidade-capital não me interessam, até podem embrulhá-los em algodão em rama para ficarem melhor protegidos e invejá-los não é sinal de objectividade política nem de defesa intansigente dos interesses das outras regiões, mas de inveja e provincianismo.
    O que me interessa, uma vez que sou do Norte e da futura Região Autónoma de Entre Douro e Minho, não é uma centralidade para o Porto idêntica à actual de Lisboa (para evitar os problemas sociais que começa a ter e não só). O que interessa é conseguir (não é arranjar) um desenvolvimento equilibrado e sustentado para uma região mais vasta, desde a fronteira marcada pelo Rio Minho até um pouco mais a sul do Rio Douro, estendendo-se para leste até às Serras do Marão, Alvão e Barroso, sem privilégios gerados pela dimensão, pela concentração urbanística, humana (já começam a sentir-se alguns problemas), empresarial, universitária ou outros de contornos duvidosos.
    Só por estas razões é que interessa criar e implementar a regionalização, autonómica e nunca administrativa, aproveitando e melhorando a experiância proporcionada pelas actuais Regiões Autónomas.
    Planear a regionalização não é um fim mas um meio técnico, fazendo da implementação da regionalização um importante instrumento político de desenvolvimento e de combate ao centralismo político actual que até agora não teve e continua a não ter políticos de raíz regional (e muito menos no Porto, onde só existem "bibelots" políticos) à altura do combate político a enfrentar, lacuna que tem contribuido para continuarmos a assobiar para o ar como uma barata tonta sem saber o que fazer, a não ser reclamar, no curto prazo e com base no casuismo político, a distribuição de verbas do QREN sem produzir de acordo com as potencialidades económicas regionais, exigir ao Governo a privatização do aeroporto de Pedras Rubras (porque não reclamam a privatização do serviço interurbano da CP, já agora para ser tudo metropolitano?).
    Com estes comportamentos, os de Lisboa riem-se de nós a bandeiras despregadas, gozam-nos no seu íntimo e continuam a chamar-nos provincianos e com inteira razão, continuando eles a defender os seus interesses e nós preocupados com "peanuts", desperdiçando a farinha e economizando no farelo, sem protagonistas regionais com envergadura política (estadismo e capacidade de intervenção política), técnica (competência), cultural (intersecção de diferentes culturas e tradições) e pessoal (carácter e personalidade).
    Menos lamexices e pedinchices e mais acção política e estratégica para implementar a regionalização autonómica, com novos protagonistas políticos-estadistas (não políticos-de-turno) é a solução que sempre apresentei, e nela insisto sempre, para o desenvolvimento não só da Região de Entre Douro e Minho (Lisboa ou o Porto não são o País, embora alguns queiram que pareça) como das restantes e futuras Regiões Autónomas, num total de 7 (sete), onde o litoral aparece separado do interior, a norte do Rio Tejo, como convém por questões de higiene política e de desenvolvimento.
    Meu caro António de Souza-Cardoso, só temos de queixar-nos apenas de nós próprios, mas na parte que me toca nunca perdi tempo nem dinheiro a assobiar para o ar, mas a fundamentar a regionalização autonómica.
    Os meus cumprimentos.
    Salboerro
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    Xico 23.07.2008

    Caro Salboerro

    Infelizmente, não se fazem omoletes sem ovos.

    A mim também não me interessa para nada o que se faz em Lisboa. O que eu quero é que eles sejam felizes e vivam o melhor possível!

    O problema é que para haver o desenvolvimento integrado de todo o país, sem favorecimentos de ninguém é necessário dinheiro. E se a esmagadora maioria do dinheiro é gasta em investimentos megalómanos numa determinada região do país, sobra o quê? Como é que se faz a regionalização que queremos? Infelizmente, esta situação está tão enraizada neste país que será difícil mudá-la. Se olharmos para trás, parece-me que só no tempo dos Filipes, com a capital em Madrid, é que o investimento em Portugal foi igualitário por todo o país. É triste.
  • Sem imagem de perfil

    salboerro 23.07.2008

    Caro Xico,

    O problema não é só o dinheiro aplicado em megainvestimentos, mas também o que se desperdiça por desordem organizativa e de gestão ou por concessóes legais de privilégios que não se justificam.
    A regionalização autonómica, a reorganização de TODOS os organismos da Administração Pública (orçamento base-zero para todos), a reorganização de tTODOS os serviços afectos aos Órgãos de Soberania e uma política de base regional com aplicação do princípio da subsidiariedade nacional, poderão transformar um país actual deficitário em quase tudo num país superavitário em muitos domínios: produtivo, orçamental e balança externa, entre os mais importantes.
    Mas, atenção, muitos dos actuais protagonistas políticos-de-turno terão de dar a vaga a outros políticos-estadistas.
    Os meus cumprimentos.
    Salboerro
  • Sem imagem de perfil

    Philipp 23.07.2008

    Caro Salboerro,
    Interessou-me muito o seu comentário. Gostava que me explicasse o que é um político estadista?

    A todos os outros comentadores, recomendo que visitem regularmente o blog: regioes.blogspot.com Contribuam, pode ser que ainda encontremos o nosso político-estadista ... esse "D. Sebastião" da "paisagem" de Portugal.
  • Sem imagem de perfil

    salboerro 24.07.2008

    Caro Philipp,

    Os políticos que não conseguem enchergar a necessidade de aplicar políticas que têm consequências em todos os dominios da sociedade, desde o económico ao ambiental passando pelo social, por exemplo, em termos de médio e longo, também só pensam no ciclo eleitoral para implementarem as medidas de política inscritas nos programas eleitorais, por mais que digam o contrário. Este são os que costumo chamar "políticos-de-turno", frequentemente rejeitados pelo eleitorado logo ao fim de 2/3 anos, caso exista um oposição digna desse nome.
    Os políticos-estadistas são exactamente o contrário daqueles que antes caracterizei e classifiquei como políticos-de-turno; o político-estadista, raro entre nós, revela capacidade política, competência técnica, sentido estratégico e nunca conjuntural e, parecendo-o, é mesmo sóbrio, frugal, firme mas tolerante, discreto nas relações públicas, tem carácter e afirma a sua personalidade no "antes quebrar que torcer".
    É só, ...
    Os meus cumprimentos.
    Salboerro
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