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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

O resto são tretas

Nunca falhávamos um jogo em casa. Ao domingo de manhã eram os juvenis na Constituição ou os juniores no campo de treinos das Antas. À tarde, duas horas antes do jogo, já estávamos na paragem do D para conseguirmos um lugar bom na Superior, bem perto do Tribunal.

No regressoa casa, fazíamos uma escala na Casa das Tortas, onde ouvia o meu pai comentar o jogo com os amigos, enquanto bebiam taças de Três Marias e petiscavam pasteis de Chaves quentinhos.

Sou portista desde que me lembro. De miúdo de calções até meados da adolescência, nunca deixei de acompanhei o meu pai aos domingos. As Antas eram a nossa catedral, o FC Porto a nossa religião, o jogo dos seniores a nossa missa.

Movidos por esta fé atravessamos, durante 18 anos, um deserto de vitórias, apenas pontuado por um pequeno oásis (a Taça de Portugal de 68). Tivemos de esperar pelo 25 de Abril para que a esta fome de títulos se sucedesse a fartura de vitórias de que este ano das quatro taças é um belo exemplo. 

A longa e esmagadora hegemonia azul e branca tem gerado tensões difíceis de ultrapassar, devido à incapacidade dos principais concorrentes em acertarem numa estratégia e modelo de gestão que assegurem a viabilidade do negócio do futebol no nosso pais.

Nos anos 60, o Benfica construiu a sua liderança à sombra das mesmas regras de Condicionamento Industrial. A gramática do Estado Novo era simples. Só se iniciava uma actividade económica após a obtenção prévia da bênção de Salazar. Depois não era preciso ser um Einstein para enriquecer, pois beneficiava-se de mercados cativos e acesso privilegiado às matérias primas das colónias.

Até ao 25 de Abril, o nosso futebol viveu em regime de duopólio, com os dois grandes de Lisboa a partilharem as pérolas futebolísticas da África portuguesa e das ruas deste pobre país - protegidas da cobiça alheia pela lei e vontade do Salazar que impediu a transferência de Eusébio para o Inter.

O Benfica e o Sporting ganham poucas vezes porque nunca souberam adaptar-se a um mercado cada vez mais aberto, primeiro com a democracia, depois com a CEE, e finalmente com a lei Bosman que levou ao futebol o mercado único europeu que desde 92 funcionava nas outras áreas da economia.

O Porto é hegemónico porque tem sempre sabido aplicar ao futebol o catecismo estratégico dos países desenvolvidos, que consiste em nunca parar de subir na cadeia de valor, vendendo, no momento certo e com valor acrescentado, jovens talentosos recrutados em mercados periféricos – depois de os fazer crescer e os mostrar na Champions.

Só quando se convencerem que o Porto ganha apenas porque é mais competente é que o Benfica e o Sporting poderão aspirar a quebrar a hegemonia azul e branca. Tudo o resto são tretas.

Jorge Fiel

Esta crónica foi hoje publicada no Diário de Notícias

Os três andamentos de um divertimento

Assim de repente, vejo que aqui pelo Porto já não me restam muitos amigos benfiquistas. O Rogério Gomes fez muito bem em concentrar no Gil Vicente a sua paixão clubística. O Vítor Pinto Basto é um caso à parte, pois simpatiza ao mesmo tempo com águias os dragões – ninguém me tira da cabeça que ela anda a treinar-se para Kofi Annan. O Mário Dorminsky deixou de ligar a futebol. E, com a sabedoria que só pode ter quem passou mais de metade da vida rodeado por milhares de livros, o António Catarino prefere falar de automóveis e rugby.

Há, claro, o Aníbal Campos, que é daqueles benfiquistas irredutíveis e com pedigree, ao ponto de também sofrer pelo Real Madrid, mas a esse já não o vejo há uma data de tempo – com grande pena minha.

Um jogo entre Porto e Benfica é mais ou menos como as férias, em que o divertimento tem três andamentos: a excitação da preparação, o saborear das férias propriamente ditas e o prazer de as relatar.

Como não tenho benfiquistas por perto, o meu divertimento no antes do derby resume-se a sentir à distância, via Media, o cheiro a medo e a nervosa ansiedade que transpira dos benfiquistas, já convencidos que, uma vez mais, a sua equipa se vai esgotar no papel de segunda lebre da Liga (a principal é, este ano, o Braga), que parte entusiasmada no Verão, ganha velocidade no Outono, desacelera no Inverno e desiste na Primavera.

Está cada vez mais curto o prazo de validade dos factos políticos e desportivos. Três meses depois de se ter enfiado num buraco, por causa das alegadas escutas de que estava a ser alvo (afinal, vai-se a ver, e o escutado era o outro…), Cavaco já se sente com a cabeça fora de água e promoveu o amigo Lima.

Os meus amigos portistas, que há coisa de um mês receavam que hoje nos pudesse acontecer uma coisinha má, andam felizes da vida a recordar a proeza do Lemos – que numa época marcou seis golos (quatro nas Antas e dois na Luz) ao Benfica de Eusébio – e os saudosos cinco secos aplicados na Supertaça, em casa do adversário. Nestes tempos difíceis é enorme a volatilidade dos estados de alma.

Hoje à noite, no durante, o que me dará mais gozo, para além da convincente vitória azul e branca, será ver como as equipas, que desembarcam em campo (será mesmo relvado?) com um plano de batalha definido ao pormenor com régua e esquadro, vão reagir às contrariedades, com um golo madrugador de Hulk, a expulsão anunciada do David Luiz ou a confirmação da lesão de Aimar.

Depois - os meus amigos benfiquistas conhecem-me – a minha vaidade será demonstrar, uma vez mais, quão competente sou a fazer o mais difícil, que é saber ganhar.

O champanhe será bebido em privado, com os meus amigos portistas. Como sempre, irei abster-me do mau gosto de perturbar o luto dos meus amigos benfiquistas com SMS gozonas, telefonemas achincalhantes, tuítes ácidos ou bocas foleiras no FB.

Jorge Fiel

Esta crónica foi hoje publicada no Diário de Notícias

Eu sou bairrista e provinciano

Olhem eu preocupado por ser bairrista e provinciano

Está na moda acusar o FC Porto de ser provinciano e de não conseguir reunir uma base de apoio nacional apesar de ser hegemónico no futebol português pós 25 de Abril.

É da tradição acusar-nos a nós, portuenses, de termos um discurso bairrista.

A este propósito queria deixar escritas quatro coisas:

1.     Apesar de, devido à sua reconhecida competência,  o FC Porto, como o próprio nome indica, ter vindo a recolher apoiantes e admiradores pelo mundo inteiro, a verdade é que é um clube do Porto e muito orgulhoso da sua denominação de origem;

 

2.     Declaro-me 100% bairrista, no sentido em que tenho um forte e vivo sentimento de pertença à cidade que amo, e onde nasci e cresci;

 

3.     Declaro-me provinciano dos pés à cabeça – e não estou sozinho neste reconhecimento. Em entrevista ao Libération, José Sócrates, nascido e Trás-os-Montes e criado nas Beiras, assumiu o mesmo: “É verdade, sou um provinciano e fiz-me sem pedir permissão a ninguém”;

 

4.     Apenas uma minoria de parolos faz a lamentável confusão de considerar que existe incompatibilidade em ser simultaneamente bairrista, provinciano e cosmopolita.

 

Jorge Fiel

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

Hoje somos todos boavisteiros!

Ontem foi um dia triste para os boavisteiros – oito anos depois de terem sido campeões, caíram na terceira divisão e  muito provavelmente não lhes resta alternativa senão a de imitar o Salgueiros e trilhar o caminho do calvário.

Impedido, pelas dívidas, de inscrever jogadores no escalão sénior de futebol, o Salgueiral arranjou um irmão gémeo, o Salgueiros 08, que começou este ano tudo de novo, a partir do último escalão, a II Divisão Distrital da Associação de Futebol do Porto.

Ontem foi um dia alegre para o FC Porto, que comemorou o tetra, pela noite dentro, com o autocarro que transportava os campeões a passar ao lado os Paços do Concelho, de fachada limpa e iluminada, mas de porta fechada (para o ano, se tudo correr bem, o penta será festejado outra vez da varanda).

Ontem foi um dia alegre para o Salgueiros 08, que se sagrou campeão da II Divisão da AF Porto ao derrotar uma vez mais o Aliança da Gandra.

Ontem foi um dia triste para o Boavista. Mas como tristezas não pagam dívidas, ‘bora aí Bessa, vamos levantar essa cabeça que o futebol precisa das vossas camisolas "esquisitas”.

Ontem foi um dia igual a muitos outros, nos últimos oito anos, no Porto, porque o presidente da Câmara não esteve no Bessa, a dar força ao seu clube no momento mais difícil da sua vida – nem esteve nos Paços do Concelho a receber os tetracampeões nacionais, nem na Senhora da Hora a festejar a subida do Salgueiros 08.

Hoje somos todos boavisteiros!

Jorge Fiel

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

Quo vadis, Rui Moreira?

Tenho uma excelente opinião do Rui Moreira. Sobre a questão nortenha, tem ideias claras e desassombradas (com as quais eu geralmente estou de acordo), que sabe expor com clareza e paixão.

Rui Moreira tem sido um dos poucos oásis que sobressaem no meio do árido deserto de líderes que o Norte atravessa desde que o Porto matou o pai (Fernando Gomes) – no sentido freudiano da acção.

Como agravante, à solidez e justeza das ideias, Rui acrescenta um já muito razoável índice de popularidade, boa imprensa e uma belíssima imagem televisiva – factor não negligenciável nestes tempos em que passar mal televisão pode ser letal para um líder com ambições.

O único calcanhar de Aquiles (a falta de espessura do seu curriculum, já que não tem tido actividade empresarial relevante desde que vendeu o negócio da família) é muito atenuado pelo seu bom desempenho na presidência da Associação Comercial do Porto.

A única coisa que me inquieta no momento é desconhecer o que ele se prepara para fazer com o capital político que reuniu – e que já desperta cobiças, como se vê pelo namoro descarado que Rui Rio lhe anda a fazer e pelo convite que Paulo Portas lhe dirigiu para encabeçar a lista do CDS ao Parlamento Europeu.

É natural que Rui Moreira prefira manter o máximo de hipóteses em aberto, entre as quais se contam as mais desejadas presidências do Porto (a do clube e a da cidade).

Mas, mais tarde ou mais cedo (se calhar mais cedo…), ele terá de decidir se o que mais lhe interessa é a liderança desportiva ou política da região – ou se prefere ir viver calmamente para as margens de um lago suíço (já que não me acredito que Bruxelas faça parte do seu mapa de opções).

Jorge Fiel

www.lavandaria.blogs.sapo.pt

Nº 2 de Santana e Manuela curto de saídas

No próximo dia 25 de Abril, o presidente da Câmara do Porto vai pôr uma  medalha no peito de Belmiro de Azevedo.

Não é preciso ser engenheiro de foguetões para perceber porquê. Lá mais para o Outono há eleições autárquicas e o ex-número dois de Pedro Santana Lopes e de Manuela Ferreira Leite (1) sabe que, com as suas sucessivas hesitações, desperdiçou para Passos Coelho a hipótese de ter um retrato na escadaria da sede laranja na rua de São Caetano à Lapa.

Por outras palavras. Se o Pinto da Costa aceitasse, não tenho a menor das dúvidas de que no próximo dia 25 de Abril estaria ao lado de Belmiro nos Paços do Concelho.

E não me espantaria nada se o Rui Rio pusesse a varanda da Câmara à disposição dos festejos pela conquista de mais um título pelo FC Porto.

………….

(1) Juro que não há ponta de sarcasmo embutida neste alinhamento. Ao fim e ao cabo, toda a gente sabe que a capacidade de contorcionismo é muito elogiada e uma vantagem comparativa nos tempos que correm.

A hora de corrigir um erro velho de oito anos

Imaginem por um segundo que, logo à noite, o FC Porto alinha no Dragão com o Hulk a fazer dupla de centrais com Lucho, Fucile a ponta de lança, o Helton a médio ala e o Raul Meireles na baliza.

Toda a gente diria que o Jesualdo Ferreira tinha endoidecido.

Não é segredo para ninguém que um dos segredos do sucesso é pôr as pessoas certas no lugar certo – que é onde mais rendem. O Helton na baliza, o Fucile a defesa lateral, o Raul Meireles e o Lucho a segurarem o meio campo e o Hulk lá frente a despedaçar (esperemos) a defesa do Atlético de Madrid.

Na política, também se aplica a regra do homem (ou da mulher, como sucede no caso em apreço) certo no lugar certo. É por isso que não faz o mínimo sentido que Rui Rio – que foi um óptimo director financeiro das Tintas Cin e daria um magnífico secretário de Estado do Orçamento – seja presidente da Câmara do Porto.

Um velho provérbio umbundo avisa-nos que se virmos um cágado em cima de uma árvore é porque alguém o pós lá.

Quem pôs Rui Rio na Câmara do Porto foi o PSD e os eleitores do Porto que queriam castigar Fernando Gomes por ter fugido para Lisboa – e ainda por cima ter feito má figura na sua deambulação pela capital.

Fizerem isso, porque, nem o partido nem os eleitores se aperceberam que ele podia ganhar. No dia a seguir, já estavam arrependidos do crime contra a cidade que tinham cometido.

Oito anos depois, está na hora de corrigir este lamentável erro.

Começar a Ibéria pelo futebol

 

 

Não é para me gabar, mas esta minha crónica foi publicada há três meses, a 25 de Setembro, ainda a Bússola era apenas um projecto, no diário económico Oje

 

Como portista fiquei satisfeitíssimo com a vitória do meu clube, no domingo, em Paços de Ferreira. Estamos há dois anos consecutivos na liderança da Liga. E após uma série de cinco vitórias em cinco jornadas, temos cinco pontos de vantagem sobre o Sporting e seis sobre o Benfica – que, como agravante, vão defrontar-se no sábado e, por isso, destruir pontos.

 

Estou satisfeito como adepto mas alarmado como observador da evolução desta divisão da indústria portuguesa do entretenimento.

 

A hegemonia do Porto é perniciosa para o negócio.

 

A ausência de «suspense» não é boa para as audiências da Sportv e vendas do Record e da Bola (que se despenham sempre que o Benfica não ganha, como o seu director já confessou).

 

E as receitas da venda de camisolas e lugares na Luz e em Alvalade caem a pique a partir do momento em que sportinguistas e benfiquistas se convencem que o clube da sua paixão não será campeão.

 

Ganhar sempre o mesmo (e ainda para mais um clube antipático, periférico e minoritário) não só é mau para o negócio como, ainda por cima, aumenta a crispação na sociedade portuguesa, faz subir a tensão Norte/Sul e agrava os ódios regionais.

 

Tem ainda efeito secundário de conferir uma dimensão despropositada a epifenómenos como o Apito Dourado ou a atribulada vida sentimental do presidente portista – que não mereceriam 5% do espaço que os Media lhes concedem se o Benfica fosse bicampeão e liderasse a Liga com uns confortáveis seis pontos de avanço sobre o FC Porto.

 

Ainda recentemente, no consulado Schumacher, a Fórmula 1 sofreu na pele as mortíferas consequências para o negócio da ausência de surpresa quanto ao desfecho desportivo das provas. Reagiu, mudando as regras do jogo para garantir um maior equilíbrio competitivo. 

 

Para combater o veneno do tédio, a NBA fundou-se sobre um conjunto keynesiano de regras, que compreendem um tecto salarial e um sistema de recrutamento de novos valores que concede a primazia na escolha aos piores classificados da época anterior.

 

As soluções inventadas pela NBA e Fórmula 1 não podem ser  mecanicamente transpostas para o negócio do nosso futebol, condicionado à  observância da gramática da UEFA.

 

Não é fácil a tarefa de impedir o longo bocejo dos adeptos e estimular a competição, tanto mais que a hegemonia portista é apenas um das faces do problema neste negócio centralista e que rola a duas velocidades.

 

Em 73 campeonatos, só por duas vezes a vitória escapou ao trio do costume: em 1946 (Belenenses) e o Boavista (2001). Em Portugal, só cinco clubes foram campeões. Em Espanha foram nove, em Inglaterra 23, em Itália 16, na França 19, na Holanda 26 e na Alemanha 28.

 

As consequências deste afunilamento estão à vista. O Porto teve mais adeptos no seu último jogo no Dragão (39.200 espectadores no jogo contra o Marítimo)  do que o Paços de Ferreira em todos os 15 jogos da última época (32.392 espectadores).  

 

A solução para este negócio desconchavado e sem suspense, ferido pelo centralismo, é começar a construir a Ibéria pelo futebol - e adicionar Porto, Benfica e Sporting à liga espanhola.

 

Jorge Fiel

 

Scolari é uma mortadela rasca que estamos a pagar ao preço de caviar

 

«Eu não sou trouxa. Como é que sairia do Brasil para ganhar o mesmo que recebo aqui fazendo palestras? Se alguém quer comer caviar tem de pagar o preço de caviar, não de mortadela»,

 

Luís Filipe Scolari ao Jornal da Tarde, de S. Paulo em Novembro de 2002

 

 

Não gosto de Scolari por várias razões e mais uma, sendo que a mais uma reside no facto do brasileiro profanar as boas recordações que guardo de um actor estupendo (Gene Hackman) de que o brasileiro é sócio involuntário.

 

Não gosto de Scolari porque sou portista, portuense, português, jornalista e pai de um filho de sete anos que é doido por futebol e acredita que vai ser um craque da bola.

 

Como portista não lhe perdoo-o ter andado a brincar com o meu clube, recusando-se sempre a explicar porque é não convocou o Vítor Baía sufragado pela UEFA como o melhor guarda redes da Europa no ano do Euro 2004, tendo ainda o desplante e a falta de respeito de chamar para os trabalhos da selecção nacional Bruno Vale (actual suplente no Varzim, da Liga de Honra), que era então a terceira opção para a baliza do FC Porto.

 

Como portuense não lhe perdoo-o ter-se recusado a responder a um jornalista numa conferência de imprensa, usando como argumento «Você deve ser do Porto» (por acaso não era…) como ser da nossa cidade fosse sinónimo de ter sarna ou qualquer outra doença contagiosa.

 

Como português não lhe perdoo-o a idiotice de ter perdido o jogo inicial do Euro 2004 com a Grécia por se ter recusado a fazer o que toda a gente lhe dizia para fazer (usar como esqueleto da selecção a equipa do FC Porto que acabava de ter ganho em Gelsenkirchen a Champions, alinhando sempre com pelo menos nove portugueses). Não lhe perdoo-o também ter cometido a proeza de voltar a perder com a Grécia, na final do Euro 2004, apesar de jogar em casa e ter à disposição muito melhores jogadores do que o adversário. Não lhe perdoo-o, ainda, morder a mão que lhe dá de comer, acusando Portugal de ser um país racista.

 

Como jornalista não lhe perdoo-o as ofensas continuadas a diversos colegas meus, que incluíram insultar em público uma jornalista e distribuir acusações gratuitas e infundadas contra um painel de comentadores de um programa de televisão e que cometeu o único crime de o criticar.

 

Como pai de um miúdo que tem a mania que vai ser futebolista não lhe perdoo-o - nunca lhe perdoarei, nunca - a catrefada de maus exemplos que dá ao meu filho.

 

Não quero ouvir o meu filho dizer que amuar não é defeito porque o Scolari, que é o seleccionador nacional, também amua-a como ele e abandona a meio uma conferência de imprensa só porque não gosta das perguntas que lhe estão a fazer.

 

Não quero ouvir o meu filho dizer que fazer birras não é defeito, porque o Scolari, que é o seleccionador nacional, também faz birras e adora vitimizar-se - «Faço por Portugal mais do que fiz pelo Brasil e só recebo situações desagradáveis» - em vez de se comportar como o homem crescido que é.

 

Não quero ouvir o meu filho dizer que ter mau perder não é defeito, porque o Scolari, que é o seleccionador nacional, também tem mau perder e deu um soco num jogador sérvio no final de um jogo que não lhe correu de feição.

 

Entristece-me profundamente a falta de ambição de um treinador que fica exultante quando a selecção de Portugal (vice-campeã europeia, 4ª classificada no Mundial, 8ª melhor no ranking da FIFA, 4ª no da UEFA), recheada de estrelas, sofre até ao último minuto para conseguir a qualificação, empatando em casa a zero, no último jogo, com uma Finlândia que é a 44º no ranking da FIFA e 26ª no da UEFA e o melhor que tinha feito até agora no apuramento para um Europeu foi em 1996, quando ficou em 4º lugar num grupo de seis, conquistando 15 pontos em dez jogos.

 

Além de mal educado, Luís Filipe Scolari é uma fraude – é mortadela rasca que estamos a pagar ao preço de caviar.

 

Jorge Fiel

 

Milhões de lucro

 

 

A SAD do FC Porto apresentou lucros dde 2.3 milhões de euros, em linha com o que tinham feito já as do Sporting e do Benfica. Foi um ano bom de vendas e daí que os resultados não surpreendam - o lucro portista é bem mais modesto mas ainda não contabiliza Pepe e Ricardo Costa, que já ficam como almofada para esta época.

Pinto da Costa nunca achou que apresentar contas "azuis" fosse o mais importante da sua obra como presidente do clube. Para ele é sempre mais importante o resultado desportivo do que o resultado financeiro e essa é uma das suas forças. E a vitória na Liga dos Campeões em 2004 foi herdeira de uma estratégia que passou por manter no clube, após a vitória na Taça UEFA em 2003, os jogadores mais importantes. Foi um risco, mais um, porque qualquer outro teria aceite as propostas que chegaram após a final de Sevilha. A decisão financeira teria sido essa; a decisão desportiva foi correr os riscos - e ganhar, depois, a Champions e a Taça Intercontinental.

 

Ainda assim, nunca gostou de ver notícias nsobre as más contas do clube. Recordo-me de na década de 90 ter feito uma manchete no Público que rezava "FCPorto: contas a vermelho". Os prejuízos do ano, se bem me lembro, eram de uns meros 4 milhões de euros. Mas quando o confrontaram com a notícia, respondeu algo como isto: "Vejam as contas do Público que são muito piores".

 

Justo é, também, que se diga, que o grande responsável pelos bons resultados das SAD dos clubes portugueses foi o empresário Jorge Mendes, hoje seguramente entre os três empresários mais importantes em todo o mundo. É um homem do Norte também ele!

Manuel Queiroz

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