Os números da dor do centralismo
As cidades querem-se densas – senão não eram cidades, mas sim campo. Quanto mais densas forem, maior é a oferta de serviços.
Mas da maneira que uma cidade, para ser eficiente e confortável, precisa de ter uma massa crítica mínima - também há uma lotação máxima que não deve ser ultrapassada.
O modelo de desenvolvimento português dos últimos 50 anos consistiu em concentrar o essencial dos recursos do país na construção de uma metrópole (Lisboa) com massa crítica para ser competitiva com as grandes cidades europeias da segunda linha (ou seja, Paris e Londres excluídas).
Lisboa foi crescendo à custa do resto do país, até atingir uma dimensão que já não interessa sequer aos seus habitantes.
É isso que dizem os dados do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia. Em média, no país, espera-se cinco meses por uma cirurgia não urgente. O tempo que se está em lista de espera no Alentejo (3,2 meses) ou no Norte (4,1 meses) é inferior à média do país. Em Lisboa é muito superior: 6,4 meses, ou seja 192 dias.
Estes são os números da dor de um crescimento exagerado e do centralismo.
Jorge Fiel