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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Apolónia Rodrigues

Foto António Pedro Valente

A lenda de Endovélico e o santuário com a pedra onde se faziam os sacrifícios a este deus pagão, representado com cara de javali, são uma das contribuições de Terena para o programa da semana de visita a três aldeias das Terras do Grande Lago, um dos produtos que estão a ser desenhados pela Rede de Turismo de Aldeia do Alentejo, presidida e inventada por Apolónia Rodrigues.

Durante essa semana no Alqueva  (o maior lago artificial da Europa, com uma linha de margem equivalente à costa portuguesa), o turista vagabundeará entre as aldeias de Terena, Juromenha e Telheiro, dormindo em casas de turismo rural e alimentando barriga e espírito com gastronomia e tradições locais. Poderá, ainda, andar a cavalo, frequentar work-shops de ervas aromáticas, iniciar-se nos mistérios dos monumentos megalíticos, ouvir os pássaros, ver as estrelas e dar passeios de barco ao luar.

“Não estamos a fazer mais do mesmo, mas a criar elementos diferenciadores. A nossa oferta está nos antípodas do sol/praia/discotecas e dirige-se aos culture criatives, gente com 35 a 45 anos e grande poder de compra, que procura a Natureza e quer uma oferta de serviços de alta qualidade em destinos não poluídos”, explica Apolónia, 36 anos. licenciada em Gestão e Planeamento de Turismo pela Universidade de Aveiro.

As palavras parece que têm pressa em sair da boca desta nortenha, que há onze anos se mudou para o Alentejo (mora em Borba e trabalha em Évora) e de cuja cabeça saiu este projecto coqueluche – ganhou o Prémio Ulisses, da Organização Mundial de Turismo, e é case study para a OCDE, como exemplo de turismo cultural, e para o Ministério da Agricultura, como exemplo de turismo rural  - e lhe valeu a eleição para a Comissão Executiva da rede do programa Eureka Tourism.

O prolongamento inesperado da sua estadia na Palestina, onde esteve a convite da Autoridade Palestiniana, interessada em importar o conceito de turismo de aldeia e sustentabilidade que ela criou, levou ao adiamento do nosso almoço por uma semana.

Apolónia escolheu o Dom Joaquim, restaurante que não podia estar mais na moda, pois a nossa conversa está foi sobressaltada pelo bruá da chegada de Sócrates e comitiva, que na 3ª feira desceram ao Alentejo no âmbito do programa de requalificação dos edifícios escolares.

Preferiu água (“hoje à tarde vou ter de guiar”, disse) para acompanhar o bacalhau à lagareiro, mas disponibilizou-se para escolher a marca do copo de vinho tinto que bebi. À sobremesa, hesitou antes de encomendar o doce de abóbora - temia que ele estivesse muito doce, mas o receio acabou por revelar-se infundado. Não bebeu café, o que se compreende, pois é daquelas pessoas que parecem possuídas por bichinhos carpinteiros.

Aproveitar o turismo para evitar a morte das aldeias e desenvolvê-las é a base deste projecto, que reúne 15 aldeias alentejanas e foi a barriga da gestação da rede europeia com o mesmo espírito (de que ela é também é fundadora e presidente, que agrupa 50 aldeias romenas, italianas, polacas e finlandeses, sob a marca Genuineland - a que acabam de aderir a Toscânia, Piemonte, um região grega e outra eslovena.

“Nós temos o know how e dominamos o conceito. Cada aldeia é um mini-destino a desenvolver. O essencial é a sustentabilidade – cultural, social, ambiental e económica. Não se pode cometer o erro de arranjar as pedras e esquecer as pessoas”, afirma Apolónia. 

Logo que manifesta interesse em aderir à rede, a aldeia é submetida a uma espécie de TAC, que permite fazer o diagnóstico, identificando lacunas e  pontos a valorizar (tradições, espiritualidade, paisagem, história, edificado, etc). Se não há restaurante ou alojamento, a rede encarrega-se de arranjar investidores..

“O turista é cada vez mais exigente. O território e a paisagem que vendemos têm de estar preservados, não podem ter lixo e devem estar habitados por comunidades felizes e com qualidade de vida”, remata Apolónia, que tanto se preocupa com as férias dos outros que acaba por não ter tempo para ela própria ir de férias.

Jorge Fiel

Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias

 

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Dom Joaquim

Rua dos Penedos 6, Évora

Cesto de pão … 1,60 euros

Torresmos rissol … 3,20

Azeitonas … 1,00

Bacalhau à lagareiro …12,50

Polvo assado … 12,50

2 águas 0,75l … 3,00

1 copo tinto Herdade Sobreira … 4,50

1 doce de abóbora … 3,20

1 café 0,90

Total … 44,40 euros

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