Juca Magalhães
Juca (o mais novo) com irmão, irmã e a mãe, Maria Natércia
Mal soube que ele tinha aceite a direcção de Informação da TVI, o companheiro habitual de golfe das madrugadas de 4ª feira (Joaquim Oliveira) ligou-lhe a dar os parabéns e adverti-lo para o facto do seu principal trunfo (“ser um gajo porreiro”) ser também uma grande fraqueza.
“A eleição de Obama e o fantástico desempenho de Lula demonstram que o mundo está sequioso de gente empenhada em sarar as feridas existentes e não em abrir novas. A TVI estava a precisar de um gajo porreiro. Não vim para fracturar mais, mas para relaxar e fazer as pessoas felizes”, explica Júlio (Juca para os amigos).
O novo director de Informação da TVI tem 46 anos, nasceu no Porto, filho de um guarda livros, mas com quatro meses de idade já estava a voar para Angola. Cresceu em Sá da Bandeira (actual Lubango) e retornou em 1975. A experiência africana ficou-lhe tatuada, como se pode ler nos dois best sellers em que ficcionou as aventuras do regresso a Portugal do milhão de portugueses que viviam nas ex-colónias (Os Retornados) e dos soldados que, de G3 em punho, tentarem manter o império colonial (Um Amor em Tempos de Guerra).
Encontramo-nos na TVI num dia chuvoso, e fomos para a Petisqueira do Gomes, em Barcarena, no Fiat 500 verde pistáchio (o único desta cor existente em Portugal), que ele usa durante as semanas nas deslocações em Lisboa. Os fins de semana passa-os no Porto, com a mulher Manuela (professora) e os filhos André (17 anos) e Mariana (14 anos), na casa junto ao Parque da Cidade, onde tem Pinto da Costa como vizinho.
Zé Gomes, o dono do restaurante, é de Ponte de Lima e a sua paixão pelo FC Porto revela-se em grandes emblemas espalhados pelo restaurante. Juca também é dragão (doente). Equipado de azul e branco, foi por diversas vezes campeão nacional de basquetebol, modalidade em que é detentor de um recorde difícil de bater – 128 pontos marcados num só jogo.
Com os olhos postos no futuro, recorre a uma metáfora futebolística para responder a uma questão do passado. “O Diego, internacional brasileiro, foi dispensado pelo FC Porto não por ser mau futebolista mas porque a sua maneira de jogar não se enquadrava na filosofia de jogo que o treinador queria imprimir à equipa”, diz. Para perceber o que ele pensa do famigerado Jornal de Sexta é ler Moura Guedes no lugar de Diego, Juca no de treinador - e TVI no de equipa.
“Tenho igual carinho e atenção por todos os jornais da TVI, de 2ª a domingo, do Diário da Manhã ao Jornal Nacional , passando pelo Jornal da Uma que apresentei durante muitos anos. Todos eles são igualmente importantes na minha concepção de informação”, declara.
Empowerment, a buzz que é o último grito da moda em termos de gestão de recursos humanos, é uma palavra querida para Juca: “Quero que as pessoas que até agora estavam apenas habituadas a executar reactivem a função pensar e assumam mais responsabilidades. Esse é o segredo do sucesso”.
Fazer com que a informação da TVI ajude Lisboa a descobrir o resto do paíss, do Norte até ao Algarve e regiões autónomas, é um dos objectivos de Juca, que não quer nunca perder as audiências de vista:
“O Zé Eduardo Moniz sabia programar como ninguém em Portugal e dar audiências aos jornais. Eu sei que devemos à ficção nacional sermos o canal líder. A nossa informação tem de ser abrangente e adequada ao público que temos. Não me vou esquecer, por um segundo que seja, do compromisso com os telespectadores”.
Emigrado em Lisboa, não está preocupado com a sua longevidade no cargo. “Estamos em tudo a prazo. Até na vida. Não me interessa saber se vou ficar dois, cinco ou dez anos. Estou aqui para fazer um bom trabalho e tenho a certeza que não vou falhar. Sou jornalista e estou director de Informação. Não pedi a ninguém para vir para aqui, não estou agarrado ao lugar. Não estou condicionado por nada, nem por ninguém. Sei o que quero e estou habituado a subir as escadas sem ter de me apoiar em qualquer corrimão”, afirma Juca, que, confessa, adoraria ter Marcelo de regresso à TVI. “Pelo professor, voltaria logo à antena”, conclui.
Jorge Fiel
Esta matéria foi hoje publicada no Diário de Notícias
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A Petisqueira do Gomes
Largo General Humberto Delgado, 2, Barcarena
Couvert … 1,20 euros
Entradas (bolos de bacalhau, chamuças e filetes de polvo)… 10,00
Bacalhau à Gomes … 30,00
Vinho da casa (branco do Douro) … 7,50
2 cafés ... 1,30
Total … 45,50 euros