Não precisamos de mais estradas para Lisboa
Cavaco Silva, outrora o rei do betão, veio chamar a atenção para os excessos que estão a ser cometidos no particular do cimento, advertindo para a necessidade de se investir apenas em projectos que tenham uma relação equilibrada e saudável entre custo e benefício.
No que toca a auto-estradas, a construção e manutenção é um custo, e a quantidade de viaturas que as utilizam é o benefício. Quando o movimento é muito reduzido, o benefício é, por isso, quase nulo.
A este propósito, não me parece que seja de esperar grandes benefícios da existência de três diferentes auto-estradas a ligarem Lisboa ao Porto.
A A1 não só não está saturada como até começou a perder tráfego (menos 8500 carros/dia nos dois primeiros meses deste ano), tendência que é desejável e previsível que se mantenha – e se vai acentuar muito quando sofrer a concorrência do TGV.
Nesse sentido, faria mais sentido canalizar os recursos públicos disponíveis para fortes investimentos nas redes de transportes públicos nas duas grandes áreas metropolitanas.
A extensão a Cabanas, Gondomar, da Linha Azul do Metro do Porto (que esteve três anos congelada por causa das trapalhadas que o Governo arranjou a propósito da composição do Conselho de Administração) terá apenas andou sete quilómetros mas trata-se de um custo que vai gerar uma data de benefício.
As onze novas estações da Linha Azul vão melhorar a qualidade de vida de mais de 80 mil portuenses – 48 mil de Rio Tinto, 14 mil de Baguim do Monte e 22 mil de Fânzeres.
Jorge Fiel