As dormidas de estrangeiros no destino Porto e Norte de Portugal cresceram 4,1% face a 2007, que já tinha sido considerado “um ano excepcional”.
Este aumento nas dormidas reflectiu-se positivamente nas receitas turísticas, que subiram 3,8%.
A revitalização do Sá Carneiro é a mãe e o pai destas boas notícias. Abandonado pela TAP, o aerporto do Porto recebeu uma fantástica injecção de adrenalina administrada pelas low cost.
Entre 2003 e 2008, ao número de comapanhias aéreas a voar para o Porto mais do que duplicou (passou de sete a 16, enquanto que as rotas cresceram 140% (passaram a ser 56).
Mas o novo fôlego a dar ao turismo no destino Porto e Norte exige diplomacia e implica agir no mercado interno.
Para continuar a crescer sustentadamente, temos de fazer um esforço de marketing, concentrado na Área Metropolitana de Lisboa, para atrair turismo interno.
Temos também de ter a coragem descomplexada de integrar o produto turístico Lisboa que é vendido por essa Europa fora. Sugerir aos “short breakers” que visitam a capital que é uma excelente ideia tirarem um dia para darem uma saltada até ao Porto.
Ao contrário do presidente da Comissão Europeia e do guru da direita portuguesa bem pensante (qualificativo que acho assenta muito bem ao Zé Pacheco Pereira) nunca fui maoista, que não me inibiu de arranjar uam edição de Pequim do Livrinho Vermelho, belíssimo objecto que consulto de vez em quando.
Mao foi um ditador sanguinário e um refinado estupor, mas agrada-me a simplicidade pragmática dos seus pensamentos, que mergulha as raízes na escola da desarmante sabedoria chinesa fundada por Confúncio.
Uma frase de Mao – “O poder está na ponta da espingarda” - , veio-me à cabeça esta semana à medida que subia a minha indignação com os resultados de uma pesquisa estatística motivada pela divulgação da notícia de que o Norte foi a segunda região europeia onde se registaram mais despedimentos colectivos no período 2002-07.
O Norte está triste e infeliz e tem todas as razões para isso. É a segunda região do país (a seguir a Lisboa) que mais riqueza gera, mas quando chega a hora de a distribuir surge no último lugar, com um rendimento per capita de apenas 80% da média nacional e 57% da média comunitária.
Não me parece saudável um país em que os salários pagos na capital são 50% superiores ao resto do país - e que o poder de compra em Lisboa (135,5 em permilagem do total nacional) seja o triplo do do Porto (44,01).
Como portuense, fico revoltado ao constatar que, no período 1992-2006, de todos os 308 concelhos do país, o Porto foi o que mais poder de compra perdeu (-2,5%) e que no pódio estejam os três concelhos do eixo Lisboa-Cascais, com Oeiras à cabeça (4,5%).
E a mostarda sobe-me que nariz quando vejo que Lisboa absorve 42,5% do total de crédito concedido pelos bancos. Se juntarmos o Funchal a Lisboa, que ficam com 53,9% do dinheiro emprestado pela banca. O Porto contenta-se com um terceiro lugar (11,9%).
Nós, os três milhões nortenhos, não podemos ficar parados. Enquanto os carteiristas de Lisboa nos metem a mão no bolso, o desemprego não pára de crescer (em 2007, o Norte ultrapassou pela primeira vez o Alentejo e tornou-se a região com maior taxa de desemprego) e a riqueza não pára de de diminuir (no início dos anos 90, o IRS per capita no Porto era metade do de Lisboa; dez anos depois era apenas 25%).
O grave é que o Governo continua a adiar a Regionalização e apenas contribui para alargar este fosso, como o prova o facto de em 2009, o Norte ir receber segundo valor mais baixo (226 euros per capita), contra 382 euros da média nacional) do plano de investimentos da administração pública (Piddac).
É tempo de dar um murro na mesa e declarar guerra ao centralismo ladrão. De aprendermos com Mao que o poder está na ponta da espingarda – ninguém dá nada a ninguém, se o puder evitar. De aprendermos com João Jardim, que, usando os cotovelos, fez da Madeira a segunda região mais rica do país, com um rendimento 25% superior à média nacional.
Para começar, a AEP devia reconverter a campanha Compre Português por uma campanha Compre Nortenho. E como o Governo é surdo a vozes que não venham da rua e se exprimam na primeira metade dos telejornais, ganhávamos em boicotar a visita ao Norte de governantes, enquanto não for dado um sinal claro de que o roubo vai acabar. Eu estou pronto a atirar o primeiro ovo podre.
George Soros que como se recordam foi Nobel da Economia, veio esta semana afirmar que a crise em que o Mundo mergulhou está ainda no começou e se aguarda por cenários mais recessivos da economia americana, com dinâmicas negativas especialmente na Europa.
A nossa marginalidade num mundo tão crescentemente globalizado, é afinal o principal fundamento da enorme impotência que sentimos em lutar por um futuro mais risonho. De facto hoje, mais do que nunca, o desempenho da nossa pequena loja comercial é rapidamente condicionado por coisas aparentemente tão distantes com o sub-prime oua alta imparável do preço do petróleo.
Como dizia recentemente Daniel Bessa , a boa noticia, é que ainda podemos (e devemos) ir trabalhar no dia seguinte.
Para uma ajuda anímica a todos quantos retomam o trabalho amanhã de manhã aqui ficam alguns sinais recentes deste Norte empreendedor que mostra o que vale precisamente nas alturas difíceis:
1.Uma empresa de Vila do Conde a “Caiaques Nelo”, fundada por Manuel Ramos, o primeiro campeão português de canoagem, fabrica artesanalmente cerca de 3.000 barcos por ano, sendo a principal fornecedora de caiaques para as selecções olímpicas que estarão em Tóquio nas próximas Olimpíadas. A empresa de Mosteiró fornece mais de 70 Países diferentes e espera ganhar com os seus barcos artesanais cerca de 70% das medalhas que estarão em disputa nestes Jogos Olímpicos;
2.A Mobicom, uma empresa de Braga fundada em 2000 por Carlos Oliveira (que acabara no ano anterior o curso de engenharia Informática), foi comprada apenas oito anos depois pela gigante Microsoft. A empresa de Bill Gates, não hesitou em apostar em Carlos Oliveira que promete criar no Norte de Portugal um Centro de Inovação para a área das comunicações;
3.O Grupo Lágrimas, da Família Júdice anunciou ter concluído até ao final do ano um Hotel Design no Douro. O Hotel que por ficar a 41 KM do Porto (em Castelo de Paiva) se chamará Douro 41 foi desenhado por Paulo Serôdio fica mesmo com “os pés” mergulhados nesse magnífico rio Douro;
4.A Efacec, ganhou o contrato da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos no valor de 80 milhões de euros;
5.O mesmo valor de 80 milhões de euros a que ascenderam as adjudicações ganhas esta semana pelo Grupo Mota na Europa Central;
6.Manuel Pinho decidiu sediar no Norte o novo Pólo de Competitividade da Moda que reúne a Fileira Textil, Vestuário e Calçado. Depois do Pólo da Saúde liderado por Luis Portela, este é o segundo Pólo de Competitividade anunciado para o Norte do País;
7.Foi decidido instalar num Concelho do Norte, ainda a designar, o novo consórcio da gigante Intel para o fabrico de computadores;
8.Finalmente, a líder da Oposição Manuela Ferreira Leite, brindou aos deputados do seu grupo parlamentar, no aniversário de Guilherme Silva, não com sumo de laranja como se poderia prever, mas com ….. um promissor vinho do Porto;
E pronto, apesar da crise aqui ficam boas inspirações para uma boa semana de trabalho.
Já se sabia que as directas do PSD não iriam aquecer nem arrefecer no que toca à mais importante das reformas de que o país precisa e que continua arrumada a um cano numa gaveta fechada à chave.
Sentindo no ar um leve cheiro a poder, Passos Coelho apressou-se a sossegar os panditas lisboetas e confessou já estar curado do desvio regionalista da sua juventude.
Ferreira Leite continua igual a si mesma. Clareou o cabelo, acrescentou ao discurso um ingrediente social (pelo que diz já mais parece mas um Guterres de saias do que o tradicional Cavaco de saias)mas no essencial continua fiel ao mais retrógado centralismo e declara-se ferozmente anti-Regionalização.
Não é inteligente esperar que os socialistas no poder em Lisboa resolvam abrir mão de poder para o transferir para as regiões.
Quando o maior partido da oposição abdica da retórica regionalista (que abandonaria logo que chegasse ao poder, como a história nos prova) a conclusão óbvia é que não vai ser possível conquistar a Regionalização a bem.
Ora se não for a bem, lá terá de ser a mal. É isso que nos exigem os 100 mil desempregados do distrito do Porto.
Não podemos tolerar que os salários praticados na segunda maior cidade do pais continuem a ser inferiores em 10% à média nacional. Temos de nos revoltar!
Às vezes os números não são tão frios como aparentam.É o caso dos 6,8% de crescimento das nossas exportações têxteis, registado entre Fevereiro de 2007 e de 2008.
Estes 6,8% são uma estatística que nos aquece a alma e é a prova dos nove das capacidades únicas de regeneração do tecido empresarial nortenho, vilipendiado pelos panditas lisboetas do costume habituados a falar com a boca cheia pela lenga lenga dos Ferraris e do trabalho infantil - para apoucar quem evitou que o pais abrisse falência no rescaldo da Revolução de Abril.
Pela primeira vez , após dolorosos anos de crise, as vendas ao exterior da indústria têxtil e de vestuário cresceram a um ritmo superior às importações, que no mesmo período acusaram uma quebra de 5,3%.
Estas estatísticas do INE mostram o Norte no seu melhor, capaz de se adaptar à globalização, à abertura dos mercados mundiais aos produtos chineses e à desaceleração económica nos principais mercados de exportação do sector.
A 1 de Janeiro de 2005, as portas da União Europeia e dos Estados Unidos ficaram escancaradas à entrada das roupas baratas “made in China” , que já era o maior exportador mundial de vestuário, baseando a sua feroz competitividade num tripé: custos (baixos), eficiência (enorme) e dimensão (gigantesca).
O desarmamento das barreiras alfandegárias ao livre comércio deixou o coalhado de nuvens negras o horizonte de uma indústria que, no seu essencial, baseara a competitividade num fundamento primitivo (o baixo custo da mão de obra).
No Vale do Ave, onde bate o coração da indústria têxtil, temia-se o pior. Mas o cenário desolador, marcado pelas falências e de uma perda recorde de emprego líquido (apenas superado pela registado na construção civil, que foi socialmente atenuado pela emigração para Espanha), foi sendo pintados com cores mais alegres por dezenas de exemplos luminosos de empresas que souberam reestruturar-se, adequando-se a este mundo em fervilhante mudança.
A têxtil deu uma prova de vida ao país, explicando aos mais distraídos que eram exageradas as notícias que a davam como moribunda. Soube mudar o perfil, tornar-se competitiva na nova e difícil conjuntura, internacionalizar-se e diversificar os seus mercados. Demonstrou que Darwin estava carregadinho de razão quando há uns anos atrás nos avisou que apenas sobreviveriam os mais capazes.
Quando a crise eclodiu na Cintura Industrial de Lisboa e na Península de Setúbal, o bombeiro teve de ser o Governo a usar o nosso dinheiro para comprar a Autoeuropa e apagar esse fogo.
Quando a crise incendiou o Vale do Ave, os empresários e operários da têxtil não ficaram sentados à espera da ajuda governamental, porque sabiam que morreriam queimados se o fizessem. Encarregaram-se eles próprios de extinguir as chamas.
Talvez por causa da felicidade que é ver um pai completar 80 anos de perfeita saúde ( e a esperança que isso nos dá , somada a essa alegria...), hoje acordei com vontade de escrever um post diferente do habitual , esquecendo por momentos esta espécie de ditadura da maioria ruidosa que o Terreiro do Paço exerce sobre o resto do país.
Imbuído deste espírito e agora já sem perceber muito bem porquê , dei comigo a pensar no ciclóstomo que mudou a minha vida ....durante alguns almoços.
A lampreia é claramente um produto do Norte. Ao contrário , por exemplo do peixe espada ,que é notoriamente um peixe do Sul, a lampreia não se deixa comer facilmente. Como não se deixa cozer por qualquer um.
Quer se queira à bordaleza , quer se faça em arroz ou então numa versão mais moderna e menos interessante do meu ponto de vista , que é assada no forno ,a lampreia exige um operador muito qualificado , quase certificado.
Mesmo respeitada a condição do parágrafo anterior , comê-la não está ao alcance de qualquer um. Não falo do custo que também não é coisa pouca , mas o que quero dizer é que não é qualquer um que tem capacidade para gostar de lampreia.
A lampreia não é um bitoque , nem um jaquinzinho que qualquer funcionário de um qualquer Ministério come enquanto o diabo esfrega oum olho. Para ser capaz de comer um lampreia há que ter um dom especial que nasce connosco. Não se aprende , nem se compra..
A lampreia só se deixa comer ou cozer por quem sabe e só quem sabe é que a merece.
Conquistado o gosto pela lampreia ela dá-nos tudo o que tem ...e até uma digestão complicada se não tivermos alguns cuidados. Mas esta consequência menos positiva é reflexo da sua generosidade e do nosso empenho : é por a querermos tanto e ela se dar tanto , que os efeitos do enlace perduram pelo resto do dia. Como se nem nós , nem ela , nos quiséssemos esquecer do que aconteceu entre nós.
É assim que eu vejo as pessoas do Norte. Uma vez amigas , amigas para a vida. Assim fôssemos todos capazes de não nos deixarmos comer ou cozer por qualquer um !
Estou mortinho que seja dia 22 de Março. Não porque esteja a contar os dias até à Primavera, a mais ansiada das quatro estações, anunciada pela chegada das andorinhas, o desabrochar das flores e a excitação dos cãezinhos que começam a andar com as cadelinhas.
Não. A minha pressa em relação a 22 de Março prende-se apenas com o facto dessa data, o Dia da Universidade, ter sido a escolhida para a apreesntação pública das conclusões do conclave que reuniu no Palácio da Bolsa, nos dois primeiros dias desta semana, a nata da inteligência portuense.
PortoCidade Região era o tema do encontro, que reuniu gente daUniversidade do Porto, CCDRN e associações empresariais.
Neste momento de profunda crise na cidade onde bate o coração da Região Norte, confesso que depositei grandes expectativas nos frutos deste conclave, que no seu essencial decorreu à porta fechada.
Foi precisamente por esperar muito da reunião, que fiquei um bocadinho desiludido (o que só acontece a quem se ilude…) quando a necessidade de instalar na nossa cidade uma estação de monitorização do mar fazia o titulo da notícia que o JN dedicou à conclusão do conclave Porto Cidade Região.
Toda a gente, mesmo os jornalistas, têm o seu dia mau, pensei para comigo O meu desapontamento cresceu quando abri o Público de ontem, procurei a notícia sobre o encontro e dei de caras com o título «UP vai instalar a estação de monitorização do mar até ao fim do ano».
Como não quero acreditar que a criação de um obervatório marítimo tenha sido a principal conclusão de um conclave que reuniu, durante dois dias, cem dos mais ilustres e influentes portuenses, estou em pulgas para que chegue o dia 22 de Março e os organizadores do conclave partilhem connosco a totalidade das conclusões a que chegaram.
Jorge Fiel
www.lavandaria.blogs.sapo.pt
PS. No dia de hoje, não posso deixar de saudar, com orgulho, a iniciativa do movimento cívico Eu imPORTO-me de assinalar o 117º aniversário da revolta republicana do 31 de Janeiro, ocorrida no Porto, e que foi o primeirolevantamento em armas do povo contra o regime monárquico que vergonhosamente capitulara face ao Ultimatum britânico.
«O Porto?! Esqueça o Porto! O Porto não vai a lado nenhum. Quer ser igual a Lisboa. As pessoas do Porto não se entendem umas com as outras e só sabem estar sempre a lamentar-se. Esqueça o Porto!».
Esta frase reproduz aproximadamente a resposta dada por Augusto Mateus ao meu amigo Daniel Deusdado, quando ele introduziu na conversa o tema Porto.
Para os mais distraídos, informo que o Daniel é um militante da causa nortenha e o inventor daqueles que são provavelmente os mais inovadores e frescos produtos portugueses de Media que viram a luz do dia neste século– o Inimigo Público e a Liga dos Últimos.
O encontro com Augusto Mateus foi obviamente em Lisboa, local de peregrinação semanal do Daniel. A isso é obrigado por via dos negócios que mantém com as Produções Fictícias e da necessidade de arranjar trabalho e contratos para a sua produtora de televisão (Farol de Ideias).
Para os mais distraídos, informo que Augusto Mateus, ex-ministro da Economia de Guterres, é um dos mais proeminentes e influentes membros da inteligência socialista – e tem lugar garantido na lista das 500 mais capazes cabeças do nosso país.
«Esqueça o Porto!», o conselho de amigo dado por Mateus ao Daniel, já foi seguido por milhares de quadros nortenhos que ou fizeram as malas e emigraram para a capital – ou então enchem os Alfas na madrugada e manhã de 2ª feira e tardes de 6ª.
Esquecer o Porto foi o que já fez o Governo Sócrates - e não é preciso usar óculos para ver o trágico resultado deste esquecimento.
Quase metade dos 450 mil desempregados oficiais do IEFP (os números que retratam a triste realidade são bem mais cruéis) são no Norte.
Dos 150 mil desempregados sem qualquer espécie de rede social (ou seja deixaram de estar habilitados a receber qualquer tipo de subsídio) a esmagadora maioria (90 mil) são do Norte.
O Vale do Sousa é a zona do país onde se regista a mais elevada taxa de desemprego (11%).
O Norte é a segunda região quando se trata de contribuir para o PIB mas a última no momento da distribuição da riqueza (quem tiver dúvidas faça a fineza de consultar as estatísticas do INE sobre a distribuição regional do PIB).
Os números mostram outra verdade de sangue. Nada está a ser feito para inverter esta tendência. O Porto recebe apenas 1/3 das verbas transferidas do Orçamento de Estado em 2005. As verbas do Pidacc para o distrito caírem em mil milhões de euros. Um bilião a menos!
Se a crise que dilacera o coração do Norte tivesse o epicentro em Lisboa, já teria sido estabelecido o pandemónio. Ninguém conseguiria atravessar o Tejo nos cacilheiros da Transtejo. Os trabalhadores do Metro e da Carris estariam em greve por tempo indeterminado. Os funcionários públicos ficariam em casa. As bandeiras negras seriam hasteadas. E o Governo, aterrorizado, já se teria precipitado em apagar o fogo com dinheiro, comprando Auto-Europas e faraónicas obras públicas que decapitassem a crise.
Numa coisa Augusto Mateus tem razão. Uma parte da culpa por este estado de coisas é nossa. Uma equipa só joga aquilo que a outra a deixa jogar. Não podemos gastar o tempo em lamúrias, como velhas nas salas de espera de um Centro de Saúde, e esperar sentados que o Terreiro do Paço abdique voluntariamente do poder absoluto que concentrou - e se convença que o resto do país não é só paisagem.
Os vistosos sucessos do FC Porto e da Sonae provam que se soubermos ser competentes e profissionais conseguiremos triunfar, apesar de termos de ser duas vezes mais capazes e trabalhadores para superar o vento contra e as armadilhas que nos espalham no caminho.
O problema é que o individualismo inscrito no código genético nortenho é uma característica positiva quando se trata de esgravatar saídas para a crise e de furar vidas (e é o pai da rede de PME que caracteriza o tecido empresarial nortenho) mas é negativo quando se trata de unir forças.
Estamos calhados para nos desenrascarmos. Ao cada um por si. Mas o facto de não estarmos habituados a voar em formação é pernicioso para a causa do Norte.
Para triunfarmos – e isso significa regionalização e um Governo do Norte, com poder e já! – temos de falar a uma só voz. Nenhum exército ganha uma batalha se cada um dos soldados estiver indisciplinadamente entretido a lutar por si e para seu lado.
Segunda e terça feira, a Universidade do Porto promove no Palácio da Bolsa um conclave em que participarão uma centena de personalidades nortenhas, entre as quais se contam Daniel Bessa, Rui Moreira, Sobrinho Simões e Artur Santos Silva.
Seria bom que este conclave fosse o primeiro passo no sentido da criação de um movimento que combata pelo progresso da região. Não faltam generais. O que faz falta é um estado maior coeso e um exército disciplinado.
Usando a imagem do meu amigo Manuel Serrão, o Batalhão Bússola, do Exército da Salvação Nacional, está às ordens – e já abriu as hostilidades.
O Norte é uma região infeliz. O diagnóstico não é nosso. É de Carlos Lage, o socialista que preside à CCDRN. Mas achamos que ele tem razão.
O Norte está infeliz porque é a segunda região que mais contribui para a riqueza do país e é a última quando toca a distribuir essa riqueza.
O Norte está infeliz, porque é a região mais fustigada pelo desemprego mas o Governo não lhe vai lhe pôr no sapatinho, de prenda de Natal, uma Autoeuropa que crie emprego e aja como uma injecção de adrenalina num tecido económico deprimido.
O Norte está infeliz porque a queda livre das verbas do PIDACC destinadas para a região impede-nos de sonhar com amanhãs que cantam.
O Norte está infeliz porque o Porto, que é o seu coração, está doente.
Neste dia em que Lisboa debate se levanta 500 ou 140 milhões de euros ao banco do Estado, o Porto vota um orçamento com as unhas cortadas rentes apresentado por Rui Rio, em vez do Plano Marshall de que a cidade precisa para voltar a pôr a cabeça fora da água.
Neste dia em que faz onze anos que a Unesco declarou o Centro Histórico do Porto Património Cultural da Humanidade há uma luz que se acende no fundo do túnel.
A sociedade civil, dos Passarinhos da Ribeira ao Clube Literário, passando pelos Mareantes do Douro, acordou e, num movimento espontâneo, de base, decidiu festejar a proclamação da Unesco - , a marca de água do mais dourado período do Porto, que se iniciou com a construção do Museu de Arte Contemporânea, em Serralves, e encerrou com a inauguração da Casa da Música - compreendendo o Parque da Cidade, o Metro e o Porto 2001, capital europeia da cultura.
A sociedade civil levanta-se e diz que se importa com o estado comatoso em que o Porto e o Norte caíram, à míngua de liderança e face á habitual usura do Poder Central.
Neste dia, juntamos a nossa à vossa voz e também gritamos: Eu imPORTO-me!
Este post dirige-se a todos os bussolistas de aquém e além mar.
Se estivéssemos ainda nos idos de 74 poderia dizer que este post era uma espécie de comunicado do MFA . Movimento das Forças Atentas do Bússola.
Manda a verdade que se diga que foi um bussolista comentador ( no caso Pedro Barbosa Pinto ) quem levantou a lebre , alertando para a possibilidade de termos uma raposa infiltrada.
Recordo, como se fosse hoje, que nesse post o caro bussolista aventava a hipótese do suspeito poder ser o raptor da Maddie , atentando a semelhança forte entre o retrato robot desse traste e a simulação da sua foto na página de entrada no blog.
Depois de aturadas investigações descobrimos que um indivíduo que se faz passar por António Correia Dias , natural e residente em Vila Real , afinal não passa de um palhaço infiltrado na nossa organização , com o intuito de descredibilizar e desacredtar este blog de defesa dos interesses do Norte.
Lamento ter até de informar que existem indícios ( tão fortes como os que enxameiam o caso Casa Pia ) que poderá ser esse mesmo energúmeno que tem feito comentários inaceitáveis a coberto de nicks lisboetas , tentando sabotar um blog que atenta contra alguns dos seus volumosos interesses imobiliários na zona Sul de Portugal.
Reunido em petit comité , o núcleo coordenador do Bureau do Comité Central do Bússola decidiu expulsar a caricatura intitulada António Correia Dias e desde já pedir desculpa a algum vilarealense que possa existir com esse nome mas outo carãcter e outra honradez , típicas dos homens do Norte.
Para nós ficou uma lição que quero partilhar com todos os bussolistas . O tempo em que existiam pessoas do Norte que estavam sempre com o Norte na boca mas depois nos saíam uns vigaristas da pior espécie , ainda não acabou !