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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Morte aos atrasados e a quem os apoiar!

 

Não sei se já repararam mas na publicidade, os relógios estão sempre na hora da postagem aqui na Bússola: 10h10

 

O meu amigo Sousa (nome fictício) é alérgico às horas e geneticamente incapaz de comparecer a um encontro com um atraso inferior a duas horas.

 

Nós, as vítimas do Sousa, costumávamos brincar, dizendo que o problema era de fabrico, pois ele vinha de origem regulado para funcionar noutro fuso horário (talvez o de Varsóvia)  e tudo se resolveria se ele fosse exportado para a Rússia.  Em Moscovo, ele até seria capaz de chegar aos compromissos um bocadinho antes da hora.

 

Toda esta benevolente teoria ruiu como um castelo de cartas quando soubemos que o Sousa chegou mais de 24 horas atrasado a uma reunião com um cliente. Afinal, o caso não se resolveria nem que ele fosse transplantado para Brisbane. Convencemo-nos que os pantagruélicos atrasos dele não são uma manifestação de má educação, mas antes um sintoma de uma terrível doença incurável.

 

Da mesma maneira que há pessoas que não conseguem evitar roubar (cleptómanas), também há gente, como o Sousa, que não conseguem cumprir horários – ou seja cleptómanas do tempo dos outros.

 

O problema é que há mais portugueses a sofrer da doença do Sousa do que diabéticos e hipertensos – juntos!

 

Os nossos costumes são mesmo brandos. Em Portugal pratica-se, convive-se e desculpa-se o péssimo hábito de chegar depois da hora. Ao ponto da etiqueta considerar ”rude” chegar alguns minutos antes – e classificar de “chique” chegar atrasado.

 

A conferência de imprensa está marcada para as 15 horas? Se aparecer antes das 15h30 ficará para todo o sempre conhecido como o jornalista precoce.

 

A vernissage de uma exposição está marcada para as 19h00? Se ousar chegar antes das 19h45 ficará para todo o sempre classificado como o bimbo desocupado.

 

O jantar está marcado para as 20h30? Se se atrever a chegar antes das 21h30 ficará para todo o sempre com a fama de ser o convidado esfomeado.

 

A AESE- Escola de Direcção e Negócios, dirigida pelo meu amigo e conterrâneo José Ramalho Fontes, reconheceu a importância desta praga quando, no estudo do Caso Portugal, diagnosticou dois aspectos em que temos de melhorar: a gestão do orçamento familiar e a pontualidade.

 

O combate a favor da pontualidade exige-nos não só chegar a horas, mas também adoptar uma atitude de tolerância zero para com todos os que usam o relógio de pulso apenas como adorno e acham que murmurar uma vaga desculpa sobre o trânsito é suficiente para que 9h30 e 10h10 sejam a mesma coisa.

 

Não podemos repetir o mantra «tempo é dinheiro» e continuarmos a malbaratar o tempo. Uma maneira fácil e barata de melhorar a produtividade é exterminar a perda estúpida de horas de trabalho provocadas pela falta da pontualidade.

 

Além de ser um enorme desperdício de horas de trabalho, chegar atrasado é um acto de profunda de má educação e de absoluta falta de respeito pela pessoa que ficou à nossa espera.

 

Por isso, ficam desde já a saber que a minha tolerância máxima para os atrasos passa a ser de um quarto de hora – com uma única excepção, o Sousa (que tem a desculpa de ser doente).

 

Jorge Fiel

 

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

 

Esta crónica foi hoje publicada no Diário de Notícias

 

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