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Bússola

A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

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A Bússola nunca se engana, aponta sempre para o Norte.

O novo director da PJ do Porto

 (Alípio Ribeiro, director-nacional da PJ)

 

Muito interessante a notícia que acabo de ouvir na TSF: Almeida Pereira é o novo director da PJ do Porto. Almeida Pereira é genro do famoso capitão Corvacho, mas é também magistrado do Ministério Público e era até agora o nº2 de Hortênsia Calçada no DIAP Porto. Foi um dos acusados de portismo (ele que parece que professas outra fé clubística) e, numa carta anónima que alguns pensam ter sido enviada por uma jornalista do Porto, foi acusado de andar a mando do FC Porto, de ir sempreparao camarote VIP do Dragão e de acompanhar o clube nas viagens ao estrangeiro. E houve jornais que tentaram provar isso enviando repórteres para estádios e aeroportos para tirar fotos. Que nunca apareceram.

AP é também amigo de Fernando Negrão, antigo director da PJ e deputado do PSD, e de Helena Calçada, a procuradora que procura a "Noite Branca" no Porto. Foi convidado por Alípio Ribeiro que, assim, pode conseguir um abaixamento das tensões entre o MP do Porto e de Lisboa. Vai para o lugar até agora desempenhado por outro magistrado do MP, Vítor Guimarães, que se demitiu há dias.

É interessante ainda, neste caso, verificar como andou a bater válvulas o Eduardo Dâmaso - que só não enganou o José Manuel Fernandes,director do Público -, quando ontem foi à SIC N comentar a entrevista de Pinto da Costa que acabara de ser emitida. Até se lembrou de Tommaso Buscetta, um dos arrependidos da Mafia, para dizer que as testemunhas que viveram as coisas por dentro são sempre credíveis. Claro, só que Tommaso Buscetta nunca se enganou clamorosamene nos pormenores que deu dos casos à Justiça italiana. Bem ao contrário de Carolina, como bem se sabe.

Já David Borges, que também esteve a comentar a entrevista, disse o que é óbvio: como é que a senhora pode ser considerada credível depois de ter dito tantas mentiras factuais?

Manuel Queiroz

Manuel Queiroz

As carpideiras



Andam para aí muitas carpideiras por causa do que disse o director nacional da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro. Disse este magistrado, recordo, que houve alguma precipitação no caso Maddie, ao constituir arguidos os pais da menina desaparecida.

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, mais o dos juízes e mais o dos funcionários da PJ, insurgiram-se. O prof. Marcelo disse que o homem matou - foi a palavra: matou - a investigação. E que se naquele caso o director da PJ admitiu que houve precipitação, como será nos outros casos de constituição de arguidos. Pois o meu caro professor sabe muito bem que neste país ser-se arguido é uma pena no chapéu de muita gente. Quem não é arguido não é bom pai de família, digo eu. Precisa que lhe demonstre em quantos casos se constitui arguido por nada e se leva a julgamento por coisa nenhuma? Em que país vive o prof. Marcelo?

Voltando à Maddie, os sindicatos vieram carpir as mágoas porque não se pode falar de processos em investigação. Ai não, senhores juizes e senhores e senhoras do Ministério Público? E então como é que o
Correio da Manhã, por exemplo, fez 50 manchetes sobre as culpas dos McCann antes de haver sequer algo que o indiciasse? Os senhores do MP ficam muito amofinados quando alguém dá a cara; gostam muito mais que façam o trabalho por eles, que criem o clima necessário nos jornais e nas televisões, para depois  poderem agir à vontade. E ai de quem se meta com eles - no mesmo Correio da Manhã, que conheci muito bem, conseguem desmentidos a quatro colunas sem terem necessidade de dar a cara, porque há sempre um Octávio - ou até mesmo dois... - prontos para isso, porque acham que assim conseguem não indispor os senhores e sacar mais umas noticiazinhas sobre o PC. Sem ninguém dar a cara, pois então...

Depois, é evidente que Alípio Ribeiro já percebeu que não vai ficar muito tempo no lugar. Quando o procurador-geral da República, o homem que ouvia barulhos no seu telemóvel e não tinha dúvidas que era escutado - é fantástico como a Justiça se declara impotente neste país -, mandou constituir uma equipa especial para investigar a noite do Porto, logo percebeu que no eterno conflito latente entre as polícias e o MP quem é que tinha os favores do Governo.

Não tenho dúvidas de que Alípio Ribeiro não vai durar muito no cargo - há muitos anos que a PJ não tem uma direcção estável e a culpa não deve ser sempre dos próprios directores nacionais. Venha o próximo, que não há-de ser do Porto como Alípio Ribeiro. Vai uma aposta?

Manuel Queiroz

Bem prega Saldanha Sanches

José Luís Saldanha Sanches, fiscalista, comentador de rádio, televisão e jornais, marido de Maria José Morgado e também recentemente um responsável da candidatura de António Costa à Câmara de Lisboa falou aqui há tempos dos problemas que havia com o Ministério Público e autarquias de província.

Cito:  "Nas autarquias da província há casos frequentíssimos da captura do Ministério Público (MP) pela estrutura autárquica". "Há ali uma relação de amizade e cumplicidade, no aspecto bom e mau do termo, que põe em causa a independência do poder judicial", disse Saldanha Sanches.

Na altura critiquei, num artigo no CM, as declarações de SS. O Manuel Serrão também, no JN. Até porque ele se referia à província do Norte
Pois ontem ficámos a saber, pela voz de Ferro Rodrigues, coisas interessantes de cumplicidade, ou amizade, nobom ou mau sentido.

O antigo lider do PS, em tribunal, depondo no âmbito do Caso Casa Pia, disse a propósito do envolvimento do seu nome no caso, que houve várias pessoas que lhe falaram disso antes de tal ser público. "Mas Ferro Rodrigues disse só ter ficado 'preocupado' quando foi contactado pelo fiscalista Saldanha Sanches: 'Ele tinha a certeza de que o meu nome estava a ser plantado'". (In Público de hoje).

SS tinha certezas através de quem? Leu nas estrelas? Foi o travesseiro? Ou trata-se aqui do "aspecto bom do termo" para ficar nas palavras do homem que foi incompreendido no seu exame de agregação e foi chumbado? Ou este será um caso de captura do MP pela estrutura socialista?

O grande educador da classe política, empresarial e não só, fê-lo com certeza pela amizade que tem com FR. Mas é capaz de ter que ser aberta alguma investigação no MP para saber como é que obteve as informações protegidas pelo segredo de justiça.

O moralismo é sempre bonito, mas convém às vezes olhar para nossa casa.  

Manuel Queiroz

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