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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Eduardo Cevasco

Nascido em Puerto Deseado, na Argentina. Jogou rugby e fez-se engenheiro. Começou por construir casas e silos de armazenagem, antes de se iniciar nas artes do Marketing com a Black & Decker, que o trouxe para a Europa e onde esteve até que os dinamarqueses da Dyrup em acharam por bem aproveitar o seu talento para gerir pessoas

 

O gestor da Patagónia que gosta

de trabalhar com pessoas felizes

 

 

Idade: 51 anos

O que faz:  presidente Dyrup Ibérica

Formação:  Licenciado em Engenharia Civil (1985), pela Universidade de Buenos Aires, fez um MBA  na Deusto University (1994), e tem pós graduações em Marketing Management (ESADE, Barcelona, 1999) e Gestão (Insead, 2004)

Família:  Casado com uma bióloga (Ursula). Têm um cão, golden retriever, chamado Toffee

Casa:  Moradia em Sant Cugat del Vallès,  Barcelona

Carro:  Subaru Outback, “é um carro fantástico”

Telemóvel:  iPhone

Portátil: Dell

Hóbis: Como nunca deixou de ser um amante do rugby, não falha na televisão um jogo do Torneio das Seis Nações. Quando lhe perguntamos qual é a melhor equipa de rugby do Mundo ele responde, sem pestanejar: “Os Pumas” (selecção argentina), mas acrescenta que “os All Black também fazem um bom trabalho…”.  No Inverno gosta de esquiar  (“Tenho boas pistas a hora e meia de casa”). Também adora fazer BTT aos fins de semana

Férias:  Tem como rotina ir em Outubro à Argentina (onde é sócio do irmão num colégio), visitar família e os amigos – que brincam com ele, dizendo-lhe que “fala como um galego”. Em Agosto gosta de alugar um barco e navegar entre ilhas 

Regra de ouro: “Respeitar as pessoas. E não só no aspecto formal, como por exemplo não gritar com elas. Temos de respeitar os desejos, as ambições e as capacidades das pessoas com que trabalhamos e convivemos. Isso torna a vida mais fácil para todos”

 

Um pouco por todo o mundo - mas fundamentalmente na Argentina, Dinamarca (onde bate o coração da Dyrup), Espanha e Portugal – há uma data de gente que dá graças a Deus pela presença de espírito revelada pela mãe de Eduardo, quando o filho, então com 22 anos, lhe apareceu pela frente, a rebentar de fervor patriótico, e anunciou a intenção de se alistar nas forças armadas para combater na guerra das Malvinas. “Ou te matam os ingleses ou te mato eu”, declarou a mãe, educadora de infância, cortando-lhe cerce os propósitos guerreiros.

A ideia de Eduardo não era tão desajustada como pode parecer. Ao fim e ao cabo, ele nasceu e cresceu em Puerto Deseado, a pequena localidade de nove mil habitantes, em plena Patagónia e em frente às Malvinas, que o pai médico escolheu para viver (em alternativa a Los Angeles), quando acabou Medicina em Buenos Aires, a sua cidade natal.

“Num raio de 300 km, não há nada à volta. E Buenos Aires fica a oito/nove horas de avião”, recorda Eduardo, que aos onze anos foi estudar para a capital, onde se apaixonou pelo rugby, que jogou até aos 35 anos, como 2º linha, posição onde se exige força para estar sempre a lutar pela posse de bola – “Essa é a história da minha vida”, desabafa Eduardo, que emana uma sensação de força tranquila.

No auge da sua carreira, chegou a receber convites para jogar rugby como profissional em Itália, que recusou pois fazer bem o curso de Engenharia era a primeira das suas prioridades. “O meu pai teria gostado que eu fosse médico, mas impressionava-me ver sangue, gostava muito de Física e era bom a Matemática”, explica Eduardo, que sempre gostou de futebol, mas tem a mania de ser do contra. Na Argentina, como o River Plate é o clube das elites, ele torce pelo popular Boca Juniores. Em Espanha, como vive em Barcelona, é adepto do Real Madrid.

Durante o curso, feito em plena época de hiperinflação na Argentina, ganhava os seus dinheiros dando explicações de Matemática e topando a todos os biscates, incluindo pintar casas, o que até se pode interpretar como premonitório da sua actual ocupação.

Acabada a licenciatura, dedicou-se à construção de escolas e de silos de armazenagem de cereais e líquidos, antes de ir para a Black & Decker, onde era director de Marketing e estava há pouco mais de um ano quando aceitou ocupar idênticas funções na subsidiária espanhola daquela multinacional norte-americana.

Foi em 1996 que atravessou o Atlântico e fixou o centro de gravidade da sua actividade na Europa. Após quatro anos na Black & Decker, agarrou com ambas as mãos a oportunidade que lhe ofereceram de ser o director geral da Dyrup Espanha. Até aí, o essencial da carreira tinha sido comercial. Queria testar a sua capacidade para gerir uma fábrica.

O teste resultou tão positivo, que em 2005 os dinamarqueses entregaram-lhe a direcção da filial portuguesa, que pesa o dobro da espanhola – dos 45 milhões de euros de facturação da Dyrup Ibérica, Portugal contribui com 30 milhões.

“O que tem mais valor é a capacidade de gerir pessoas. Não sei se é o que eu faço melhor, mas o que mais gosto de fazer é relacionar-me com a pessoa para obter o melhor de cada um”, explica Eduardo, um argentino da Patagónia, que acredita que pessoas felizes trabalham melhor e rendem mais e um adepto do bom senso  – só lamenta que  “senso comum não seja tão comum como isso…”

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

Jorge Lemos

 

Como adorava desmanchar coisas, andava sempre com uma chave de parafusos na mão, o que deixava a mãe com os cabelos em pé. Apesar de ser um bocado a puxar para o lingrinhas, jogou 12 anos rugby, no Benfica e em Agronomia. As vicissitudes do 25 de Abril frustraram-lhe os planos de se tornar engenheiro mecânico. Com o curso de Gestão feito e o serviço militar cumprido, arranjou o primeiro emprego na IMS Health Portugal. 30 anos volvidos, não teve medo de voltar ao sitio onde foi feliz   

 

O gestor que não teve medo

de voltar ao sítio onde foi feliz

 

Nome:  Jorge Lemos

Idade: 55 anos

O que faz: Presidente e CEO da IMS Health Portugal

Formação: Licenciado em Gestão de Empresas, pós graduação no Insead

Família: Casado com Teresa de quem tem dois filhos, a Joana, 26 anos, designer de comunicação, que vive e trabalha entre Londres e Lisboa, e o António, 24 anos, engenheiro mecânico que está a fazer um mestrado em energias renováveis

Casa: Apartamento no Monte Estoril

Carro:  Audi A5

Telemóvel:  Blackberry. “Lutei muito para não ter, mas o ano passado desisti. Mas não sou viciado. Quando é urgente, já sabem, o melhor é telefonar”

Portátil:  HP

Hóbis:  É um apaixonado pelo rugby. Quando viveu em Inglaterra ia com frequência assistir a jogos do Torneio das Seis Nações. Os All Blacks são a equipa que ele mais admira. O todo o terreno é a sua outra paixão. Adora fazer raides e conduzir fora da estrada. Há dois anos, na Páscoa, fez o trajecto do Lisboa-Dakar num Mitsubishi Pajero. Ultimamente tem vindo a iniciar-se no golfe - e confessa que está a gostar    

Férias: De vez em quando passa uns fins de semana em Vilamoura. O ano passado, voou até à Namíbia onde, ao volante de um Land Rover alugado, percorreu quatro mil quilómetros

Regras de ouro: “Acredito sempre que o que se faz bem se pode fazer ainda melhor. Não me resigno com facilidade. Aí o rugby foi uma grande escola”

 

A mãe tremia de terror sempre que o via com a chave de parafusos na mão. “Sempre gostei de desmanchar coisas”, confessa Jorge, admitindo que por causa dessa mania destruiu muitas coisas lá em casa.

Se não fosse o 25 de Abril, muito provavelmente teria sido engenheiro mecânico. Mas o dominó do destino fintou-o. Repetiu o 7º ano de Matemática por causa de uma professora chata que não o levou a exame. Por causa disso, apanhou pela frente o ano do Serviço Cívico, que era obrigatório e ele se recusou a fazer. Preferiu passar o Verão Quente de 75 a colar cartazes do PSD, em Lisboa, do que a alfabetizar camponeses, em Bragança. No ano lectivo seguinte ainda andou pelo Técnico, mas a confusão ainda era muita. Após uma tentativa falhada de se inscrever na Universidade de Louvaina, acabou por estudar Gestão no INP.

Antes das trapalhadas que o esperavam no final da adolescência, no Portugal a preto e branco do Outono do Estado Novo, era dos poucos miúdos privilegiados que comiam smarties e toblerones que o pai (director do hotel Metrópole, no Rossio) lhe arranjava no restaurante do aeroporto.

Fez a primária no Externato Luís de Camões e o secundário no Colégio Académico. Apesar de ser lingrinhas, distinguia-se no futebol jogado nas ruas dos Anjos e Areeiro, pelo que não espanta que um vizinho, de nome Mário Soares, o tivesse levado para jogar rugby no Benfica. Tinha 12 anos e estreou-se como médio de formação, evoluindo depois para médio de abertura. Acabou a carreira, já em Agronomia, com 24 anos, como médio centro. “Com a idade começa-se a jogar mais com a cabeça do que com o corpo”, explica, acrescentando que chutava bem e foi duas vezes vice-campeão nacional.

Foi a varejar amendoeiras no Algarve que ganhou o primeiro dinheiro, aos 16 anos, trabalho duro, que dava cabo das mãos e o deixava cheio de fome. O que ganhava durante dia estourava à noite no jantar e copos. Mais tarde arranjaria um part time bem mais leve: fazer inquéritos para a Norma, uma empresa de sondagens.

Aos 23 anos, com o curso tirado e o serviço militar cumprido, arranjou o primeiro emprego, na sucursal portuguesa da IMS Health, que naquele ano de 1979 se resumia a três pessoas: ele, a senhora alemã que dirigia o escritório e respectiva secretária. Contrataram-no porque andavam à procura de alguém que se entendesse bem com os números e falasse línguas.

Começou como uma espécie de faz tudo, sendo que o tudo incluía vender à industria farmacêutica os estudos sobre consumo de medicamentos produzidos pela IMS, uma espécie de Nielsen deste sector. A rapidez com que escalou na hierarquia fala sobre a eficiência do seu trabalho. Em 83, com 27 anos, casou com Teresa, professora de História, e foi promovido a director geral, cargo que desempenhou durante uma dúzia de anos, até ter o desafiarem a testar em vários mercados (Reino Unido, França, Itália, Espanha e Bélgica) o modelo comercial que ele concebera e fazia tanto sucesso em Portugal.  Deu resultado e como prémio, em Junho de 95, entregaram-lhe a direcção do Reino Unido e Irlanda.

Após quatro anos em Londres, fez uma empresa, foi consultor de public health affairs da IMS e aceitou voltar a liderar a filial portuguesa. “Eram oito da manhã e eu estava a conduzir na Marginal quando tocou o telefone. Era o presidente europeu a dizer que precisava da minha ajuda”. Jorge Lemos sentiu que não podia dizer que não.

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

Cristina Dias Neves

 

Como não queria levar uma vida aborrecida, sonhou ser trapezista e diplomata. Como queria ser independente, aos 14 anos habituou-se a ganhar dinheiro. Fez anúncios, foi modelo e baby sitter, serviu à mesa e varreu o chão, redigiu relatórios. Correu mundo. Acabado o curso de Ciências Políticas em Bruxelas, regressou a Lisboa para ser jornalista. Aos 30 anos decidiu assentar

 

A globetrotter que não queria

levar uma vida aborrecida

 

 

Idade: 40 anos

O que faz: Directora de Comunicação do Banco Santander Totta

Formação: Licenciada em Ciências Políticas com uma pós graduações em Gestão (Católica) e Ciências da Comunicação (Nova)

Família:  Casada com três filhos, Francisco (seis anos), Manuel (quatro) e Mafalda (um)

Casa: Andar no Bairro Azul, em Lisboa

Carro:  Ford Galaxy

Telemóvel:  iPhone 4

Portátil:  HP

Hóbis:  Leitura (bastante), viajar, cinema (alternativo, não blockbusters), passear de bicicleta com os filhos junto ao rio Tejo, em Belém, jantar fora, dançar e beber uns copos   

Redes Sociais: Facebook e Linkedin

Férias: Todos os anos passam 15 dias numa casa ao pé da praia, no Sotavento algarvio. Também faz parte da rotina uma semana de férias cá dentro (o ano passado foi na Madeira, há dois anos no Douro e há três no Alentejo) e outra na neve – a última vez foi em Ponte di Legno (Itália). Este ano planeia visitar Washington com uns amigos de Nova Iorque

Regras de ouro: “If it looks like a duck, swims like a duck and quacks like a duck, then it probably is a duck”

 

 

Fascinada pela elasticidade dos contorcionistas, ambicionou ser artista de circo (trapezista), sonho que a acompanhou até à adolescência, quando o substituiu pelo de ser diplomata, profissão mais respeitável que a poupava a uma vida aborrecida e lhe permitia viajar pelo mundo - mas de avião e não a bordo de caravanas, acompanhada pelo homem bala, os leões domesticados e a mulher de barbas.

O destino não quis que ela fosse trapezista ou diplomata mas foi bondoso ao levá-la de visita a ainda mais sítios que Fernão Mendes Pinto, talvez o mais famoso dos nossos viajantes, se não contarmos com José Megre, com quem (era inevitável!) ela se cruzou, trabalhando na organização de expedições ao deserto.

Nascida em Novembro de 1970, Cristina é a mais nova dos três filhos do matrimónio entre uma assistente social e um advogado, e cresceu no Lumiar. Nunca foi muito de criar raízes, como o demonstra um percurso escolar onde  Dona Amália, ES Lumiar e Mira Rio foram as escalas que se seguiram à Escola Alemã, escolhida para ela deixar de ser analfabeta devido à sua costela germânica – Ruth Kloss, a avó materna, era uma prussiana casada com um algarvio, que a poupou aos horrores da II Guerra ao decidir, em 1939, deixar os negócios em Hamburgo e embarcar com destino e Portugal, onde se dedicou à cortiça, em S. Brás de Alportel.

Desde cedo se habituou a ganhar o seu dinheiro. Aos 14 anos, estourou num jantar no Bairro Alto, com as amigas, o cachet da participação num anúncio da CP que publicitava uma espécie de Interail nacional (entrava para o comboio, punha-se à janela a dizer adeus e o comboio partia, nada de muito complicado).

Aos 16 anos fez um Interail pela Europa, que financiou trabalhando numa casa de chá em Londres, onde fazia tudo, incluindo varrer o chão, e recebia boas gorjetas. Em Lisboa, também serviu à mesa, foi modelo fotográfico, trabalhou na Parfois e vendeu trapos na loja da Alain Manoukian das Amoreiras – como é bom de ver, acabou o secundário a estudar à noite.

Como toda a gente lhe gabava a lábia, ainda lhe passou pela cabeça ser advogada, ideia de que desistiu logo que a mãe decidiu ir trabalhar para a Comissão Europeia. Fez as malas e partiu com ela para Bruxelas.

Na Bélgica, inscreveu-se em Ciências Politicas e foi baby sitter antes de começar a trabalhar na Fundação Friedrich Ebert, onde em nome do cooperação e do diálogo Norte/Sul, recebeu delegações africanas, organizou eventos, fez relatórios  - e perdeu a vontade de ser diplomata.

“Quando estive em Bruxelas, todo o dinheiro que ganhava era para viajar.  Quando não estava a trabalhar, estava a passear por todo o lado. Fui a toda a Europa, Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai.  Fiz 20 anos a descer, sozinha a Península da Tailândia, de Banguecoque a Singapura”, explica Cristina, que escreveu sobre o Rajastão para a Elle, sobre a Nova Zelândia para o Público, e sobre a Roma à noite para o Semanário Económico.

Regressou a Lisboa com o curso na mão e a vontade de ser jornalista do Independente na cabeça, mas no entretanto conheceu um arménio que a convenceu a fazer uma revista de música erudita, inspirada na BBC Music, que durou cinco números. Trabalhou na Rotas & Destinos, na Nova Expansão  e na Fortuna, foi directora da Meios & Publicidade até que, aos 30 anos, teve uma crise existencial. “Gostava de escrever e de editar mas senti que tinha de mudar de vida”, explica. Tinha chegado a hora de assentar. Pediu dinheiro ao banco e fez um Mestrado em Comunicação na Nova.

No final, em 2001, foi trabalhar para a João Líbano Monteiro & Associados. Passou pela EDP e PT, antes de ancorar no Santander, onde é directora de comunicação.

 

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias 

Joana Queiroz Ribeiro

Filha de juíz, passou a infância e adolescência a saltar de cidade em cidade. Esta vida de saltimbanco habituou-a a adaptar-se à mudança e a ter facilidade em estabelecer novas relações, características que viriam a revelar-se utilíssimas na vida profissional desta engenheira alimentar que não consegue estar parada – até parece que tem bichinhos carpinteiros

 

Uma engenheira e cervejeira

que tem bichinhos carpinteiros

 

Idade: 44 anos

O que faz:  Directora de Pessoas e Comunicação da Unicer

Formação: Licenciada em Engenharia Alimentar pela Escola Superior de Biotecnologia da Católica (1989) e pós graduação em Ciência Cervejeira, feito em Louvaine, na Bélgica

Família:  Casada, tem uma filha de 15 anos, a Francisca, que quer ser arquitecta

Casa:  Andar nas Antas, Porto

Carro:  Carrinha Mercedes C 220

Telemóvel:  Nokia E 52

Portátil:  HP

Hóbis:  Ler, passear, viajar, poder ter tempo para não fazer nada

Redes sociais: Facebook e Linkedin   

Férias: Todos os Verões, fazem15 dias de férias na casa que têm em Caminha, onde também vão passado alguns fins-de-semana ao longo do ano. Ao Algarve é raro irem. As férias internas são sempre complementadas com uma viagem pelo estrangeiro. O ano passado andaram pela Toscana, Há dois anos pelos Castelos do Loire. Este ano o projecto é irem a Goa   

Regras de ouro: O comboio não passa duas vezes

 

Quando vivemos o momento mais decisivo das nossas vidas raramente nos damos conta disso. No Verão de 1983, Joana estava de férias na Quarteira, sem saber o que fazer à vida, pois a sua média no 12º  revelara-se curta para ir para Medicina.

“Olha, se fosse a ti olhava para este curso que está aqui anunciado”, disse-lhe um daqueles amigos de família que nos habituamos a tratar por tios, enquanto lhe passava o Expresso para a mão. Sentiu-se logo atraída pela licenciatura em Engenharia Alimentar que a Católica iria iniciar no Porto.

“Fiquei convencida. Combinava novidade, desafio e risco”, explica Joana, 44 anos, a mais velha dos três filhos de um juiz desembargador. Começara por sonhar ser médica, provavelmente por influência das bonitas histórias que ouvira do seu avô paterno, um médico de Valença de coração generoso (não cobrava aos doentes pobres).

O curso, que estreou com mais 23 colegas, não a desiludiu. Tinha muitos professores estrangeiros. O ambiente era bom. As matérias entusiasmavam-na. Ainda estudava quando começou a aplicar os conhecimentos durante um estágio na conserveira Amorim, da Póvoa de Varzim, onde ganhou dinheiro para comprar o primeiro carro: um Fiat Uno preto.

Era uma copinho de leite, que só tocava em cerveja durante a Queima, quando agarrou com ambas as mãos a oportunidade de fazer uma pós-graduação na Bélgica em Ciências Cervejeiras, patrocinada pela Unicer, uma das fundadores da Escola Superior de Biotecnologia.

Não ficou atrapalhada por viver sozinha para Louvaina, onde não conhecia ninguém, e estudar numa língua (o francês) que não sabia falar. Desde pequena que estava habituada a mudar de cidade, adaptar-se a novas escolas e a fazer novas amizades, pois passou a infância e adolescência a saltar sempre de um lado para o outro, acompanhando os destacamentos do pai. Nasceu no Porto, mas viveu em Lisboa e Loulé, antes de começar em Castelo de Vide a primária que concluiu em Felgueiras, onde iniciou o secundário, que continuaria em Cascais e acabou no Porto.

Esta vida de saltimbanco habituou-a a adaptar-se à mudança e a ter facilidade em estabelecer novas relações, características que lhe ficaram tatuadas no carácter e se viriam a revelar-se utilíssimas.

Regressada da Bélgica, foi logo trabalhar para o Departamento de Qualidade Industrial da Unicer, onde ficou responsável pelo projecto de certificação de qualidade da empresa.

Este processo desenvolveu-lhe a capacidade de comunicação e permitiu-lhe ficar a conhecer por dentro e por fora as pessoas e processos da cervejeira. No final, com a Unicer certificada, passou a acumular a responsabilidade do sistema de garantia de qualidade com a comunicação interna e externa.

A chegada de Ferreira de Oliveira à liderança foi sinónimo de maior exigência mediática, pelo que Joana passou a concentrar-se na comunicação. Com António Pires de Lima, teve de mais uma vez se adaptar. A Unicer emagreceu para sobreviver e prosperar nos novos e difíceis tempos, o que a obrigou a um esforço suplementar de comunicar, externa e internamente, “de forma transparente e autêntica” ,“um processo muito duro” de dispensa de cerca de 700 pessoas.

Concluído o downsizing, passou a acumular Comunicação e Recursos Humanos numa direcção que rebaptizou de Pessoas e Comunicação, instalando-se simbolicamente com gabinete com paredes de vidros. “Transparência é um ponto. Ser verdadeiro é um ponto”, explica.

 

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

Sofia Catarino

Filha de uma doméstica e de um serralheiro, trabalhou no bar da piscina do Estoril Sol, apanhou morangos no Algarve e andou de lanterninha, no escurinho dos cinemas de Carcavelos, a encaminhar o pessoal para os respectivos lugares. Licenciada em Psicologia Social, fez recrutamentos, orientou acções de team building e viveu um ano em Nova Iorque até que num sábado, na praia, a leitura de uma revista inspirou-a a mudara de vida e criar a Pegada Verde, uma espécie de Amazon de produtos ecológicos

 

A psicóloga que virou empresária

por causa dos copos menstruais

 

Idade: 29 anos

O que faz:  Sócia fundadora da Pegada Verde

Formação: Licenciada em Psicologia Social e das Organizações, curso de Marketing de Eventos na New York University

Família:  Vive com o Sérgio (seu sócio e companheiro) e a gata Pitucha

Casa:  Apartamento em Torres Vedras

Carro:  VW Polo preto, de 1991, “é o meu primeiro carro”

Telemóvel:  Nokia, “daqueles que recebem emails”

Portátil:  Macbook de 13’’

Hóbis:  Praticar shiatsu, uma massagem japonesa terapêutica (ela está habilitada para as dar pelos Estudos Avançados em Naturologia), e correr uma meia hora logo depois de acordar   

Redes Sociais: Tem Facebook e está lá todos os dias a partilhar dicas com a seguidores da Pegada Verde

Férias: O ano passado foi complicado. Teve vontade de fazer um terceiro InterRail  - o primeiro foi para o Norte (França, Bélgica, Holanda…), o segundo foi para o Sul (Hungria, Croácia, etc) -  mas não pode por causa das andanças da empresa. “Estivemos com um banca dos nossos produtos no Festival de Danças do Mundo, em S. Pedro do Sul”. Este ano vai ser um InterRail, ainda são percurso definido, ou então vão revisitar Nova Iorque

Regras de ouro: “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”

 

Estava com uns amigos na praia de Stª Rita, em Torres Vedras, quando soube da existência dos copos menstriuais  A Sábado trazia um artigo sobre o livro Dormir nu é ecológico, da jornalista canadiana Vanessa Farkuharson, que elenca uma medida ecológica para cada dia do ano, sendo que uma delas é o uso do copo menstrual.

“Mas que raio é o copo menstrual?” interrogou-se Sofia, uma psicóloga que trabalhava (mas já não recebia) de uma empresa de Recursos Humanos que balançava à beira do abismo. Como ninguém sabia, mal chegou a casa pesquisou a resposta na Internet.

O copo menstrual é um pequeno objecto de uso feminino, reutilizável e alternativo a pensos e tampões, que encerra vantagens não só para o planeta (reduz a quantidade de lixo) mas também para a saúde (não faz alergias nem irritações) e bolsa (custa 30 euros e dura dez anos) da utilizadora.

Convertida ao uso desta pequena maravilha, Sofia debalde se lançou numa peregrinação pelas farmácias em demanda do copo menstrual. Não havia. O eureka deu-se quando estava no café a conversar sobre isso com Sérgio, o seu companheiro (que estudou Gestão). Resolveram logo ali aproveitar esta lacuna, fazendo uma empresa para importar da Finlândia e distribuir no nosso país copos menstruais. Estava a nascer a Pegada Verde.

Filha de uma doméstica e de um serralheiro com oficina própria, Sofia nasceu em 1981, em Manique. Acabou o secundário em Carcavelos, após ter estudado nos Salesianos até ao 9º. Quando tinha 12/13 anos, por influência dos filmes da saga Indiana Jones, sonhou ser arqueóloga, mas quando chegou a hora de escolher optou por Psicologia, a conselho de um tio materno que trabalhava na Refrige.

O primeiro dinheiro ganhou-o aos 16 anos, nas férias grandes, a trabalhar no bar da piscina do Estoril Sol (“como não estava habituada a andar de saltos altos chegava ao fim do dia toda partida”), um gancho arranjado por influência de um tio paterno. Mais tarde, ainda andou de lanterninha na mão, no escurinho dos cinemas de Carcavelos, a encaminhar as pessoas para os respectivos lugares.

Em 1998, entra no ISPA, onde foi feliz. “Os melhores anos da minha vida foram os que passei na universidade”, confessa, declarando-se também satisfeita com o curso: “Não desvenda mistérios, mas permite-nos crescer e dá-nos sensibilidade”. Recém licenciada, passou o Verão a apanhar morangos no Algarve, antes de se lançar à procura de trabalho na área da sua formação. Fez recrutamentos e acções de team building, com um ano parêntesis em que ela e Sérgio trabalharam na nossa missão junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, no âmbito da preparação e da presidência portuguesa da UE. Até, que, no Verão de 2009, estava na praia a ler uma revista e soube da existência do copo menstrual.

O copo menstrual é o principal, mas não o único produto do catálogo da Pegada Verde, que vende online e distribui por farmácias e supermercados biológicos produtos reutilizáveis tão diversos como fraldas, pensos de algodão ou garrafas da alumínio, cosmética biológica e o go girl, um truque (reutilizável) que custa 12 euros e permite às mulheres fazerem xixi de pé - e é de grande utilidade em festivais de música com casa de banho imundas. “As mulheres portuguesas estão a aderir aos nossos produtos. É sempre bom não as subestimar”, declara Sofia acrescentando que quer ser “uma Amazon dos produtos ecológicos”.

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

Lídia Tarré

 

Começou por passar parte das férias da Escola Alemã a embalar peixe, a 8º graus centigrados, na sala de laboração da Gelpeixe. Depois de estudar  Gestão, no ISEG, aprendeu a cultura IBM, passou por um gabinete de contabilidade e foi auditora. Aos 26 anos, sentiu que estava pronta para desembarcar na empresa feito pelo avô, pai e tio

 

De como Lídia conseguiu

apagar o selo de filha do patrão

 

Nome:  Lídia Tarré

Idade: 30 anos

O que faz:   Responsável pelo Marketing da Gelpeixe

Formação:  Licenciada em Gestão pelo ISEG (2002), com pós graduações em Fiscalidade e Controlo de Gestão, no ISCTE

Família:  Casada com um engenheiro informático, de quem tem um filho, o Gabriel, de quatro meses

Casa:  Andar na zona da Expo, Lisboa

Carro:  Honda CRV

Telemóvel:  iPhone

Portátil: Sony Vaio

Redes Sociais: “Tenho consciência de que é importante estar lá, mas não tenho tempo” 

Hóbis: Tem um piano em casa, onde de vez em quando toca peças de Debussy, Mozart ou Beethoven. Na adolescência teve aulas na Academia de Música Santa Cecília, no Lumiar, mas cedo percebeu que se queria ser boa pianista isso iria reflectir-se negativamente no rendimento escolar. Faz regularmente yoga, gosta de dar passeios na praia e passar fins de semana fora – e sempre que pode não perde os concertos dos seus artistas preferidos, como, por exemplo, Leonard Cohen  

Férias: No Verão, faz normalmente uma a duas semanas de férias na casa da família, na Praia da Rocha. Viajar é uma paixão. Em 2009, o ano em que se casou, foi à Costa Rica antes de fazer a lua de mel no Sudeste Asiático (Tailândia, Vietname e Cambodja). Praga é o próximo destino   

Regra de ouro: “Se deres um peixe a um homem vai alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar vais alimentá-lo toda a vida” (Lao-Tzu)

 

Desde que na adolescência passava parte das férias grandes a embalar peixe congelado, a 8 graus centígrados, na sala de laboração da fábrica de Loures, que Lídia sabia que a sua vida ia passar pela Gelpeixe. Só não sabia era quando.

Fundada em 1977, pelo avô Francisco (que tinha em Loures uma daquelas lojas onde se vende um pouco de tudo) , o tio Joaquim e o pai Manuel (que tinham acabado estudos e tropa), a Gelpeixe é três anos mais velha do que ela e a sua criação uma base estatística – a seguir a Japão e Islândia, Portugal é o país do Mundo com maior consumo de peixe per capita.

Lídia cresceu no Lumiar e fez o secundário na Escola Alemã, que além da fluência em alemão teve a grande vantagem de lhe ensinar que nem toda a gente no mundo tem os nossos valores e modo de encarar a vida.

Sempre viveu muito a Gelpeixe. “O meu pai sempre achou que devíamos passar pela sala de laboração, para merecermos o respeito das pessoas que lá trabalham e nos ajudar a passar por cima do selo de filhos do patrão”, explica Lídia, que fez de tudo menos serrar peixe. O primeiro dinheiro ganho a manipular a pescada ultracongelada foi direitinho para umas Levis.

Não teve dúvidas em escolher Gestão, curso feito no ISEG e concluído ainda com 21 anos. Sabia que mais tarde ou mais cedo iria desaguar na Gelpeixe, mas também sabia que primeiro tinha de fazer o tirocínio fora do ambiente protector da empresa familiar. “Expliquei ao meu pai que o primeiro emprego tinha se ser eu a consegui-lo”, conta.

Não foi só o primeiro, mas também o segundo e o terceiro. Debutou na DCSI, uma joint venture entre PT e IBM, instalada no Tagus Park, onde se deixou impregnar pela cultura típica de uma multinacional norte-americana. Um conselho do pai (“um bom gestor tem de saber ler um balancete”) levou-a a mudar-se para um gabinete de contabilidade, de onde transitou para uma empresa de auditoria que lhe abriu as portas do mundo das grandes empresas.

A decisão de que tinha chegado a hora de ir para a Gelpeixe foi tomada, entre pai e filha, numa calma noite da Primavera de 2006, num passeio à beira Tejo, na zona da Expo. O marketing estava a precisar de uma mãozinha e no percurso de quase cinco anos feito a solo, Lídia já tinha conseguido reunir competências e apagar o selo de filha do patrão.

Desembarcou em Loures no Verão e cedo fez o diagnóstico. Havia um canal aberto, de logística e distribuição, que podia e devia ser aproveitado para disponibilizar oferta de produtos sintonizados com as novas necessidades dos consumidores mais jovens e citadinos, que têm menos tempo e paciência para estar na cozinha – e não sabem ou não querem cozinhar.

Dois anos volvidos, começavam a desembarcar nas prateleiras dos supermercados, em embalagens apetitosas e com a submarca Gelpeixe Gourmet, os primeiros produtos da diversificação e sofisticação (sushi, filetes de espada preto…) introduzida por Lídia numa gama que se esgotava na pescada, tamboril, polvo e outros peixes congelados. Seguiram-se mais duas vagas. A submarca Delidu é um incursão na carne, com uma oferta de porco preto em várias declinações. E a Chef vai até às sobremesas.

Jovem mãe e consumidora citadina, com pouco tempo para passar na cozinha, Lídia tem aproveitado muito a nova gama de produtos que lançou na Gelpeixe. Lombos de espadarte Gourmet, pitta kebab e crepe de chocolate (ambos Chef) são os seus pratos preferidos.

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

Francisco Febrero

 

 

 

 

 

Filho de uma enfermeira e de um funcionário do Inatel, cresceu entre Alcântara e os Olivais. No secundário esteve muito longe de ser o melhor aluno do D. Dinis. Endireitou a carreira escolar no ISCAL. Trabalhou nos serviços do IVA, na Coopers e em empresas de refeições e ketchup, antes de tomar contacto com o SAP e entrar no maravilhoso mundo da informática. Breve resumo da vida de um dos fundadores da ROFF     

 

Como um rapaz dos Olivais chegou

ao 15º andar da Torre de Monsanto

 

Idade: 48 anos

O que faz:  Ceo da ROFF

Formação:  Bacharelato em Contabilidade e Administração, pelo ISCAL, e especialização profissional em Engenharia Informática (Técnico)

Família:  Divorciado, tem um filho de 22 anos que estuda Economia no ISCTE

Casa:  Andar em Telheiras, Lisboa

Carro:  BMW X5

Telemóvel:  Samsung  com dois cartões, um português outro angolano, ambos sempre activos, “além de passar uma semana por mês em Luanda também recebo muitas chamadas de lá”

Portátil:  Mac, “o Mário Oliveira (o O de ROFF) convenceu-me”

Redes sociais: Facebook (“sou obrigado, está lá toda a gente, mas actualizo pouco o perfil, normalmente vou lá só para ver o que o meu filho anda a fazer J”)

Hóbis:  É  raro falhar um jogo do Sporting em Alvalade, onde a ROFF tem um camarote (também tem na Luz, sendo que ambos os camarotes são acessíveis a todos os colaboradores da empresa, é só candidatarem-se) . Normalmente aproveita a semana por mês que tem de estar em Luanda, a trabalhar, para ir na 5ª anterior à noite e assim poder desfrutar de dois fins de semana , na casa duns amigos, no Mussulo  

Férias:  Em Agosto, passa sempre duas semanas de férias na Praia do Carvalhal (costa alentejana) onde tem casa. E todos os anos costuma fazer uma viagem com o filho. Em 2010 foi a Cluj, onde ele estava a fazer o Erasmus. Este ano devem ir aos Estados Unidos - “Está a ser negociado”

Regra de ouro: "Passa à frente, que atrás vem gente. O que importa é olhar para a frente e ter confiança nas nossas capacidades para resolver os problemas que inevitavelmente nos vão aparecer – e que serão bastantes"

 

 

 

“Se, quando eu tinha 25 anos, me perguntassem tu vais ser consultor informático, eu responderia logo que não”, conta Francisco Febrero, 48 anos, confortavelmente instalado, à frente de um Mac e de um chávena de chá, no seu gabinete envidraçado, no 15º andar da Torre Monsanto, de onde desfruta de uma vista de Lisboa de cortar a respiração.

É a partir deste gabinete, identificado à porta como Régie, que comanda o exército de 450 colaboradores (dos quais mais de 95% são licenciados) da da ROFF, líder no mercado de implementação de soluções SAP, com fábrica na Covilhã e escritórios no Porto, Paris, Estocolmo e Luanda.

Foi longo e sinuoso o caminho que trouxe até ao topo do mais alto edifício de escritórios de Portugal o filho do matrimónio entre uma enfermeira do Stª Maria (onde ele nasceu em 1962) com um funcionário do Inatel. A família Febrero, composta ainda por mais dois irmãos (Maria Gabriela e Pedro) beneficiava da profissão do pai para passa todos os anos belíssimas férias de Verão, a baixo preço, nas estâncias da Costa da Caparica, Albufeira, Foz do Arelho e Cerveira da antiga FNAT.

Estava a caminho dos 13 anos quando o 25 de Abril permitiu aos Febrero mudarem-se de Alcântara (o pai era o sócio nº 5 do Atlético, o tio era do rival Belenenses, mas ele puxou ao avô sportinguista) para os Olivais, um bairro que ele amou logo à primeira vista.

“Era um bairro muito bem construído -  cheio de espaços verdes, onde podíamos jogar à bola ou à pedrada na rua -  e habitado por gente de diferentes classes sociais, o que foi decisivo para o nosso crescimento como pessoas. Ainda tenho amigos dos Olivais”, conta Francisco, que fez carreira como guarda redes de andebol,  modalidade em que foi campeão nacional da III Divisão e representou o Encarnação e Clube TAP.

A felicidade da sua adolescência foi apenas manchada por um desempenho escolar menos exemplar no D. Dinis, onde perdeu dois anos, o que exasperou o pai, que lhe arranjou um part time no 1º de Maio, o estádio do Inatel, onde passava os fins de  semana a montar e manter a instalação sonora de suporte às actividades desportivas, biscate cujas receitas lhe sustentavam o vício do tabaco.

No ISCAL, endireitou a carreira escolar e no último ano já o vemos a trabalhar nos serviços do IVA, corrigindo (à mão) as declarações dos contribuintes. Passou pela contabilidade de uma empresa que fornecia refeições, antes de assentar, na Coopers & Lybrand, em 1987 (“na altura, havia só um computador por equipa”), que lhe abriu as portas de Angola, onde fazia a auditoria da Sonangol.

“Por estar fora, ganhava mais, o que dava um jeitão porque tinha acabado de casar e comprar carro. Além disso conheci gente e adorei o país”, explica Francisco, que ainda passou como controller pela Idal (grupo Heinz) que tinha a maior fábrica de concentrado de tomate da Europa, antes de, pela mão do cunhado, tomar contacto com o SAP.

A Sigil, de António Melo Ribeiro, foi a porta de acesso ao maravilhoso mundo da informática. Depois foi a viagem de montanha russa habitual nas tecnológicas. Em 1996, Melo Ribeiro vendeu a Sigil e montou com os seus melhores quadros a ROFF (R de Ribeiro, O de Oliveira, dois F de Francisco Febrero e do seu irmão Pedro), que começou a funcionar com cinco pessoas, na casa dele em Cascais. Quinze anos e muitas voltas depois, são 450, ocupam os dois últimos pisos do mais alto edifício de escritórios de Portugal e facturam 35 milhões de euros.

Jorge  Fiel

Esta matéria foi publicada  hoje no Diário de  Notícias

Bernardo Simões

Foto Orlando Almeida

 

Filho de um chefe de cabina da TAP e de uma decoradora, este sportinguista extrovertido cresceu no bairro de Alvalade e estudou no Valsassina, onde decidiu trocar o sonho de ser deputado por uma carreira no marketing. Descolou na editora de livros escolares da Prisa, e fez escalas no Jornal de Negócios, Media Capital , Brisa e PT antes de aterrar na Bizdirect, da Sonaecom 

 

O alfaiate de sistemas de informação

que em miúdo sonhou ser deputado

 

 

Idade: 37 anos

O que faz:  Sales e Marketing Manager da Bizdirect

Formação: Licenciado em Comunicação Empresarial pelo Instituto Superior de Comunicação Empresarial

Família:  Casado com Margarida (directora financeira adjunta no grupo ETE), têm três filhos: Matilde, cinco anos, Salvador, três, e Francisca, dois

Casa:  Andar na Estrada da Luz,  Lisboa

Carro:  Carrinha Mercedes Classe E 250 CDI, “com três filhos pequenos, preciso de uma grande bagageira”

Telemóvel:  iPhone

Portátil:  Lenovo

Redes sociais: Facebook (“tenho lá a minha vida toda, a partir do iPad, estou sempre a actualizar o perfil”) e Linkedin

Hóbis:  “O hóbi são os meus filhos. Sou o maior pai babado que há. Às 19h45 em ponto, levanto-me e vou para casa”. Também gosta de ler, de ir ao cinema e de ver futebol. É sportinguista, tal como a mãe e os três filhos (o pai e o irmão, Vasco, são benfiquistas), por influência do avô materno: “Lembro-me de passar a tarde de domingo com o meu avô em Santarém a ouvir na rádio as proezas do Manuel Fernandes e do Jordão, nos relatos dos jogos do Sporting”

Férias:  Gosta do Algarve quando ele está cheio de gente e por isso todos os anos, em Agosto, alugam sempre a mesma casa, em Vilamoura, e durante três semanas desfrutam com a filharada das delicias do relvado, da piscina e da praia. O ano passado, ainda foram até Ibiza, no barco de um amigo

Regra de ouro: “Família e tranquilidade. Gosto de ter sucesso e sou muito ambicioso, mas tenho de ter sempre a mulher e filhos por perto. E tenho um sonho que é morar em Santarém”  

 

“Quero ser deputado” era a resposta que dava quando tinha uns 13/14 anos e lhe perguntavam o que queria ser quando fosse grande. No entretanto, este sportinguista, extrovertido e optimista, mudou de ideias. Ao longo da sua agitada vida profissional tem superado as barreiras que lhe vão surgindo pelo caminho até se tornar uma espécie de alfaiate de sistemas de informação.

Ser responsável pelo marketing e as vendas da Bizdirect é a linha mais recente do curriculum que já vai gordo de um marketeer trintão que continua atento à coisa política. “Gosto de ver os debates no Canal Parlamento e estou sempre atento ao que se passa através da Sic Notícias, mas os políticos têm-me desiludido. A sua credibilidade e profissionalismo deixam muito a desejar”, confessa Bernardo, o mais velho dos dois filhos do matrimónio entre uma decoradora de interiores  e um chefe de cabina da TAP.

Por via da profissão do pai, fartou-se de viajar. Tinha sete anos quando desembarcou pela primeira vez no Rio de Janeiro. E aos dez anos passaram todos o Natal em Nova Iorque.

Cresceu entre o bairro de Alvalade e Santarém, onde nasceu e estão as raízes da família materna. “Tive a sorte de passar a infância e a adolescência a brincar e a jogar à bola na rua com os meus amigos”, recordar Bernardo, que fez a primária no Colégio Inglês e o secundário do Valsassina (onde andam agora os filhos), onde percebeu que o marketing era o curso certo para quem alguém tão extrovertido como ele.

Em casa, os pais exigiam-lhe a máxima responsabilidade em troca da máxima liberdade, uma política que implicava não haver mesada, pelo que ele habituou-se de miúdo a ser poupado e a arranjar dinheiro para as férias e pequenos luxos.

Todos os anos, trabalhava nas iniciativas da João Lagos Sports, fosse a servir bebidas no bar VIP do Estoril Open em golfe, a conduzir um tenista, ou a levantar a cancela do estacionamento para o torneio de voleibol. “Ganhava-se muito bem”, revela.

A sua fama no capitulo da gestão e organização começou a construir-se quando a mãe lhe passou para a mão o cartão multibanco da conta para as despesas domésticas e a responsabilidade pelo governo da casa.

“No final do mês sobrava sempre algum dinheiro para mim”, afirma com um orgulho, acrescentando que a sua mulher ainda fica doida com a mania dele pela perfeição e organização, que o impede de recolher à cama se as almofadas do sofá estão desarrumadas ou os comandos não estão alinhados no sitio certo.

Após dois estágios curriculares (McCann e TVI) durante o curso, iniciou, há 15 anos, na Constância, editora de livros escolares do grupo Prisa, um percurso profissional agitado.

Na Lusomundo, planeou campanhas de promoção de filmes. Deu uma mão a Diogo Madeira, Tiago Cortês e Pedro Santos Guerreiro na montagem do Canal  e o Jornal de Negócios.  Na Media Capital,  criou e ajudou a crescer o IOL e a Telelista. Na Brisa, foi o pai do Brisacess, que consistia em acrescentar valências ao identificador (pagamento de estacionamento e gasolina). Na PT trabalhou no desenvolvimento da oferta Megarede, sistema concorrente do Pay Shop. Até que em Setembro de 2010 se mudou de armas e bagagens para a Bizdirect.

“Estou rendido à Sonae. Aqui trabalha-se a 200 à hora. Estou a adaptar-me muito bem porque o grupo é como eu, muito focado e organizado”, conclui Bernardo, que sonhou ser deputado e acabou alfaiate de sistemas de informação.

Jorge Fiel

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Manuel Serrão

Esteve quase a morrer à fome. Cursou Direito por causa da política, mas a sua experiência como advogado limitou-se ao divórcio de um amigo. Foi jornalista antes de se tornar empresário com negócios nos mundos têxtil, moda e eventos. Mas o sonho dele é ter um restaurante

 

Esteve quase a morrer à fome

e sonha ter um restaurante

 

Nome:  Manuel Serrão

Idade: 51 anos

O que faz:  empresário, com interesses na moda, têxtil e organização de eventos

Formação:  Licenciado em Direito pela Católica de Lisboa (1983)

Família:  Divorciado, tem uma filha de sete anos, que se chama Joana

Casa:  Moradia em Nevogilde, no Porto

Carro:  Mercedes SLK 2000

Telemóvel:  Nokia N95

Portátil: Toshiba 

Hóbis: Golfe, que joga todas as semanas (em média duas vezes no Inverno e três no Verão), normalmente na Estela, Ponte de Lima ou Montebelo (Viseu), sendo que os parceiros mais frequentes são os seus amigos Juca Magalhães, Souza Cardoso e Costa Lima. Também é um apaixonado por viagens, gastronomia  e futebol - agora só para ver (tem um lugar de camarote no Dragão) e comentar (está em trânsito do Porto Canal para a TVI 24, onde substituirá o falecido Pôncio Monteiro)

Férias: O ano passado esteve uma semana na Córsega e outra em Vilamoura, ambas dedicadas à praia e ao golfe. Veio agora das Canárias, onde passou o ano. A rotina contempla uma semana de esqui em Baquera, nos Pirinéus, antecedida de três semanas de Ramadão, durante as quais, para equilibrar o peso só bebe água e só come legumes e frutas  

Regra de ouro: “Sou feliz porque só sonho com aquilo que sei que posso alcançar, por muito trabalho que dê”

 

A culpa foi da política, para a qual despertou ainda adolescente no tórrido ano de 1975, quando começou a dar nas vistas ao ser preso pelo Copcon (a guarda pretoriana de Otelo), à porta do António Nobre, o único liceu do Porto onde a Associação de Estudantes não era de esquerda, muito por fruto do seu trabalho político como militante de Juventude Centrista.

“Escolhi Direito, porque era o curso da maioria dos políticos à época”, explica Manuel, 51 anos, que da sua travessia de cometa pela política  guarda outra recordação forte, a noite que passou no Palácio de Cristal, no I Congresso do CDS, sitiado por manifestantes de esquerda.

Em miúdo, tinhaa em casa um pequeno laboratório, onde fazia experiências com pipetas, e chegou a encarar ser engenheiro químico, tal como o padrinho Fernando Serrão, catedrático de Química. Mas a política falou mais alto na hora da opção.

“A meio do curso de Direito apercebi-me que não era aquilo que queria e que deveria ter ido para Gestão. Mas não tive lata de pedir ao meu pai para começar outra vez tudo de novo”, confessa Manuel, que passou seis anos em Lisboa (os cinco da ordem, mais o propedêutico), instalado no Colégio Pio XII, onde foi colega de Fernando Seara.

Manuel Serrão é um rapaz de Paranhos, que veio ao Mundo na Ordem do Carmo. A Trindade não caiu, mas os dias seguintes não foram muito venturosos, já que definhava a olhos vistos e manifestava um feitio irascível. Valeu-lhe o arguto diagnóstico do pai, catedrático de Anatomia Patológica e conselheiro do Vaticano.

“O que o rapaz tem é fome”, declarou Daniel Serrão. Não conseguia mamar bem no peito da mãe, professora de Educação Física e portista militante, à diferença do marido, que nunca ligou a futebóis. Deram-lhe de comer como remédio e o bebé Manuel medrou até se tornar no forte rapagão que todos conhecem, com 1m85 de altura e uma data de peso.

Ainda andava no liceu, feito entre o D. Manuel II e o António Nobre, quando ganhou o seu primeiro dinheiro, passando os fins de semana a contar carros na Circunvalação, por conta da Junta Autónoma de Estradas. Um part time bem pago, 250 escudos o turno de oito horas, que ele aplicava em férias com os amigos, passadas entre Benidorm e o Algarve. 

Em 1983, concluído o curso de Direito, regressou ao Porto e fez o estágio no escritório de João Lopes Cardoso, tratou do seu único caso como advogado (o divórcio do seu colega José Carlos Sousa, actualmente na Bola) e arranjou o primeiro emprego a sério, como jornalista de “O Comércio do Porto”.

Em 1987, casou pela primeira vez e trocou o jornalismo por um emprego mais bem remunerado na Exponor, onde iniciou uma bem sucedida carreira no mundo das feiras e desfiles de moda - além de estar ligado ao Portugal Fashion e de ser administrador delegado da Selectiva Moda (que promove o Modtissimo, a única feira têxtil que se realiza no nosso país) organiza a participação em feiras no estrangeiro de empresas da fileira do vestuário.

Além dos trapos e da presença na Comunicação Social (entre outras coisas é cronista do JN e dirige o Jornal Têxtil) alargou a sua actividade à organização de eventos (gastronomia e vinhos) e criou, em parceria com Tiago Neiva de Oliveira e Sousa Cardozo, a No Trouble, uma empresa de Business Angel. Mas na sua cabeça começa a ganhar forma o sonho de se dedicar de corpo e alma a um restaurante que seja um espaço de referência no Porto da comida tradicional portuguesa.

 

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias 

João Pires da Cruz

Para começar teve a sorte de ter nascido em 1965, o que o lhe permitiu ter 21 anos quando Portugal aderiu à CEE. Depois teve a sorte de não saber o que queria ser quando fosse grande, o que o poupou a grandes desilusões. Finalmente, quando acabava o curso de Física, teve a sorte de ter arranjado o primeiro emprego no pior sítio do Mundo, o que obrigou a fazer pela vida. Uma breve história da vida de um físico com cérebro matemático que fundou a Closer, consultora de tecnologias de informação

 

O físico que teve a enorme sorte

de ir parar ao pior sítio do Mundo

 

 

Nome:  João Pires da Cruz

Idade: 45 anos

O que faz:  Sócio gerente e partner da Closer

Formação: Licenciado em Física na Faculdade de Ciências de Lisboa (1989), fez também um mestrado em Engenharia Física. Está a concluir o doutoramento

Família:  Casado, tem dois filhos, o João, 12 anos, que faz esgrima como o pai, e o Henrique, oito anos

Casa:  Apartamento em Carcavelos, a 30 metros da praia

Carro:  BMW 520 é o carro da empresa que usa. O dele é um Honda Civic, de 97, em que a mulher anda

Telemóvel:  Blackberry, “daqueles que é só um telemóvel e não um computador”

Portátil:  Compaq

Redes Sociais: Tem Facebook, que actualiza diariamente, e Linkedin

Hóbis:  Treina esgrima duas vezes, no Clube Atlântico de Cascais. Também duas vezes por semana, à noite, faz um jogging de 11 km, no passeio marítimo, entre Carcavelos e Paço de Arcos 

Férias:  Este ano não fez férias. “Entre o trabalho, o doutoramento, o esgrima e os filhos, alguma coisa tinha de ficar de fora”, explica João, que aproveita os fins de semana e todos os tempos livres para escrever a tese de doutoramento. O ano passado fizeram praia no Carvoeiro, Algarve. Não costumam fazer grandes viagens ao estrangeiro porque ele odeia andar de avião (“dois dias antes começo logo a ficar nervoso”), e por isso só voa por motivos profissionais, nunca por lazer

Regra de ouro: "O saber não ocupa lugar. Quando alguém me diz que não sabe uma coisa, eu respondo: Então vai saber, porque o saber não ocupa lugar. Além disso faço sempre por não me atrasar. O meu orientador de tese, que é meio alemão, diz que eu sou mais alemão  do que ele”

 

Aos 17 anos, quando acabou o liceu em Oeiras e se matriculou no curso de Física, não sabia o que queria ser quando fosse grande. “Os que sabem são os que têm as maiores desilusões”, explica João , 45 anos, um dos dois filhos (o irmão trabalha na Câmara de Cascais) do matrimónio entre uma educadora de infância e um empregado de escritório de uma firma de import/export.

Teve a fase de sonhar ser astronauta, como nove em cada dez rapazes da sua geração, e ainda lhe passou pela cabeça ser arqueólogo (efeito de ter conhecido um, na ilha do Pessegueiro), mas no final da adolescência, por influência do programa televisivo Cosmos, de Carl Sagan, decidiu inscrever-se em Ciências. “ Estava apaixonado pelo clima, geologia e geografia. Queria ser geofísico”, recorda. Cedo desistiu dessa ideia. No 3º anos optou pela área tecnológica.

Ao tê-lo em 1965, os pais nunca poderiam imaginar que lhe estavam a proporcionar o timing mais do que perfeito de ter 21 anos quando Portugal aderiu à CEE e passou a receber uma formidável enxurrada de fundos vindos de Bruxelas.

“Ganhei o triplo do meu antecessor. 250 contos em seis meses. Quando recebi o cheque, pensei que estava rico. Não descansei enquanto não encontrei um balcão do BPA para o depositar”, conta João, a propósito do primeiro emprego, como investigador estagiário num laboratório estatal, onde debutou quando andava o 4º ano.

“Tive a sorte de ter ido parar ao pior sítio do Mundo”, confessa, a propósito do laboratório onde ganhou o primeiro dinheiro. Como estava no pior sítio do Mundo, agarrou com ambas as mãos o convite para ir para a Fábrica do Braça de Prata trabalhar no desenvolvimento de um simulador de combate baseado em lasers, que passou da fase de protótipo para a de produto usado na instrução de soldados, em Mafra.

Demorou-se quatro anos nesta empresa do grupo INDEP, na altura próspera pois fornecedora ambos os lados do conflito entre Irão e o Iraque, “uma guerra de sonho, pois era longe, só morriam árabes, e, como tinham petróleo, pagavam bem e a tempo e horas”.

O projecto que desenvolveu no Braço de Prata era na área da electrónica, e aumentou-lhe a paixão pela programação que despertara desde quando recebeu um Spectrum 48K, a sublinhar a entrada para a faculdade.

Entre 1994 e 1995, quando estava a chegar aos 30 anos, a vida dele levou uma grande volta. Tirou a carta, comprou o primeiro carro (um R5 em 2ª mão, “que consumia metade da produção petrolífera do Iraque”), casou-se e desembarcou no admirável mundo da informática ao aceitar o convite para trabalhar na Praetor, uma software house que pouco tempo depois foi comprada pela Novabase.

“Tive finalmente a certeza de que estava a fazer o que queria. Gosto de coisas e neste sector há todos os dias coisas novas”, diz João, que se estreou como programador a trabalhar com bancos de negócios  (como o BESI e DBI, que ainda hoje são seus clientes), que também estavam a dar os primeiros passos.

“Aprendemos juntos”, afirma João, que em 2002 saiu da Praetor/Novabase, para fazer, com mais três colegas, a consultora de tecnologias de informação KPI, onde esteve até 2005, ano em que fez 40 anos, deixou de fumar, começou a praticar esgrima, vendeu a sua parte na KPI (“quando se deixa de fumar a primeira coisa que vai ao ar é a paciência”)  e fundou a Closer, que emprega 60 engenheiros informáticos, matemáticos e físicos num 14º andar das Amoreiras, com uma vista deslumbrante de Lisboa.

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

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