Os factos a atrapalharem o título
Há um novo jornalismo que se chama fazer o que se quer, e o título que se quer, desde que venda.
Esta primeira página do Correio da Manhã é um desses casos. Lendo-se a peça há uma citação atribuida a um "actual dirigente", nem diz se é da SAD ou do clube e que critica a "passividade".
Eu, que conheço bem os métodos que se utilizam no CM, admito até que nenhum dirigente do FC Porto falou ao jornal - mas o porteiro também serve, para esta gente. E, se falou, e se criticou a passividade, estava a criticar o quê, se o o FC Porto ainda não podia ter feito mais do que fez, que foi dar a notícia - em primeira mão, aliás, o que é de notar.
O título de dentro é, aliás, igualmente notável: "Dirigentes criticam passividade". Ora, só há lá notícia - a ser verdade - de um dirigente. E nem se diz que é da SAD. Mas, como sempre, o CM não deixa que os factos atrapalhem um título para vender. Esses são os métodos de Octávio Ribeiro. Um dia ainda alguém vai fazer a históroia deste ano sw siewxção do jornal.
O Correio da Manhã há muito que ultrapassou os limites do jornalismo já nem digosério, digo apenas com um mínimo de vergonha, em relação ao "Apito Dourado". Ontem até falava em irradiação de dirigentes e árbitros, quando isso já não é possível no desporto portuguêshá muito tempo. Vale tudo e ai de quem queira fazer uma rectificação (estou a falar de jornalistas de lá, do Correio da Manhã).
E relembro apenas uma coisa: nos casos em que a justiça desportiva puniu árbitros por determinadas actuações, nunca puniu clubes nem dirigentes destes. Posso relembrar o caso de Inocêncio Calabote, de um Benfica-Sportig mais recente. Nesses casos nunca houve, aliás, escândalos públicos.
Manuel Queiroz