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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Os factos a atrapalharem o título

 

Há um novo jornalismo que se chama fazer o que se quer, e o título que se quer, desde que venda.

Esta primeira página do Correio da Manhã é um desses casos. Lendo-se a peça há uma citação atribuida a um "actual dirigente", nem diz se é da SAD ou do clube e que critica a "passividade".

Eu, que conheço bem os métodos que se utilizam no CM, admito até que nenhum dirigente do FC Porto falou ao jornal - mas o porteiro também serve, para esta gente. E, se falou, e se criticou a passividade, estava a criticar o quê, se o o FC Porto ainda não podia ter feito mais do que  fez, que foi dar a notícia - em primeira mão, aliás, o que é de notar.

O título de dentro é, aliás, igualmente notável: "Dirigentes criticam passividade". Ora, só há lá notícia - a ser verdade - de um dirigente. E nem se diz que é da SAD. Mas, como sempre, o CM não deixa que os factos atrapalhem um título para vender. Esses são os métodos de Octávio Ribeiro. Um dia ainda alguém vai fazer a históroia deste ano sw siewxção do jornal. 

 

O Correio da Manhã há muito que ultrapassou os limites do jornalismo já nem digosério, digo apenas com um mínimo de vergonha, em relação ao "Apito Dourado". Ontem até falava em irradiação de dirigentes e árbitros, quando isso já não é possível no desporto portuguêshá muito tempo. Vale tudo e ai de quem queira fazer uma rectificação (estou a falar de jornalistas de lá, do Correio da Manhã). 

 

 

E relembro apenas uma coisa: nos casos em que a justiça desportiva puniu árbitros por determinadas actuações, nunca puniu clubes nem dirigentes destes. Posso relembrar o caso de Inocêncio Calabote, de um Benfica-Sportig mais recente. Nesses casos nunca houve, aliás, escândalos públicos.

Manuel Queiroz

 

As carpideiras



Andam para aí muitas carpideiras por causa do que disse o director nacional da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro. Disse este magistrado, recordo, que houve alguma precipitação no caso Maddie, ao constituir arguidos os pais da menina desaparecida.

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, mais o dos juízes e mais o dos funcionários da PJ, insurgiram-se. O prof. Marcelo disse que o homem matou - foi a palavra: matou - a investigação. E que se naquele caso o director da PJ admitiu que houve precipitação, como será nos outros casos de constituição de arguidos. Pois o meu caro professor sabe muito bem que neste país ser-se arguido é uma pena no chapéu de muita gente. Quem não é arguido não é bom pai de família, digo eu. Precisa que lhe demonstre em quantos casos se constitui arguido por nada e se leva a julgamento por coisa nenhuma? Em que país vive o prof. Marcelo?

Voltando à Maddie, os sindicatos vieram carpir as mágoas porque não se pode falar de processos em investigação. Ai não, senhores juizes e senhores e senhoras do Ministério Público? E então como é que o
Correio da Manhã, por exemplo, fez 50 manchetes sobre as culpas dos McCann antes de haver sequer algo que o indiciasse? Os senhores do MP ficam muito amofinados quando alguém dá a cara; gostam muito mais que façam o trabalho por eles, que criem o clima necessário nos jornais e nas televisões, para depois  poderem agir à vontade. E ai de quem se meta com eles - no mesmo Correio da Manhã, que conheci muito bem, conseguem desmentidos a quatro colunas sem terem necessidade de dar a cara, porque há sempre um Octávio - ou até mesmo dois... - prontos para isso, porque acham que assim conseguem não indispor os senhores e sacar mais umas noticiazinhas sobre o PC. Sem ninguém dar a cara, pois então...

Depois, é evidente que Alípio Ribeiro já percebeu que não vai ficar muito tempo no lugar. Quando o procurador-geral da República, o homem que ouvia barulhos no seu telemóvel e não tinha dúvidas que era escutado - é fantástico como a Justiça se declara impotente neste país -, mandou constituir uma equipa especial para investigar a noite do Porto, logo percebeu que no eterno conflito latente entre as polícias e o MP quem é que tinha os favores do Governo.

Não tenho dúvidas de que Alípio Ribeiro não vai durar muito no cargo - há muitos anos que a PJ não tem uma direcção estável e a culpa não deve ser sempre dos próprios directores nacionais. Venha o próximo, que não há-de ser do Porto como Alípio Ribeiro. Vai uma aposta?

Manuel Queiroz

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